As mulheres também são maioria entre os servidores do Município de Santos, que detém o maior percentual de população feminina entre as cidades brasileira
No País, a desigualdade de gênero na área da tecnologia é uma triste realidade, com a predominância de homens nos diversos cargos e postos de comando. Na Prefeitura de Santos (SP), o Departamento de Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicações (Detic) tem, pela primeira vez, três mulheres nos principais cargos de comando simultaneamente, contribuindo, assim, para mudar um pouco este cenário.
Santos é a cidade do litoral paulista que tem o maior percentual de população feminina entre os municípios brasileiros, com 54,2%, de acordo com o Censo 2010/IBGE) e 65% de servidoras.
Desde janeiro, a chefe do Detic é a analista de sistemas Maria Augusta Bezerra da Silva, 54 anos, com experiência de quase 30 anos em consultoria empresarial e direção do setor de TI em várias cidades brasileiras.
“Sempre valeu muito apostar na carreira de tecnologia, e hoje ainda mais porque temos essa dependência dela. As mulheres que têm propensão para a área devem levar em conta esta opção, sem se deixar influenciar se é um mundo masculino ou feminino”, recomenda a especialista.
Criado no final da década de 1990 como Departamento de Informática, o atual Detic teve como primeiro chefe uma mulher, Maria Cecília Capelache, e, recentemente, no final de 2020, o comando temporário de Eliana Marinho de Souza, 66 anos, atual coordenadora de Tecnologia da Informação (Coti). A Coti fica responsável pelo desenvolvimento e supervisão dos sistemas utilizados pelo Município, como o Processos Digitais e o CPNet (controle de processos).
Formada em matemática e especializada em programação e análise de sistemas, Eliana conta que em todos os lugares que trabalhou durante a carreira as mulheres sempre foram respeitadas e acredita que, algumas das suas habilidades, são importantes em cargos de gestão.
“A mulher geralmente tem mais paciência e ouve mais. Temos muitos papeis além do trabalho, como o de cuidar dos filhos, pais ou marido, e esta versatilidade ajuda em cargos de liderança”.
Minoria
O estudo Retrato de Desigualdade de Gênero em Tecnologia, da plataforma de recrutamento digital Revelo, mostra que entre as carreiras de tecnologia há algumas com menor presença de mulheres, como a de desenvolvimento, que tem apenas 13% de mulheres, contra 87% de homens. Uma área de atuação que também sofre é a de infraestrutura, que cuida da parte de manutenção dos computadores e redes, quase predominantemente ocupada por homens.
Na Administração Municipal, este trabalho fica a cargo da Coordenadoria de Engenharia da Informação (Coengi), cuja chefe há dois meses é a servidora Geisa Bertacchini Silva, 43 anos, com formação em gestão de RH e conhecimento em ciência da computação. Desde 2018 no Departamento de Tecnologia da Informação, ela já atuou na Seção de Benefícios e Direitos da Secretaria de Gestão e ajudou a implementar os processos digitais neste setor em 2015. “Sempre gostei da tecnologia, porque é uma área que está sempre mudando e cada vez melhor, o que é muito encantador”.
Meritocracia
O secretário municipal de Planejamento e Inovação, Fábio Ferraz, destaca que a escolha dos profissionais que comandam os setores de TI da Prefeitura segue, estritamente, aspectos técnicos, não havendo distinção por questões de gênero.
“Santos tem o maior percentual de população feminina entre os municípios brasileiros, gosta e investe muito em tecnologia e é considerada entre as principais cidades inteligentes do País. Aqui, as mulheres têm avançado muito nesta área e, cada vez mais, conquistam seus espaços”, ressalta.
De acordo com o Mapa do Emprego Paulista, da Fundação Seade, no estado de São Paulo havia, em 2017, um total de 190.793 pessoas com vínculos em atividades de serviços de tecnologia e de informação, sendo 64,5% de homens (123.095). Em Santos, eram 696 pessoas e, destas, 58,3% de homens (406), o que indica maior participação feminina no setor de tecnologia na Cidade, correspondente a 41,7%, contra 35,5% no estado.
Estímulo
O prefeito Rogério Santos, à frente da Administração Municipal desde 1º janeiro, revela que o seu governo tem como meta intensificar o estímulo à tecnologia, especialmente com a criação de um hub de inovação na sede do Parque Tecnológico de Santos e o oferecimento de cursos nas sete Vilas Criativas da Cidade, espaços para a capacitação profissional e o desenvolvimento humano.
“Em todas as iniciativas vamos dar oportunidade para que mais mulheres tenham contato com a área da tecnologia, aprimorem suas habilidades e, com isso, desenvolvam seus negócios e ocupem as vagas de trabalho que surgirem no segmento. O empreendedorismo é fundamental para a sociedade, gerando renda e empregos, e a participação feminina é fundamental nesse processo”.
No topo
Na Prefeitura de Santos, há 11.447 servidores, sendo 7.475 de mulheres (65%). Há um total de 1.225 cargos de comando, entre assessoria técnica e chefias de seções, coordenadorias, departamentos e secretarias. Destes, 571 estão ocupados por mulheres (46,6%) e 568 por homens (46,3%), e o restante temporariamente vago (processo de nomeação).
No primeiro escalão do governo, além da vice-prefeita Renata Bravo, há mulheres à frente das secretarias de Educação; Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo; Infraestrutura e Edificações; Procuradoria Geral do Município; Fundo Social de Solidariedade e Capep-Saúde (autarquia do sistema de saúde dos servidores).
Graduada em Administração e Direito, com especialização em Recursos Humanos, Renata Bravo tem perfil inovador e já atuou como consultora do Sebrae na área do empreendedorismo.
“O empoderamento feminino é um movimento fundamental, que contribui com as políticas públicas defendidas pela nossa gestão para um mundo mais igualitário. Ficamos muito felizes em ajudar e conviver diariamente com tantas mulheres qualificadas e comprometidas que atuam em todos os níveis da Prefeitura. E, o mais importante, por elas serem reconhecidas pelo trabalho realizado”.
Com informações da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Santos