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A NOVA ERA DAS “SMART CITIES”: A ESFERA HUMANA DAS CIDADES INTELIGENTES E SUSTENTÁVEIS

Larissa Tavares
Larissa Tavares
É formada em Relações Internacionais na Belas Artes, possui MBA pelo Insper e atua há mais de 10 anos em projetos de inovação. Desde 2020 desenvolve projetos de digitalização nas cidades e participa de webinars e eventos envolvendo tecnologia e gestão sem papel. Atualmente, é Diretora de Marketing e Novos Negócios da Sonner, uma empresa que há 25 anos desenvolve soluções tecnológicas para governos. 

A cidade inteligente deve propiciar ao cidadão que ali vive uma qualidade de vida melhor, reconhecida a partir de serviços públicos de qualidade, ofertados com nível de eficiência, transparência, agilidade e facilidade.

Embora o conceito de cidade inteligente não seja novo, no Brasil ele se tornou mais evidente a partir de 2020, com a publicação da Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, que dispõe de diretrizes para o planejamento de políticas públicas e infraestrutura sustentáveis para as cidades. O conceito de “smart city” é amplo e engloba diversos aspectos. Apesar de não haver um consenso para a definição de uma cidade inteligente, o uso de tecnologia sempre aparece como fator de viabilização para o aumento da eficiência de serviços, conectividade de setores e pessoas e fornecimento de dados que confiram inteligência à gestão.

Considerando a visão de diversos autores, artigos e publicações, podemos concluir que a cidade inteligente deve propiciar ambientes de inovação, integração, crescimento econômico, serviços públicos eficientes e uma melhor qualidade de vida para o cidadão, sendo que para se atingir estes objetivos, o uso de tecnologia é fundamental. 

No contexto brasileiro com base na visão da “Carta Brasileira para as Cidades Inteligentes”, o texto apresenta uma visão abrangente, incluindo dimensões de governança, aspectos socioculturais, gestão colaborativa, redução de desigualdade, sendo um dos conceitos de cidade inteligente mais completos que eu já li.

É interessante perceber que as primeiras referências ao termo cidade inteligente já incluíam a utilização da tecnologia para a resolução de problemas nas cidades e a capacidade de processamento dos dados da gestão urbana, destacando-se, porém, que a tecnologia constitui o meio pelo qual as informações são processadas, e não o fim por si só. 

A tecnologia revolucionou nossas vidas e as cidades. Com a popularização da internet, o acesso a serviços tornou- se mais ágil, possibilitando um crescimento de plataformas de serviços. Além disso, empresas de base tecnológica começaram a desenvolver sistemas específicos para auxiliar na resolução de problemas nas cidades. Outro ponto interessante é que os próprios sistemas de gestão urbanos começaram a ser desenvolvidos e utilizados para o planejamento e para a gestão das cidades. 

Em 2008, a IBM, uma das empresas pioneiras no desenvolvimento de soluções para cidades inteligentes e líder do segmento, aprovou o projeto IBM Smarter Planet que previa o desenvolvimento de rede e sensores de inteligência nas cidades, os IoTs, um marco para as smart cities. 

Muitas cidades brasileiras têm iniciado um movimento de implementação de medidas a fim de se tornarem mais inteligentes, como a troca de lâmpadas de led, instalação de câmeras de segurança, implementação de wi-fi público, disponibilização de serviços públicos nos portais, entre outras. Apesar de todas essas ações serem benéficas e contribuírem para a evolução da transformação e digitalização da cidade, ainda observamos dificuldades na obtenção de melhores resultados que tragam impacto para a vida da população. 

A cidade inteligente deve propiciar ao cidadão que ali vive uma qualidade de vida melhor, reconhecida a partir de serviços públicos de qualidade, incluindo uma maior facilidade na locomoção, uma sensação efetiva de segurança pública, enfim, uma percepção de que as medidas tomadas beneficiaram a vida do cidadão na utilização dos serviços ofertados com nível de eficiência, transparência, agilidade e facilidade. 

Apesar de os projetos de tecnologia serem implementados, o cidadão muitas vezes não percebe uma melhoria na sua qualidade de vida. Existem localizações de “privilégio”, em que a qualidade percebida é mais evidente. Em outros casos, há falta de informação, os serviços não são eficientes, e, ainda, a prefeitura carece de novos processos que deveriam estar atrelados à governança digital para permitir um avanço condizente às tecnologias e IoTs instalados.

Um dos desafios é a integração dos dados que possibilitam ao gestor público identificar de maneira mais ampla os principais problemas da cidade, buscando uma tomada de decisão mais assertiva com base em dados estratégicos. Outro problema é que, além de não estarem conectados entre si, os projetos com foco tecnológico para cidades inteligentes não contemplaram as complexidades e particularidades de cada região. 

Percebemos que os avanços tecnológicos estão no centro do desenvolvimento de cidades mais inteligentes. Entretanto, o planejamento de ações envolvendo cidades inteligentes deve abordar não somente a implementação de soluções tecnológicas, IoTs, aplicativos ou centrais operacionais de controle, que visam a eficiência e o fornecimento de dados para a gestão, mas também, um planejamento de políticas públicas de longo prazo que contemplem e antecipem os problemas da cidade buscando melhorar a qualidade de vida do cidadão. 

 Além disso, ao analisarmos os principais rankings de cidades inteligentes no mundo, percebemos que os indicadores que balizam os índices incluem dimensões humanitárias que constituem uma nova era para as cidades inteligentes. Indicadores como o capital humano, a educação, a cultura, a governança, a liderança e o planejamento, conferem às cidades um status de inteligência mais participativa que contribui com o desenvolvimento de políticas públicas mais sustentáveis. Assim, enquanto as smart cities amadurecem em um novo contexto tecnológico, dinâmico e acelerado, podemos repensar o planejamento das cidades com a colaboração e a participação cidadã.

Embora a tecnologia seja o principal fator de inteligência para as cidades, as cidades funcionam a partir de processos dinâmicos e trocas entre os diversos atores, cidadãos e setores, representando sistemas complexos que devem ser interligados, como ecossistemas vivos em constante evolução. Por isso, a esfera humanitária deve ser considerada para a construção de comunidades melhores, onde haja inclusão digital, educação e a formação de pessoas e lideranças que poderão contribuir para o desenvolvimento mais sustentável das cidades. 

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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