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ESPAÇOS VERDES SÃO APOSTA EM CIDADES MAIS HUMANAS E SAUDÁVEIS

Pedro Lira
Pedro Lira
Sócio-fundador da Natureza Urbana. Arquiteto e urbanista com mais de 15 anos de experiência no Brasil e exterior, com ampla experiência no planejamento e projetos de grande escala nos âmbitos público e privado.

Infelizmente, a quantidade de áreas públicas disponíveis para uso recreativo ou contemplativo está longe do ideal

Do quarto para a sala, da sala para a cozinha, sempre acompanhados  das múltiplas telas de celular, computador e televisão às quais nossas rotinas e horizontes sucumbiram neste último ano. Descansar a vista e desconectar a mente, ainda que por alguns instantes, se tornaram essenciais para suportarmos as limitações do isolamento social. O sentimento constante de tensão provocou um aumento de 98% nas pesquisas na internet de termos relacionados a transtornos mentais, indicam dados fornecidos pelo Google.

Em um cenário de tantas incertezas e observando os protocolos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ampliar e qualificar o verde urbano é urgente. A boa notícia é que nunca houve um momento mais propício para isso. Segundo estudos divulgados pela prefeitura de Bogotá, cada dólar investido em áreas verdes significa uma economia de três dólares em saúde.



Oferta de espaços verdes está longe da ideal 

Infelizmente, a quantidade de áreas públicas disponíveis para uso recreativo ou contemplativo está longe do ideal. Em grandes metrópoles como São Paulo, a maior parte da população mora longe de um bom espaço verde. E os poucos espaços qualificados ficam superlotados. De acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, apenas o Parque Ibirapuera recebe mais de 22,3 milhões de visitantes por ano, o dobro da visitação do Parque Villa Lobos, de 11,2 milhões por ano.

É surpreendente a capacidade desses dois locais de atraírem público como também causa espanto a dificuldade dos demais em se colocarem como opções. Os outros mais de 100 parques paulistanos recebem juntos apenas 15,5 milhões de visitantes por ano. Em uma cidade de 12,3 milhões de habitantes, a dificuldade de acesso se torna um impeditivo para que mais pessoas usufruam desses espaços.

Parcerias Público-Privadas e a preservação ambiental e socioeconômico

Temos observado com grande entusiasmo as propostas de parcerias em parques e espaços públicos que surgem como uma alternativa para alavancar o potencial desses locais. Participamos diretamente de duas delas, uma focada nas melhorias dos parques da Cantareira e Alberto Löfgren, o Horto Florestal, na Zona Norte, e outra voltada ao Jardim Zoológico e Jardim Botânico, ambos na Zona Sul de São Paulo. Os projetos foram desenvolvidos em parceria com a FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) com o intuito de viabilizar um modelo de preservação ambiental e socioeconômico que garanta a boa gestão e um acesso amplo e democrático do público.

No caso dos parques da Cantareira e Horto Florestal, uma grande área verde se estende pelos municípios de São Paulo, Mairiporã, Caieiras e Guarulhos, totalizando 90,5 km de perímetro, ou seja, estratégica para atender a região metropolitana. Já para o Zoológico e Jardim Botânico, é preciso aproveitar toda sua capacidade de imersão na natureza e de conservação e garantia ao bem-estar animal, junto às ações educativas e de pesquisa. 

Outro ponto importante é que a desigualdade social agravada pelo cenário econômico torna urgente a criação de fontes alternativas de renda e incentivo aos microempreendedores urbanos. Espaços públicos reúnem todas as condições para conciliar o atendimento de demandas sociais à preservação ambiental. Ao gerar benefícios para as populações que mais precisam, contribuímos com o desenvolvimento sustentável, colocando os dois lados como parte de uma mesma solução. A arquitetura e o planejamento voltados à requalificação de áreas verdes são aliados de primeira hora da população na busca pela qualidade de vida em qualquer cenário possível.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities 

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