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Plano Nacional de Educação Digital: um marco essencial para a formação cidadã na sociedade conectada!

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Entenda a importância da formação crítica dos estudantes e a necessidade de enfrentar os riscos do ambiente virtual com responsabilidade e empatia.

As transformações provocadas pelas tecnologias da informação impactam todas as dimensões da vida cotidiana. A forma como nos comunicamos, aprendemos, trabalhamos e até como nos relacionamos socialmente passou por mudanças radicais nos últimos anos. Nesse cenário, tornou-se indispensável que o sistema educacional brasileiro acompanhe essas mudanças, preparando as novas gerações para lidar de maneira crítica e segura com os recursos tecnológicos.

Foi com esse propósito que, em 2023, foi instituído o Plano Nacional de Educação Digital (PNED), por meio da Lei Federal nº 14.533, de autoria da Deputada Federal Ângela Amin. Essa legislação estabelece diretrizes e metas para a promoção da inclusão tecnológica, da alfabetização midiática e do desenvolvimento de competências relacionadas ao uso consciente de ferramentas digitais. O PNED tem como principal objetivo tornar o acesso ao conhecimento tecnológico uma realidade para todos, desde a educação básica até a formação profissional, reduzindo desigualdades e promovendo oportunidades.

Mais do que formar usuários, o plano busca formar cidadãos preparados para os desafios do mundo conectado. Isso significa oferecer uma formação que aborde não apenas a familiaridade com dispositivos e plataformas, mas também os riscos envolvidos nesse ambiente, como exposição indevida de dados, golpes, desinformação e violências virtuais, entre elas o cyberbullying, que atinge principalmente crianças e adolescentes em idade escolar.

Embora seja uma política pública de abrangência nacional, sua execução prática depende, em grande parte, das ações dos municípios, responsáveis pela gestão da maior parte das escolas públicas do país. É fundamental que as administrações locais criem legislações específicas, adaptadas à realidade de cada território, para garantir que essa política se torne efetiva.

A implantação de um Plano Municipal de Educação Tecnológica — alinhado às diretrizes do PNED — é um passo importante. Essa estrutura local pode ser organizada a partir de cinco eixos principais:

  1. Acesso e infraestrutura: garantir conectividade e equipamentos nas unidades escolares, reduzindo a exclusão tecnológica entre os estudantes.
  2. Currículo escolar integrado: inserir o ensino de tecnologias de forma transversal e contextualizada nos conteúdos já existentes.
  3. Capacitação de educadores e gestores: promover formações continuadas que preparem os profissionais da educação para trabalhar com metodologias inovadoras e recursos tecnológicos.
  4. Cidadania no ambiente virtual: discutir temas como comportamento responsável nas redes, segurança da informação, proteção de dados pessoais, limites legais e éticos no uso da internet.
  5. Monitoramento e avaliação: levantar dados, estabelecer indicadores e acompanhar o impacto das ações adotadas no cotidiano das escolas.

Para garantir a continuidade e solidez das ações, recomenda-se que os municípios instituam por lei seus planos locais, oficializando o compromisso com a formação tecnológica dos estudantes. Essa formalização ainda favorece a busca por recursos junto aos governos estadual e federal, além de permitir que as políticas resistam a mudanças de gestão.

Um dos grandes méritos do PNED está na sua ênfase na formação crítica e cidadã no uso das tecnologias. Ensinar os estudantes a navegar no ambiente virtual com responsabilidade, reconhecendo seus direitos e deveres, é tão importante quanto garantir acesso às ferramentas.

O combate ao cyberbullying, por exemplo, deve ser tratado com a seriedade que o tema exige. Casos de humilhação, ameaças ou exposição de colegas nas redes sociais podem provocar traumas duradouros e comprometer o desempenho escolar. É papel da escola, em articulação com as famílias e com o poder público, desenvolver estratégias de prevenção e orientação, promovendo o respeito, a empatia e o diálogo.

Além disso, é necessário trabalhar a compreensão sobre os crimes virtuais, como uso indevido de imagens, discurso de ódio, fraudes e aliciamento de menores. A abordagem preventiva e educativa desses temas pode reduzir significativamente os riscos e preparar crianças e jovens para se protegerem e agirem corretamente caso sejam vítimas ou testemunhas dessas situações.

Adotar uma política municipal de educação tecnológica é garantir que nossas crianças e jovens não apenas acompanhem as inovações, mas que se tornem agentes de transformação, aptos a utilizar a tecnologia como ferramenta de aprendizado, trabalho, comunicação e cidadania. Trata-se de preparar a juventude não só para o mercado de trabalho, mas para a vida em sociedade, com responsabilidade, ética e criticidade.

O Plano Nacional de Educação Digital é muito mais que uma política educacional: é uma estratégia de desenvolvimento social. Sua adoção em âmbito municipal significa investir em inclusão, em proteção e em oportunidades. É garantir que nenhum estudante fique à margem de um mundo em constante evolução — e que todos tenham a chance de construir, com segurança e consciência, o seu lugar nesse novo tempo.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

Por que estas tecnologias vão mudar o mundo em 5 anos?

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Documento divulgado pelo Fórum Econômico Mundial chama a atenção para tendências tecnológicas que devem ter um impacto significativo em nossas vidas

Em meio aos desafios dos dias atuais como o compartilhamento de falsas notícias, emissão de gases poluentes e mudanças climáticas, o Fórum Econômico Mundial (WEF) destaca as 10 Principais Tecnologias Emergentes de 2025 – um relatório anual divulgado pela instituição que reúne soluções tecnológicas potencialmente capazes de transformar o mundo como conhecemos.

Lançada durante a 16ª Reunião Anual dos Novos Campeões, popularmente conhecida como “Davos de Verão”, a lista reúne projetos tecnológicos inovadores que levam em conta três premissas: possiblidade de desenvolvimento, aplicabilidade e que possam gerar benefícios sociais entre os próximos três a cinco anos.

Para Frederick Fenter, editor executivo da editora Frontiers (especializada em publicações científicas) e Jeremy Jurgens, diretor executivo do Fórum Econômico Mundial, que assinam o prefácio do documento, o compilado lança mão de insights imprescindíveis para a resolução de decisões estratégicas em escala global.

Entre os projetos apresentados, o relatório aponta para uma tendência crescente de convergência tecnológica, onde áreas como inteligência artificial, biologia e desenvolvimento de novos materiais se unem para impulsionar conquistas para o futuro da humanidade como, por exemplo, a produção de energia limpa.

Do combate à desinformação à produção de energia limpa

Com um leque diversificado de tecnologias, o relatório de 2025 destaca mecanismos tecnológicos que podem atuar desde o combate à disseminação de falsas notícia à criação de marcas d’água geradas por IA, ferramenta crucial para garantir a segurança da produção de conteúdo no ambiente digital.

No campo da sustentabilidade, a fixação de nitrogênio verde surge como uma alternativa mais ecológica para a produção de fertilizantes, por meio da utilização de energia limpa.

Em vez de usar 2% da energia global, como no método atual, o projeto emprega sistemas de base biológica ou bioinspirados (tecnologias desenvolvidas a partir de ações da natureza), para reduzir o impacto ambiental da agricultura.

A energia renovável também ganha destaque no relatório com os sistemas de energia osmótica, que têm o potencial de gerar eletricidade levando em conta a diferença de salinidade entre água doce e salgada, visando a concepção de uma fonte de energia limpa e de baixo impacto.

Para o setor de veículos elétricos, os compósitos estruturais para baterias prometem revolucionar o mercado automotivo elétrico, implementando tecnologias como a utilização de fibra de carbono no design dos protótipos a melhorias na capacidade de armazenamento de energia, tornando veículos mais leves e eficientes.

Saúde do futuro

Na medicina, a engenharia de vida terapêutica propõe transformar bactérias benéficas em “biofábricas” de medicamentos dentro do corpo.

Isso significa que, sem bem sucedida, essa abordagem inovadora poderia gerar tratamentos mais baratos e contínuos, como por exemplo a produção de insulina sob demanda para pacientes com diabetes.

Outro ponto de destaque do relatório acena para a classe de medicamentos GLP-1s, originalmente desenvolvida para tratar diabetes e obesidade – investigada atualmente por seu potencial no combate a doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson – com propriedades capazes de atuar contra a inflamação e eliminação de proteínas tóxicas no cérebro.

Enquanto a detecção bioquímica autônoma promete transformar diferentes campos da saúde humana, com dispositivos capazes de monitorar permanentemente parâmetros como níveis de glicose no sangue, qualidade da água e segurança alimentar.

Inovação em múltiplas áreas

Definidos como materiais sintéticos em nanoescala (dimensões em bilionésimos de metro), as nanoenzimas são projetadas para replicar funções das enzimas naturais, só que com maior estabilidade, custo reduzido e facilidade de produção.

Inicialmente, seu desenvolvimento deve ser aplicado em uma ampla gama de setores, incluindo biomedicina, indústria e meio ambiente.

Na área da saúde, as nanoenzimas demonstram o seu maior potencial. Isso porque elas podem ser utilizadas na composição de medicamentos para o tratamento do câncer, permitindo que os fármacos atinjam as células cancerosas com maior precisão.

Além disso, estudos indicam que podem ajudar a mitigar o estresse oxidativo, um fator chave em doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson.

Com um crescimento projetado de 27% ao ano, o mercado global de nanoenzimas está em forte expansão, com estimativas de que alcance o valor de US$ 57,95 bilhões até 2034.

Soluções para impactos cotidianos

O relatório aponta ainda os avanços em tecnologias nucleares, com uma nova onda de inovação em andamento, incluindo o desenvolvimento de Pequenos Reatores Modulares (SMRs).

A meta de longo prazo é alcançar a fusão nuclear, vista como uma solução inovadora para os desafios energéticos globais.

Por fim, a detecção colaborativa propõe conectar sensores individuais em uma rede alimentada por IA. Essa integração pode otimizar a gestão de cidades, ajustando semáforos para reduzir congestionamentos ou monitorando dados ambientais para prever tempestades.

Marcas d’água contra fake news

Em uma era de deepfakes, essa tecnologia adiciona tags invisíveis ao conteúdo gerado por IA (por meio de marcas d’água), o que facilita a identificação do que é real e do que não é, ajudando a combater a desinformação e a aumentar a confiança on-line.

Embora diversas empresas de tecnologia já adotem a marca d’água, a tecnologia ainda enfrenta desafios, como por exemplo a tentativa de remoção ou falsificação das marcas d’água. Além disso, a rotulagem falsa de conteúdo real como gerado por IA ainda inspira preocupações éticas.

Fonte: CNN Brasil

STF confirma ressarcimento bilionário aos consumidores de energia por tributos cobrados a mais

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Ainda não está claro o impacto da decisão nas tarifas de energia, que, a depender do caso, poderiam até ser elevadas para reaver recursos já devolvidos

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira, 14, pela constitucionalidade da lei que determinou a devolução integral, a consumidores de energia, de créditos tributários pela exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins, com o estabelecimento de um prazo prescricional de dez anos.

Os valores envolvidos no caso são bilionários e já vinham sendo revertidos aos consumidores de energia por meio de reduções das tarifas cobradas na conta de luz. Desde 2021, mais de R$ 44 bilhões já foram ressarcidos aos consumidores, enquanto mais R$ 5,8 bilhões deverão ser devolvidos neste ano, segundo informações da agência reguladora Aneel.

Ficou definido que a prescrição de dez anos passa a ser contada a partir da restituição efetiva do indébito às distribuidoras de energia, ou da homologação de compensação realizada — ou seja, de quando entrou no caixa da empresa os recursos que ela não deveria reter.

Ainda não está claro o impacto da decisão nas tarifas de energia, que, a depender do caso, poderiam até ser elevadas para reaver recursos já devolvidos aos consumidores. Procurada, a Aneel disse que vai esperar a publicação do acordão para avaliar.

As regras acabaram sendo mais favoráveis aos consumidores do que às distribuidoras de energia, já que as empresas poderiam se apropriar de mais recursos caso os prazos fossem mais curtos ou o marco para início de contagem fosse outro, apontou André Edelstein, advogado especializado no setor de energia.

“Não foi a melhor alternativa, mas também não foi a pior. Me parece que para o consumidor foi um bom resultado”, disse Edelstein.

O STF também definiu que as distribuidoras de energia poderão deduzir, dos valores a serem devolvidos aos consumidores, tributos e honorários associados aos processos judiciais que carregaram para conseguir os créditos tributários em nome dos consumidores.

Fonte: Istoé Dinheiro

Maior turbina eólica do mundo causa efeito inesperado ao ser ativada pela 1° vez

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Estrutura gigante possui lâminas de 128 metros e uma altura de 242 metros, capazes de gerar eletricidade suficiente para abastecer cerca de 96 mil residências anualmente.

Em um cenário global onde a busca por energia limpa se intensifica, a China desponta como uma referência em soluções renováveis, como a eólica. Nos últimos anos, o país enfrentou críticas pelas suas elevadas emissões de carbono.

No entanto, um projeto inovador mudou essa narrativa: a instalação de uma turbina eólica offshore gigante pela Mingyang Smart Energy em agosto de 2024. Esta turbina, a maior do mundo, representa um marco na tecnologia de energia eólica.

A estrutura gigante possui lâminas de 128 metros e uma altura de 242 metros, capazes de gerar eletricidade suficiente para abastecer cerca de 96 mil residências anualmente.

Localizada na província do Mar do Sul da China, em Hainan, a escolha estratégica do local aproveita as condições ideais de velocidade do vento e afastamento da plataforma continental, maximizando a eficiência energética.

Qual o impacto da instalação dessa turbina eólica no clima local?

A ativação desta turbina revolucionária trouxe efeitos imprevistos no microclima ao redor de sua localização. Enquanto turbinas eólicas geralmente alteram os fluxos de ar, o tamanho imenso desta instalação amplificou esses impactos.

Pesquisadores estão atentos às possíveis mudanças nos padrões climáticos regionais decorrentes dessa construção colossal, que altera velocidades dos ventos e distribuições de temperatura próximas ao local.

A maravilha da engenharia por trás da turbina eólica gigante de 20 MW

Ultrapassando os limites da tecnologia eólica offshore, esta turbina é um espetáculo de engenharia. Cada lâmina cobre uma área maior que dois campos de futebol, capturando mais energia dos ventos do que qualquer design anterior.

Com um output de 20 MW, esta inovação representa um avanço significativo no potencial das energias renováveis para atender as necessidades elétricas globais.

Além disso, a alta eficiência da turbina permite que menos estruturas sejam necessárias para a produção da mesma quantidade de energia, reduzindo o impacto visual e espacial das fazendas eólicas.

Ainda assim, os impactos ambientais imprevistos destacam a complexidade de balancear inovação tecnológica com conservação ambiental.

Estudos estão em andamento para compreender as consequências a longo prazo dessas alterações microclimáticas.

Como a turbina eólica está preparada para enfrentar condições extremas?

Projetada para suportar ventos de até 79,8 m/s, a turbina está apta para implantação em áreas propensas a tufões, garantindo resiliência e segurança.

Esta robustez é crucial para permitir o uso extendido desse tipo de tecnologia em regiões do mundo onde as condições climáticas exigem maiores precauções.

Benefícios otimizados e efeitos adversos reduzidos

A energia eólica, por ser renovável e abundante, não apresenta preocupações contínuas sobre danos ao meio ambiente.

O sucesso da turbina Mingyang exemplifica os esforços humanos em produzir recursos sustentáveis e benéficos não apenas para o entorno ecológico, mas também para a comunidade global e a estabilidade econômica.

À medida que novas tecnologias são implantadas em escalas inéditas, as mudanças microclimáticas não intencionais em torno de projetos como este turbina ressaltam a importância de avaliações ambientais abrangentes.

A evolução da energia eólica offshore precisará equilibrar os benefícios energéticos com a preservação dos ecossistemas locais.

A turbina recordista não é apenas um triunfo de engenharia, mas também um aviso sobre os desafios inerentes às inovações em energias sustentáveis.

Fonte: O Antagonista

Cidades inteligentes nos BRICS+: IA, mobilidade e energia limpa rumo a uma nova agenda urbana

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Conheça iniciativas brasileiras que posicionam o país como referência em infraestrutura digital e cidades inteligentes.

O tema das cidades inteligentes foi destaque da Cúpula dos BRICS, realizada no Rio de Janeiro, consolidando uma visão estratégica sobre o futuro urbano do bloco. Ficou evidente que a convergência entre inteligência artificial, mobilidade elétrica e energia limpa está redesenhando os caminhos da gestão pública e fortalecendo a cooperação internacional. Nesse contexto, as grandes cidades que compõem o bloco  se tornam vetores de inovação, inclusão e sustentabilidade, com papel central nas estratégias de desenvolvimento dos países membros.

A 1ª Assembleia Geral da Associação de Cidades e Municípios BRICS+ reuniu prefeitos e secretários que reconheceram o protagonismo dos governos locais na formulação de diretrizes colaborativas para a transformação digital das cidades, que desponta como fator-chave. Tecnologias aplicadas ao espaço urbano estão melhorando a qualidade de vida em metrópoles como São Paulo, Pequim, Joanesburgo, Nova Délhi, Moscou, Teerã e Jacarta. O encontro reforçou a importância de redes colaborativas entre prefeituras, setor privado e instituições multilaterais para ampliar o acesso a soluções tecnológicas e acelerar sua implementação em escala.

Entre as tecnologias disruptivas, a inteligência artificial ocupou posição central na Declaração Final dos líderes dos BRICS. O texto reconhece a IA como uma oportunidade para impulsionar o desenvolvimento equitativo e defende a construção de uma governança global inclusiva, com normas compartilhadas, mitigação de riscos e fortalecimento da soberania digital dos países. A recomendação de utilizar plataformas abertas e incentivar a capacitação dos países do bloco expressa um compromisso com a inclusão e a autonomia tecnológica.

Nas cidades dos BRICS+, a IA está presente em várias áreas da infraestrutura urbana. Sistemas de transporte inteligente usam algoritmos para otimizar o fluxo viário; sensores em redes de iluminação pública ajustam o consumo conforme a demanda; e plataformas preditivas orientam decisões sobre mobilidade, clima e segurança. Esses avanços demonstram como a tecnologia, quando bem direcionada, potencializa a capacidade do setor público de oferecer serviços centrados no cidadão. Para isso, são essenciais uma governança de dados transparente, interoperabilidade entre sistemas, acesso às plataformas digitais e investimentos em capacitação técnica local.

No Brasil, o projeto Rio AI City representa um passo importante nessa direção. A iniciativa visa posicionar o Rio de Janeiro como o maior hub de data centers da América Latina, com infraestrutura capaz de processar grandes volumes de dados em tempo real. Ao integrar sensores, câmeras e sistemas, a cidade poderá aplicar algoritmos de IA na tomada de decisões. Os impactos serão visíveis no cotidiano: atendimento mais ágil em emergências, planejamento urbano mais eficiente e maior qualidade na prestação dos serviços públicos. Além disso, o hub tecnológico deve atrair investimentos, gerar empregos qualificados e consolidar um ecossistema urbano sustentável, alinhado aos princípios da governança digital promovida pelos BRICS+.

Outros projetos relevantes na capital fluminense reforçam esse movimento. O Centro de Operações Rio (COR) conecta dados de mais de 30 órgãos públicos em uma plataforma unificada, funcionando 24 horas por dia para monitorar trânsito, clima, segurança e eventos. A tecnologia permite respostas rápidas e coordenadas a incidentes, além de receber alertas da população por meio de aplicativos e redes sociais. Já o SENSEable Rio Lab utiliza sensores urbanos, visão computacional e análise de dados para mapear padrões de mobilidade e uso do espaço público. Essas informações alimentam algoritmos que apoiam políticas públicas baseadas em evidências. São exemplos que ilustram como a digitalização integrada pode tornar a gestão municipal mais proativa e conectada às necessidades da população.

A eletrificação da mobilidade é outro vetor que está mudando as metrópoles do bloco. Países como China e Brasil vêm investindo fortemente no transporte público movido a energia renovável. Em São Paulo, a frota de ônibus já conta com 728 veículos elétricos, 527 deles movidos a bateria, e a meta é chegar a 2.200 até 2028. As garagens estão sendo equipadas com sistemas de armazenamento BESS, capazes de carregar até 29 ônibus simultaneamente. Estima-se que cada veículo evite a emissão de cerca de 118 toneladas de CO₂ por ano. Esse processo, além de reduzir impactos ambientais, dinamiza a economia local ao estimular a produção, manutenção e operação de tecnologias limpas.

Esses exemplos mostram que a construção de cidades inteligentes no Brasil e no âmbito dos BRICS exige estratégias integradas, visão compartilhada e articulação entre governos locais, empresas inovadoras e instituições multilaterais. A inteligência artificial, além de ser uma ferramenta de gestão moderna, é um verdadeiro instrumento de melhoria urbana e vetor de inclusão digital. A mobilidade elétrica, por sua vez, agrega benefícios ambientais e produtivos. E a infraestrutura digital se firma como base da governança urbana do século XXI.

Neste cenário, o novo ciclo de desenvolvimento das cidades que emerge dos fóruns propositivos do BRICS+ representa uma forma inédita de trocas de boas práticas e avanços e é uma oportunidade de transformação sustentável, ancorada em soberania tecnológica, colaboração internacional e compromisso com o bem-estar coletivo.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities. 

Uso de inteligência artificial na administração pública já traz benefícios, diz especialista

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Redução de fraudes no Bolsa Família e na evasão escolar são citados como exemplos de uso da IA

Uma entre dez prefeituras brasileiras usa inteligência artificial, e também um entre quatro órgãos públicos federais. A informação foi passada durante audiência pública da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara, que tratou nesta quarta-feira (13) dos desafios e oportunidades do uso da IA na administração pública. Participaram representantes de institutos de pesquisa e especialistas no assunto.

O presidente do Instituto Illuminante de Inovação Tecnológica e Impacto Social, Gilberto Lima Júnior, acha que o uso ainda é pequeno, mas já trouxe benefícios. E citou o exemplo do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que acelerou o trâmite de marcas e patentes por meio de uma ferramenta de IA, a Fel INPI.

Já o Ministério da Ação Social, segundo ele, usa a inteligência artificial para detectar fraudes no programa Bolsa Família. Uma inovação mais perceptível é o chatbot, programa de computador que simula conversas para facilitar o acesso a serviços pelo cidadão, mas ajuda internamente, como ocorre no Ministério da Gestão, como explicou Gilberto Lima.

“Como há muita dificuldade de interação com esses sistemas e os sistemas de suporte às vezes não dão conta do tamanho da demanda, o próprio ministério utiliza-se hoje de uma inteligência artificial para facilitar a orientação de servidores públicos no uso dos sistemas de governança da máquina pública”, disse.

Cidades e estados

Entre as cidades, São Paulo, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e São Caetano do Sul se destacam no uso da inteligência artificial, que foi acelerada durante a pandemia, quando houve iniciativa da Associação Nacional das Cidades Inteligentes, Tecnológicas e Inovadoras (Ancite), que integrou 24 municípios com inteligência artificial colaborativa para tratar de controle de vacinação.

Em nível estadual, o Paraná usou a inteligência artificial na educação, para avaliação de fluência de leitura de 125 mil alunos (Fluência Paraná) e São Paulo aprimorou a cobrança do IPTU. O Piauí é o primeiro estado com Secretaria de Inteligência Artificial e já usa a IA na segurança pública e é ensinado nas escolas, aponta o presidente do Sindicato das Indústrias da Informação do Distrito Federal (Sinfor), Carlos Jacobino.

Já o estado de Goiás vai ter o primeiro computador de inteligência artificial com chip de última geração da Nvidia. Atualmente 77 projetos são desenvolvidos no estado, afirma o professor Anderson da Silva, coordenador Científico do Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás.

Segundo ele, Goiás foi pioneiro em curso universitário de IA, criado em 2019, que fez desabar a evasão na área de exatas, que era de 70% e agora é de apenas 3%. O curso de inteligência artificial foi mais concorrido do que o de medicina. Um projeto com o MEC ajuda a diminuir a evasão escolar.

“Uma IA analisa individualmente comportamentos dos alunos e a gente passa a agir proativamente, em vez de reativamente, como geralmente acontece, porque depois que foi tomada a decisão da evasão, é muito difícil reverter isso, então você tem que atuar antes e a IA traz exatamente essa perspectiva para que a universidade atue antes que esse quadro se concretize”, disse Silva.

Produtividade

A inteligência artificial promove redução de 30% nos custos de operação e aumenta 40% na produtividade, segundo a coordenadora-geral do Laboratório de Inovação em Inteligência Artificial da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Patrícia Baldez. Ela cita como ótimo exemplo o estado de Pernambuco, que trabalha em regime “no click”, em que o estado entra em contato com o cidadão quando sabe que há necessidade.

Ela citou um exemplo: a mãe recebe uma mensagem pela internet quando seu filho faz aniversário e se encaixa no calendário de vacinação e informa a ela o posto de saúde mais próximo. Patrícia Baldez também lembrou como a IA pode ajudar a evitar tragédias.

“O que aconteceu no Rio Grande do Sul era previsto e previsível. Poderíamos ter, como estado, ter nos preparado para isso. Tínhamos modelos de leitura por satélite que indicavam que aquilo ia acontecer e como é que o estado não se prepara, inclusive reduzindo investimento?”, observou.

Empregos

Para o diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de São Paulo, Leonardo Gomes Fonseca, a revolução está apenas começando, e citou dados do cientista taiwanês Kai-Fu Lee.

“Até 2030, 80% dos empregos vão ser impactados por inteligência artificial. Até 2040 ou 2044, 50% dos empregos serão substituídos por inteligência artificial, e, principalmente, os empregos que demandam mais intelecto. A questão braçal, mecânica, ainda vai demorar um pouco mais a chegar”, disse.

O debate foi pedido pela deputada Maria do Rosário (PT-RS). Ela afirmou que a audiência pública pode ajudar na elaboração de um marco normativo sólido e orientado à realidade brasileira sobre o uso da inteligência artificial na administração pública.

“Nós estamos aqui diante de questões que mostram que pode haver uma regulação positiva, uma regulação negativa, pode haver diferentes padrões de regulação. Regulação, portanto, é desenho de processo, anotei aqui como questão importante”, disse a deputada. Para ela, “não haverá um bom uso da IA sem a mediação humana”.

O Projeto de Lei 2338/23 trata do marco legal da inteligência artificial no Brasil. A proposta já foi aprovada no Senado em dezembro do ano passado e está em uma comissão especial da Câmara desde maio deste ano. O projeto prevê transparência algorítmica e permite regulamentação proporcional em cada nível de risco.

Até novembro haverá audiências públicas e seminários em cada região do país para discutir o projeto. O relatório deve ser apresentado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) em 25 de novembro de 2025 para que seja votado na comissão especial e no Plenário em dezembro. Existem mais de 250 projetos em tramitação no Legislativo que tratam de IA.

Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Roberto Seabra

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Ibama concede licença prévia para linha de transmissão de 1.600 km

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Principal projeto do Novo PAC, empreendimento reforçará a integração energética entre as regiões Nordeste e Centro-Oeste

Brasília (13/08/2025) – O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) emitiu, nessa terça-feira (12), a licença prévia ao principal projeto do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC): a linha de transmissão que vai de Graça Aranha (MA) até Silvânia (GO), que reforçará a integração energética entre as Regiões Nordeste e Centro-Oeste. O empreendimento terá 1.600 quilômetros de extensão, passando por mais de 40 municípios, nos estados do Maranhão, do Tocantins, de Minas Gerais e de Goiás. O investimento será de R$ 18 bilhões.

Com aproximadamente 800 quilovolts (kV), a Linha de Transmissão Graça Aranha-Silvânia permitirá o escoamento da geração de energia eólica e solar das regiões Norte e Nordeste para a integração dessa energia ao Sistema Integrado Nacional (SIN). O empreendimento deverá contribuir para o equilíbrio energético nacional, na medida em que se tornará a principal estrutura de escoamento da energia excedente de fontes renováveis. A linha de transmissão será construída pela empresa chinesa State Grid.

O Ibama, responsável pela condução do licenciamento ambiental da obra, realizou cinco audiências públicas sobre o empreendimento em 2024, para debate sobre o projeto e seus impactos ambientais com a população afetada. No total, 1.132 moradores da região participaram dessas reuniões, nas quais foram discutidos os impactos à flora e à fauna, as possíveis implicações para propriedades rurais, além dos benefícios esperados, como a criação de 6 mil empregos diretos durante a construção e a operação da linha.

Em seguida, foram realizadas vistorias de campo pela equipe técnica do Ibama e elaborado um parecer técnico. “Após todas essas etapas do processo de licenciamento, a Linha de Transmissão Graça Aranha – Silvânia foi considerada ambientalmente viável”, declara a diretora de Licenciamento Ambiental do Ibama, Claudia Barros.

Agora, o empreendedor deverá atender às condicionantes da licença prévia emitida e solicitar, ao Ibama, a licença de instalação — etapa em que serão discutidos os detalhes do traçado do empreendimento e as medidas preventivas, mitigadoras e compensatórias, a fim de se autorizar o início das obras.

De acordo com o coordenador de Licenciamento Ambiental de Dutos e Sistemas de Transmissão de Energia, Felipe Ramos Nabuco, as análises técnicas conduzidas pelo Ibama para a obtenção das licenças visam ao alcance do que foi planejado com a melhor performance socioambiental. “Nessas etapas, a equipe tem se baseado nas informações obtidas no geoprocessamento e nas vistorias técnicas, nas contribuições recepcionadas nas audiências públicas e na análise dos estudos ambientais desenvolvidos pelo empreendedor”, explica.

“Quando concluída, a Linha de Transmissão Graça Aranha – Silvânia se tornará uma iniciativa estratégica para o escoamento de energia eólica e solar excedente do Nordeste, podendo contribuir significativamente para o equilíbrio energético nacional”, acrescenta a diretora Claudia Barros.

Assessoria de Comunicação Social do Ibama
imprensa@ibama.gov.br

Fonte: Ibama

Governadores se reúnem em Belém para alinhar posição do Brasil na COP 30

Fórum Nacional de Governadores ocorre nesta terça-feira (13) no Parque da Cidade. No evento, serão apresentados os eixos centrais do evento, como descarbonização, financiamento climático e transição energética.

Belém recebe nesta terça-feira (13) a XVII Fórum Nacional de Governadores, que vai definir a participação dos estados brasileiros na 30ª Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP 30). O evento, que mobilizará mais de 190 países, será realizado na capital paraense de 10 a 21 de novembro.

O encontro começa às 10h, no Parque da Cidade — espaço que está em requalificação e será a principal sede da COP 30, abrigando tanto a Blue Zone (Zona Azul), dedicada às negociações oficiais, quanto a Green Zone (Zona Verde), voltada a debates com a sociedade civil, manifestações culturais e iniciativas de ciência, inovação e empreendedorismo sustentável.

A programação abre com a fala do governador do Pará, Helder Barbalho, anfitrião da conferência. Em seguida, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da Comissão Nacional da COP30 e negociador-chefe do Brasil nas conferências do clima, vai apresentar os eixos centrais do evento, como descarbonização, financiamento climático, justiça ambiental e transição energética.

Entre as presenças confirmadas estão governadores como Gladson Camelí (AC), Clécio Luís (AP), Wilson Lima (AM), Renato Casagrande (ES), Mauro Mendes (MT), Barbosinha (MS), Raquel Lyra (PE), Cláudio Castro (RJ), Fátima Bezerra (RN), Fábio Mitidieri (SE) e Wanderlei Barbosa (TO), além de vices que irão representar outros estados.

Para o coordenador do Fórum, Ibaneis Rocha (DF), a reunião é uma oportunidade de fortalecer a cooperação federativa. “Será uma edição especial, marcada por temas urgentes como mudanças climáticas, preservação da Amazônia e transição energética”, disse.

Fonte: G1

Cidades apresenta desafios para universalizar saneamento

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Marco Legal estipula meta de 99% da população com água potável e 90% com coleta e tratamento de esgoto até 2033

Em celebração aos cinco anos das atualizações ao Marco Legal do Saneamento, com base na Lei Federal nº 14.026, de 2020, o Ministério das Cidades reforçou o compromisso do Governo Federal em regionalizar os investimentos públicos e ampliar a participação do capital privado para levar água de qualidade aos brasileiros. Durante o seminário “Marco Legal do Saneamento”, promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso, nesta terça-feira (12), em São Paulo, o ministro Jader Filho apresentou um panorama de como a pasta atua para atingir as metas da legislação.

“Nosso objetivo é ter 99% da população com acesso a água e 90% com esgoto até o fim de 2033. No momento, nossa cobertura de água é próxima de 83% e de esgoto 60%, mas os números são ainda menores na região Norte, por exemplo. É inadmissível que um brasileiro viva sem água tratada, então estamos trabalhando e convergindo esforços para mudar esta realidade que ainda assola o país”, disse o ministro.

Jader Filho detalhou os investimentos da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, que administra uma carteira ativa de 1.688 empreendimentos e R$ 60,7 bilhões em investimentos. No entanto, o valor ainda está longe do necessário para alcançar uma mudança efetiva dentro do prazo estipulado, mesmo com as debêntures, que somam R$ 64,8 bilhões, os R$ 362,11 milhões do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (REIDI) e os R$ 52,6 bilhões no âmbito do Novo PAC para os próximos quatro anos.

“O Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), atualmente em revisão, estima que serão necessários R$ 882,4 bilhões para universalizar os serviços até 2033. Especificamente para água e esgoto, a necessidade é de R$ 366,5 bilhões, ou seja, mais que o dobro do que temos”, explicou o ministro.

Para o ministro, uma das alternativas é ampliar a entrada de capital privado para complementar os projetos e aumentar a cobertura nacional. Desde 2020, foram realizados 59 leilões no setor, que mobilizaram R$ 178 bilhões. Assim, os investimentos mais as outorgas chegaram a quase R$ 235 bilhões, valor mais próximo do necessário.

“A primeira coisa que aprendi quando comecei a estudar sobre saneamento foi que ninguém consegue sozinho, nem o setor público e nem o privado. Não dá para ter preconceito nesse jogo. Precisamos ampliar esse processo e buscar recursos de diversas fontes, porque se não será muito difícil enfrentar esse desafio”, compartilhou o ministro.

“Vamos precisar de todos os braços, de investimentos dos municípios, dos estados, da federação e da iniciativa privada. Vamos precisar de tranquilidade e transparência para atrair novos investimentos, com segurança jurídica que nos valorize para o mercado, que é algo que o Marco Legal do Saneamento contribui. Temos um grande problema nas nossas mãos, mas temos soluções se nós nos unirmos para sanar essa dívida histórica com o Brasil”, completou.

Com apoio da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), responsável por editar as normas de referência que padroniza regras para tarifas, metas, indicadores e condições da prestação de serviços, o país segue buscando superar os desafios e mantém o compromisso de prover atendimento de qualidade para a população.

Fonte: Ministério das Cidades

Por que está se vendendo tanta moto no Brasil? Entenda

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Com mais de 1 milhão de unidades vendidas no primeiro semestre de 2025, o País vive um boom sobre duas rodas. A ascensão das motos como meio de transporte e ferramenta de trabalho, porém, traz desafios para toda a sociedade

No primeiro semestre de 2025, foram emplacadas mais de 1 milhão de motocicletas no País, de acordo com dados da Fenabrave, federação que reúne os distribuidores de veículos do Brasil. O volume representa crescimento de 10,33% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os números mostram que nunca se vendeu tanto moto no Brasil. Além disso, confirma a projeção dos distribuidores de que o segmento deve bater recorde e superar os 2 milhões de unidades vendidas no ano.

A produção de motos acumulada entre janeiro e junho no Brasil também ultrapassou a barreira de 1 milhão de unidades produzidas. Segundo a Abraciclo, associação que reúne os fabricantes instalados no Polo Industrial de Manaus, houve alta de 15,3% sobre o mesmo período do ano passado e foi o melhor resultado da indústria nos últimos 14 anos.

Mas, afinal, por que está se vendendo tanta moto no Brasil? “Entre os diversos fatores, podemos destacar a economia de combustível, o baixo custo de manutenção, a agilidade nos deslocamentos e o constante crescimento da utilização profissional. Com isso, a motocicleta se torna uma solução mais econômica e acessível de transporte para as diferentes regiões e cidades brasileiras”, acredita o presidente da Abraciclo, Marcos Bento.

Troca de modal

Outro fator associado ao aumento das motocicletas nas cidades brasileiras é a queda da atratividade do transporte público coletivo, que, ao longo das últimas décadas, tem visto uma redução considerável dos usuários, como mostram estudos da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e também a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD).

Desde os anos 2010 já se vem observando uma tendência de migração do modal do transporte coletivo para o individual em todas as faixas de renda. Entre as razões para a mudança estão a qualidade do serviço, o custo, o tempo das viagens e a cobertura dos sistemas, causando, assim, uma queda no número de passageiros, enquanto, por outro lado, a taxa de motorização cresce rapidamente: quase triplicou nos últimos 20 anos, explica a gerente da gestão da Mobilidade do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento, Lorena Freitas.

“Nesse contexto, a aquisição de motocicletas se mostra como uma opção menos custosa (em comparação aos carros) de viabilizar o acesso às atividades de trabalho, saúde, lazer e acesso à cultura”, afirma Freitas. A pesquisadora cita o crescimento expressivo da frota de motocicletas como prova desse fenômeno.

Atualmente, a frota nacional ultrapassa as 35 milhões de motos, representando aumento de 42% ao longo da última década, segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). O aumento de motos nas ruas foi acompanhado por uma elevação de 38,4% no número de condutores habilitados na categoria A, específica para veículos motorizados de duas ou três rodas.

Novos motociclistas

Caso da fotógrafa Lais Cesare, 23 anos, que foi a primeira da sua família a tirar carta de moto. Em outubro do ano passado, Laís entrou para a estatística: hoje, mais de 40 milhões de brasileiros estão aptos a conduzir motocicletas ou similares. A jovem também faz parte de um grupo de motociclistas que não para de crescer: o público feminino. Segundo a Abraciclo, atualmente, 33% das motos são vendidas para mulheres.

“O carro está tão caro, hoje, no Brasil”, diz Laís, explicando porque decidiu tirar a carteira A/B, que a permite conduzir automóveis e motocicletas. Lais mora na zona leste da capital paulista e viu nas motos uma forma rápida e barata de se locomover. De acordo com a fotógrafa e estudante, o trajeto de sua casa até a faculdade leva duas horas de transporte público. Já, de moto, demora apenas 40 minutos.

Já com a carta em mãos, Laís diz que sonha com uma scooter Yamaha NMax 160. “A gasolina também está cara”, diz ela. Com consumo de cerca de 40 km/litro, câmbio automático e preço de R$ 23 mil a scooter da Yamaha representa a maioria das motos vendidas no Brasil.

Entre as mais de 1 milhão de motos produzidas, a grande maioria são de modelos de até 160 cc. Ou seja, motos de baixa cilindrada utilizadas nos deslocamentos diários e também na logística e delivery. “Embora o segmento de baixa cilindrada ainda represente 79% do mercado total, hoje percebemos um aumento pela procura de motocicletas de média cilindrada”, complementou Bento.

Moto como hobby

Segundo o executivo, trata-se de um movimento natural do consumidor, que opta por modelos com mais recursos tecnológicos e desempenho, passando a utilizar a motocicleta também para o lazer e as viagens. “No primeiro semestre, o segmento médio respondeu por 19% do volume total produzido, o que corresponde a uma alta de 19,2% na comparação com o mesmo período de 2024”, analisou o representante das fabricantes.

O propagandista Carlos Silveira, de 37 anos, faz parte desses novos motociclistas que vêm na moto um hobby. “Sempre tive vontade, mas sempre tive muito medo. Agora eu quero uma moto para fazer um passeio no fim de semana”, diz ele que ainda faz as aulas para prestar o exame prático.

Quando for habilitado, o plano de Silveira, que mora em São Bernardo (SP), é comprar uma moto para pegar a estrada com os amigos. “Estou olhando para esses modelos clássicos e mais estilosos, como as Royal Enfield de 350 cc. Vejo sempre a galera que tem moto combinando de se encontrar e viajar, quero uma moto com mais desempenho para passear”, diz ele.

Moto e geração de renda

Além da lacuna criada pelo transporte público, a moto se apresentou como uma possibilidade de geração de renda. Inicialmente, no transporte de passageiros, na figura dos mototaxistas, que vêm sendo incorporados às opções dos transportes por aplicativos. Entretanto, as motos também se mostram ainda mais importantes com o crescimento do delivery.

Um estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) mostrou que o crescimento da frota de motocicletas no Brasil se tornou mais forte a partir de 2016, justamente quando o crescimento do serviço de entregas por aplicativos também foi observado.

“Essa atratividade é especialmente notada nos casos de jovens de áreas periféricas – que, por um lado, têm pior oferta de transportes públicos em seus territórios, e, por outro, passam a poder ganhar o próprio dinheiro, ainda que em condições de trabalho precarizadas”, alerta Lorena Freitas do ITDP. A pesquisadora critica a remuneração inadequada e os limites na fiscalização desse tipo de serviço.

Desafios para o futuro

O aumento do número de motos nas ruas seja para os deslocamentos diários, trabalho ou passeio, contudo, apresenta desafios para o poder público e a sociedade como um todo. A segurança viária pode ser considerada um dos principais desafios ao poder público, acredita Freitas. “O setor de transportes possui um impacto direto no sistema de saúde pública, com elevada taxa de sinistros que atingem mais a população jovem, masculina e negra. Essas ocorrências promovem a sobrecarga do sistema único de saúde (SUS). De acordo com matéria do Mobilidade Estadão, em 2024, o SUS atendeu mais de 220 mil pessoas em decorrência de sinistros, dos quais mais de 150 mil foram motociclistas”, relata a pesquisadora do ITDP.

Apesar da evolução das motos, dos equipamentos de segurança e da legislação, atualmente, os motociclistas representam quase 40% dos mortos no trânsito do País.

Educação e redução da velocidade

“Quando comecei a andar de moto, não existia a lei que obriga a usar o capacete e eram tão poucas motos nas ruas que quando você passava por um outro motociclista você até fazia um cumprimento. Se a gente via um motociclista parado, perguntava se estava precisando de ajuda. Não existia motoboy, era outro mundo. Este ano o Brasil deve passar de 2 milhões de motos produzidas e os desafios são enormes para educar e dar mais segurança a tanta gente”, afirma o jornalista João Mendes. Mendes acaba de lançar um livro que conta a criação do “Bike Show”, primeiro programa sobre motociclismo na TV brasileira, e traz histórias de cinco décadas do mundo das duas rodas no País.

Para ele o perfil dos motociclistas mudou bastante desde a década de 1970. Fundador da AMO-RJ (Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro), João Mendes diz que campanhas e cursos de segurança viárias podem ajudar. Contudo, o experiente jornalista especializado em motos aponta o comportamento dos motociclistas como um fator que também precisa mudar.

“Hoje, principalmente a turma que faz entrega, anda muito pela contramão, atravessa avenidas pela passarela de pedestres e andam com extrema velocidade causando acidentes”, analisa ele. O excesso de velocidade também é visto com preocupação por outros especialistas.

Para Lorena Freitas, investir em ações de acalmamento do tráfego e melhorar a fiscalização viária, porém, não será suficiente. “Entender como acomodar de forma segura a crescente frota de motos segue sendo um desafio para as cidades. Nesse contexto, medidas que reduzam a dependência de transportes individuais devem ser valorizadas, pois, uma vez que se estimule a redução de carros e motos em circulação cotidianamente, também se reduzirão os sinistros, os congestionamentos e as emissões de poluentes”, conclui.

Fonte: Mobilidade Estadão