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AUTORIDADE METROPOLITANA PODE DIMINUIR CUSTO DO TRANSPORTE E INTEGRAR CIDADES

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Replanejar a rede de transportes e promover maior qualidade aos deslocamentos pode ser possível se uma gestão unificada for adotada no âmbito dos transportes coletivos

A mobilidade urbana nas grandes metrópoles impõe grandes desafios. Todos os dias são realizadas milhares de viagens dentro da região metropolitana. Diante do cenário de pós pandemia, onde a economia está fragilizada, há pressão constante para otimizar este sistema.

Três grandes pontos importantes que precisam ser levados em consideração para os próximos anos são a redução do custo do transporte, melhoria na qualidade e também na atratividade, focando tirar cidadãos do transporte individual motorizado.

Em uma entrevista realizada pela Rádio Ônibus, Sérgio Avelleda, ex-presidente da CPTM e Metrô e com passagem pela Secretaria de Transporte e Mobilidade da cidade de São Paulo, discutiu alguns desses importantes temas.

Questões atuais

Transporte público é um direito de todo o cidadão. Em uma região metropolitana como a de São Paulo manter sistemas ferroviários e rodoviários são um grande desafio, seja pela gestão descentralizada, ou pelo impacto financeiro associado a essa grande operação.

Apesar do sistema sobre trilhos, onde temos operadoras privadas e estatais como o Metrô e a CPTM, serem gerenciados pelo governo do estado, boa parte do sistema rodoviário possui administração municipalizada.

Mapa da rede de transporte metropolitano (STM)

Este fato até pode parecer comum talvez para quem viva, estude ou trabalhe na cidade de São Paulo, onde os impactos não sejam tão visíveis, uma vez que os sistemas são bem integrados na capital. Mas, para quem vive em outros municípios, há um grande dilema. Sistemas municipais de baixa eficiência e que, muitas vezes, são cobertos por linhas intermunicipais exercendo plena concorrência.

Sem falar no grande custo que é operar esse grande sistema. Linhas municipais e intermunicipais que concorrem entre si são apenas um dos problemas. Muitas vezes o passageiro é obrigado a ter dois ou até mesmo três cartões de transporte para efetuar seus deslocamentos. Além do transtorno burocrático, há maior custo ao passageiro.

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Linhas metropolitanas concorrem com linhas municipais (Jean Carlos)

Para quem tem maior fôlego e quer evitar a dor de cabeça pensa no óbvio: Investir em um carro ou uma moto pode resolver o problema. A princípio sim, mas não se engane, é esta a lógica que atualmente tem prejudicado o transporte coletivo de qualidade.

Diante de alguns destes dilemas qual a solução pode ser aplicada? Qual a maneira de tornar o transporte mais eficiente, barato e atrativo? É possível centralizar a gestão do transporte público entre várias cidades?

Autoridade Metropolitana

Tão falada por portais de mobilidade e especialistas no setor, mas sempre em segundo ou até terceiro plano por parte do poder público. A autoridade metropolitana de transporte poderia solucionar grande parte destes problemas.

O principal objetivo desta nova empresa seria o planejamento, gerenciamento e organização do transporte público em âmbito metropolitano, ou seja, englobando todas as cidades da região metropolitana.

A ideia aqui é racionalizar todo o sistema de transportes, eliminando concorrências desnecessárias e otimizando rotas, unificando o sistema de bilhetagem e trazendo maior possibilidade de integração, bem como traçar projetos em consonância com o sistema de transportes como um todo.

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Sistema de bilhetagem unificado pode surgir com Autoridade Metropolitana (Jean Carlos)

Um caso citado por Avelleda em sua participação no programa de rádio é o de Madri, capital da Espanha, cidade que implantou uma autoridade metropolitana nos anos 80 e viu o custo de transporte cair em até 30%.

O mais surpreendente desta redução no custo é que a autoridade metropolitana não exige investimentos vultosos para começar a atuar. Entretanto, ela tem entraves tão fortes quanto o caixa das empresas e dos municípios: o poder político e empresarial.

A criação de tal autoridade metropolitana faria com que as cidades abrissem mão de seu controle no sistema de transportes para que este gerenciamento passasse a ser mais coletivo. Isso possivelmente implicaria na maneira de como esse sistema é operado. No final é perder poder para ter maior eficiência e liberdade.

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Autoridade metropolitana pode reduzir custos na operação (Jean Carlos)

No Brasil, algumas leis já permitem a implantação de autoridades deste caráter. Existem casos bastante embrionários em cidades como Goiânia e Recife.

Claro que a implantação de tal autoridade depende muito de força política. Uma forma de incentivar tais ações é a ajuda do governo federal por meio de ações de cunho técnico e investimentos que possam subsidiar estudos neste sentido.

Rumo a Tarifa Zero

A autoridade metropolitana é apenas um dos tópicos levantados por Avelleda. Quando abordado sobre a questão da Tarifa Zero, ele ressaltou um ponto importante: há a necessidade de primeiro pensar na redução das tarifas e na obtenção de fontes para financiar o transporte.

O transporte público, assim como a saúde pública, geram benefícios para toda a sociedade. Mesmo que uma pessoa não seja usuária do sistema de transporte ela é indiretamente beneficiada por conta de que boa parte da população economicamente ativa utiliza-o para suas atividades.

Ainda neste sentido, o usuário do veículo individual possui parcela importante na qualidade do transporte público. A saturação cada vez maior de veículos nas grandes vias prejudica uma boa parte da população que utiliza ônibus, por exemplo.

Na maioria das vezes, o passageiro é quem paga a conta, seja pelo custo envolvido na operação e em todas as interferências causadas pelos congestionamentos, ou pelo tempo que é perdido no trânsito.

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Passageiro ainda paga grande parte do custo do transporte (Jean Carlos)

A interferência do carro é ainda muito forte e, mesmo com leis como o rodízio municipal, ainda é difícil limitar o uso dos veículos particulares.

Neste sentido, é necessário um trabalho em mão dupla: uma linha vai na ideia de ampliar o financiamento ao transporte público por meio de novas taxas relacionadas ao uso do automóvel em alguns pontos da cidade.

Uma segunda proposta vai de encontro com a contínua dinamização do transporte coletivo, seja ferroviário ou rodoviário, de forma que se possa atender a uma vasta região com rapidez, conforto, segurança, acessibilidade e integração.

Estes cinco pilares fazem parte da atratividade. Pescar novos passageiros de forma que estes deixem os carros nas garagens para utilizar o transporte coletivo é relativamente difícil, mas pode ser o ponto de mudança para a melhoria da mobilidade.

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Faixa “exclusiva” para ônibus (Jean Carlos)

Ainda sobre a questão da tarifa zero: os governos precisam repensar seriamente como ampliar o financiamento para o transporte. Ideias como impostos para as empresas, em lugar do vale transporte que tem contribuído menos graças a uma crise na geração de empregos CLT, pode ser outra solução importante.

Avelleda definiu a tarifa zero como uma espécie de utopia. Não necessariamente uma impossibilidade, mas um processo de construção contínuo e que existe esforço e responsabilidade. A tarifa zero dificilmente vai sair do papel com uma simples canetada.

Nesta linha de raciocínio é ressaltado: a tarifa zero é um compromisso com a qualidade do transporte público. Se por um lado este transporte se tornará muito atrativo, por outro ele precisa atingir um novo patamar, seja pela robustez, seja pela capacidade de manutenção e operação adequadas.

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Tarifa zero é compromisso com a qualidade da mobilidade (Jean Carlos)

No fim, se chega novamente à autoridade metropolitana. Associar a tarifa zero a esta nova forma de se gerenciar transporte tem a capacidade de transformar a maneira como nos deslocamos pelas diversas cidades, que na verdade, são um grande e único formigueiro humano.

Fonte: Metro CPTM

O FUTURO SUSTENTÁVEL DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA

“O Brasil caminha para a tendência mundial de eletrificação veicular e projeta a busca por outras soluções mais limpas para a mobilidade.”

Pensar em meios mais sustentáveis para a condução da mobilidade é um dos grandes desafios do século, e a eletromobilidade ganha notoriedade e, gradativamente, conquista o setor automotivo, seja para carros particulares, seja para caminhões, seja para ônibus. Os veículos movidos por combustíveis não renováveis também passam por reformulações para se tornarem mais sustentáveis, com o uso de materiais recicláveis e melhorias contínuas no desempenho, com o objetivo de reduzir o gasto e, consequentemente, a emissão de poluentes.

Não importa a variação dentro do ecossistema modal; o que chama atenção é como as empresas e os clientes aderem ao status de urgência para alternativas à degradação proporcionada pela emissão de gases poluentes.

Em novembro de 2022, foi realizada a 27ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, no Egito, e as iniciativas para aceleração da descarbonização estiveram entre as pautas favoráveis ao meio ambiente. Inclusive, o crescimento de combustíveis sustentáveis para atender às necessidades mundiais foi um dos pontos abordados recentemente pela ONU, no relatório Summary for Policymakers of the IPCC Working Group III, Climate Chance 2022: Mitigation of Climate Change, apresentado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

Estímulo para a transformação

Esses alertas lançados sobre os impactos provocados pelas emissões de poluentes, principalmente em encontros mundiais de liderança, se tornam estímulos para que o controle dos gases poluentes no meio ambiente seja uma realidade próxima. Na indústria automotiva, as iniciativas servem de incentivo para reforçar a preocupação com o tema, transformando a eletromobilidade e o investimento em materiais mais sustentáveis em senso comum.

Diante desse cenário, encontrar soluções de infraestrutura para atender a requisitos básicos para manter os veículos elétricos em circulação é uma realidade e abre caminho para pensarmos além. Com o avanço de estratégias para a descarbonização no ambiente automotivo, diversas iniciativas focadas na sustentabilidade também são testadas, como o hidrogênio e a energia solar.

Devemos destacar ainda os veículos movidos a célula de hidrogênio, um combustível que começa a despontar na Europa com alguns modelos de carros que já podem ser comprados com a tecnologia. Na Austrália, ônibus chegarão ao mercado no início de 2023, feitos pela Volgren, empresa do Grupo Marcopolo, em parceria com uma fabricante irlandesa especializada em tecnologia com hidrogênio, atuante na Europa e no Reino Unido. Em setembro de 2022, a multinacional brasileira também apresentou, durante um evento na Alemanha, o modelo Audace, direcionado para linhas rodoviárias de curta distância, além de serviços seletivos e fretamento. O veículo é movido a hidrogênio e tem peso bruto total (PBT) de 19 toneladas, capacidade para transporte de até 53 passageiros e autonomia de até 600 quilômetros.

Os veículos automotores oriundos de energia solar também estão presentes no cardápio de opções de combustíveis sustentáveis. Alguns carros já foram apresentados até no Brasil, e a tendência é que em um processo evolutivo, após os elétricos e a hidrogênio, a energia solar será um dos próximos combustíveis que conduzirão os carros a médio e longo prazos.

Enquanto essas tendências ainda estão em fase de testes, a eletrificação veicular caminha, gradativamente, em direção à descarbonização, contribuindo para que o setor automotivo não esteja mais entre os responsáveis pelas emissões de poluentes no planeta.”

CAPACIDADE DE REMOVER CARBONO DO AR COM TECNOLOGIA TEM DE CRESCER AO MENOS 30 VEZES ATÉ 2030

STELLANTIS COMEÇA 2023 NA LIDERANÇA NO BRASIL E ARGENTINA

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Stellantis começou o ano de 2023 na liderança no Brasil e na Argentina nos automóveis e nos comerciais leves. Em janeiro, a empresa teve uma participação de mercado de 31,5% no território nacional e de 32,1% no país vizinho.

A picape Fiat Strada e os Fiat Argo e Mobi, além do Jeep Compass, estão entre os dez modelos mais vendidos no mês no Brasil. Na Argentina, o Fiat Cronos foi o líder de vendas, seguido pelo Peugeot 208.

Além disso, a Fiat encerrou janeiro com 21,8% de market share no Brasil, com mais de 28,5 mil unidades emplacadas – uma alta de 1,9% na comparação com o mesmo mês de 2021.

Já a Jeep comercializou 8,5 mil unidades, com 6,5% na participação de vendas. O Compass retomou a liderança entre os SUVs médios no Brasil, com quatro mil emplacamentos, com 44,4% de market share entre os C-SUVs.

Peugeot e Citroën encerraram o mês com mais de 3,5 mil unidades vendidas e 2,7% de market share, enquanto a Ram registrou 592 emplacamentos e 0,5% das vendas totais.

Fonte: Valor.Globo

STARTUPS USAM TECNOLOGIA E INOVAÇÃO PARA ECONOMIZAR E PURIFICAR ÁGUA

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A crise hídrica no planeta está relacionada não só com a falta de sistemas de purificação de água seguros, mas também com as mudanças climáticas, a rápida urbanização e a poluição. Água e saneamento básico são considerados direitos humanos, mas um quarto da população mundial não tem acesso à água, segundo estudo conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Banco Mundial.

No Brasil, quase 35 milhões de pessoas vivem sem água tratada e 100 milhões não têm acesso a saneamento, de acordo com o Ranking do Saneamento 2022, do Instituto Trata Brasil. Diante desse panorama, a disponibilidade e gestão sustentável da água entraram na agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS). Buscando resolver o problema, várias startups criaram soluções tecnológicas voltadas para o uso sustentável da água.

A T&D Sustentável, startup especialista em gestão de recursos hídricos, oferece o Sistema de Economia de Água (SEA), que faz a gestão de grandes consumidores. A solução identifica melhorias, corrige falhas, monitora vazamentos em tempo real por meio de inteligência artificial e promete redução de gastos com água em até 70%. Desde que começou a atuar, em 2018, a empresa comunica que foram economizados mais de 280 milhões de litros de água potável, quantidade suficiente para abastecer uma cidade de 3 milhões de habitantes por um dia.

Além disso, mais de R$ 9,2 milhões de reais foram poupados pelos clientes, segundo a companhia. Essa economia é o que mantém a startup, que ganha 50% em cima do resultado obtido e não cobra taxas de contratação. “Antes do ESG, tem que vir o ROI (retorno sobre investimento). Se ele não existir, a conta não fecha. Então, o nosso cliente quando começa a economizar milhões de litros de água e a conscientizar pessoas [sobre o melhor aproveitamento da água], ele também está colocando dinheiro do próprio bolso”, afirma Camilo Torquato, CEO da T&D Sustentável.

A Wash Me, startup de gestão de lavagem ecológica de frotas, também trabalha para fazer economia de água e evitar a locomoção da frota, já que presta o serviço na área do cliente. No ano passado, a empresa declara que mais de 60 milhões de litros de água deixaram de ser gastos. O aplicativo da startup permite saber a quantidade de litros poupados e de carbono não emitido ao evitar a movimentação dos veículos para serem lavados.

Para diferenciar-se de outras empresas que prestam o mesmo tipo de serviço, a Wash Me investiu em governança. “Garantimos que a empresa iniciará a operação com as documentações em dia, com funcionários devidamente treinados e registrados e que os serviços de limpeza prestados estão dentro das normas de segurança”, diz o CEO, João Salvatori.

Startup de impacto socioambiental reconhecida pela ONU, a Sustainable Development And Water For All (SDW) disponibiliza tecnologias que dão acesso à água potável para comunidades remotas. Anna Luísa Beserra, CEO da SDW, diz que seus clientes são companhias que têm empreendimentos em áreas próximas a populações com necessidade de água e saneamento e decidem investir em projetos de responsabilidade social. Segundo ela, a cada R$1 investido por empresas em projetos da SWD, R$ 27 retornam para a sociedade.

Isso significa que essas ações conseguem economizar custos com saúde, saneamento, educação e proporcionam melhoria na qualidade de vida para essas comunidades, que têm alta vulnerabilidade social. Ainda assim, há resistências a esses projetos. “Temos uma problemática muito grande com a forma como essas empresas visualizam o investimento social. Elas querem investir o mínimo possível para o maior impacto possível”, diz.

Hoje, a SDW possui entre as tecnologias do seu portfólio o Aqualuz, equipamento de tratamento de água de cisternas que usa a radiação solar, o Sanuseco, banheiro sustentável sem necessidade de descarga para remoção de dejetos, e o Sanuplant, tecnologia complementar ao Sanuseco, voltada para o escoamento e tratamento do esgoto doméstico.

Fonte: Valor.Globo

P3C REALIZA PRÉ-EVENTO SOBRE IMPORTÂNCIA DA UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO

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Discussões nas mesas temáticas favoreceram reflexões sobre a relação estratégica do assunto com a projeção de cidades inteligentes.

“O que é preciso fazer para atingir a universalização do saneamento até 2033 que, no momento, abrange cerca de 33% dos municípios e 25% da população brasileira?” Na última quarta-feira, 08/02, Brasília recebeu o pré-evento do P3C – PPPs e Concessões sobre a Universalização do Saneamento – Novo Marco Legal. Transmitido ao vivo pelo canal oficial P3C no Youtube, o evento presencial contou com a participação de autoridades importantes dos setores da infraestrutura nacional: Mauricio Portugal Ribeiro, Sócio da Portugal Ribeiro Advogados, Verônica Sánchez da Cruz Rios, Diretora-Presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Jerson Kelman, Professor de Recursos Hídricos da COPPE-UFRJ .

Além da presença da Presidente da Trata Brasil, Luana Pretto, Gesner de Oliveira, Professor da FGV-SP, Mario Engler Pinto Jr., Presidente do Conselho de Administração da SABESP e CORSAN, Cleverson Aroeira, Analista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luiz Gustavo Kaercher Loureiro, Pesquisador sênior do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura – CERI da FGV-RJ, Karla Bertocco, Sócia da Mauá Capital e Percy Soares, Diretor Executivo da ABCON.

A programação integrou cinco mesas temáticas, cujos palestrantes geraram um debate construtivo e de alto nível sobre o cenário do setor de saneamento básico no Brasil, com análises críticas sobre as atuações dos poderes públicos e privados nesse âmbito, importância do cumprimento das premissas da Lei do Novo Marco Legal, instituída em 2020, para aceleração da universalização nacional dos serviços de água e esgoto até 2033. 

O encontro ainda teceu visões sobre a trajetória da ANA nesse contexto e o relacionamento da instituição com agências reguladoras locais, analisando dificuldades, destacando necessidades de melhorias e refletindo perspectivas para a construção de cidades mais inteligentes e inclusivas, com acesso facilitado e de qualidade a serviços essenciais, como água potável, coleta e tratamento de esgoto, gestão de resíduos sólidos etc.

“O objetivo foi reunir os principais atores dos ecossistemas de infraestrutura para amadurecer ainda mais as discussões sobre os propósitos do marco legal de saneamento básico e ressaltar sua importância para o alcance mais rápido de efeitos positivos para a saúde da sociedade e conservação do meio ambiente, possibilidade o desenvolvimento de cidades mais democráticas, resilientes e sustentáveis”, explica a idealizadora do P3C e CEO da Necta, Paula Faria.

Universalização do Saneamento e perspectivas de cidades inteligentes

Para o avanço de uma sociedade equilibrada, a cidade precisa evoluir conjuntamente, desenvolvendo uma espécie de sintonia sistêmica. A prestação de um serviço de saneamento universal e de qualidade integra o rol de atividades estratégicas de políticas urbanas para a implementação de uma cidade inteligente. Entretanto, os índices de habitantes brasileiros sem acesso à água e serviços de coleta e tratamento de esgoto ainda são alarmantes e ultrapassam casas de milhões.

“Não adianta falar de universalização, sem pensar em investimentos. Cada estado precisa pensar em como resolver uma situação para ter investimentos e alcançar a universalização, pensando em melhorar a qualidade de vida, que se traduz em melhorias”, afirmou, durante o evento, a presidente da Trata Brasil, Luana Pretto.

Nessa mesma linha de raciocínio, o professor de Recursos Hídricos da COPPE-UFRJ, Jerson Kelman, ressaltou que o “Novo Marco Legal tem chance de resolver gravíssimos problemas no país” e que medidas direcionadas às áreas social, econômica e ambiental devem ser “governadas a partir do setor público, por meio de novos contratos de concessão total ou  PPPs, visando atrair aportes do capital privado”, desenvolvendo administrações mais homogêneas, com segurança jurídica, e acelerando, com isso, as transformações necessárias para a conquista de cidades resilientes e promissoras.

Com isso, para a gestão de cidades inteligentes, necessita-se fortalecer medidas de acompanhamento e fiscalização, conforme ditames do Novo Marco Legal, da prestação de serviços de saneamento realizada pelos municípios de todo o Brasil. Já que, de acordo com o sócio da Portugal Ribeiro Advogados, Maurício Portugal Ribeiro, não há ainda “um caminho concreto para esses municípios atingirem a universalização e assumirem possíveis consequências”. 

“Com isso, é preciso que o Novo Marco estenda o seu braço para receber eventuais problemas”, ressaltou Ribeiro, que ainda destacou que uma medida eficiente para incentivar esse projeto de regionalização, resultando em uma maior adesão dos municípios à Universalização, seria a geração de incentivos à prefeituras e, consequentemente, haveria maior transparência na prestação de contas de ordem econômica e financeira.

O caminho não será fácil. “Temos que dobrar o patamar de investimentos em Saneamento (para cerca de R$ 36 bilhões)” para mudanças de contextos, ressaltou o Professor da FGV, Gesner de Oliveira, que ainda sugeriu a proposta de formulação de um ranking de qualidade de agências de regulação para auxiliar a transformação desse cenário nacional. 

Além disso, está em jogo a necessidade da elevação de investimentos institucionais públicos e privados em soluções técnicas, operacionais (incluindo, a revisão e valorização do projeto Tarifa Social da água para garantia de acesso facilitado a esse bem essencial pelas populações mais vulneráveis, como apontou a presidente da ANA), de infraestrutura, inovação e capacitação de agentes para a construção de um ecossistema de cidade inteligente justo, integrado e autossuficiente. 

P3C

Uma realização da Necta e da Portugal Ribeiro Advogados, com correalização da B3, a agenda Universalização do Saneamento – Novo Marco Legal integra o P3C que é o principal evento multissetorial sobre infraestrutura com o propósito de tornar o ambiente de negócios mais previsível e seguro para os investidores no Brasil. O P3C será realizado entre os dias 27 (premiação) e 28 de fevereiro (conferência), respectivamente, na B3 e no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Para informações sobre a programação e inscrições, acesse o portal do evento. 

 

ESPECIALISTAS E AUTORIDADES DEFENDEM MANUTENÇÃO DE CONQUISTAS DO MARCO LEGAL DO SANEAMENTO BÁSICO

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Especialistas e autoridades ligadas ao setor de saneamento afirmaram que é possível aperfeiçoar o marco legal do saneamento básico, mas que a prioridade do país será evitar retrocessos que dificultem a universalização dos serviços de água e esgoto até 2033. Nesta quarta-feira (8), eles participaram da abertura do evento “Universalização do Saneamento – Novo Marco Legal”, iniciativa preparatória à conferência e ao prêmio P3C, que devem ser realizados nos dias 27 e 28 de fevereiro. A organização é da Necta, com apoio da B3 e da Portugal Ribeiro Advogados.

Mais de 100 milhões de brasileiros não têm coleta e tratamento de esgoto e 35 milhões não têm acesso à água potável, de acordo com o SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Segundo Jerson Kelman, professor de recursos hídricos na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), uma das principais causas do fracasso de políticas públicas no Brasil é a descontinuidade delas devido a mudanças na administração pública. Desde a vitória eleitoral do presidente Lula, há pressões de parte do setor, ligada a empresas públicas, para que sejam feitas mudanças no marco legal.

O especialista lembrou que o marco legal foi aprovado em 2020 e que tem chance de resolver a falta de acesso dos brasileiros a água e esgoto tratados. Por isso, diz que não é preciso rediscutir o modelo que facilita maior participação da iniciativa privada para garantir o cumprimento das metas de universalização. “É evidente que o Tesouro é incapaz de prover os investimentos necessários para chegar à universalização. Nós temos um problema fiscal. O aporte de investimentos privados seria bom.”

Velocidade
Karla Bertocco, sócia da Mauá Capital, lembrou que o novo marco legal do saneamento estabelece que, até 2033, 99% da população brasileira deverá ter acesso à água tratada e 90% à coleta e tratamento de esgoto. Ela considera as metas de universalização conquistas das quais o país não pode abrir mão.

“O ano de 2033 está logo ali. Dez anos não são suficientes para fazer todo o investimento para avançar o que a gente precisa quando você olha para a velocidade do passado. A gente vê o marco como uma forma de ganhar velocidade para alcançar essas metas, porque parece inimaginável os habitantes do país um dia a mais sequer do que isso.”

Um dos organizadores do evento, o advogado Mauricio Portugal Ribeiro afirmou que a manutenção do marco legal do saneamento básico é questão central para o país e que, sem essa legislação, a universalização dos serviços não será possível. “Os efeitos do ponto de vista de saúde pública e ambiental são muito importantes. O novo marco legal é uma conquista da sociedade brasileira. Apesar de ter sido aprovado no governo anterior, não é uma pauta só do governo anterior, mas da sociedade brasileira”, destacou.

Espinha dorsal
A presidente do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, defendeu que a “espinha dorsal” do marco não seja alterada, porque dela depende a universalização dos serviços de saneamento, a melhoria de vida dos mais pobres e, também, do meio ambiente. “A gente fala de um programa de inclusão social. A universalização poderia tirar 37 milhões de pessoas da pobreza. É um grande programa, que não depende de governo a, b ou c. Vamos deixar de lançar 5.500 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento na natureza.”

O sócio da GO Associados e doutor em economia, Gesner Oliveira, sugeriu que a sociedade civil crie uma organização para acompanhar de perto a implementação do marco no país. “Talvez deveríamos organizar um grupo de pessoas para contribuir de forma sistemática, avançar onde for possível, evitar retrocessos e, principalmente, colocar esse debate na opinião pública.”

Paixões ideológicas
Mario Engler Pinto Jr., presidente do conselho de administração da Sabesp, ressaltou que o debate em torno do saneamento básico deve deixar de lado as paixões ideológicas e o corporativismo. Somente assim será possível desenvolver o setor, avalia.

“A discussão séria, por especialistas, de quem realmente quer fazer acontecer esses objetivos, tem que deixar de fora isso, porque se esse for o drive da discussão, o risco de não se chegar a bons resultados é muito grande. Ideologia e corporativismo não podem guiar qualquer ideia de mudança no novo marco legal.”

Já o presidente da Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento), de Campinas, Manuelito Pereira Magalhães Jr., destacou que é preciso pensar o saneamento em harmonia com outras mudanças que estão ocorrendo. “Precisamos engajar o saneamento na transição climática, na transição energética e também na transição digital. O saneamento não é à parte do mundo. Precisamos olhar para o saneamento como podemos fazer dele instrumento de adaptação a essa nova realidade.”

Fonte: Agência Infra

CARROS ELÉTRICOS RESPONDERÃO POR 55% DAS VENDAS NO BRASIL EM 2040, DIZ ESTUDO

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O Brasil tem potencial para se tornar um dos grandes mercados globais de carros elétricos. A posição de destaque do país na transição para a mobilidade elétrica foi confirmada pelo estudo “Acelerando a mudança rumo à Mobilidade Sustentável no Brasil, da McKinsey & Company”, que trouxe dados muito interessantes sobre o perfil do consumidor e um futuro promissor nesse campo, desde que as transformações necessárias ocorram.

Em primeiro lugar, a pesquisa realizada nos principais centros urbanos do país mostra o que já havia sido indicado em outras análises: o brasileiro é mais suscetível às questões ambientais e sustentáveis, sobretudo ao carro elétrico, na comparação com outros países. Mas há dois pontos de divergência aqui: o preço de aquisição e a previsibilidade de recarga em rodovias, durantes as viagens.

Nesse ponto, a análise da McKinsey traz muitos dados interessantes sobre o perfil dos brasileiros:

  • 44% buscam uma alternativa sustentável para os deslocamentos (33% na média global)
  • 24% se consideram entusiastas da mobilidade limpa (18% na média global)
  • 26% pretendem que o próximo carro seja sustentável (15% elétrico a bateria e 11% híbrido)

O interesse do público brasileiro pelos veículos elétricos é tão significativo que 30% comprariam um veículo elétrico mesmo sem uma opção de recarga em casa. Além disso, 55% estariam dispostos a pagar entre 5% e 20% mais caro por eles, na comparação com um modelo a combustão equivalente, ainda que 40% deles informe que o preço é uma das maiores preocupações.

Frota de 11 milhões em 2040

De acordo com o estudo da McKinsey, o Brasil terá uma frota com 11 milhões de carros elétricos a bateria em circulação em 2040, um volume que representará 55% das vendas de veículos 0 Km no país – em 2022, a participação dos elétricos a bateria foi de apenas 0,4% no total de emplacamentos.

Confira abaixo a previsão de evolução da participação nas vendas:

  • 2% em 2025
  • 22% em 2030
  • 35% em 2035
  • 55% em 2040

Custo de propriedade

O estudo também apurou que o Custo Total de Propriedade de carros elétricos está em queda na comparação com os modelos a combustão. No caso do segmento médio (com preço entre R$ 200 mil e R$ 400 mil), o custo do elétrico já é inferior para quem roda mais de 150 km/dia. Mas a tendência é que por volta de 2030, esse custo já seja mais vantajoso para os carros elétricos mais acessíveis, o que ajudará na disseminação desses veículos.

Em termos de emissões, a vantagem é clara para os carros elétricos a bateria, que têm um volume de emissões durante o ciclo de vida por veículo entre 10 e 14 toneladas de CO2, enquanto os veículos convencionais emitem de 17 a 44 toneladas de CO2 durante sua vida útil.

Tudo isso mostra que o Brasil tem grande potencial na transição para a mobilidade sustentável, seja pelo grande interesse do público, como pela matriz energética mais limpa. Mas a jornada depende ainda de um grande esforço que envolva governos, sociedade e transformação da indústria.

Incentivos

Nesse ponto, o estudo indica quatro pilares fundamentais para avançar na eletrificação:

  • incentivos para o comprador de carro elétrico
  • política de incentivo industrial
  • investimentos constantes na infraestrutura de recarga
  • adequação da infraestrutura de geração e transmissão de energia

Além de aprimorar os incentivos à produção e aquisição de carros elétricos, o Brasil também precisa desenvolver uma infraestrutura de energia para comportar o crescimento nas vendas desses veículos. No entanto, o estudo conclui que a geração e transmissão de energia provavelmente não serão muito afetadas pelo crescimento da mobilidade elétrica: o aumento no consumo energia corresponderá a cerca de 3% da energia gerada por ano, em valores atuais.

Mas a infraestrutura de carregamento se impõe como um desafio, que precisará de incentivos para a instalação de carregadores residenciais e comerciais, bem como constante ampliação da rede pública: o estudo estima que seria necessário um crescimento de 45% ao ano até 2040 para comportar o avanço da frota de carros elétricos no país.

Mercado bilionário

Por fim, com base na experiência de grandes mercados como China, Europa e Estados Unidos, a análise conclui que a transição para a mobilidade elétrica irá gerar grandes oportunidades de negócio. Em 2022, esse mercado gerou receitas de US$ 1 bilhão aqui no Brasil, número que irá quadruplicar até 2025 e alcançar US$ 65 bilhões em 2040.

Fonte: Insideevs

NOVA FERRAMENTA PERMITE A EMPRESAS AVALIAR TRAJETÓRIA PARA A SUSTENTABILIDADE

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Solução criada pelo BCSD Portugal pretende ajudar as empresas a posicionarem-se na jornada para a sustentabilidade, para cumprirem os objetivos ESG até 2030

O BCSD Portugal vai disponibilizar no final de fevereiro uma nova ferramenta online que vai permitir às empresas fazer o diagnóstico da sua posição no caminho para a sustentabilidade e também acompanhar esse caminho através de um roadmap disponibilizado para cada empresa.

Na plataforma Jornada 2030, as empresas são convidadas a responder a um questionário com diversas perguntas, que no final dá o posicionamento nesta caminhada para cumprirem os critérios ESG (ambiental, social, governação). A ferramenta coloca questões sobre a caracterização da empresa, cultura empresarial, estratégia, sobre o plano de ação, comunicação e stakeholders, e mais especificamente sobre os critérios ambientais sociais e de governação implementados.

Após responder a tudo, um painel geral dará o posicionamento da mesma na jornada para a sustentabilidade, composta por seis etapas: despertar, conhecer, construir, comunicar, consolidar, coliderar. Ficará também disponível uma matriz de prioridades com sugestão de ações a implementar.

A parte de diagnóstico geral estará disponível para todas as empresas, mas a parte mais concreta de avaliação das áreas ambiental, social e de governação destina-se apenas às empresas signatárias do BCSD, estando já acessível às mesmas. Porém, a plataforma não terá quaisquer custos nos primeiros dois anos.

“Queremos que as empresas possam experimentar, responder a um primeiro questionário de autoavaliação e explorar os conteúdos. Depois, há um acesso reservado para entidades signatárias e estas poderão aí fazer a gestão efetiva dos indicadores, como estão a evoluir em termos ambientais, sociais e de governance, verem que oportunidades têm de melhoria e o que podem fazer, etc.”, explica ao Negócios Maria João Coelho, Head of Sustainability Knowledge do BCSD Portugal.

Um levantamento feito recentemente pelo BCSD, junto de 67 empresas portuguesas, permitiu, entretanto, aferir que a maioria está ainda nas primeiras etapas da Jornada 2030: despertar (21%), conhecer (46%), construir (21%), comunicar (1%), consolidar (6%), coliderar (4%).

“Percebemos que 67% das empresas estão a despertar ou então a começar a fazer o diagnóstico, a conhecer os stakeholders, etc. e depois 21% estão na fase da construção. Isto significa que 88% estão ou a dar os primeiros passos ou a conhecer a sua organização e impactos ou a construir o plano de ação”, destaca Maria João Coelho sobre o estado em que se encontra o setor empresarial português rumo à sustentabilidade, acrescentando que “só as maiores é que estão nas fases mais adiantadas enquanto que as PME e as micro empresas estão nas fases iniciais”.

Os temas mais tratados pelas empresas são os resíduos, questões relacionadas com a prevenção, saúde e segurança e gestão da água. “Estes são os temas clássicos que as empresas começaram a endereçar por causa também das exigências da própria legislação”, sublinha a responsável.

Este levantamento permitiu também perceber que 93% das empresas já têm compromissos ao nível da missão, mas apenas 55% têm uma estratégia delineada. Entretanto, 73% já têm um responsável, equipa ou departamento dedicado aos temas da sustentabilidade, porém, quando se trata de ação, as percentagens são mais baixas. Por exemplo, apenas 37% das empresas já têm um plano de ação com indicadores de monitorização, calendarização e alocação de responsabilidades.

Fonte: Jornal de Negócios

A NOVA ERA DAS “SMART CITIES”: A ESFERA HUMANA DAS CIDADES INTELIGENTES E SUSTENTÁVEIS

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A cidade inteligente deve propiciar ao cidadão que ali vive uma qualidade de vida melhor, reconhecida a partir de serviços públicos de qualidade, ofertados com nível de eficiência, transparência, agilidade e facilidade.

Embora o conceito de cidade inteligente não seja novo, no Brasil ele se tornou mais evidente a partir de 2020, com a publicação da Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, que dispõe de diretrizes para o planejamento de políticas públicas e infraestrutura sustentáveis para as cidades. O conceito de “smart city” é amplo e engloba diversos aspectos. Apesar de não haver um consenso para a definição de uma cidade inteligente, o uso de tecnologia sempre aparece como fator de viabilização para o aumento da eficiência de serviços, conectividade de setores e pessoas e fornecimento de dados que confiram inteligência à gestão.

Considerando a visão de diversos autores, artigos e publicações, podemos concluir que a cidade inteligente deve propiciar ambientes de inovação, integração, crescimento econômico, serviços públicos eficientes e uma melhor qualidade de vida para o cidadão, sendo que para se atingir estes objetivos, o uso de tecnologia é fundamental. 

No contexto brasileiro com base na visão da “Carta Brasileira para as Cidades Inteligentes”, o texto apresenta uma visão abrangente, incluindo dimensões de governança, aspectos socioculturais, gestão colaborativa, redução de desigualdade, sendo um dos conceitos de cidade inteligente mais completos que eu já li.

É interessante perceber que as primeiras referências ao termo cidade inteligente já incluíam a utilização da tecnologia para a resolução de problemas nas cidades e a capacidade de processamento dos dados da gestão urbana, destacando-se, porém, que a tecnologia constitui o meio pelo qual as informações são processadas, e não o fim por si só. 

A tecnologia revolucionou nossas vidas e as cidades. Com a popularização da internet, o acesso a serviços tornou- se mais ágil, possibilitando um crescimento de plataformas de serviços. Além disso, empresas de base tecnológica começaram a desenvolver sistemas específicos para auxiliar na resolução de problemas nas cidades. Outro ponto interessante é que os próprios sistemas de gestão urbanos começaram a ser desenvolvidos e utilizados para o planejamento e para a gestão das cidades. 

Em 2008, a IBM, uma das empresas pioneiras no desenvolvimento de soluções para cidades inteligentes e líder do segmento, aprovou o projeto IBM Smarter Planet que previa o desenvolvimento de rede e sensores de inteligência nas cidades, os IoTs, um marco para as smart cities. 

Muitas cidades brasileiras têm iniciado um movimento de implementação de medidas a fim de se tornarem mais inteligentes, como a troca de lâmpadas de led, instalação de câmeras de segurança, implementação de wi-fi público, disponibilização de serviços públicos nos portais, entre outras. Apesar de todas essas ações serem benéficas e contribuírem para a evolução da transformação e digitalização da cidade, ainda observamos dificuldades na obtenção de melhores resultados que tragam impacto para a vida da população. 

A cidade inteligente deve propiciar ao cidadão que ali vive uma qualidade de vida melhor, reconhecida a partir de serviços públicos de qualidade, incluindo uma maior facilidade na locomoção, uma sensação efetiva de segurança pública, enfim, uma percepção de que as medidas tomadas beneficiaram a vida do cidadão na utilização dos serviços ofertados com nível de eficiência, transparência, agilidade e facilidade. 

Apesar de os projetos de tecnologia serem implementados, o cidadão muitas vezes não percebe uma melhoria na sua qualidade de vida. Existem localizações de “privilégio”, em que a qualidade percebida é mais evidente. Em outros casos, há falta de informação, os serviços não são eficientes, e, ainda, a prefeitura carece de novos processos que deveriam estar atrelados à governança digital para permitir um avanço condizente às tecnologias e IoTs instalados.

Um dos desafios é a integração dos dados que possibilitam ao gestor público identificar de maneira mais ampla os principais problemas da cidade, buscando uma tomada de decisão mais assertiva com base em dados estratégicos. Outro problema é que, além de não estarem conectados entre si, os projetos com foco tecnológico para cidades inteligentes não contemplaram as complexidades e particularidades de cada região. 

Percebemos que os avanços tecnológicos estão no centro do desenvolvimento de cidades mais inteligentes. Entretanto, o planejamento de ações envolvendo cidades inteligentes deve abordar não somente a implementação de soluções tecnológicas, IoTs, aplicativos ou centrais operacionais de controle, que visam a eficiência e o fornecimento de dados para a gestão, mas também, um planejamento de políticas públicas de longo prazo que contemplem e antecipem os problemas da cidade buscando melhorar a qualidade de vida do cidadão. 

 Além disso, ao analisarmos os principais rankings de cidades inteligentes no mundo, percebemos que os indicadores que balizam os índices incluem dimensões humanitárias que constituem uma nova era para as cidades inteligentes. Indicadores como o capital humano, a educação, a cultura, a governança, a liderança e o planejamento, conferem às cidades um status de inteligência mais participativa que contribui com o desenvolvimento de políticas públicas mais sustentáveis. Assim, enquanto as smart cities amadurecem em um novo contexto tecnológico, dinâmico e acelerado, podemos repensar o planejamento das cidades com a colaboração e a participação cidadã.

Embora a tecnologia seja o principal fator de inteligência para as cidades, as cidades funcionam a partir de processos dinâmicos e trocas entre os diversos atores, cidadãos e setores, representando sistemas complexos que devem ser interligados, como ecossistemas vivos em constante evolução. Por isso, a esfera humanitária deve ser considerada para a construção de comunidades melhores, onde haja inclusão digital, educação e a formação de pessoas e lideranças que poderão contribuir para o desenvolvimento mais sustentável das cidades. 

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities