Veículo será integrado à linha 03, que faz o trajeto entre o Terminal Vicente de Carvalho e o Ferry Boat; cerca de 94 toneladas de CO2 deixarão de ser emitidas ao ano, o equivalente ao plantio de 671 árvores
Com 26 anos de experiência como motorista, Antônio Marcos Oliveira Santos dirigiu o trajeto inaugural do primeiro ônibus elétrico de grande porte do transporte público da Baixada Santista. O equipamento foi oficialmente entregue pela Prefeitura de Guarujá e a City Transporte Intermodal nesta quinta-feira (9), em frente ao Paço Municipal Moacir dos Santos Filho. Na próxima semana, o veículo será integrado à linha 03, que faz o trajeto entre o Terminal Vicente de Carvalho e o Ferry Boat.
“Fiz treinamento específico para conduzir ônibus elétrico em um simulador, ou seja, fui capacitado especialmente para dirigir esse veículo. A diferença para o tradicional é grande, pois ele é silencioso e mais confortável”, explica Antônio.
Com identidade visual exclusiva, o ônibus é 100% elétrico e tem emissão zero de carbono, além de ser completamente silencioso. Com a utilização deste novo veículo, em vez de um tradicional movido a diesel, aproximadamente 94 toneladas de CO2 deixarão de ser emitidas na atmosfera ao ano, que é o equivalente ao plantio de 671 árvores.
O prefeito de Guarujá pontuou a importância de cuidar do meio ambiente, desde simples e pequenas ações. “Somos filhos do universo e, quando o agredimos, ele revida. Precisamos cuidar do meio ambiente cada vez mais, para que ele responda de maneira positiva”.
Para o consultor da Eletromobilidade da BYD – fabricante do ônibus elétrico -, Sergio Avelleda, o equipamento é um ganho para Guarujá, para a população, o planeta e a mobilidade urbana. “Ele é conduzido de maneira suave, tem manutenção simples e é mais barato de operar do que um a diesel. Todo ônibus elétrico economiza muita emissão de carbono, evitando toneladas de serem emitidas”.
O veículo
Com autonomia para rodar até 250 km com a carga completa, o novo ônibus elétrico tem capacidade para 78 passageiros (41 sentados e 37 em pé) e integra a frota da City Transporte Intermodal.
O moderno veículo, além de ser um grande passo sustentável, usa tecnologia de ponta e conta com inovadores sistemas de suspensão pneumática dianteira e traseira, o que proporciona maior conforto para os passageiros e motorista e freios a disco com ABS e sistema regenerativo, proporcionando segurança e autonomia ao veículo.
Com a chegada do primeiro ônibus elétrico, a City Transporte Intermodal inicia um processo de substituição de parte da sua frota por veículos elétricos ou movidos a biodiesel, que se estenderá na próxima década.
A cerimônia contou ainda com secretários municipais, vereadores, representantes da City Transporte Intermodal, veículos de imprensa e da população em geral.
Sustentabilidade
A City Transporte Intermodal assumiu o transporte público municipal de Guarujá em 2019. A empresa revolucionou o serviço ao ser pioneira em ter 100% de sua frota climatizada, com wi-fi, tomadas USB e acessibilidade para pessoas com deficiência (PCD), figurando entre os modais mais modernos da região.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, aprovou a Lei nº 17901, que prevê o uso de blockchain na administração pública com o objetivo de oferecer mais transparência para as ações do governo municipal
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, aprovou a Lei n 17901, que prevê o uso de blockchain na administração pública com o objetivo de oferecer mais transparência para as ações do governo municipal e órgãos de controle como a Câmara Municipal de São Paulo e o Tribunal de Contas do Município de São Paulo.
A nova lei aprovada pelo executivo municipal é proveniente do PL 428/21, proposto pelos vereadores Cris Monteiro (NOVO), Edir Sales (PSD), Fernando Holiday (Republicanos), Gilberto Nascimento (PSC), Marlon Luz (MDB), Rinaldo Digilio (União), Rodrigo Goulart (PSD) e Rubinho Nunes (União).
A Lei consolida a política municipal de dados abertos e transparência ativa e, segundo publicação no Diário Oficial, tem como objetivo tornar mais transparente os dados da administração publica bem como os dados coletados pelo governo municipal promovendo a integração entre os poderes, autarquias, entidades e cidadãos.
Ficará a cargo de cada secretaria, poder e autarquia a definição da tecnologia/sistema a ser adotado para promover os objetivos da lei, sendo que a tecnologia blockchain é um dos pilares da nova determinação.
Dia do trader de criptomoedas
Além dos uso de blockchain para promover a abertura de dados e transparência pública a cidade de São Paulo pode, em breve, ter um dia especial para os traders de criptomoedas e de ações: 23 de agosto. É o que prevê o Projeto de Lei (PL) 0747/2021 de autoria do vereador Alessandro Guedes (PT), que pretende instituir a data como “o dia municipal do profissional de trader e operações de criptomoedas do município de São Paulo.”
“As criptomoedas representam um seguimento que tem se popularizado no país e na cidade, principalmente por causa das plataformas digitais e sua facilidade de acesso. Eu já fiz um curso desse assunto, entretanto não me considero um investidor, sou mais um entusiasta. Em relação ao PL, creio que ele deve ser aprovado ainda este ano”, disse o vereador Alessandro Guedes.
O parlamentar justificou o projeto como um meio de fortalecimento das atividades dos traders, que ainda não possuem suas atividades profissionais regulamentadas no país. No caso, o texto se refere tanto aos traders que negociam nas exchanges de criptomoedas quanto aos que operam em bolsa de valores.
Estamos falando não só de investimentos ou gastos, mas de uma nova visão sobre a administração dos municípios a partir da criação de oportunidades de negócios que a economia digital pode proporcionar.
Tornar as cidades mais inteligentes e sustentáveis é um desafio que os gestores públicos e privados vêm enfrentando há algum tempo, com resultados ainda abaixo do que poderiam alcançar se fossem aplicadas as tecnologias existentes. Estamos falando não só de investimentos ou gastos, mas de uma nova visão sobre a administração dos municípios a partir da criação de oportunidades de negócios que a economia digital pode proporcionar.
Para aproveitar essas condições é necessário a compreensão da conjuntura, a busca por soluções viáveis, o fomento à gestão participativa e o comprometimento com a criação de um ecossistema que seja ambientalmente mais amigável com políticas consistentes.
No momento em que escrevo este texto, por exemplo, a cidade de São Paulo está em estado de alerta por causa das fortes chuvas de verão. Não há nada de novo nessa notícia. A televisão mostra as mesmas cenas de ruas totalmente alagadas, carros submersos, pessoas ilhadas e muito lixo entupindo bueiros que não dão vazão a uma quantidade enorme de água que facilmente se acumula nas ruas impermeáveis.
Há quase três anos, sofremos com as duras consequências da pandemia de Covid-19, que ainda não sumiu totalmente, mas que mostrou as fragilidades dos centros urbanos, principalmente quando houve conflito entre as necessidades de isolamento social e as de continuidade das atividades como trabalho, educação e transporte, demonstrando a falta de preparo para uma emergência dessa magnitude.
Agora, temos a chance de aprender com fatos como esses e voltar nossa atenção a um futuro de soluções criativas que superem e previnam novas ocorrências. O arquiteto Caio Vassão, colaborador deste site, alerta que “é preciso reconhecer que as cidades, especialmente após a Revolução Industrial, são “desastres ecológicos normalizados”: vemos como normal e aceitável a tremenda pegada ecológica de tecnologias urbanas e estratégias de ocupação territorial nocivas ao meio-ambiente e ao bem-estar social”.
“Desastre” talvez seja uma palavra forte, mas é fato que estamos na terceira década do século XXI e ainda ocupamos e desenvolvemos nossos aglomerados urbanos com o mesmo raciocínio do século XIX. Repetimos os mesmos erros como se fossem “normais”. Com as tecnologias que já dispomos e com as que chegarão em poucos anos, como o 6G, é importante avaliar nossa própria noção de cidade e enfrentar os desafios de maneira assertiva, positiva e com a urgência que as mudanças climáticas e uma agenda social mais saudável, amigável e de qualidade demandam.
O 5G veio para mudar os ecossistemas urbanos
A digitalização surge com uma força importante nessa equação. A contínua popularização da conectividade por fibra óptica (GPON), o uso da inteligência artificial na gestão de redes e a expansão dos serviços virtualizados com as plataformas de Cloud Computing podem mudar este cenário. As redes 5G processam grandes volumes de dados com latência ultra baixa, além de atender a grandes quantidades de dispositivos conectados.
Essa conectividade abre possibilidades de criação de uma série de novos serviços que empresas e governos podem implementar para reduzir os impactos ambientais dos grandes centros urbanos. Além disso, o 5G é uma tecnologia de rede com alta eficiência energética e pode ajudar empresas e governos a reduzirem sua própria pegada ecológica.
Uma cidade inteligente é uma cidade sustentável
Imagine, por exemplo, que daqui um tempo a cidade de São Paulo conte com um sistema de transporte público totalmente elétrico, automatizado e inteligente, que também monitora os semáforos e calcula automaticamente a demanda por mais ônibus ou trens. Esse sistema também pode enviar mensagens automáticas ao usuário, com dados em tempo real, com uma série de serviços e informações que facilitam seu trajeto, fazendo com que economize tempo, recursos e diminua sua própria pegada ecológica.
Que tal um sistema de coleta de lixo e resíduos totalmente integrado como uma grande rede logística de descarte e reutilização, que evite as cenas mostradas na televisão? Seja um copo, um pedaço de papel, uma pilha ou um carro, tudo pode ser descartado e reaproveitado de maneira inteligente, com a geração de cadeias de recepção e de distribuição, geração de emprego e de renda, além de uma nova definição do que é efetivamente lixo.
Da mesma forma, precisamos de uma redefinição completa do que é esgoto e de como fazer o controle, o aproveitamento e o reaproveitamento inteligente dos sistemas de águas das cidades, incluindo reservatórios, chuvas, subsolos, rios, córregos e lagos. Todas essas águas estão conectadas e são uma riqueza que precisa ser melhor gerida em benefício de todos. O monitoramento e o gerenciamento desse complexo sistema de consumo circular pode se beneficiar de maneira exponencial com a tecnologia 5G e a inteligência artificial combinadas, diminuindo as terríveis cenas de enchentes e os prejuízos materiais, e muitas vezes humanos, que essas ocorrências causam.
A transformação digital é a base para uma nova urbanização
Os municípios inteligentes exigem a interação entre as esferas ambiental, social e econômica. Em outras palavras, não existe cidade inteligente sem considerar a sustentabilidade. Para que as soluções se concretizem, os agentes públicos devem criar políticas consistentes que levem em consideração:
O amplo acesso ao 5G em redes confiáveis e seguras;
O amplo acesso a dispositivos, inclusive com o subsídio para aquisição mais barata;
O oferecimento de capacitação digital para amplas parcelas da população que não estão conectadas;
A formação de mão de obra qualificada para o setor de Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC), incluindo Inteligência Artificial, redes, nuvem e Internet das Coisas (IoT).
Uma visão única da transformação digital, em todas as esferas de governo, com metas concretas;
Legislações adequadas.
Desses itens, podemos dizer que a falta de talentos é um dos principais obstáculos. Segundo dados do IDC, até 2025, a América Latina necessitará de pelo menos 2,5 milhões de profissionais. Para a Brasscom, só no Brasil, são 780 mil. A resolução do dilema entre ter uma vaga de trabalho e não ter um profissional qualificado para ocupá-la deve ser foco dos setores público e privado igualmente, se queremos garantir a inserção plena do país na economia digital.
A Huawei, por exemplo, mantém uma série de programas de desenvolvimento de novos talentos que são reconhecidos por sua excelência em nosso país e no mundo, como o Seeds for the Future, a ICT Academy e o 5G Truck, ajudando milhares de estudantes e instituições parceiras a se capacitarem (saiba mais no nosso último artigo: leia aqui).
Para finalizar, é importante enfatizar que a transformação digital é o centro de uma grande mudança para a economia e a sociedade nos próximos anos. No entanto, no Brasil, precisamos ir além dos objetivos mínimos de cobertura colocados pelo edital do 5G nos primeiros anos. Levando isso em conta, podemos imaginar que 2023 será um ano de forte evolução da digitalização econômica em nosso país. A Huawei quer estar na linha de frente na criação, junto com seus parceiros, da Cidade Inteligente 4.0, como também da Indústria 4.0, da Agricultura 4.0, da Saúde 4.0, da Educação 4.0 e de tantos outros setores que certamente se beneficiarão.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities.
Trânsito caótico, principalmente nos horários de pico durante a semana e no caminho ao Laranjal aos sábados e domingos, já é uma rotina para os pelotenses
Trânsito caótico, principalmente nos horários de pico durante a semana e no caminho ao Laranjal aos sábados e domingos, já é uma rotina para os pelotenses. E uma das principais causas é o impressionante aumento da frota de veículos no Município. A matéria publicada na página 3 da edição deste final de semana do Diário Popular mostra que, de acordo com dados Departamento Estadual de Trânsito (Detran), existe um automóvel para cada dois habitantes na cidade. Um dado que ajuda a explicar os problemas de mobilidade urbana que estamos enfrentando.
Ainda segundo o levantamento do Detran, o números de carros e utilitários circulando pelas ruas passou de 166 mil, em 2012, pra 223 mil em 2022, um aumento de 34,% em dez anos. E nos últimos 15 anos o crescimento foi de impressionantes 92,51%. O diretor-superintendente da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) do Rio Grande do Sul, Francisco Hörbe, explica que no início da década passada houve uma grande redução nos impostos dos automotores, o que facilitou ainda mais a compra destes veículos.
Assim como em inúmeros setores, a pandemia da Covid-19 também deixou suas marcas no trânsito. Segundo a professora dos cursos de Transporte Terrestre e de Hotelaria da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Raquel Holz, o medo do contágio pelo coronavírus fez como que muitos usuários do transporte público tirassem os carros da garagem para realizar deslocamentos que, normalmente, fariam de ônibus. Ela também ressalta que a qualidade do serviço prestado é outro fator que afasta os usuários. “Hoje em dia, o transporte público não consegue atender plenamente a demanda e a maioria da frota não possui a qualidade que a população merece.”
A Prefeitura segue investindo na requalificação de vias, colocação de semáforo e até mudança no sentido de algumas ruas, tudo com o intuito de dar mais fluidez no trânsito. Tudo isso, obviamente, ajuda a tornar os deslocamentos menos estressantes para quem dirige. Mas dificilmente será a solução definitiva. Somente com investimento forte na qualidade do transporte público e também fazendo com que as ciclofaixas levem os ciclistas a pontos mais distantes é que vamos encontrar o ponto ideal da mobilidade urbana em Pelotas.
Replanejar a rede de transportes e promover maior qualidade aos deslocamentos pode ser possível se uma gestão unificada for adotada no âmbito dos transportes coletivos
A mobilidade urbana nas grandes metrópoles impõe grandes desafios. Todos os dias são realizadas milhares de viagens dentro da região metropolitana. Diante do cenário de pós pandemia, onde a economia está fragilizada, há pressão constante para otimizar este sistema.
Três grandes pontos importantes que precisam ser levados em consideração para os próximos anos são a redução do custo do transporte, melhoria na qualidade e também na atratividade, focando tirar cidadãos do transporte individual motorizado.
Em uma entrevista realizada pela Rádio Ônibus, Sérgio Avelleda, ex-presidente da CPTM e Metrô e com passagem pela Secretaria de Transporte e Mobilidade da cidade de São Paulo, discutiu alguns desses importantes temas.
Questões atuais
Transporte público é um direito de todo o cidadão. Em uma região metropolitana como a de São Paulo manter sistemas ferroviários e rodoviários são um grande desafio, seja pela gestão descentralizada, ou pelo impacto financeiro associado a essa grande operação.
Apesar do sistema sobre trilhos, onde temos operadoras privadas e estatais como o Metrô e a CPTM, serem gerenciados pelo governo do estado, boa parte do sistema rodoviário possui administração municipalizada.
Mapa da rede de transporte metropolitano (STM)
Este fato até pode parecer comum talvez para quem viva, estude ou trabalhe na cidade de São Paulo, onde os impactos não sejam tão visíveis, uma vez que os sistemas são bem integrados na capital. Mas, para quem vive em outros municípios, há um grande dilema. Sistemas municipais de baixa eficiência e que, muitas vezes, são cobertos por linhas intermunicipais exercendo plena concorrência.
Sem falar no grande custo que é operar esse grande sistema. Linhas municipais e intermunicipais que concorrem entre si são apenas um dos problemas. Muitas vezes o passageiro é obrigado a ter dois ou até mesmo três cartões de transporte para efetuar seus deslocamentos. Além do transtorno burocrático, há maior custo ao passageiro.
Linhas metropolitanas concorrem com linhas municipais (Jean Carlos)
Para quem tem maior fôlego e quer evitar a dor de cabeça pensa no óbvio: Investir em um carro ou uma moto pode resolver o problema. A princípio sim, mas não se engane, é esta a lógica que atualmente tem prejudicado o transporte coletivo de qualidade.
Diante de alguns destes dilemas qual a solução pode ser aplicada? Qual a maneira de tornar o transporte mais eficiente, barato e atrativo? É possível centralizar a gestão do transporte público entre várias cidades?
Autoridade Metropolitana
Tão falada por portais de mobilidade e especialistas no setor, mas sempre em segundo ou até terceiro plano por parte do poder público. A autoridade metropolitana de transporte poderia solucionar grande parte destes problemas.
O principal objetivo desta nova empresa seria o planejamento, gerenciamento e organização do transporte público em âmbito metropolitano, ou seja, englobando todas as cidades da região metropolitana.
A ideia aqui é racionalizar todo o sistema de transportes, eliminando concorrências desnecessárias e otimizando rotas, unificando o sistema de bilhetagem e trazendo maior possibilidade de integração, bem como traçar projetos em consonância com o sistema de transportes como um todo.
Sistema de bilhetagem unificado pode surgir com Autoridade Metropolitana (Jean Carlos)
Um caso citado por Avelleda em sua participação no programa de rádio é o de Madri, capital da Espanha, cidade que implantou uma autoridade metropolitana nos anos 80 e viu o custo de transporte cair em até 30%.
O mais surpreendente desta redução no custo é que a autoridade metropolitana não exige investimentos vultosos para começar a atuar. Entretanto, ela tem entraves tão fortes quanto o caixa das empresas e dos municípios: o poder político e empresarial.
A criação de tal autoridade metropolitana faria com que as cidades abrissem mão de seu controle no sistema de transportes para que este gerenciamento passasse a ser mais coletivo. Isso possivelmente implicaria na maneira de como esse sistema é operado. No final é perder poder para ter maior eficiência e liberdade.
Autoridade metropolitana pode reduzir custos na operação (Jean Carlos)
No Brasil, algumas leis já permitem a implantação de autoridades deste caráter. Existem casos bastante embrionários em cidades como Goiânia e Recife.
Claro que a implantação de tal autoridade depende muito de força política. Uma forma de incentivar tais ações é a ajuda do governo federal por meio de ações de cunho técnico e investimentos que possam subsidiar estudos neste sentido.
Rumo a Tarifa Zero
A autoridade metropolitana é apenas um dos tópicos levantados por Avelleda. Quando abordado sobre a questão da Tarifa Zero, ele ressaltou um ponto importante: há a necessidade de primeiro pensar na redução das tarifas e na obtenção de fontes para financiar o transporte.
O transporte público, assim como a saúde pública, geram benefícios para toda a sociedade. Mesmo que uma pessoa não seja usuária do sistema de transporte ela é indiretamente beneficiada por conta de que boa parte da população economicamente ativa utiliza-o para suas atividades.
Ainda neste sentido, o usuário do veículo individual possui parcela importante na qualidade do transporte público. A saturação cada vez maior de veículos nas grandes vias prejudica uma boa parte da população que utiliza ônibus, por exemplo.
Na maioria das vezes, o passageiro é quem paga a conta, seja pelo custo envolvido na operação e em todas as interferências causadas pelos congestionamentos, ou pelo tempo que é perdido no trânsito.
Passageiro ainda paga grande parte do custo do transporte (Jean Carlos)
A interferência do carro é ainda muito forte e, mesmo com leis como o rodízio municipal, ainda é difícil limitar o uso dos veículos particulares.
Neste sentido, é necessário um trabalho em mão dupla: uma linha vai na ideia de ampliar o financiamento ao transporte público por meio de novas taxas relacionadas ao uso do automóvel em alguns pontos da cidade.
Uma segunda proposta vai de encontro com a contínua dinamização do transporte coletivo, seja ferroviário ou rodoviário, de forma que se possa atender a uma vasta região com rapidez, conforto, segurança, acessibilidade e integração.
Estes cinco pilares fazem parte da atratividade. Pescar novos passageiros de forma que estes deixem os carros nas garagens para utilizar o transporte coletivo é relativamente difícil, mas pode ser o ponto de mudança para a melhoria da mobilidade.
Faixa “exclusiva” para ônibus (Jean Carlos)
Ainda sobre a questão da tarifa zero: os governos precisam repensar seriamente como ampliar o financiamento para o transporte. Ideias como impostos para as empresas, em lugar do vale transporte que tem contribuído menos graças a uma crise na geração de empregos CLT, pode ser outra solução importante.
Avelleda definiu a tarifa zero como uma espécie de utopia. Não necessariamente uma impossibilidade, mas um processo de construção contínuo e que existe esforço e responsabilidade. A tarifa zero dificilmente vai sair do papel com uma simples canetada.
Nesta linha de raciocínio é ressaltado: a tarifa zero é um compromisso com a qualidade do transporte público. Se por um lado este transporte se tornará muito atrativo, por outro ele precisa atingir um novo patamar, seja pela robustez, seja pela capacidade de manutenção e operação adequadas.
Tarifa zero é compromisso com a qualidade da mobilidade (Jean Carlos)
No fim, se chega novamente à autoridade metropolitana. Associar a tarifa zero a esta nova forma de se gerenciar transporte tem a capacidade de transformar a maneira como nos deslocamos pelas diversas cidades, que na verdade, são um grande e único formigueiro humano.
“O Brasil caminha para a tendência mundial de eletrificação veicular e projeta a busca por outras soluções mais limpas para a mobilidade.”
Pensar em meios mais sustentáveis para a condução da mobilidade é um dos grandes desafios do século, e a eletromobilidade ganha notoriedade e, gradativamente, conquista o setor automotivo, seja para carros particulares, seja para caminhões, seja para ônibus. Os veículos movidos por combustíveis não renováveis também passam por reformulações para se tornarem mais sustentáveis, com o uso de materiais recicláveis e melhorias contínuas no desempenho, com o objetivo de reduzir o gasto e, consequentemente, a emissão de poluentes.
Não importa a variação dentro do ecossistema modal; o que chama atenção é como as empresas e os clientes aderem ao status de urgência para alternativas à degradação proporcionada pela emissão de gases poluentes.
Em novembro de 2022, foi realizada a 27ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, no Egito, e as iniciativas para aceleração da descarbonização estiveram entre as pautas favoráveis ao meio ambiente. Inclusive, o crescimento de combustíveis sustentáveis para atender às necessidades mundiais foi um dos pontos abordados recentemente pela ONU, no relatório Summary for Policymakers of the IPCC Working Group III, Climate Chance 2022: Mitigation of Climate Change, apresentado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
Estímulo para a transformação
Esses alertas lançados sobre os impactos provocados pelas emissões de poluentes, principalmente em encontros mundiais de liderança, se tornam estímulos para que o controle dos gases poluentes no meio ambiente seja uma realidade próxima. Na indústria automotiva, as iniciativas servem de incentivo para reforçar a preocupação com o tema, transformando a eletromobilidade e o investimento em materiais mais sustentáveis em senso comum.
Diante desse cenário, encontrar soluções de infraestrutura para atender a requisitos básicos para manter os veículos elétricos em circulação é uma realidade e abre caminho para pensarmos além. Com o avanço de estratégias para a descarbonização no ambiente automotivo, diversas iniciativas focadas na sustentabilidade também são testadas, como o hidrogênio e a energia solar.
Devemos destacar ainda os veículos movidos a célula de hidrogênio, um combustível que começa a despontar na Europa com alguns modelos de carros que já podem ser comprados com a tecnologia. Na Austrália, ônibus chegarão ao mercado no início de 2023, feitos pela Volgren, empresa do Grupo Marcopolo, em parceria com uma fabricante irlandesa especializada em tecnologia com hidrogênio, atuante na Europa e no Reino Unido. Em setembro de 2022, a multinacional brasileira também apresentou, durante um evento na Alemanha, o modelo Audace, direcionado para linhas rodoviárias de curta distância, além de serviços seletivos e fretamento. O veículo é movido a hidrogênio e tem peso bruto total (PBT) de 19 toneladas, capacidade para transporte de até 53 passageiros e autonomia de até 600 quilômetros.
Os veículos automotores oriundos de energia solar também estão presentes no cardápio de opções de combustíveis sustentáveis. Alguns carros já foram apresentados até no Brasil, e a tendência é que em um processo evolutivo, após os elétricos e a hidrogênio, a energia solar será um dos próximos combustíveis que conduzirão os carros a médio e longo prazos.
Enquanto essas tendências ainda estão em fase de testes, a eletrificação veicular caminha, gradativamente, em direção à descarbonização, contribuindo para que o setor automotivo não esteja mais entre os responsáveis pelas emissões de poluentes no planeta.”
Além de cortar emissões e plantar árvores, a humanidade precisa aumentar rapidamente o poder das novas técnicas para limpar a atmosfera, segundo o primeiro relatório global a respeito
Se a humanidade quer uma chance de vida decente no futuro – com ar respirável, água limpa acessível, chuvas e safras previsíveis – precisa começar a retirar da atmosfera mais carbono do que emite, e em grandes quantidades. O jeito mais eficiente de fazer isso, atualmente, é tradicional: preservar florestas existentes e plantar árvores. Mas precisamos acelerar muito esse processo com novas técnicas de captura e armazenagem de carbono, alerta o relatório Estado da Remoção de Dióxido de Carbono, o estudo mais completo até agora sobre esse desafio da humanidade.
A situação atual é a seguinte: mais de 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) estão sendo removidas da atmosfera a cada ano, graças às iniciativas de enfrentamento da crise climática. É um começo, mas temos de fazer muito mais — e rápido. Segundo o relatório, precisamos chegar a 2030 removendo pelo menos 3,5 bilhões de toneladas de CO2 da atmosfera todo ano, a fim de conter o aquecimento global em menos de 2°C até o fim do século 21. Os planos existentes não bastam para nos colocar nesse rumo. Hoje, a limpeza da atmosfera é feita quase que só com árvores — gestão de florestas já existentes, reflorestamento (plantio de árvores onde florestas foram desmatadas nas últimas décadas) e florestamento (plantio de árvores onde nunca houve floresta ou, se houve floresta, foi desmatada faz muito tempo). Novas técnicas — explicadas abaixo — respondem hoje por apenas 2 milhões de toneladas de CO2 capturadas por ano, ou 0,1% do total. A tecnologia nessa área precisa melhorar muito, para que não dependamos somente de mais árvores no mundo.
O alemão Artur Runge-Metzger, doutor em economia agrícola e ex-diretor de Ação Climática da Comissão Europeia, escreve a introdução do relatório e alerta para a complexidade do desafio em RDC (remoção de dióxido de carbono): “Os cientistas apontam para uma lacuna que começa a crescer, entre a necessidade cientificamente avaliada (de RDC), de um lado, e, do outro lado, a falta de ação em RDC ao longo de toda a cadeia produtiva. Essa lacuna exige ação urgente em todas as frentes”.
“Todas as frentes” significa que não se pode desprezar nenhum recurso que contribua com a solução do problema. Além de preservar, criar e recriar florestas, a tecnologia nesse campo precisa avançar. Isso exige planejamento estratégico. “Os primeiros anos de desenvolvimento de tecnologia (a ‘fase de formação’) vão afetar o ritmo e o grau de alcance das novas formas de RDC no longo prazo”, afirma o relatório. “A difusão das novas formas de RDC na próxima década é crucial, pois se falharmos em dar impulso (à tecnologia) nesta fase de formação, vamos aumentar a lacuna (entre o que é necessário fazer e o que a humanidade está fazendo) em 2050 e além.”
O estudo contou com a colaboração de 30 cientistas espalhados por seis países e faz referência a 248 trabalhos anteriores.Os pesquisadores avaliaram 91 cenários possíveis para chegar a seus alertas. “Cenários globais que limitam o aquecimento a 2°C ou menos exigem que a capacidade de remoção de CO2 seja multiplicada por 30 até 2030 e por 1.300 até 2050, na comparação com 2020”, afirma o relatório, referindo-se às novas tecnologias. Esses são os cenários intermediários. Quanto mais tempo a humanidade demorar para reagir, maior terá de ser a posterior faxina da atmosfera. No cenário mais pessimista, em que a humanidade corta pouco as emissões e (re)floresta pouco o planeta nos próximos anos, a capacidade global de RDC baseada em novas técnicas precisa ser multiplicada muito mais, por 4.900, até 2050. No cenário mais otimista, em que a humanidade corta muito as emissões e (re)floresta o planeta em escala enorme, seria preciso multiplicar por “apenas” 260 a capacidade de RDC com novas técnicas até 2050.
O estudo só levou em conta formas de armazenagem capazes de prender o carbono por pelo menos décadas. Essas formas se agrupam em três categorias: 1) armazenagem biológica, como em árvores, florestas de algas (que afundem no oceano e se tornem sedimento depois de morrer) e solos (compostos variados podem prender carbono no solo por décadas); 2) armazenagem em produtos, feitos de madeira, carvão vegetal ativado e outros materiais criados a partir da extração de CO2 do ar ou dos gases resultantes de atividade industrial; 3) armazenagem geoquímica, com a injeção de CO2 em formações geológicas adequadas, a exemplo de reservatórios vazios de petróleo e gás natural.
Todos os métodos exigem evolução tecnológica. O relatório destaca os seguintes, pela relevância atual e pelo potencial:
–Bioenergia com captura e armazenagem de carbono (BECCS, na sigla em inglês) – é o método mais importante atualmente. Consiste em produzir biocombustível em algum processo que já preveja captura permanente de carbono. Há aumento regular do número de patentes nesse campo desde 2006. Essa foi a técnica que mais rendeu depósitos de patentes em 2020. Foi também a única cuja percepção pública piorou, segundo um análise dos pesquisadores feita durante três anos (2019 a 2021) no Twitter. Essa piora provavelmente se deve a receios de que lavouras para bioenergia diminuam a área disponível para cultivos alimentares e encareçam a comida.
–Captura e armazenagem de carbono diretamente do ar – na comparação entre nove métodos, foi disparado o que mais rendeu depósitos de patentes desde 2000. Em setembro de 2022 havia 18 instalações industriais no mundo realizando captura direta do ar (ou DAC, na sigla em inglês). Nos Estados Unidos, a Lei de Investimento em Infraestrutura e Empregos, aprovada em 2021, previa US$ 3,5 bilhões para quatro hubs de DAC, incluindo o transporte do carbono por dutos e sua armazenagem. Ainda não se sabe, porém, quanto do carbono capturado nessas usinas será transformado em combustível – ou seja, logo jogado de volta na atmosfera — ou armazenado de forma duradoura.
–Biocarvão – o carvão vegetal ativado, também chamado pelo nome em inglês, “biochar”, é feito de biomassa queimada por pirólise, um processo controlado em ambiente com pouco oxigênio. Isso resulta numa substância sólida que pode ser usada como material de construção ou adubo. A pesquisa em “biochar” é a que cresce mais rapidamente entre todos os métodos de RDC e correspondeu a 50% dos estudos publicados em 2021.
–Aprimoramento de intemperismo rochoso – o intemperismo natural (conjunto de processos físicos e químicos que alteram rochas expostas à atmosfera) inclui certas rochas absorverem carbono do ar. O processo normal é lento demais diante da crise climática. É possível acelerá-lo com a pulverização de certos silicatos em grandes áreas expostas, como lavouras.
–Fertilização oceânica – consiste em aumentar a quantidade de nutrientes, principalmente ferro, em grandes áreas do oceano previamente selecionadas. A fertilização estimula a proliferação de fitoplâncton, que captura carbono da atmosfera.
Há muitas frentes de trabalho e inúmeras incógnitas à espera de estudos. Um esforço de pesquisa e desenvolvimento dessa magnitude depende de trabalho conjunto de governos, academia e empresas. E quanto antes esse esforço se intensificar, melhores serão as chances de a humanidade salvar o mundo como o conhecemos.
Empresa teve 31,5% de market share em território brasileiro
A Stellantis começou o ano de 2023 na liderança no Brasil e na Argentina nos automóveis e nos comerciais leves. Em janeiro, a empresa teve uma participação de mercado de 31,5% no território nacional e de 32,1% no país vizinho.
A picape Fiat Strada e os Fiat Argo e Mobi, além do Jeep Compass, estão entre os dez modelos mais vendidos no mês no Brasil. Na Argentina, o Fiat Cronos foi o líder de vendas, seguido pelo Peugeot 208.
Além disso, a Fiat encerrou janeiro com 21,8% de market share no Brasil, com mais de 28,5 mil unidades emplacadas – uma alta de 1,9% na comparação com o mesmo mês de 2021.
Já a Jeep comercializou 8,5 mil unidades, com 6,5% na participação de vendas. O Compass retomou a liderança entre os SUVs médios no Brasil, com quatro mil emplacamentos, com 44,4% de market share entre os C-SUVs.
Peugeot e Citroën encerraram o mês com mais de 3,5 mil unidades vendidas e 2,7% de market share, enquanto a Ram registrou 592 emplacamentos e 0,5% das vendas totais.
A crise hídrica no planeta está relacionada não só com a falta de sistemas de purificação de água seguros, mas também com as mudanças climáticas, a rápida urbanização e a poluição. Água e saneamento básico são considerados direitos humanos, mas um quarto da população mundial não tem acesso à água, segundo estudo conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Banco Mundial.
No Brasil, quase 35 milhões de pessoas vivem sem água tratada e 100 milhões não têm acesso a saneamento, de acordo com o Ranking do Saneamento 2022, do Instituto Trata Brasil. Diante desse panorama, a disponibilidade e gestão sustentável da água entraram na agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS). Buscando resolver o problema, várias startups criaram soluções tecnológicas voltadas para o uso sustentável da água.
A T&D Sustentável, startup especialista em gestão de recursos hídricos, oferece o Sistema de Economia de Água (SEA), que faz a gestão de grandes consumidores. A solução identifica melhorias, corrige falhas, monitora vazamentos em tempo real por meio de inteligência artificial e promete redução de gastos com água em até 70%. Desde que começou a atuar, em 2018, a empresa comunica que foram economizados mais de 280 milhões de litros de água potável, quantidade suficiente para abastecer uma cidade de 3 milhões de habitantes por um dia.
Além disso, mais de R$ 9,2 milhões de reais foram poupados pelos clientes, segundo a companhia. Essa economia é o que mantém a startup, que ganha 50% em cima do resultado obtido e não cobra taxas de contratação. “Antes do ESG, tem que vir o ROI (retorno sobre investimento). Se ele não existir, a conta não fecha. Então, o nosso cliente quando começa a economizar milhões de litros de água e a conscientizar pessoas [sobre o melhor aproveitamento da água], ele também está colocando dinheiro do próprio bolso”, afirma Camilo Torquato, CEO da T&D Sustentável.
A Wash Me, startup de gestão de lavagem ecológica de frotas, também trabalha para fazer economia de água e evitar a locomoção da frota, já que presta o serviço na área do cliente. No ano passado, a empresa declara que mais de 60 milhões de litros de água deixaram de ser gastos. O aplicativo da startup permite saber a quantidade de litros poupados e de carbono não emitido ao evitar a movimentação dos veículos para serem lavados.
Para diferenciar-se de outras empresas que prestam o mesmo tipo de serviço, a Wash Me investiu em governança. “Garantimos que a empresa iniciará a operação com as documentações em dia, com funcionários devidamente treinados e registrados e que os serviços de limpeza prestados estão dentro das normas de segurança”, diz o CEO, João Salvatori.
Startup de impacto socioambiental reconhecida pela ONU, a Sustainable Development And Water For All (SDW) disponibiliza tecnologias que dão acesso à água potável para comunidades remotas. Anna Luísa Beserra, CEO da SDW, diz que seus clientes são companhias que têm empreendimentos em áreas próximas a populações com necessidade de água e saneamento e decidem investir em projetos de responsabilidade social. Segundo ela, a cada R$1 investido por empresas em projetos da SWD, R$ 27 retornam para a sociedade.
Isso significa que essas ações conseguem economizar custos com saúde, saneamento, educação e proporcionam melhoria na qualidade de vida para essas comunidades, que têm alta vulnerabilidade social. Ainda assim, há resistências a esses projetos. “Temos uma problemática muito grande com a forma como essas empresas visualizam o investimento social. Elas querem investir o mínimo possível para o maior impacto possível”, diz.
Hoje, a SDW possui entre as tecnologias do seu portfólio o Aqualuz, equipamento de tratamento de água de cisternas que usa a radiação solar, o Sanuseco, banheiro sustentável sem necessidade de descarga para remoção de dejetos, e o Sanuplant, tecnologia complementar ao Sanuseco, voltada para o escoamento e tratamento do esgoto doméstico.
Discussões nas mesas temáticas favoreceram reflexões sobre a relação estratégica do assunto com a projeção de cidades inteligentes.
“O que é preciso fazer para atingir a universalização do saneamento até 2033 que, no momento, abrange cerca de 33% dos municípios e 25% da população brasileira?” Na última quarta-feira, 08/02, Brasília recebeu o pré-evento do P3C – PPPs e Concessões sobre a Universalização do Saneamento – Novo Marco Legal. Transmitido ao vivo pelo canal oficial P3C no Youtube, o evento presencial contou com a participação de autoridades importantes dos setores da infraestrutura nacional: Mauricio Portugal Ribeiro, Sócio da Portugal Ribeiro Advogados, Verônica Sánchez da Cruz Rios, Diretora-Presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Jerson Kelman, Professor de Recursos Hídricos da COPPE-UFRJ .
Além da presença da Presidente da Trata Brasil, Luana Pretto, Gesner de Oliveira, Professor da FGV-SP, Mario Engler Pinto Jr., Presidente do Conselho de Administração da SABESP e CORSAN, Cleverson Aroeira, Analista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luiz Gustavo Kaercher Loureiro, Pesquisador sênior do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura – CERI da FGV-RJ, Karla Bertocco, Sócia da Mauá Capital e Percy Soares, Diretor Executivo da ABCON.
A programação integrou cinco mesas temáticas, cujos palestrantes geraram um debate construtivo e de alto nível sobre o cenário do setor de saneamento básico no Brasil, com análises críticas sobre as atuações dos poderes públicos e privados nesse âmbito, importância do cumprimento das premissas da Lei do Novo Marco Legal, instituída em 2020, para aceleração da universalização nacional dos serviços de água e esgoto até 2033.
O encontro ainda teceu visões sobre a trajetória da ANA nesse contexto e o relacionamento da instituição com agências reguladoras locais, analisando dificuldades, destacando necessidades de melhorias e refletindo perspectivas para a construção de cidades mais inteligentes e inclusivas, com acesso facilitado e de qualidade a serviços essenciais, como água potável, coleta e tratamento de esgoto, gestão de resíduos sólidos etc.
“O objetivo foi reunir os principais atores dos ecossistemas de infraestrutura para amadurecer ainda mais as discussões sobre os propósitos do marco legal de saneamento básico e ressaltar sua importância para o alcance mais rápido de efeitos positivos para a saúde da sociedade e conservação do meio ambiente, possibilidade o desenvolvimento de cidades mais democráticas, resilientes e sustentáveis”, explica a idealizadora do P3C e CEO da Necta, Paula Faria.
Universalização do Saneamento e perspectivas de cidades inteligentes
Para o avanço de uma sociedade equilibrada, a cidade precisa evoluir conjuntamente, desenvolvendo uma espécie de sintonia sistêmica. A prestação de um serviço de saneamento universal e de qualidade integra o rol de atividades estratégicas de políticas urbanas para a implementação de uma cidade inteligente. Entretanto, os índices de habitantes brasileiros sem acesso à água e serviços de coleta e tratamento de esgoto ainda são alarmantes e ultrapassam casas de milhões.
“Não adianta falar de universalização, sem pensar em investimentos. Cada estado precisa pensar em como resolver uma situação para ter investimentos e alcançar a universalização, pensando em melhorar a qualidade de vida, que se traduz em melhorias”, afirmou, durante o evento, a presidente da Trata Brasil, Luana Pretto.
Nessa mesma linha de raciocínio, o professor de Recursos Hídricos da COPPE-UFRJ, Jerson Kelman, ressaltou que o “Novo Marco Legal tem chance de resolver gravíssimos problemas no país” e que medidas direcionadas às áreas social, econômica e ambiental devem ser “governadas a partir do setor público, por meio de novos contratos de concessão total ou PPPs, visando atrair aportes do capital privado”, desenvolvendo administrações mais homogêneas, com segurança jurídica, e acelerando, com isso, as transformações necessárias para a conquista de cidades resilientes e promissoras.
Com isso, para a gestão de cidades inteligentes, necessita-se fortalecer medidas de acompanhamento e fiscalização, conforme ditames do Novo Marco Legal, da prestação de serviços de saneamento realizada pelos municípios de todo o Brasil. Já que, de acordo com o sócio da Portugal Ribeiro Advogados, Maurício Portugal Ribeiro, não há ainda “um caminho concreto para esses municípios atingirem a universalização e assumirem possíveis consequências”.
“Com isso, é preciso que o Novo Marco estenda o seu braço para receber eventuais problemas”, ressaltou Ribeiro, que ainda destacou que uma medida eficiente para incentivar esse projeto de regionalização, resultando em uma maior adesão dos municípios à Universalização, seria a geração de incentivos à prefeituras e, consequentemente, haveria maior transparência na prestação de contas de ordem econômica e financeira.
O caminho não será fácil. “Temos que dobrar o patamar de investimentos em Saneamento (para cerca de R$ 36 bilhões)” para mudanças de contextos, ressaltou o Professor da FGV, Gesner de Oliveira, que ainda sugeriu a proposta de formulação de um ranking de qualidade de agências de regulação para auxiliar a transformação desse cenário nacional.
Além disso, está em jogo a necessidade da elevação de investimentos institucionais públicos e privados em soluções técnicas, operacionais (incluindo, a revisão e valorização do projeto Tarifa Social da água para garantia de acesso facilitado a esse bem essencial pelas populações mais vulneráveis, como apontou a presidente da ANA), de infraestrutura, inovação e capacitação de agentes para a construção de um ecossistema de cidade inteligente justo, integrado e autossuficiente.
P3C
Uma realização da Necta e da Portugal Ribeiro Advogados, com correalização da B3, a agenda Universalização do Saneamento – Novo Marco Legal integra o P3C que é o principal evento multissetorial sobre infraestrutura com o propósito de tornar o ambiente de negócios mais previsível e seguro para os investidores no Brasil. O P3C será realizado entre os dias 27 (premiação) e 28 de fevereiro (conferência), respectivamente, na B3 e no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Para informações sobre a programação e inscrições, acesse o portal do evento.