O próximo ano será de grandes mudanças, e especialistas apostam na necessidade de diversificação de investimentos, flexibilidade e adaptação
O ano de 2022 está terminando, e agora chega o momento do alinhamento de expectativas e planejamento para o próximo ano. A perspectiva é de que 2023 seja um ano novo de fato, com profundas mudanças políticas e econômicas, que devem afetar todos os mercados. O Brasil tem muitos desafios pela frente e, diante disso, especialistas projetam um cenário otimista, mas que exige cautela e planejamento.
“Será um ano de mudanças, que exigirá flexibilidade e adaptação das empresas e investidores, além da necessidade de trabalhar com diversos mercados. O mercado imobiliário é um resultante de outras cadeias produtivas, e a Urban Systems vem se posicionando como uma empresa de soluções, preparada para trazer uma diversidade de propostas planejadas minuciosamente para atender às muitas demandas que irão surgir”, pontua Thomaz Assumpção, CEO da Urban Systems.
Para Assumpção, o Brasil obrigatoriamente irá passar por uma reformulação do desenvolvimento interno, o que trará a necessidade da revisão da infraestrutura e das suas conexões. “A área de infraestrutura de aeroportos e rodovias deve receber uma atenção especial no próximo ano. É preciso focar no mercado interno, enquanto o Brasil retoma seu protagonismo no exterior, o que deve ser impulsionado por acordos internacionais nas áreas do agronegócio e meio ambiente”, explica.
Atualmente, o Brasil investe cerca de 1,7% ao ano do seu PIB em infraestrutura. O nível considerado adequado para o setor é de pelo menos 4% do PIB. De acordo com a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib)*, os projetos brasileiros de infraestrutura ligados aos segmentos de transporte e logística devem atrair investimentos totais de cerca de R$ 137 bilhões (US$ 25,9 bilhões) entre 2023 e 2027.
Dos investimentos previstos no segmento, as rodovias devem receber a maior parcela entre 2023 e 2027, cerca de R$ 61,8 bilhões. Enquanto isso, os projetos ferroviários devem receber investimentos de cerca de R$ 37,9 bilhões até 2027. Já para o setor portuário, a previsão é de R$ 12,3 bilhões em investimentos no período. No entanto, a Abdib explica que, para que esses investimentos ocorram, o nível de segurança jurídica dos investidores será extremamente importante.
Economia
Sem dúvida, a economia é uma das maiores preocupações dos brasileiros em períodos de grandes mudanças. “Para a economia internacional os desafios são grandes com a alta da inflação tanto nos Estados Unidos quanto em países da Europa. A guerra entre a Rússia e Ucrânia na Europa continua sem sinais de solução, o que provoca muita instabilidade. Já no Brasil, o novo governo também enfrentará algumas questões complicadas, como as contas públicas, além de reformas estruturais que são de grande urgência, como a tributária e a administrativa, que devem ser debatidas em breve”, explica Paulo Takito, sócio-diretor da Urban Systems.
O mercado financeiro elevou sua projeção tanto de inflação como para o PIB (Produto Interno Bruto), conforme mostram dados do Boletim Focus* divulgados no último dia 28 de novembro, pelo Banco Central. Segundo as instituições financeiras consultadas, a expectativa para o IPCA para 2023, subiu de 5,01% para 5,02% e, para 2024, seguiu em 3,50%. A projeção de alta do PIB de 2022 foi novamente elevada, de 2,80% para 2,81% e mantida em 0,70% para 2023.
Investimentos privados
Segundo Takito, as parcerias público-privadas (PPP) continuam sendo importantíssimas para atrair investimentos para o País e devem ganhar ainda mais destaque nos municípios, que precisarão buscar caminhos para se desenvolver sem depender, exclusivamente, de recursos estaduais e federais: “As PPPs tendem à continuar com grandes projetos tanto a nível federal quanto municipal. Esse movimento é independente do novo governo, pois já está caminhando, e deverá auxiliar os municípios a desafogarem suas contas”.
Além dos parques públicos, grande tendência de 2022, os leilões e concessões das áreas de saneamento básico, iluminação e aeroportos regionais deverão ser destaque em 2023, de acordo com Takito. A Caixa Econômica Federal* prevê a realização de 28 leilões de projetos de concessões e PPPs em 2023. A expectativa é gerar R$ 12 bilhões de investimentos privados em infraestrutura, principalmente nos setores de iluminação pública e de saneamento básico.
Para atrair mais municípios e impulsionar a estruturação de projetos para PPPs, no setor de iluminação pública, a Caixa promoveu mudanças no edital lançado em setembro de 2022, aprimorando requisitos da chamada pública anterior. Os municípios interessados em ter projetos desenvolvidos pelo banco não precisam mais pagar os 10% do custo de estruturação, que recairá integralmente sobre o FEP (Fundo de Apoio à Estruturação de Projetos de Concessão e PPPs). “O protagonismo dos municípios no desenvolvimento de parcerias com o setor privado deve seguir crescendo em 2023”, completou.
Atualmente, a Caixa tem 57 projetos de estruturação de concessões em carteira, sendo 37 em iluminação pública e 15 em saneamento básico, com R$ 21,1 bilhões em investimentos privados. As propostas impactam 21,2 milhões de habitantes de 205 municípios.
A necessidade de o município ser protagonista do seu próprio desenvolvimento já foi citada nesse texto e por diversas vezes no blog. Além disso, os municípios precisarão focar em um planejamento mais assertivo para o desenvolvimento sustentável.
“No que tange ao planejamento urbano e desenvolvimento econômico de cidades, hoje notamos uma maior profissionalização e seriedade em planos estratégicos duradouros. A Urban Systems tem atuado diretamente com o poder público e privado no traçado de planos estratégicos, sejam eles com foco no desenvolvimento de cidades inteligentes, como o consórcio São Luís Smart City, em parceria com a SPIn – Serviços Públicos Inteligentes, seja com foco no desenvolvimento econômico e urbano das cidades como em Cascavel (PR), junto ao CODESC (Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Cascavel) e Ponta Grossa (PR) em parceria com o CDEPG (Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa) e ADIPG (Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa)”, explica Willian Rigon, diretor comercial e marketing da Urban Systems.
Rigon destaca que em 2023 começa a segunda metade dos governos municipais eleitos em 2020 e os atuais prefeitos e secretários estão com foco em resultados. “Para mostrar efetividade em suas ações, muitos deles estão criando seus indicadores ou acompanhando seu desenvolvimento em estudos e pesquisas sérias, como o Ranking Connected Smart Cities, que avalia o nível de desenvolvimento das cidades inteligentes, e a pesquisa das Melhores Cidades para Fazer Negócios, publicado na revista Exame, ambos estudos da Urban Systems”.
Outra tendência para o próximo ano segundo Rigon, é a aproximação de empresários e do poder público municipal com os novos governos estaduais e federal eleitos, com o intuito de somar esforços para o desenvolvimento de cidades mais sustentáveis econômica, social e ambientalmente. “A responsabilidade de melhorar nossas cidades brasileiras deve ser compartilhada”, completa.
O mercado imobiliário é um forte impulsionador da economia brasileira e, depois da efetiva retomada do setor em 2022, a expectativa para 2023 deve ter o foco, principalmente, nos empreendimentos econômicos. “Será um ano de grandes desafios para o mercado imobiliário, com juros provavelmente ainda altos e preços de materiais para construção bastante sobrevalorizados. Por outro lado, o novo governo traz uma perspectiva positiva de retomada de subsídios para os segmentos popular e econômico, indo ao encontro do ainda estrondoso déficit habitacional no país”, pontua Leandro Bergara, diretor de inteligência de mercado da Urban Systems.
Bergara destaca ainda que é fundamental a participação da sociedade civil nesse processo, por meio de associações empresariais e agências de desenvolvimento e fomento.
O diretor de patrimônio da Urban Systems, João Bosco, endossa essa expectativa. Para ele, o incremento dos programas de habitação popular no Brasil será importante para movimentar o setor imobiliário. O que não significa que o segmento de alto padrão irá, necessariamente sofrer retração. “O segmento de alto padrão foi o protagonista do mercado imobiliário durante os últimos anos. Mesmo com o possível aumento nos segmentos econômicos com programas do governo e facilidade para financiamentos, os empreendimentos de alto padrão e de luxo são muito resilientes e deverão continuar indo bem”, comentou.
O mercado de nicho, com empreendimentos cada vez mais específicos e com novas facilidades, deve dar o tom nos próximos meses. “O mercado de nicho está crescendo bastante no segmento de alto padrão. No entanto, é preciso lembrar que os investimentos nesses produtos são muito grandes, portanto, exigem planejamento e estudo de mercado bastante completos para mitigar os riscos dos incorporadores e investidores”.
Fonte: Urban Systems