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Mapa mostra que Brasil tem boas ideias para enfrentar a crise climática

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Mais de 200 projetos foram identificados pelo Ministério das Cidades, com destaque para soluções tecnológicas inovadoras, com uso de inteligência artificial, e ações educacionais.

O Ministério das Cidades lança durante a COP30, em Belém, dois instrumentos que revelam o panorama do Brasil na agenda climática urbana: plataforma com o Mapeamento de Iniciativas Climáticas Urbanas e o Catálogo de Iniciativas Climáticas Urbanas no Brasil. Os produtos resultam de um trabalho de sistematização realizado pelo Ministério, em parceria com a Urban Climate Change Research Network (UCCRN-LA), e apoiado pela agência de cooperação internacional da Alemanha (GIZ) e o ONU-Habitat,

O levantamento identificou 206 iniciativas habilitadas entre as 412 propostas recebidas de todo o país, revelando a diversidade e a vitalidade das ações locais. Cerca de 40% das iniciativas têm foco em adaptação, 32% em mitigação e 28% combinam as duas abordagens, demonstrando o amadurecimento técnico e político dos municípios no enfrentamento das mudanças do clima.

“Este mapeamento mostra que as soluções climáticas já estão nas cidades. Cabe a nós, no governo federal, apoiar e divulgar essas experiências para que elas possam ser adotadas por outras cidades”, disse o ministro das Cidades, Jader Filho. “É o que estamos fazendo”.

O mapeamento e o catálogo também evidenciam o compromisso do Ministério das Cidades em interagir com governos municipais, instituições, organizações e empresas para avanço nas políticas urbanas e na agenda climática. As publicações reforçam que os municípios representam a primeira camada da ação climática e que o fortalecimento da capacidade técnica local é essencial para transformar investimentos em soluções concretas.

“O mapeamento de iniciativas climáticas urbanas de diferentes governos, organizações e empresas demonstra o poder transformador das ações locais, destaca a diretora de Sustentabilidade e Projetos Especiais do Ministério das Cidades, Alice Carvalho. “A consolidação dessas experiências permite que gestores públicos visualizem o estágio das ações locais, promovam cooperação entre cidades e direcionem recursos para ações com maior potencial de impacto, além de informar a população em geral sobre seus benefícios.”

Com a realização da COP30 no Brasil, o lançamento é um marco para o planejamento urbano sustentável. O catálogo e o mapeamento— hospedado no site do Ministério e na plataforma da Agenda de Sustentabilidade do Ministério — servirão como ferramentas de inspiração, aprendizado e replicação para gestores públicos, pesquisadores e comunidades.

As iniciativas mapeadas vão de soluções tecnológicas inovadoras, como sistemas de monitoramento com inteligência artificial, até projetos sociais de educação e participação comunitária. Juntas, elas retratam um país que começa a alinhar urbanismo, inclusão social e clima em uma mesma estratégia.

Metodologia

Além de apresentar um panorama detalhado das ações em andamento, o trabalho incorpora um processo de curadoria científica e técnica, fundamentado na metodologia do IPCC e conduzido por uma equipe de especialistas da UCCRN-LA e do Ministério das Cidades. O processo envolveu cinco meses de análises, revisões e diálogo com os proponentes, resultando em critérios de avaliação que consideraram robustez técnica, inovação, justiça climática e potencial transformador das ações.

Segundo a professora Maria Fernanda Lemos, da PUC-Rio e diretora da UCCRN-LA, o rigor metodológico foi essencial para garantir a qualidade do resultado:

“Usamos o conhecimento acumulado pela ciência do clima para definir categorias de análise que nos ajudassem a entender o quão preparadas estão as cidades brasileiras para enfrentar a mudança climática. Muitas ações não se enquadravam perfeitamente como mitigação ou adaptação, mas apresentavam efeitos positivos e mereciam ser reconhecidas”, destacou.

Ela explica que a equipe criou novas categorias para valorizar essas experiências, reconhecendo que iniciativas de sustentabilidade, ainda que não diretamente associadas à agenda climática, aumentam a resiliência e a capacidade adaptativa das cidades.

“O catálogo traz um olhar generoso e técnico ao mesmo tempo — ele não exclui, mas amplia a compreensão sobre o que é uma ação climática efetiva”, complementa a professora.

Fonte: Ministério das Cidades

Cloudflare diz que resolveu falha global que afetou X, ChatGPT e outras plataformas

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Empresa responsável por um dos maiores serviços de infraestrutura para internet no mundo afirmou que erro foi causado após um aumento de tráfego incomum em seus servidores.

A Cloudflare, um dos maiores serviços de infraestrutura de internet do mundo, disse que resolveu a falha que causou uma pane global em plataformas como X e ChatGPT na manhã desta terça-feira (18).

“Este incidente foi resolvido”, disse a empresa por volta das 16h30 (horário de Brasília).

Mais cedo, às 14h45, a Cloudflare já tinha dito que não estava observando níveis elevados de erros ou latência em sua rede e que era seguro reativar serviços que foram desativados durante o incidente.

A empresa afirmou ainda que fornecerá uma atualização após suas equipes de engenharia concluírem uma investigação mais aprofundada sobre a falha.

Segundo a Cloudflare, a pane foi causada por “um pico de tráfego incomum” em um de seus serviços às 8h20. E, de acordo com a Reuters, a empresa afirmou que a interrupção foi causada por um arquivo de configuração gerado automaticamente para lidar com potenciais ataques de segurança.

🔎 O que é a Cloudflare? A Cloudflare é uma empresa de infraestrutura que funciona como um intermediário entre o site e o usuário. Ela distribui parte do conteúdo desses sites em servidores espalhados pelo mundo, o que ajuda a acelerar o carregamento das páginas, reduzir custos e proteger contra ataques. Quando algum serviço da Cloudflare falha, sites que dependem dela podem ficar lentos ou até inacessíveis.

Mensagens de erro

O erro foi confirmado pela Cloudflare por volta das 8h50, quando plataformas como o X e o ChatGPT tiveram picos de reclamações no Downdetector, site que monitora instabilidade em serviços na internet.

No X, usuários que conseguiam abrir a rede social recebiam a mensagem: “Ocorreu um erro. Tente carregar a página”. No ChatGPT, as mensagens enviadas não eram executadas pela IA, que também mostrava um erro.

Algumas pessoas também relataram que os serviços mostraram mensagens de erro da Cloudflare (veja na imagem abaixo).

X e ChatGPT exibiram mensagens de erro da Coudflare.
Foto: Reprodução

A OpenAI, dona do ChatGPT, disse que seus serviços registraram um erro, mas não citou a Cloudflare. “Nós confirmamos que o incidente foi causado por um erro em um dos nossos provedores terceirizados”, disse a empresa.

No início da tarde, a OpenAI disse que não registrava mais nenhum problema em seus serviços.

O X foi procurado pelo g1, mas não se posicionou até a última atualização desta reportagem.

A Cloudflare registrou mais de 5.000 notificações de falhas na Cloudflare pela manhã. O X teve pico de cerca de 1.100 reclamações, e o ChatGPT registrou quase 200 relatos.

Segundo a Reuters, o aplicativo de relacionamento Grindr e a plataforma de design Canva também foram afetados.

Sequência de panes globais

O incidente com a Cloudflare é o terceiro registrado por uma grande empresa de infraestrutura de internet em menos de um mês.

Em outubro, uma pane no serviço de nuvem Amazon Web Services causou um apagão em mais de 500 empresas ao redor do mundo, como iFood, Mercado Livre, Mercado Pago e PicPay.

Nove dias depois, a Azure, serviço de nuvem da Microsoft, enfrentou instabilidade que afetou serviços como Teams, Outlook e Copilot. Outros produtos da Microsoft, como o Xbox e o Minecraftm também apresentaram erros.

Em julho de 2024, uma falha da CrowdStrike afetou sistemas de hospitais, bancos e aeroportos, provocando a famosa tela azul do Windows em sistemas ao redor do mundo.

O que é nuvem?

Toda empresa que trabalha com processamento de dados precisa de computadores para armazenar informações, arquivos e softwares.

Esses computadores, que geralmente são grandes equipamentos com alta capacidade, podem ser mantidos pela própria empresa em sua sede ou em outro lugar.

Como isso custa caro e exige manutenção constante, as empresas optam por terceirizar essa estrutura e contratam companhias com maior capacidade de manter esses supercomputadores, como AWS, Azure, Google Cloud, Oracle e IBM.

Nuvem é o nome dado ao serviço que permite transferir, guardar e processar dados em outros lugares, usando a internet. Pessoas também usam serviços na nuvem ao salvarem fotos no Google Fotos e no iCloud, da Apple, ou ao rodar jogos online, sem baixar e instalar programas, por exemplo.

Fonte: G1

Prêmio P3C prorroga inscrições e destaca iniciativas vencedoras que marcaram a edição de 2025

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Reconhecimento nacional em infraestrutura amplia prazo até 1º de dezembro e destaca projetos públicos e privados que se tornaram referência em inovação, gestão eficiente e impacto social

A 5ª edição do Prêmio P3C, um dos principais reconhecimentos nacionais para iniciativas de destaque em infraestrutura econômica, social e de ativos ambientais, está com inscrições prorrogadas até 1º de dezembro de 2025. A cerimônia de premiação será realizada em 23 de fevereiro de 2026, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, reunindo profissionais, empresas e órgãos públicos responsáveis por projetos que têm transformado diferentes setores essenciais do país. Com duas linhas de participação, uma voltada para entidades e outra para profissionais, o prêmio busca valorizar soluções inovadoras e modelos de gestão que promovem impacto social, eficiência e modernização nos serviços públicos e privados.

Leia mais: P3C Regional Nordeste destaca potencial e desafios da infraestrutura na região

A edição de 2025 destacou iniciativas que se tornaram referência nacional pela capacidade técnica e de articulação, além dos resultados entregues à sociedade. Na categoria Melhor Estruturação de Projetos, o grande vencedor foi a PPP Trem Intercidades Eixo Norte, desenvolvido pela Secretaria de Parcerias em Investimentos do Estado de São Paulo e estruturado em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O projeto avança na oferta de transporte metropolitano de alta capacidade e recebeu reconhecimento por seu alto grau de inovação e maturidade técnica. As menções honrosas foram concedidas à PPP para Revitalização e Urbanização do Cais Mauá, no Rio Grande do Sul, e ao projeto de concessão parcial de abastecimento de água e esgotamento sanitário em 74 municípios de Sergipe, ambos estruturados com apoio do BNDES.

Na categoria Melhor Gestão Pública, o prêmio principal foi para a Matriz de Riscos da ANTT, que inaugurou uma nova modelagem contratual de governança de riscos nas concessões rodoviárias federais, fortalecendo a transparência e previsibilidade. Receberam menções honrosas o Espaço CONECTA, da INFRA S.A., que aprimora a gestão de ativos e processos, e a atuação da Secretaria da Reconstrução Gaúcha, reconhecida pela gestão dos contratos de concessão durante a catástrofe climática no Rio Grande do Sul.

Leia mais: Prêmio P3C 2025 reconhece destaques da infraestrutura no Brasil

O setor privado também teve protagonismo. Em Melhor Gestão Privada, o projeto vencedor foi a Telemedicina Pré-Hospitalar da Ecovias do Cerrado, do Grupo Ecorodovias, que ampliou a capacidade de resposta a emergências em rodovias por meio de tecnologia e atendimento especializado. Foram premiadas ainda, com menção honrosa, a obra do Contorno de Florianópolis, conduzida pela Arteris Litoral Sul, reconhecida como a maior infraestrutura rodoviária da América Latina, e a implantação pioneira do pedágio eletrônico no Sul de Minas Gerais, pela EPR Sul de Minas.

Nos municípios, a diversidade de soluções inovadoras mostrou a força das parcerias locais. Em Melhor Estruturação de Projetos Municipais, o vencedor foi a PPP de Iluminação Pública do CONDER/PR, estruturada pela Caixa Econômica Federal, que modernizou sistemas e promoveu eficiência energética em escala regional. As menções destacaram a PPP do Centro Administrativo Sustentável de Angra dos Reis, baseada em conceitos de smart building, e a Concessão dos Serviços de Uso Público nos Parques Municipais do Recife, estruturada pelo BNDES em parceria com a prefeitura.

Na categoria Melhor Gestão Pública de Projetos Municipais, Londrina se destacou com a implantação de ITS (Intelligent Transport Systems) no transporte coletivo, modernizando processos operacionais e a experiência do usuário. A menção honrosa foi para a estrutura de governança da Coordenadoria de Monitoramento e Avaliação das Parcerias (CMAP) da Prefeitura de São Paulo, responsável pelo acompanhamento de projetos estratégicos do Plano Municipal de Desestatização.

Leia mais: Prêmio P3C celebra os vencedores de 2024 e apresenta novidades para 2025

Entre as iniciativas privadas nos municípios, o prêmio de Melhor Gestão Privada de Projetos Municipais reconheceu a PPP Inova BH, referência nacional em gestão de equipamentos educacionais. As menções honrosas foram para o modelo de gestão do Parque Ibirapuera, desenvolvido pela Urbia, e para o projeto Reconectando o Coração do Rio Grande do Sul, da Concessionária Rota de Santa Maria, voltado à recuperação de infraestrutura após eventos climáticos extremos.

O Prêmio P3C também homenageia lideranças que contribuem para o desenvolvimento do setor. O Reconhecimento Especial de 2025 foi concedido a Guilherme Peixoto, Superintendente de Licitações da B3, por sua atuação na modernização de processos e na ampliação do acesso a investimentos em infraestrutura. Já na categoria Mulheres na Infraestrutura, a vencedora foi Mariana Pescatori, Secretária Executiva do Ministério de Portos e Aeroportos. As menções honrosas destacaram Agnes Costa, diretora da ANEEL, e Letícia Queiroz, sócia-diretora da Queiroz Maluf Sociedade de Advogados.

Com a prorrogação do prazo, iniciativas de todo o país têm agora até 1º de dezembro de 2025 para se inscrever. A avaliação ocorrerá de 2 de dezembro a 9 de janeiro de 2026, com os finalistas anunciados em 12 de janeiro. A organização reforça o convite para que gestores públicos, empresas, consultorias e profissionais autônomos submetam seus projetos, ampliando a visibilidade de soluções que fortalecem a infraestrutura brasileira. A premiação é uma oportunidade para compartilhar boas práticas, impulsionar novos investimentos e valorizar quem dedica seu trabalho à construção de serviços mais eficientes e sustentáveis.

Para saber mais sobre o prêmio, clique aqui

A capital com mais dias de calor extremo do Brasil: ‘Não tem como dormir, te degrada muito’

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O sol a pino do meio-dia de Belém acompanhava todos dias o caminho da mãe de João Victor da Silva, Lene. Da ilha de Caratateua, onde morava, até o centro da cidade, onde trabalhava numa farmácia, eram quase duas horas de raios de sol e calor. Lene sentia literalmente na pele.

Primeiro, apareceu um sinal, mas ela não teve tempo de cuidar. Depois, o sinal começou a sangrar e foi preciso fazer um exame. O resultado mostraria ser um câncer de pele, já espalhado pelo corpo da paraense.

João, hoje um adolescente de 16 anos, não lembra nem da voz da mãe, mas conta a história dela para explicar como ele virou “João do Clima”, e uma presença garantida em eventos que discutem as mudanças climáticas em Belém, inclusive a COP30, que se encerra nesta semana.

“Eu digo que ela faleceu diante das desigualdades sociais e das mudanças climáticas”, conta João.

“Para mim, o câncer de pele dela está relacionado a algo maior.”

Em Belém, a chamada “desigualdade climática”, que é como o clima afeta diferentes grupos sociais de maneiras distintas, pode ser sentida a uma esquina de distância.

A cidade, no meio da floresta, é a sexta capital do Brasil com mais pessoas vivendo em ruas sem uma única árvore, segundo dados do Censo de 2022 do IBGE.

É uma afirmação que pode soar absurda para quem circula nas áreas centrais e ricas da capital paraense, com seus túneis de mangueiras e de calçadas sombreadas.

No bairro do Jurunas, vizinho a regiões extremamente arborizadas de Belém, Ronald Monteiro, de 15 anos, conta que o calor a partir das 11h30 vem chegando como “uma máquina de bater açaí”.

“É rápido, meio que fica girando, girando, na gente.”

Quando chega da escola, no fim da manhã, Ronald costuma ajudar o pai no negócio de extração da polpa de açaí, alimento básico dos almoços paraenses, numa rua sem árvores.

Depois, ele sobe para o quarto e tenta descansar para as atividades da tarde e noite, como futebol, igreja ou ajudar o tio no mercado do bairro. Mas isso não tem sido possível.

Um levantamento compartilhado com a BBC News Brasil pelo professor Everaldo de Souza, do Laboratório de Modelagem de Tempo e Clima da Universidade Federal do Pará (UFPA), com base em dados no Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), também traz um sinal vermelho para a cidade.

A capital do Pará já teve nesta década, até o ano passado, 164 dias que registraram uma temperatura máxima acima dos 35,5ºC, o que o professor classifica como um evento de calor extremo. Isso quer dizer que, em quatro anos, Belém teve mais dias de calor extremo do que as últimas seis décadas anteriores somadas.

“A gente sabe que Belém é quente, mas está muito mais quente”, diz Souza.

A perda da adolescência do ‘João do Clima’

Na caminhada para a escola, em São João do Outeiro, João Victor “do Clima” e a prima não escolhem mais ir pelas ruas principais. Em vez do asfalto, eles preferem ir num caminho de terra, mesmo que se ande mais.

“A gente percebeu que nessas ruas sem asfalto é mais fresco. A terra resfria o ambiente”, conta.

Na frente de casa, João também percebeu que a rua e a praça tomadas de lixo ameaçavam a natureza não só ali. O chorume descia para uma nascente de água, que já nascia poluída antes de seguir seu rumo.

O adolescente organizou protesto, chamou a imprensa, fez mutirão de limpeza e plantou vigília noturna para as pessoas não deixarem mais lixo ali.

A população se reeducou, e o espaço é agora uma área verde com brinquedos e gramado. A nascente, hoje limpa, é ponto de parada de jovens buscando um banho para se refrescar. Diz-se no bairro que a água é boa até para amaciar os cabelos.

Foi percebendo situações como essas no dia a dia que João decidiu se tornar uma voz na defesa de políticas ambientais que levem em conta a periferia e as ilhas de Belém.

“Eu comecei a pesquisar e percebo que tudo está interligado, né? A educação ambiental, a conscientização ambiental e a falta disso que gera uma grande crise, que é a crise climática”, diz João.

“Eu digo que a gente está na mesma tempestade em barcos diferentes. Tem gente em iate, tem gente em rabeta [pequeno barco com motor popular na Amazônia] e tem gente até sem barco.”

João compara a situação de um estudante em escolas privadas de Belém, em áreas arborizadas e com ar-condicionado, com a de alunos de seu bairro. Até os 15 anos, ele estudou numa escola municipal sem climatização.

Esse ambiente quente, diz, afeta os estudos, o físico e o psicológico dos colegas, a “geração mais afetada com o aquecimento do planeta”.

O meteorologista Everaldo de Souza, da UFPA, explica que crianças e adolescentes estão entre os mais afetados numa Belém mais quente.

“A hora da entrada e da saída da escola é o pico do calor, sem falar de atividades esportivas e recreação à tarde”, conta.

Participante da COP30 como conselheiro jovem do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), João encabeça ideias que passam pela juventude amazônica.

No caso do calor do asfalto na rua, por exemplo, João defende projetos que levem em conta o uso de “pavimentação ecológica” – pequenos blocos de concreto com um espaço mínimo entre um e outro na aplicação para permitir infiltração da água e uma melhor sensação térmica.

Também faz campanha por projetos de educação ambiental e de plantio de árvores na periferia.

Orgulhoso do que tem feito na praça ou nos debates em Belém, João também lamenta sua vida.

Ele conta que a agenda de congressos, eventos e entrevistas tem deixado pouco espaço para viver uma vida de “adolescente”. Quase não sai mais com jovens de sua idade.

“Eu queria ser mais adolescente e menos ativista”, diz.

“Mas nesse momento acho que não é possível, porque a gente vive um momento muito complicado, em que os tomadores de decisões e os líderes mundiais estão negligenciando a juventude.”

Sem cochilo da tarde depois do açaí

Belenense, Ronald, de 15 anos, gosta de futebol, do Clube do Remo, de redes sociais, iPhones e também de açaí.

Por ele, toda refeição teria o creme roxo da fruta – que ele mesmo extrai junto ao pai, Jessé, no comércio em frente à casa da família, no bairro do Jurunas.

O adolescente conta em detalhes o processo inteiro até o açaí chegar no prato, por experiência própria.

Nas férias, Ronald costuma viajar até a casa de parentes em área ribeirinha da Grande Belém para ajudar o tio subindo no açaizeiro e colhendo os frutos.

Mas ele tem estranhado o que tem encontrado.

“A palmeira era mais forte, e o cacho vinha maior”, lembra.

“E o açaí que chega agora é de menos qualidade, o caroço mais ressecado.”

Neste ano, assim como em muitos comércios em Belém, menos açaí saiu da máquina da família – e menos famílias puderam comprar.

A capital do Pará viveu uma “crise do açaí” em 2025, com preços recordes no valor da fruta. Em outubro deste ano, nas feiras de Belém, a média de preço do litro do açaí médio era R$ 28, segundo dados do Dieese/Pará. No mesmo mês do ano passado, era R$ 18,40.

O aumento do valor, que fez moradores pedirem açaí misturado com água para render mais, é uma soma de fatores, segundo pesquisadores.

As mudanças aceleradas do clima alteraram as condições necessárias para que o açaizeiro frutifique.

Segundo dados compilados pelo professor Everaldo de Souza, na região de Belém tem chovido mais. Mas essas chuvas têm cada vez mais se concentrado em poucas horas e em poucos dias.

“Toda a vegetação tem um ciclo, então tem que chover ali certinho para poder florescer o fruto. O que pode estar ocorrendo é que esteja chovendo mais, mas numa época não adequada para a árvore de açaí”, conta.

A alta do preço do açaí também tem ocorrido justamente em um momento em que a fruta é consumida cada vez mais no exterior. Alguns produtores, que antes abasteciam o mercado local, passaram a vender para fora.

Na casa de Ronald, na periferia de Belém, as vendas neste ano diminuíram e orçamento da família apertou. Nos dias em que o pai não abriu o comércio, ele ajudava o tio no mercado da família.

“Eu queria mesmo trazer alguma coisa para dentro de casa”, diz.

Ronald planeja para o futuro ser goleiro e herdar o negócio do pai. Mas os planos diários de adolescente têm sido alterados em meio ao calor de Belém.

Como não consegue descansar em casa à tarde, diante do calor, o adolescente se diz “muito cansado”.

“Eu até tomo banho e tento dormir, mas não dá. No calor, meu corpo fica mais fraco.” Ele diz que o desempenho nas atividades fica prejudicado.

O meteorologista Everaldo de Souza avalia que o problema do sono em bairros periféricos mais quentes em cidades como Belém é algo que ainda precisa ser estudado. Mas ele avalia que esse já é um dos desafios latentes na cidade.

“Na hora do sono profundo, a gente precisa diminuir a temperatura do corpo. Se o ambiente está muito mais quente, isso tem impacto no nosso sono. Várias noites mal dormidas vão ter efeito a longo prazo”, diz o pesquisador.

Ronald sabe que provavelmente os delegados da COP30, reunidos a 9 quilômetros de sua casa, no Parque da Cidade, não passarão pelo Jurunas para sentir o “calor anormal” que ele sente.

Mas ele espera que jovens belenenses como ele sejam ouvidos.

“Dizem que a gente é o futuro do Brasil, então temos que ser ouvidos”, diz.

“Tenho esperança que melhore bastante.”

Fonte: BBC News

Maior obra ferroviária do país avança 1 km por dia em Mato Grosso

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Rumo Logística já entregou 73% da extensão da Malha Norte, que recebe R$ 5 bilhões em investimentos, e prepara os próximos passos do projeto

A maior obra ferroviária em andamento no país, com investimentos de R$ 5 bilhões e cerca de cinco mil trabalhadores nos canteiros, atingiu a marca de 73% de execução física e deve ficar pronta em meados de 2026.

Tocada pela Rumo, empresa de logística do grupo Cosan, a FMT (Ferrovia de Mato Grosso) entrou em ritmo acelerado antes da temporada de chuvas e vai rasgando o interior do estado em uma velocidade impressionante.

Com quase toda a terraplenagem realizada, além de boa parte dos viadutos e pontes já entregues, a instalação de dormentes e trilhos avança até um quilômetro por dia.

Na prática, a FMT é uma extensão em 743 quilômetros da Malha Norte, que hoje capta a safra de grãos de Mato Grosso a partir de um megaterminal logístico em Rondonópolis.

Os caminhões carregando soja, milho e farelo às vezes percorrem mais de 500 quilômetros das fazendas até embarcar essa produção nos trens da Rumo, que atravessam todo o interior paulista até chegar ao Porto de Santos (SP), em uma jornada que dura 76 horas.

A nova ferrovia é um megaempreendimento com capital 100% privado, que promete levar os trilhos da Malha Norte até o coração do agronegócio brasileiro, reduzindo a distância percorrida pelos caminhões para o escoamento da safra e baixando a conta do frete para os produtores rurais.

Se as fazendas brasileiras já são um exemplo de competitividade da porteira para dentro, a FMT pode derrubar os custos da porteira para fora.

“O ganho exato depende da distância. Em trajetos de mil quilômetros, pode-se obter uma queda de 50% na comparação com o frete rodoviário. Isso significa menos custo de transporte ao produtor, gerando produtividade e renda para a economia como um todo”, diz o secretário nacional de Ferrovias, Leonardo Ribeiro.

A FMT começou a ser construída em 2022 como autorização estadual — modelo que foge das amarras tradicionais de uma concessão comum. Diante da magnitude, o projeto foi dividido em três fases.

A primeira fase, de Rondonópolis até um novo terminal que está sendo erguido entre os municípios de Dom Aquino e Campo Verde, tem 162 quilômetros e deve entrar em operação no começo do segundo semestre de 2026 — a tempo de escoar a safrinha de milho em Mato Grosso.

“Os contratos comerciais já estão negociados”, afirma a vice-presidente de regulação e relações institucionais da Rumo, Natália Marcassa.

O Terminal BR-070 terá capacidade para movimentar 10 milhões de toneladas por ano e ficará nas bordas do Vale do Araguaia, região tida como uma das mais promissoras do país para o crescimento da produção de grãos.

As fases 2 e 3 vão levar os trilhos da Malha Norte para Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, respectivamente, mas ainda não há data cravada para o início das obras. Um ramal para Cuiabá, também sem data certa, completa o projeto. Os traçados de engenharia estão sendo refinados.

Quando o empreendimento foi concebido, a Rumo falava em um investimento total de R$ 14 bilhões a R$ 15 bilhões, considerando todos os 743 quilômetros de extensão da Malha Norte. Agora, prefere não fazer estimativas.

A decisão sobre os próximos passos deve ser tomada pelo conselho de administração entre dezembro e janeiro, segundo Marcassa, analisando três pontos: investimentos necessários, potencial de receitas e custo de capital para financiar as obras.

“A taxa de juros é uma dor para todo mundo que investe em infraestrutura no Brasil”, reconhece a executiva, mas ponderando que a Rumo é uma empresa listada na B3 e bom rating (avaliação de risco).

Isso facilita a emissão de debêntures, inclusive no mercado internacional, e amplia as possibilidades de financiamento. Há conversas com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para mais um empréstimo. E o capital próprio da empresa continua sendo uma possibilidade.

“Acreditamos muito nesse projeto, achamos que é um investimento que se rentabiliza, mas o faríamos mais rapidamente se as taxas de juros fossem mais baixas”.

Enquanto uma decisão não sai, o andamento da fase 1 impressiona quem percorre as franjas da BR-163, no sul de Mato Grosso.

Dois carregamentos de trilhos, com 89 mil toneladas, chegaram da China para atender às obras. É o equivalente a nove vezes o peso da Torre Eiffel.

Uma fábrica de dormentes foi inaugurada recentemente em Rondonópolis e continuará ativa mesmo depois da inauguração de toda a ferrovia, abastecendo a rede de 14 mil quilômetros da empresa com peças de manutenção.

A ponte sobre o rio Vermelho, com 460 metros de extensão e maior na primeira etapa do projeto, foi usada pela primeira vez por um trem quando a reportagem da CNN visitava o local.

Aos poucos, ganha corpo um novo caminho que ajudará a mudar a cara da logística brasileira.

Custo do frete

De acordo com o PNL (Plano Nacional de Logística), a participação das ferrovias na matriz de transportes brasileira deve subir dos atuais 17% para 35% em 2035.

“É um objetivo ambicioso, mas possível”, afirma o secretário Leonardo Ribeiro.

Em países com mais alternativas de transportes, o escoamento de cargas por ferrovias representa uma economia de 30% a 40% do valor normalmente cobrado pelo frete rodoviário, segundo o Movimento Pró-Logística, ligado a organizações do agronegócio em Mato Grosso.

Para os produtores rurais, a extensão da Malha Norte é muito bem-vinda e deve gerar redução de custos, mas de forma relativamente limitada por causa da falta de outras opções de escoamento dos grãos em direção aos portos.

“As ferrovias que transportam grãos hoje no Brasil são monopólios naturais. Então, a base de comparação para o valor do frete continua sendo o caminhão. Se o caminhão faz [um trajeto] a R$ 100, a ferrovia faz a R$ 95 e tudo certo. Precisamos de concorrência”, observa o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz.

Outras duas ferrovias de grande porte, em Mato Grosso, estão previstas na carteira de projetos do Ministério dos Transportes.

Um é a Fico (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste), que vai de Mara Rosa (GO) a Água Boa (MT), já em obras. Ela conecta-se com a Norte-Sul. Outro é a Ferrogrão, entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), permitindo o escoamento da safra pelo chamado Arco Norte.

“Quando tivermos todas essas ferrovias operando, aí sim haverá realmente uma queda significativa no custo do frete”, afirma Vaz.

Embora elogie todas os projetos que permitam escoar a safra de Mato Grosso no futuro, a vice-presidente da Rumo defende que o corredor operado pela empresa — via Porto de Santos — continuará sendo o mais viável e competitivo.

“É a rota mais barata para chegar ao nosso grande mercado consumidor, que é o Leste Asiático”, diz Marcassa, lembrando que navios graneleiros não têm passagem permitida pelo Canal do Panamá.

Isso tira boa parte da atratividade do escoamento pelo chamado Arco Norte, segundo ela, além de outros riscos intrínsecos a essa alternativa, como a falta de calado suficiente para as embarcações que usarem hidrovias durante o período de estiagem. “Nós funcionamos o ano inteiro e não dependemos de dragagem”, compara a executiva.

Para o secretário Leonardo Ribeiro, a futura disputa entre ferrovias vai ser saudável e não há risco de demanda que possa inviabilizar um ou outro empreendimento.

“Tem carga para todo mundo. Os estudos projetam que, em Mato Grosso, teremos uma produção de 180 milhões de toneladas por ano em 2050”, conclui.

Fonte: CNN

Haddad diz que liquidação extrajudicial do Banco Master indica processo robusto do BC

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A liquidação ocorreu um dia após a Fictor Holding apresentar uma proposta de compra da instituição de Daniel Vorcaro.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou sobre a operação da Polícia Federal contra o Banco Master, que resultou na prisão do dono da instituição, Daniel Vorcaro, e também sobre a decisão do Banco Central de decretar a liquidação extrajudicial do banco.

Ele afirmou não ter muitas informações sobre o caso, mas avaliou que a decisão de decretar a liquidação extrajudicial indica a existência de um processo robusto por parte do Banco Central, ressaltando que a entidade é a responsável pela regulação do sistema financeiro.

“Não vou comentar porque é um assunto do Banco Central, mas vocês acompanharam todo o processo e enfim, o Banco Central é o órgão regulador do sistema financeiro e eu tenho certeza que vai ter chegado a esse ponto, todo esse processo deve estar deve estar muito robusto. Mas enfim, o que eu acompanhei foi mais em relação a CVM. Se tivermos um problema na CVM também, mas no Banco Central o órgão regulador é que se manifesta. E nós vamos ver os os desdobramentos disso, o impacto disso. Mas no que diz respeito à Fazenda, nós estamos à disposição do Banco Central.”

A liquidação extrajudicial do Banco Master ocorreu um dia após a Fictor Holding apresentar uma proposta de compra da instituição de Daniel Vorcaro e cerca de dois meses depois de o Banco Central ter vetado a aquisição do banco pelo Banco de Brasília (BRB).

Fonte: CBN

SUS na COP30: mais de mil atendimentos são registrados pelo centro de operações em saúde em Belém

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Quase 100% dos casos foram de natureza clínica e tratados no Hospital de Campanha da Força Nacional, responsável pela maior parte dos atendimentos registrados

Belém (PA) – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, visitou nesta quarta-feira (12) o Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde (CIOCS), instalado na capital paraense para coordenar ações e respostas a emergências de saúde durante a COP30. Desde o início das atividades, em 3 de novembro, mais de mil atendimentos foram contabilizados. Cerca de 31%, foram realizados no Hospital de Campanha da Força Nacional do SUS.

“O CIOCS é resultado de mais de um ano de preparação. Monitoramos em tempo real o que ocorre nas unidades básicas, UPAs, hospitais e postos dentro e fora da COP30. Já registramos mais de mil atendimentos e apenas 1% demandou internação, o que demonstra a capacidade do SUS em oferecer resposta rápida e resolutiva em grandes eventos”, afirmou Padilha.

De acordo com o relatório do centro, a maior parte dos atendimentos teve natureza clínica, com baixa ocorrência de traumas, perfil distinto do observado em eventos de massa. A maioria dos pacientes é composta por moradores do Pará, sendo o Hospital de Campanha da Força Nacional do SUS o local com maior número de registros. As principais queixas incluíram dor de cabeça, dor abdominal, mal-estar e náuseas, sem ocorrências graves.

Inspirado em experiências como o Círio de Nazaré e as Olimpíadas, o CIOCS consolida avanços na integração entre assistência e vigilância em saúde. O centro opera 24 horas na Santa Casa de Misericórdia do Pará e reúne equipes do Ministério da Saúde, do Governo do Estado e da Prefeitura de Belém. Além de monitorar ocorrências em tempo real, analisa dados estratégicos e aciona equipes de resposta rápida sempre que necessário.

Hospital de Campanha da Força Nacional do SUS

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, também esteve no CIOCS e no Hospital de Campanha. Dos mais de mil atendimentos registrados, 360 ocorreram no hospital, que conta com 144 profissionais voluntários, entre médicos, enfermeiros, farmacêuticos e técnicos de vários estados. A unidade atua no atendimento de urgência e estabilização de pacientes.

“A Força Nacional do SUS está integrada ao CIOCS, monitorando em tempo real todas as ocorrências de saúde durante a COP30 e pronta para agir sempre que necessário. Essa operação amplia a capacidade assistencial do sistema e deixa um legado de preparo e integração. Contamos com voluntários de todo o país e forte participação de profissionais do Pará e de Belém, o que reforça a capacidade local do SUS para futuras emergências”, destacou Massuda.

Como parte da estrutura, quatro postos avançados de atendimento também foram instalados na Blue Zone da COP30, reforçando a cobertura médica e o suporte a emergências durante o evento.

Anúncios do Ministério da Saúde

Ainda nesta quarta (12), o ministro Alexandre Padilha anunciou R$ 240 milhões para ampliar o acesso à rede de média e alta complexidade no Pará. Os recursos contemplam três UPAs (Belém, Breves e São Félix do Xingu), 20 ambulanchas (18 no Marajó, uma no Xingu e uma no Tapajós), três CAPS (Belém, Bom Jesus do Tocantins e Santa Bárbara do Pará), além de 45 novos leitos — 23 deles de UTI no Hospital Barros Barreto, e a expansão do Serviço de Atendimento Domiciliar.

Padilha também anunciou a integração dos barcos-hospitais Papa Francisco e São João XXIII ao programa Agora Tem Especialistas – Rios de Especialistas, ampliando o atendimento especializado fluvial na Amazônia e fortalecendo o acesso à saúde na região.

Outro destaque foi a expansão da rede de tratamento oncológico, com foco na radioterapia. Atualmente, cerca de 60% dos pacientes com câncer têm indicação formal para esse tratamento, mas enfrentam deslocamentos médios superiores a 180 quilômetros. Cada novo acelerador instalado ampliará o atendimento para até 600 pessoas, reduzindo o tempo de espera e garantindo maior agilidade no cuidado.

Desde 2023, o Pará recebeu R$ 4,7 bilhões em investimentos federais, dos quais R$ 1,6 bilhão foram destinados exclusivamente a Belém para fortalecer a atenção primária e especializada, a vigilância, a assistência farmacêutica e a realização de cirurgias.

Fonte: Ministério da Saúde

Mortes no trânsito: ônibus são responsáveis por apenas 1% dos casos; motos lideram com 43%

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Estudo do Infosiga do Detran-SP revela que mortes no trânsito em Sâo Paulo cresceram no ano de 2024

O Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), através do Infosiga, apresentou dados estatísticos de mortes no trânsito no estado de São Paulo para este ano. Segundo as informações dos gráficos ilustrativos, 43% das mortes no trânsito vieram de motocicletas, enquanto ônibus foram responsáveis por apenas 1% das vítimas de 2025.

O total de vítimas em motocicletas é de 1.985 pessoas de um total de 4.591 mortes no trânsito neste ano, em que a maioria dos acidentes vieram de colisões com outros veículos. A maioria das vítimas de trânsito no estado tem um gênero e idade definido: homens com idades entre 20 e 29 anos, que somam 848 vítimas em 2025.

Mortes de pedestres correspondem a 22% do total no estado de SP no ano, com 1009 atropelamentos. Já acidentes com carros, também representam 22% das mortes, com maiores casos em colisão e choque, que são quando o veículo bate em outro em movimento e quando bate em um objeto parado, respectivamente.

Mortes no trânsito na cidade de São Paulo

A capital paulista contabiliza 767 vítimas de trânsito neste ano, cerca de 16,7% do total de mortes no estado. Nos últimos 12 meses, a cidade de SP figura em 22º no ranking de maior taxa de mortalidade a cada 100 mil habitantes, mas com o maior número bruto de 1.011 óbitos.

A linha de projeção traçada para o ano segue sendo utilizada para marco referencial, mas na cidade de São Paulo, o número de mortes ao longo dos meses vêm superando essa estatística. Mesmo assim, o número acumulado no ano na capital é 2,3% menor que o mesmo período no ano de 2024.

As dez primeiras colocadas com mais de 300 mil habitantes no ranking de mortalidade

O ranking inicia a lista com Piracicaba, cidade no inteiror a cerca de 1h30 de São Paulo. Com pouco mais de 427 mil habitantes e 82 óbitos no últimos 12 meses, a cidade concentra uma média de 19,20 mortes no trânsito a cada 100 mil habitantes.

As 10 primeiras colocadas são as cidades a seguir:

Para acesssar os dados completos basta clicar aqui e entrar no site do Inforsiga.

Fonte: Mobilidade Estadão

Governo do Brasil amplia incentivo à mobilidade ativa e destaca renovação de frotas como eixo da descarbonização do transporte

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Novo PAC prevê R$ 31 bilhões em investimentos em mobilidade urbana

As bicicletas têm ganhado espaço estratégico nas políticas de mobilidade urbana do país. De veículo associado ao lazer, elas passam a integrar soluções estruturantes para a chamada “última milha”, com o objetivo de tornar os deslocamentos mais sustentáveis e eficientes. Na seleção do Novo PAC Mobilidade 2025, o Ministério das Cidades incluiu projetos de bicicletas públicas compartilhadas e ciclovias conectadas ao transporte de massa, voltados a municípios com mais de 150 mil habitantes e com condições especiais de financiamento.

A aposta na integração entre ciclovias, sistemas de bicicletas públicas e transporte coletivo é vista como um avanço essencial para ampliar o acesso da população ao transporte sustentável. A combinação de modais permite deslocamentos mais eficientes e reduz a emissão de poluentes, além de incentivar hábitos mais saudáveis.

“A bicicleta, além de ser um veículo sustentável importante para a mobilidade, é um promotor da saúde, do lazer e da qualidade de vida. Integrar a mobilidade em todos os níveis é fundamental para garantir soluções eficientes, especialmente na última milha”, afirma Antonio Espósito, coordenador-geral de Regulação da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades.

Para Thomas Maltese, líder de Ônibus Zero Emissões do C40, a eletrificação das frotas deve caminhar junto com o incentivo à mobilidade ativa. “É muito importante utilizar o ônibus elétrico como catalisador para aprimorar o sistema de transporte público. Isso ajuda a atrair mais passageiros e, ao mesmo tempo, estimula soluções baseadas na natureza”, explica. Ele destaca ainda que o redesenho urbano, incluindo ciclovias protegidas, calçadas mais largas e opções diversas para a última milha, pode potencializar essas transformações e mitigar efeitos climáticos extremos.

Renovação de frotas

Além do incentivo às bicicletas, o Ministério das Cidades apresentou, durante a abertura da Estação do Desenvolvimento da Confederação Nacional do Transporte (CNT), na COP30, em Belém (PA), o Refrota, programa de renovação de frotas voltado à descarbonização do transporte coletivo urbano. A iniciativa foi ressaltada como uma das ações concretas que demonstram o compromisso do Brasil em reduzir emissões no setor, que responde por cerca de 47% dos gases de efeito estufa no país, segundo a Empresa de Pesquisa Energética.

“O Brasil está comprometido em trazer as pessoas de volta ao transporte coletivo. Para isso, precisamos renovar as frotas, investir em corredores de BRT e tornar o transporte mais confortável e rápido”, afirmou o ministro das Cidades. Ele lembrou que o Novo PAC prevê R$ 31 bilhões em investimentos em mobilidade urbana, dos quais R$ 16,4 bilhões são destinados à renovação de frotas. O montante permitirá a aquisição de mais de 10 mil veículos, distribuídos em 190 municípios.

A seleção do PAC 2024 já havia garantido recursos para 2.296 ônibus elétricos, 3.015 ônibus Euro 6 — menos poluentes —, além de 39 veículos sobre trilhos, reforçando o movimento de modernização e descarbonização do transporte coletivo no país.

Com ações combinadas — da promoção da mobilidade ativa à renovação de frotas —, o governo aposta em um sistema de transporte mais integrado, sustentável e capaz de melhorar significativamente a qualidade de vida nas cidades brasileiras.

Fonte: Casa Civil

Nascimento e IA: A Geração que Desperta na Terceira Década do Século XXI

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O impacto da IA na formação cognitiva, emocional e social das crianças do século XXI.

As crianças que nascerem na terceira década do século XXI já chegarão ao mundo respirando um ar novo — um ar digital, inteligente, responsivo. Diferentemente das gerações precedentes, que testemunharam gradualmente a ascensão dos computadores, da internet e dos smartphones, esses recém-nascidos já se desenvolverão em ambientes onde a Inteligência Artificial é tão onipresente quanto a eletricidade. Crescerão entre dispositivos que predizem necessidades, ambientes que se adaptam às suas emoções e rotinas conduzidas por algoritmos capazes de aprender junto com elas.

Essa geração inicia seus primeiros passos em um ecossistema educacional completamente remodelado. A aprendizagem não se limita a uma sala de aula; ela se desdobra em plataformas personalizadas que identificam ritmos, interesses e lacunas de conhecimento. As crianças não são meras receptoras do ensino — são coautoras de suas trilhas, guiadas por assistentes inteligentes que as provocam, desafiam e ampliam seu repertório cognitivo. As antigas dificuldades de atenção, motivação e engajamento assumem novos contornos quando cada criança tem acesso a um modelo educacional calibrado ao seu próprio modo de ser. Até porque as crianças da terceira década do século XXI chegarão em um mundo desafiador que vive uma dualidade máxima: o ápice do conhecimento sobre o desenvolvimento humano que colide com a vida acelerada dos pais. É uma geração que nasce da tensão entre a necessidade de vínculo orgânico e a realidade de pais otimizados por agendas, multitarefas e uma conectividade que nunca descansa.

O brincar, primeira forma de aprendizado humano, ganha releituras profundas nesse contexto. Brinquedos passam a integrar sensores, linguagens naturais, mundos imersivos e interações adaptativas. As crianças aprendem coordenação motora com dispositivos que monitoram posturas; iniciam habilidades esportivas com companheiros virtuais que corrigem movimentos; descobrem artes em ambientes aumentados que expandem sua imaginação. Tudo isso, no entanto, sem apagar aquilo que nos torna humanos: a curiosidade, a sociabilidade, a necessidade de pertencimento e o impulso lúdico ancestral que atravessa gerações.

Nesse novo cenário, até mesmo o “bicho-grilo” — essa figura histórica do jovem que desafia padrões e representa o espírito contestador da adolescência — assume outras formas. Os adolescentes da década de 2030 e 2040 encontrarão espaços para subversão não apenas na música, na moda ou na política, mas também no código, nos sistemas, nos fluxos de dados. O comportamento contestador poderá surgir na recusa a algoritmos preditivos, na defesa da privacidade, na busca por experiências analógicas que reconectem com raízes biológicas e culturais. O velho atavismo humano — o de querer ser livre — persistirá, apenas se recombinando num contexto hiperconectado.

Mesmo nesse mundo sofisticado, as emoções continuam profundamente humanas. A infância seguirá sendo um espaço de descobertas, afetos, contrastes, frustrações e conquistas. A tecnologia expandirá o repertório, mas não substituirá a organicidade do desenvolvimento. A IA moldará comportamentos, sim, mas não eliminará o instinto humano ancestral: o de crescer, explorar e se diferenciar.

Essa geração que nasce agora não será mais ou menos humana do que as anteriores — será humana de outro modo. Carregará consigo o desafio de integrar a natureza com o artificial, o biológico com o algorítmico, o instintivo com o preditivo. E talvez seja justamente nessa integração, feita desde o berço, que emerja a primeira geração verdadeiramente híbrida da história. Uma geração que não teme a tecnologia, mas a incorpora como extensão de si, permitindo que o humano floresça em novas direções.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Portal CSC