Sem uma estratégia clara e prioridades conflitantes, as organizações ficam cada vez mais distantes de capturar valor em soluções de mobilidade sustentável.
Atitude é uma premissa fundamental para a conquista e a manutenção dos pilares ESG dentro das empresas. Não importa se estamos falando de uma empresa que fabrica produtos ou se é uma prestadora de serviços, a mobilidade sustentável só acontece se a organização promover o alinhamento entre as diversas áreas da empresa, esclarecendo objetivos e prioridades que ajudem a concentrar esforços entorno do tema.
Uma das coisas que mais ouço em minhas consultorias é que o Conselho exige a utilização de veículos elétricos e, muitas vezes esse objetivo de negócio está centralizado a uma única área da empresa (geralmente em logística) e não se desdobra para que, o restante da companhia – operações, marketing, financeiro e produtos – apoie a execução.
Combustão é mais barato? Depende. O tema Mobilidade vai além do custo do combustível e, envolve processos, visão estratégica de longo prazo e metas claras para materializar o ESG. O que “deu errado no passado” deve ser corrigido, o modelo da logística urbana precisa ser aperfeiçoado, a disponibilidade de veículos elétricos deve ser mais inclusiva e acessível e, tudo isso leva tempo.
Assim como Inovação não deveria ser uma “área” da empresa, Sustentabilidade também não é atribuição de um único grupo de pessoas. Existem times de Recursos Humanos/Gente já incentivando o uso de veículos sustentáveis para o deslocamento até o trabalho através de benefícios como vale-mobilidade para seus funcionários; times de Logística em parceria com Marketing oferecendo mídia modal para prestadores de serviços de entregas que usam seus próprios veículos elétricos como ferramenta de trabalho; Produtos disponibilizando carregamento de veículos elétricos de forma gratuita para quem utilizar o estacionamento do supermercado ou shopping e, tantas outras iniciativas de pegada ecológica que incluem não somente o público mais abastado em suas estratégias, mas também quem “faz a roda das grandes companhias girar”.
Acreditar que o que funciona para uma empresa funcionará para todas as empresas é um erro, por isso cada organização deve estabelecer o foco de onde se quer chegar. Esse simples “dever de casa” ajudará a encaixar ao tema no modelo de negócio, capturando valor, alocação de recursos e novas competências que serão necessárias para dominar novas formas de obter lucro.
Alcançar a sustentabilidade vem do equilíbrio e mistura, sem empirismo. Embora as empresas ainda façam boa parte de suas receitas e lucros utilizando veículos alimentados por combustível fóssil, com uma visão clara e compartilhada é possível incluir algum percentual de veículos híbridos, movidos a hidrogênio e elétricos em suas frotas com excelente produtividade. Encontrar uma equação que equilibre a complexa relação entre custos e entregas-verde, produtividade e sustentabilidade é o grande desafio da mobilidade sustentável, apesar disso, é perfeitamente possível que essa transição aconteça de forma saudável e compatível, basta ter atitude.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Founder e CEO da BDOO SMART MOBILITY
Seu portfólio inclui fundação da 1ª startup de micromobilidade elétrica do Brasil, 1º case mundial de micromobilidade aplicada ao B2B delivery (iFood), integração bicicletários ao metrô (CCR Mobilidade), interconectividade apps/wallets (AutoPass, TicketLog), projetos de micro-fulfillment centers e discussões regulatórias.
