Se alguém ainda tinha dúvidas sobre a revolução elétrica que está em curso no Brasil, talvez as recentes notícias do mercado automobilístico tenham sanado qualquer questionamento sobre o assunto. Nas últimas semanas, a alemã Volkswagen apresentou um plano que prevê investir R$5,2 bilhões nos próximos quatro anos e a chinesa BYD deve aplicar R$3 bilhões em uma fábrica na Bahia.
As gigantes do setor planejam projetos que vão apostar nos carros elétricos e híbridos, trazendo para solo brasileiro tecnologia de vanguarda em mobilidade elétrica.
No município de Camaçari (BA), apenas 50 km da capital Salvador, a líder em vendas de veículos elétricos no mundo, a BYD, deve se instalar no antigo complexo industrial da Ford. Para o setor da eletromobilidade, talvez tenha sido a notícia mais impactante, muito pelo que representa a BYD no mercado.
A chinesa planeja montar inicialmente dois modelos no Brasil: um hatch compacto puramente elétrico, o Dolphin; e o Song, um utilitário esportivo híbrido, que vai combinar um motor elétrico com outro movido a gasolina ou etanol. A expectativa é que no segundo semestre de 2024 a produção já tenha início na remodelada e nova fábrica de eletrificados.
O investimento de um player como esse mexe com o mercado. A capacidade de produção de automóveis híbridos e elétricos da BYD no Brasil será de 150 mil veículos por ano, podendo dobrar para 300 mil unidades nas fases posteriores do projeto. A geração de empregos é estimada em 5 mil vagas, sendo mil delas já na fase inicial.
Se uma notícia desse porte já não fosse suficiente para animar todo o setor, ainda tivemos o anúncio de outra multinacional, a alemã Volkswagen. A montadora revelou, durante as celebrações por seus 70 anos no Brasil, a chegada dos modelos ID.4 – primeiro veículo 100% elétrico da marca no Brasil e da ID.Buzz, considerada a nova Kombi elétrica, que já devem estar disponíveis ao grande público a partir do segundo semestre deste ano. A empresa também comunicou que vai aplicar 1 bilhão de euros nos próximos quatro anos, algo em torno de R$5,2 bilhões.
Ao longo dos meses subsequentes, os impactos econômicos já devem começar a ser percebidos. Um exemplo vem da BYD. Em apenas cinco dias de lançado, o modelo BYD Dolphin 100% elétrico, vendeu incríveis 1.254 unidades, ultrapassando a icônica marca de mil unidades vendidas. Motivo do sucesso? O atrativo preço de R$149.800,00.
Ao trazer para o Brasil um veículo elétrico nessa faixa de preço, a BYD traz um novo ingrediente para acelerar a Mobilidade Elétrica no Brasil? Sim, mas não sozinha. O mercado se movimentou e acabou gerando uma onda de ações das demais marcas também. Empresas como a JAC Motors e a CAOA Chery reduziram o preço dos veículos de entrada para manter a competitividade alta.
Por outro lado, empresas como a GreenV, startup especializada em soluções tecnológicas para eletromobilidade, também podem acompanhar o crescimento do setor. A empresa firmou uma parceria estratégica com a Volkswagen, que prevê exclusividade na venda e aluguel de carregadores para clientes que façam a locação do modelo elétrico de estreia da montadora no Brasil: o moderno SUV ID.4. Com isso, a startup fica responsável pela tecnologia dos carregadores que alimentarão o novo SUV da montadora alemã.
Diante desse cenário, podemos dizer que os veículos elétricos têm um futuro promissor no Brasil! De Janeiro a Junho de 2023, foram comercializados 11.475 veículos PHEV (do tipo Plug-in, que podem recarregar a bateria com uma fonte de energia externa), o que representa um aumento expressivo de 206% sobre o mesmo período de 2022 (3.751).
O Brasil registrou um total de 32.239 veículos leves eletrificados (HEV+PHEV+BEV) durante o período de janeiro a junho de 2023. Essa categoria de veículos leves inclui automóveis, comerciais leves e utilitários (SUV). Isso mostra um crescimento de 58% em relação ao primeiro semestre de 2022 (20.427) e aproxima-se das vendas totais de todo o ano de 2021 (34.990).
Somente em junho, foram registrados 6.225 veículos, o que representa um aumento de 53% em comparação com junho de 2022 (4.073). Com isso, a frota total de veículos leves eletrificados no Brasil atingiu a marca de 158.678 unidades, considerando o período de janeiro de 2012 a junho de 2023.
E temos tudo para ultrapassar essas marcas ainda em 2023! Se ampliarmos o cenário, os números são ainda mais representativos. Um estudo da McKinsey & Company mostra que, até 2040, o volume estimado de vendas de automóveis movidos a bateria vai representar 55% dos novos veículos. Nada mal, se pensarmos que o boom se dará em menos de 20 anos. Portanto, o Brasil deverá ter 11 milhões de veículos elétricos até 2040.
Fonte: Tecmundo