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A NOVA DIPLOMACIA AMBIENTAL E O TRANSPORTE SUSTENTÁVEL

Fim dos desmatamentos deve fazer parte de uma estratégia nacional de eletromobilidade

O convite do presidente do Egito ao presidente eleito do Brasil para participar da COP 27 na cidade de Sharm el-Sheikh, feito logo após o anúncio do resultado das urnas, indica a preocupação – até a ansiedade – da comunidade internacional com a retomada do protagonismo brasileiro nos debates globais sobre mudanças climáticas.

Os principais líderes do planeta esperam sinais concretos de que o futuro governo adote medidas imediatas para conter o desmatamento da Amazônia e demais biomas florestais, reverta os erros cometidos nos últimos anos nas políticas ambientais e comprometa-se com metas mais ousadas de corte das emissões de carbono.

Essa sinalização é indispensável para resgatar a imagem do Brasil no exterior. 

Mas é igualmente importante que o futuro governo também dê sinais claros para dentro do país – vale dizer, para todos nós que trabalhamos e produzimos aqui no território nacional. 

É preciso haver coerência entre as iniciativas brasileiras para conter as emissões globais de gases do efeito estufa e as políticas nacionais de descarbonização da economia, especialmente nos transportes.

O mundo conta com ações urgentes para reverter o desmatamento das florestas brasileiras e, assim, contribuir com o desaquecimento global.

Já os brasileiros contam também com a liderança do futuro governo federal nas políticas de redução da poluição nas grandes cidades.

Mudar a matriz de combustível dos transportes para energias renováveis é essencial para melhorar a qualidade de vida das regiões metropolitanas, onde vive a maioria da população. 

Isso só será possível com a eletrificação intensiva do transporte público e individual, por meio de diferentes tecnologias de baixa emissão.

Em 2018, um relatório da Organização Pan-Americana de Saúde apontou que 51 mil brasileiros morriam anualmente por doenças diretamente associadas à poluição do ar.

Só na cidade de São Paulo, a média de mortes relacionadas à poluição supera 5 mil por ano, segundo estudos dos pesquisadores Paulo Saldiva (USP) e Evangelina Vormittag (Instituto Saúde e Sustentabilidade). 

Em 2017, um estudo de pesquisadores da OCDE indicou que o custo total das mortes prematuras associadas à poluição no Brasil (internações, tratamentos e queda da produtividade do trabalho) chegou a 3,3% do PIB em 2015.

Nosso desafio ambiental desdobra-se em duas frentes. 

De um lado, temos o aquecimento global, que leva às mudanças climáticas catastróficas, causado pelos gases do efeito estufa, ainda que nem todos eles, como é o caso do CO², sejam diretamente prejudiciais à saúde humana.

De outro, temos o envenenamento do ar das cidades, provocado por materiais particulados (MP), óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO) e outros poluentes lançados na atmosfera pela combustão de veículos a diesel e gasolina. 

Os veículos 100% elétricos emitem zero gás carbônico (CO²) e praticamente zero material particulado (MP 10 e MP 2,5) e óxidos de nitrogênio (NOx). 

Já os veículos elétricos híbridos podem apresentar uma redução entre 70% e 90% da poluição emitida por um equivalente a diesel ou gasolina, dependendo da configuração do motor.

Esses veículos – ônibus, caminhões e automóveis – contribuem tanto para o desaquecimento global quanto para a queda da poluição do ar nas cidades. 

Em suma, as iniciativas brasileiras de combate ao aquecimento global exigem reduzir drasticamente as queimadas e desmatamentos na Amazônia e Centro-Oeste e, ao mesmo tempo, mudar a matriz energética dos transportes, com a abolição gradativa dos combustíveis fósseis. 

Num momento de renovação da liderança política, a nova diplomacia ambiental brasileira deve caminhar em estreita sintonia com uma nova estratégia nacional de desenvolvimento econômico, centrada na eletromobilidade, uso intensivo das fontes de energia renovável, eficiência energética e inovação tecnológica da indústria. 

Em ambos os casos, isso significa mudar completamente as atuais prioridades.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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