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Cidades reforça importância da governança climática

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Representantes da pasta participaram do 2º encontro Cidades Verdes Resilientes para debater a agenda do clima no Brasil

Autoridades, especialistas e sociedade civíl se reuniram, nesta quarta-feira (9), em Brasília, para apresentar a construção da governança climática brasileira no 2º encontro Cidades Verdes Resilientes. Organizado pelo Ministério das Cidades, em conjunto com as pastas do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o evento debateu questões estratégicas a respeito da agenda do clima no Brasil.

Coordenado pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), responsável pelo monitoramento de políticas e supervisão do Plano Clima, o encontro faz parte das atividades do seminário “A Governança Climática que o Brasil Precisa”, que acontece entre terça (9) e quinta-feira (11). As discussões envolvem a adaptação e mitigação climática, financiamento, instrumentos econômicos e avaliação do Plano Clima.

O Brasil tem avançado na construção de uma governança climática mais articulada, participativa e com resultados. Reflexo disso é o fortalecimento do federalismo climático no país, a realização da COP30, em Belém, e a adesão à Coalizão para Ação Climática Multinível de Alta Ambição (CHAMP). A última iniciativa, lançada na COP28, reforça o compromisso brasileiro em colocar a mudança climática ao centro da agenda de governo, tema de um dos painéis do evento.

“Tentamos elaborar uma série de agendas de trabalho e também aderimos à CHAMP, que reflete o DNA do Ministério das Cidades, de conversar com as cidades e ouvir o que elas querem. Então, começamos a trabalhar em uma agenda climática que olhe para os territórios urbanos, trate de floresta, de desmatamento, mas que olhe sobretudo para as nossas cidades. E não apenas na ótica da adaptação, mas também da mitigação e dos meios de implementação”, disse o chefe da Assessoria Internacional do Ministério das Cidades, embaixador Antônio Costa e Silva.

“As nossas cidades têm que ser mais verdes e menos cinzas. Tem que ter novas tecnologias, novas formas de olhar o que fazemos nas cidades e de forma mais integrada com os desafios que a agenda climática nos coloca. O desafio é fazer com que o cidadão comum também perceba que essa agenda é importante para ele e sua vida cotidiana. É preciso maior participação das cidades e da comunidade nessa importante agenda internacional. Nessa COP30, todos falam que será a COP da floresta, mas esperamos que seja a COP das cidades”, acrescentou.

O evento também contou com paineis sobre federalismo climático, detalhando o Programa Cidades Verdes Resilientes (PCVR), e sobre as ações para transformar às cidades. Neste sentido, o Ministério das Cidades coordena o Plano Clima Adaptação – Cidades, focado nos riscos e vulnerabilidades climáticas dos municípios.

“Estamos inserindo lentes climáticas nas nossas políticas, desde saneamento e mobilidade até habitação. A ideia da justiça climática está sendo qualificada, especialmente para as pessoas mais vulneráveis. Acreditamos que não conseguimos construir sozinhos a política de desenvolvimento urbano, então temos que dar as mãos e buscar aperfeiçoamentos para atingir todos esses objetivos”, reforçou o diretor de Adaptação das Cidades à Transição Climática e Transformação Digital do Ministério das Cidades, Yuri Della Giustina.

“Nessa linha, nos últimos dois anos trabalhamos no Plano Clima setorial Cidades, tanto na mitigação quanto na adaptação. São ao todo 61 ações que delineamos, então damos o recado para que os municípios que forem elaborar seus próprios planos climas possam se espelhar e ter como referência o plano nacional”, explicou o diretor.

O financiamento das iniciativas em prol de cidades verdes resilientes pelo Brasil também foi assunto durante o evento. O Ministério das Cidades trabalha com duas formas de financiamento e apoio ao desenvolvimento urbano integrado, o Pró-Cidades e o Cidades Melhores.

“O Pró-Cidades é um programa de financiamento com recursos do FGTS, no qual temos uma seleção contínua no ano inteiro e R$ 1,6 bilhão disponíveis para o desenvolvimento urbano integrado. O programa tem duas modalidades, uma de reabilitação urbana e outra de cidades inteligentes, com o diferencial de poder ser financiado tanto para o setor público como para o privado e taxa de 6% ao ano”, detalhou a diretora da estruturação de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do Ministério das Cidades, Cristiana Scorzza.

“Já o Cidades Melhores, com recurso do OGU, também cuida do desenvolvimento urbano integrado, mas através de indicações de emendas parlamentares e dentro da plataforma Transfere Gov”, completou.

Edital Periferias Verdes Resilientes

O ministro das Cidades, Jader Filho, participou da mesa de abertura do evento, ao lado de autoridades como a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e a ministra da Cultura, Margareth Menezes.

Durante a apresentação, o ministro anunciou as propostas selecionadas no primeiro edital Periferias Verdes Resilientes, da Secretaria Nacional de Periferias. A iniciativa irá destinar R$ 15,3 milhões para apoiar a implementação de projetos de Soluções Baseadas na Natureza (SBN) para adaptação das periferias urbanas às mudanças climáticas, por organizações da sociedade civil.

As sete propostas selecionadas irão beneficiar comunidades de Rio de Janeiro (RJ), Santo André (SP), Belo Horizonte (MG), Colombo (PR), Fortaleza (CE), Olinda (PE) e Belém (PA).

Além disso, foi anunciada a abertura do Edital AdaptAção, programa em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro que irá selecionar propostas de 50 municípios para atualização das políticas públicas para adaptação climática.

Foram ao todo sete anúncios e lançamentos feitos durante o evento, incluindo apresentação das Câmaras Temáticas do CIM e a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica com o Instituto Rui Barbosa para implementação da iniciativa AdaptaCidades.

A programação do seminário “A Governança Climática que o Brasil Precisa” continua nesta quinta-feira (11), com reuniões das Câmaras Temáticas do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), painéis temáticos do Programa Cidades Verdes Resilientes e plenarinhos sobre temas relacionados.

Na terça-feira (9), o evento contou com uma reunião do Comitê Gestor do Programa Cidades Verdes Resilientes e do grupo de coordenação nacional da Constituency LGMA (Local Governments and Municipal Authorities), além de um laboratório de ação climática.

Fonte: Ministério das Cidades.

FGV inaugura centro de referência em governança ambiental e sustentabilidade

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Novo CEPID da FAPESP é lançado a dois meses da COP30; expectativa é que se torne uma referência internacional em soluções inovadoras para os desafios ambientais

José Tadeu Arantes | Agência FAPESP – No contexto da emergência climática e a dois meses da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV) acaba de inaugurar o FGVEarth, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) em Governança das Mudanças Ambientais Globais financiado pela FAPESP. A expectativa é que se torne uma referência internacional em soluções inovadoras para os desafios ambientais.

Segundo o coordenador do novo CEPID, José Antônio Puppim de Oliveira, as condições para isso estão dadas. “Já começamos com cerca de 30 pesquisadores, além de pós-doutorandos e doutorandos. Nossa missão é disseminar o conhecimento gerado por meio de seminários, workshops, relatórios e também de interações diretas com empresas e formuladores de políticas públicas”, disse.

Puppim falou à Agência FAPESP por ocasião da cerimônia de lançamento do FGVEarth, que ocorreu na sede da EAESP na última quinta-feira (11/09). Professor pesquisador da FGV, ele também é docente colaborador da Universidade Fudan (China) e da Universidad Andina Simón Bolívar (Equador). E foi diretor assistente e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados sobre Sustentabilidade da Universidade das Nações Unidas no Japão (2009-2015).

A iniciativa integra o programa da FAPESP que financia projetos de longa duração e alto impacto, articulando pesquisa de excelência, formação de recursos humanos e transferência de conhecimento para a sociedade. A cerimônia de lançamento teve a presença do gestor do programa, o físico Luiz Nunes de Oliveira, que apontou uma característica marcante do FGVEarth. “O que considero notável é que o pessoal do centro está trabalhando com uma lógica de baixo para cima. Em vez de pensar apenas em negociações de alto nível entre os governos dos países, eles estão colocando em primeiro plano soluções pequenas, que envolvem cidadãos, empresas, cidades e podem escalar e gerar efeitos de alcance global”, afirmou.

A originalidade de algumas soluções fica clara nas três metas de pesquisa de um dos núcleos do novo CEPID. “Decrescimento”: investigar como a vida em comunidades sustentáveis intencionais (ecovilas) promove práticas de decrescimento para compreender os fatores culturais, emocionais e materiais do comportamento sustentável. “Durabilidade de Produtos”: examinar como produtos de alta qualidade e duráveis podem promover o consumo sustentável ao reduzir o desperdício. “Socialização Reversa”: investigar como as crianças podem atuar como agentes de mudança, influenciando as práticas de consumo sustentável de seus pais por meio de apelos emocionais e do papel de modelo.

Essas metas apontam no sentido exatamente contrário ao do paradigma que levou o mundo ao impasse atual, baseado no crescimento sem limites, no consumo desenfreado e no descarte irresponsável.

Irradiação internacional

A capacidade de irradiação internacional da nova perspectiva foi ressaltada por dois especialistas estrangeiros presentes no evento: a colombiana Maria Alejandra Gonzalez-Perez, professora da Universidad EAFIT (Colômbia) e integrante da equipe de pesquisadores do FGVEarth, e o indiano Govindan Parayil, professor da University of South Florida (Estados Unidos) e membro do Conselho Consultivo do FGVEarth.

“Este centro é crucial porque o Brasil volta a se visibilizar como capital ambiental do mundo, a exemplo do que ocorreu por ocasião das conferências Rio-92 e Rio+20. O fato de São Paulo sediar uma instituição desse porte envia ao mundo um sinal de longo prazo: que acreditamos na ciência e em decisões informadas; e que queremos produzir nosso próprio conhecimento, para depois irradiá-lo por meio de redes internacionais”, argumentou Gonzalez-Perez em depoimento à Agência FAPESP.

E Parayil acrescentou: “O FGVEarth é ambicioso ao criar um centro de excelência que mostra como o Brasil pode assumir liderança no enfrentamento das mudanças ambientais globais, especialmente em benefício dos países em desenvolvimento. Espero contribuir com minha experiência em inovação para energia sustentável, ajudando a avançar na transição para fontes renováveis”.

A inauguração do novo CEPID ocorre a apenas dois meses da COP30, que começa em 10 de novembro em Belém, no Pará. Os pesquisadores do FGVEarth pretendem ter protagonismo nesse fórum internacional, especialmente na implementação de políticas ambientais no âmbito do Sul Global.

Em conferência realizada na véspera do lançamento do FGVEarth, Gonzalez-Perez declarou que “o mundo está diante de uma bifurcação: seguir no caminho do ‘business as usual’, com impactos acelerados e perda de confiança na governança, ou iniciar uma revolução na implementação, com justiça no centro das decisões e inovação em escala”.

Segundo a especialista, das 1.500 políticas climáticas globais analisadas depois do Acordo de Paris, de 2015, apenas 63 resultaram em reduções significativas de emissões. Além disso, há um déficit financeiro anual de US$ 6,3 trilhões para viabilizar a transição climática, evidenciando a distância entre os compromissos assumidos e sua execução real. “Este ano, 2025, será um ‘momento da verdade’ para a ação climática global”, pontuou.

Com o compromisso de “fazer diferença”, o FGVEarth estruturou-se em seis núcleos temáticos, cada um voltado a uma dimensão estratégica da governança ambiental: instituições para inovações, práticas empresariais, economia do meio ambiente global, marketing e comportamento do consumidor, liderança e cidades. Os escopos e as metas de cada núcleo foram apresentados pelos respectivos coordenadores durante o evento de lançamento. E podem ser conhecidos de forma resumida no site do FGVEarth.

“A nossa proposta de inovação não é tecnológica, no sentido de gerar patentes, mas sim uma inovação na maneira de pensar, agir, criar políticas públicas e ferramentas de gestão, tanto no âmbito das organizações públicas e privadas quanto na escala individual. E não se trata apenas da crise climática. Mas do conjunto das mudanças ambientais globais, envolvendo perda de biodiversidade, desertificação, poluição por plásticos, prospecção de minerais críticos para a transição rumo à sustentabilidade”, resumiu Puppim.

Além do coordenador-geral do novo CEPID e de Nunes, a mesa do evento de lançamento do FGVEarth contou com as presenças de Tales Andreassi, vice-diretor da EAESP-FGV, Thomaz Wood Jr., coordenador de Pesquisa da FGV, e Tamara Marques, coordenadora de Parcerias Internacionais da FGV.

Da esquerda para a direita: Thomas Wood Jr, coordenador de Pesquisa da FGV, Tamara Marques, coordenadora de Relações Internacionais da FGV, Luiz Nunes de Oliveira, gestor do Programa CEPID FAPESP, Tales Andreassi, vice-dirertor da EAESP-FGV e José Antônio Puppim de Oliveira, coordenador do novo CEPID (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

Mais informações podem ser acessadas no site da FGVEarth: eaesp.fgv.br/centros/center-innovation-research-and-diffusion-cepid-governance-global-environmental-changes/sobre.

Fonte: Agência FAPESP

Cidade CSC 2025 reúne em São Paulo o maior evento de cidades inteligentes da América Latina

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O evento, que acontece de 23 a 25 de setembro no Expo Center Norte, tem como objetivo conectar cidades de norte a sul para transformar o futuro do país

Entre os dias 23 e 25 de setembro de 2025, São Paulo será palco do Cidade CSC 2025, o maior evento de Cidades Inteligentes da América Latina. Realizado no Expo Center Norte, no Pavilhão Vermelho, o encontro reunirá em um mesmo espaço quatro grandes eventos que vêm transformando a forma como pensamos o futuro das cidades: Connected Smart Cities, Air Connected, Parque da Mobilidade Urbana e CSC GovTech.

Com uma programação diversa, o Cidade CSC 2025 deve atrair oito mil participantes presenciais e contará com mais de quinhentos palestrantes distribuídos em mais de 25 palcos simultâneos. Serão vinte mil metros quadrados dedicados a experiências, conteúdos e soluções inovadoras para os desafios das cidades brasileiras.

Leia mais: Protagonismo das mulheres marca programação do Cidade CSC 

As discussões vão percorrer temas centrais para o desenvolvimento urbano, como tecnologia, conectividade, segurança, economia azul, urbanismo sustentável, inclusão social, resiliência das cidades, inovação digital, governança de dados, sustentabilidade tecnológica, educação e segurança cibernética. Também estarão em pauta a mobilidade aérea urbana, as conexões entre cidade e aeroporto, além de debates sobre mobilidade ativa e compartilhada, energia verde no transporte, planejamento urbano, logística, acessibilidade e tendências emergentes.

Além da programação de conteúdos e palestras, o Cidade CSC 2025 também aposta em experiências que ampliam a vivência dos participantes. O evento contará com uma ampla rede de espaços de apoio e conexão, como coworking, meeting point, sala VIP, áreas de amamentação, espaço kids, ambientes de descompressão e sensoriais, além de iniciativas inovadoras como a presença de cães de terapia. Para estimular a interação, o público poderá participar de atividades imersivas que vão desde apresentações culturais até experiências ligadas à mobilidade sustentável, como o simulador de trem, o pedal sensorial e a vivência das ruas completas e nas ruas tecnológicas, reforçando a proposta de um evento que conecta conhecimento, inovação e bem-estar.

Leia mais: Conheça ações interativas do Cidade CSC

Mais do que um evento, o Cidade CSC 2025 se consolida como um espaço de convergência entre gestores públicos, empresas, pesquisadores e a sociedade civil. A proposta é criar um ambiente único para troca de experiências, construção de parcerias e desenvolvimento de projetos capazes de transformar o presente e o futuro das cidades brasileiras. A menos de um mês da abertura, o evento já se destaca como um dos mais relevantes pontos de encontro para quem acredita no poder da inovação e da colaboração na construção de um Brasil mais inteligente, humano e sustentável.

Saiba mais sobre o evento, clique aqui

Londres e as Lições do City Leaders: Formação Internacional para Cidades Inteligentes

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Entre os dias 1º e 5 de setembro de 2025, participei do City Leaders, programa internacional de capacitação sediado na University College London (UCL), promovido em parceria com a Connected Smart Cities. Estar em Londres, no coração de uma das universidades mais prestigiadas do mundo, classificada em 8º lugar no QS World University Rankings e referência global em inovação urbana, foi, ao mesmo tempo, um reconhecimento à trajetória de Criciúma no cenário de cidades inteligentes e uma grande responsabilidade pessoal e profissional.

A seleção para o City Leaders não se restringiu a um simples processo de inscrição. O programa foi desenhado para reunir 40 gestores públicos, lideranças políticas, especialistas e profissionais do setor privado que estão na linha de frente da transformação urbana no Brasil. Ser parte desse grupo é assumir o compromisso de trazer de volta experiências, reflexões e caminhos possíveis para a construção de cidades mais humanas, sustentáveis e tecnologicamente preparadas para o futuro.

O valor da certificação internacional

O curso somou 40 horas de formação intensiva, com certificação internacional emitida pela UCL, uma credencial de peso, reconhecida mundialmente, que atesta não apenas a qualidade do conteúdo, mas também a seriedade do processo acadêmico envolvido.

A Development Planning Unit (DPU) da UCL, responsável pela coordenação acadêmica, é uma referência mundial em planejamento urbano, desenvolvimento sustentável e inovação. É nesse ambiente de excelência que foram conduzidas as aulas e debates. Professores de renome internacional, como Michael Batty, Ayona Datta, Jennifer Schooling, Chen Zhong e Stephen Lorimer, compartilharam pesquisas, metodologias e experiências que estão moldando a forma como cidades do mundo inteiro se organizam e enfrentam seus desafios.

Receber um certificado dessa instituição vai além do valor curricular: simboliza pertencer a uma rede global de profissionais comprometidos em repensar o futuro urbano, sob uma perspectiva crítica, inclusiva e inovadora.

A dinâmica do programa

O City Leaders foi estruturado em cinco dias intensivos, cada um dedicado a um eixo estratégico:

  1. Introdução às cidades inteligentes: conceitos, gêmeos digitais e lições latino-americanas.
  2. Digitalização e valor público: sensoriamento remoto, dados urbanos e inovação responsável.
  3. Mobilidade urbana inteligente: visita técnica ao laboratório PEARL, espaço onde projetos urbanos podem ser simulados em escala real.
  4. Governança de cidades inteligentes: debates sobre ética, inclusão digital, desigualdades e decisões baseadas em dados.
  5. O futuro das cidades: visões prospectivas e consolidação do aprendizado com a cerimônia de certificação.

Além das aulas expositivas, o programa promoveu sessões de trabalho em grupo, apresentações de experiências brasileiras, estudos de caso e eventos de networking, ampliando o diálogo entre teoria e prática, entre academia e gestão pública.

Londres como sala de aula a céu aberto

Se a UCL foi o espaço formal de aprendizado, Londres foi a sala de aula viva. Cada caminhada pelas ruas, cada deslocamento de metrô ou ônibus, cada visita a parques e espaços públicos foi uma oportunidade de observar, na prática, os pilares de uma cidade inteligente:

  • Mobilidade urbana eficiente, com integração entre modais, clareza na comunicação e acessibilidade universal.
  • Planejamento urbano de longo prazo, evidenciado pelo cabeamento subterrâneo, pela arborização planejada e pela valorização dos espaços públicos.
  • Sustentabilidade como política de Estado, presente no transporte, na gestão de resíduos e na preservação de áreas verdes.
  • Cultura e identidade preservadas, em museus gratuitos, prédios históricos restaurados e políticas que unem tradição e inovação.

Percebi que, em Londres, a tecnologia é apenas uma ferramenta, o que realmente sustenta a inteligência urbana é a visão estratégica, a continuidade das políticas públicas e o compromisso com a qualidade de vida das pessoas.

Lições para Criciúma e o Brasil

Participar do City Leaders reforçou convicções que já orientam nossa gestão em Criciúma: a transformação digital precisa ser inclusiva, a inovação deve sempre buscar valor público, e o planejamento urbano deve conciliar desenvolvimento econômico, sustentabilidade e bem-estar social.

Algumas ideias práticas que emergem dessa experiência são:

  • Estruturar um Observatório de Dados Municipais, para orientar decisões baseadas em evidências.
  • Ampliar iniciativas de inclusão digital, garantindo conectividade em áreas vulneráveis.
  • Reforçar o planejamento urbano sustentável, priorizando arborização, mobilidade ativa e espaços de convivência.
  • Explorar gêmeos digitais e tecnologias de simulação para planejar projetos urbanos de maior impacto.

Mais que um certificado, um compromisso

Voltar ao Brasil com um certificado internacional da UCL é motivo de orgulho, mas acima de tudo é um compromisso renovado: transformar conhecimento em ação, inspirar equipes e continuar posicionando Criciúma no cenário nacional como referência em governança, inovação e cidades inteligentes.

O City Leaders foi mais que um curso: foi um marco na minha trajetória profissional e pessoal, um encontro com ideias globais que precisam se traduzir em realidades locais. Londres ensinou que cidades inteligentes não são feitas de tecnologia, mas de visão, estratégia e pessoas. O desafio agora é aplicar essas lições, para que nossas cidades brasileiras sejam, de fato, mais inclusivas, humanas e preparadas para o futuro.

Há excesso de energia solar e eólica no Brasil?

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Avanço das renováveis pressiona rede de transmissão e revela necessidade de novos mecanismos de mercado

O Brasil vive um paradoxo energético. O avanço acelerado das fontes eólica e solar tem transformado a matriz elétrica e consolidado o país como referência internacional. Mas esse crescimento veloz também tem revelado gargalos importantes no Sistema Interligado Nacional (SIN), responsável por distribuir energia entre as diversas regiões nacionais.

Por meio do SIN, quando há excedente de energia em uma região, uma parte pode ser transferida para regiões onde a geração não seja suficiente ou estejam em uso fontes mais onerosas. É um sistema complexo que tem sua gestão muito bem executada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Demanda crescente

O consumo de energia elétrica mantém uma tendência de alta, especialmente nos últimos dois anos. A boa notícia é que, em determinados momentos, a oferta de energia renovável chega a superar a demanda. É o que ocorre, por exemplo, no meio do dia, quando a geração solar atinge seu pico, ou em períodos de forte regime de ventos no Nordeste. Nessas situações, os preços do mercado de curto prazo podem cair de maneira significativa.

Quando isso ocorre, produtores deixam de ser remunerados adequadamente, o que pode impactar no planejamento financeiro das empresas geradoras. Além disso, parte da energia limpa disponível acaba sendo desperdiçada pela falta de infraestrutura de transmissão que consiga dar vazão ao excedente.

Dessa forma, o aporte significativo de geração eólica e solar pode acarretar problemas de gestão do SIN. É claro que a geração eólica e solar é desejável, por terem como fonte recursos renováveis (vento e luz solar) e são fontes neutras na emissão de gases de efeito estufa na sua operação. O problema é a intermitência dessas fontes. Ventos podem oscilar, assim como a incidência da luz solar pode sofrer variações repentinas em algumas regiões ao longo do dia.

Como fazer para operar o SIN em situações como essa? A variabilidade das renováveis também exige uma retaguarda confiável. Usinas hidroelétricas têm que ficar em modo de espera (standby) para suprir a rede nacional quando ocorrem variações na geração eólica e solar. E isso tem um custo e aumenta a complexidade de operação do sistema.

Outro aspecto importante é a concentração de projetos em determinadas regiões. O Nordeste, por exemplo, tornou-se polo de usinas solares e eólicas, mas a rede de transmissão nem sempre consegue escoar toda essa energia para os grandes centros consumidores do Sudeste e do Sul. Quando isso acontece, o ONS precisa reduzir a geração dessas fontes, num processo conhecido como curtailment, a fim de preservar a estabilidade da rede. Esse procedimento evita que, caso ocorram fortes oscilações na geração eólica ou solar, isso não possa ser facilmente — ou muito rapidamente — absorvido pelo SIN.

Parte do excedente poderia ser utilizado para a gestão de usinas hidroelétricas reversíveis. A energia que seria descartada poderia ser utilizada para encher reservatórios de usinas que podem ficar em standby para facilitar a gestão das fontes intermitentes.

Gestão de reservatórios

As mudanças climáticas têm impactado os reservatórios de grandes usinas hidroelétricas. Há estudos que evidenciam uma tendência de redução do chamado volume afluente (a água que a natureza fornece) para grandes reservatórios situados na região central do Brasil. Quando há diminuição do nível d’água além do esperado, o excesso de renováveis permite poupar água. Por outro lado, há períodos em que a redução da geração eólica e solar precisa ser compensada pelo uso mais intensivo das hidroelétricas, mas nem sempre isso é possível pela falta de água.

Nesses casos, as termoelétricas entram em operação mais intensiva. O problema é que elas têm um custo operacional elevado, o que acaba sendo repassado para a tarifa final. Outro problema é que parte das termoelétricas utiliza combustíveis fósseis, aumentando a emissão de gases de efeito estufa.

Transição energética

O Brasil tem se notabilizado pela utilização de fontes renováveis com potencial para ampliar ainda mais esse uso. Entretanto, para que esse caminho continue a ser percorrido adequadamente, são necessários mais investimentos em transmissão, a criação de mecanismos de mercado mais modernos e o incentivo a alternativas de armazenamento como baterias e usinas hidroelétricas reversíveis, por exemplo.

Na prática, o desafio não é a energia renovável, mas sim a necessidade de um melhor preparo do sistema para absorvê-la plenamente. Na transição energética, o país agora enfrenta novos desafios para continuar se destacando no uso de fontes renováveis. Superar esses desafios poderá consolidar o país não somente como líder em geração limpa, mas também como exemplo mundial de inovação na integração de renováveis.

Fonte: CNN Brasil

Plano de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação é aprovado por unanimidade

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Com medidas previstas para os próximos 20 anos, iniciativa busca neutralizar a degradação do solo e reduzir os efeitos da seca nas regiões mais afetadas do país, em especial a Caatinga e o Cerrado

A Comissão Nacional de Combate à Desertificação (CNCD), coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), aprovou na última quarta-feira (10/9), durante reunião em Brasília, o Plano de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAB Brasil).

A decisão foi tomada pela unanimidade dos membros presentes na reunião, aberta um dia antes, no auditório do Prevfogo, no Ibama. Eles representam órgãos públicos e entidades não governamentais de várias partes do País. A CNDC tem a missão de implementar a Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PNCD), instituída pela Lei 13.153/2015.

O plano é o principal instrumento de implementação da PNCD e está alinhado aos compromissos internacionais do Brasil junto à Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD, na sigla em inglês), inserindo-se na agenda global de enfrentamento à emergência climática.

Com medidas previstas para os próximos 20 anos (2025-2045), o PAB visa articular estratégias e ações para combater a desertificação, neutralizar a degradação da terra e mitigar os efeitos da seca, com reflexo na redução das vulnerabilidades ambientais e socioeconômicas das regiões mais afetadas do Brasil, em especial a Caatinga e o Cerrado.

A nova versão foi elaborada ao longo de 2024 num processo que contou com seminários em todos os estados do Semiárido e pelo menos um em cada uma das demais regiões do país, além de consulta pública na Plataforma Participa+Brasil, do governo federal. Ao todo, foram ouvidas mais de 1.200 pessoas entre representantes da sociedade civil, pesquisadores, iniciativa privada e membros de órgãos governamentais.

“O PAB é fruto de um processo participativo que reuniu vozes da sociedade civil, da comunidade científica, dos governos estaduais e municipais, além de representantes de povos e comunidades tradicionais. Essa pluralidade é a base da nossa força e da legitimidade das ações que propomos para os próximos 20 anos”, explicou a secretária nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável (SNPCT) do MMA, Edel de Moraes, na abertura da reunião da CNDC.

O Brasil, destacou ela, é signatário desde 1994 da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e tem sido referência no diálogo internacional. “Agora, com o PAB Brasil 2025–2045, reafirmamos que estamos preparados para liderar a agenda do combate à desertificação com responsabilidade, integrando ciência, políticas públicas e participação social”, afirmou.

O plano está estruturado em cinco eixos temáticos: governança e fortalecimento institucional; pesquisa, inovação e gestão da informação; melhoria das condições de vida da população afetada; gestão sustentável para a neutralização da degradação da terra; e adaptação às mudanças climáticas e mitigação dos efeitos da seca.

Cada eixo contém um conjunto de objetivos e cada objetivo uma série de ações, com responsáveis pela execução, potenciais parceiros e metas de curto (2027), médio (2035) e longo prazo (2045), além de indicadores de monitoramento.

O plano foi elaborado com base na primeira versão, produzida vinte anos atrás, em 2004. Vários dados climáticos e a matriz contendo as ações foram atualizados. O PAB reúne, ao todo, 38 objetivos e 182 ações, que devem ser realizadas, de forma transversal, por 18 ministérios e suas vinculadas em parceria com os governos subnacionais, universidades, institutos de pesquisa, organizações não governamentais, iniciativa privada e demais entidades da sociedade civil.

“O plano oferece um norte no sentido de organizar as ações de combate à desertificação no Brasil, dando ainda as condições para o acompanhamento e monitoramento dessas ações”, afirmou o diretor do Departamento de Combate à Desertificação da SNPCT/MMA, Alexandre Pires, ao acrescentar que o PAB Brasil está fundamentado nas boas práticas de governança e em dados técnicos e científicos de alta confiabilidade.

“Isso dá mais segurança a todos os que atuam na área e contribui para a execução das metas da PNCD e para a implementação das estratégias de fortalecimento da UNCCD, reafirmando a importância da resposta do Estado brasileiro à crise climática que atinge todo o planeta e de forma particular as populações em regiões semiáridas”, declarou.

A partir de agora, o PAB passará por uma revisão final no texto antes de ser publicado oficialmente pelo governo brasileiro. A previsão é que isso ocorra em novembro, durante as atividades da COP30, em Belém (PA). Já está em curso parceria entre o MMA, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) para a elaboração dos planos estaduais.

Câmaras técnicas

Ainda na reunião da Comissão Nacional de Combate à Desertificação, foram aprovadas três câmaras técnicas para viabilizar as atividades do colegiado: a de Implementação, Monitoramento e Avaliação do PAB; a de Estados nas Áreas Suscetíveis à Desertificação; e a de Implementação das estratégias para Fortalecer a UNCCD. A primeira terá o apoio de três grupos de trabalho (GTs) e as outras duas, dois cada.

A CNCD é um órgão de natureza consultiva e deliberativa, integrante da estrutura do MMA. A sua função é articular e implementar a Política Nacional de Combate à Desertificação. Ela é formada por 42 membros titulares e 42 suplentes, com paridade entre representantes do governo e da sociedade civil.

Os conselheiros representam órgãos públicos e organizações não governamentais que atuam na área ambiental, a maioria especificamente no enfrentamento aos efeitos da desertificação na Caatinga, bioma suscetível à desertificação, e nas demais áreas do território brasileiro afetadas pelo fenômeno.

Criada no segundo governo Lula, em 2008, a Comissão ficou paralisada entre os anos de 2016 e 2022. Em fevereiro de 2024, foi oficialmente restaurada pelo Decreto nº 11.932/24 e teve sua composição e atribuições atualizadas, passando a contar pela primeira vez com representes dos povos indígenas e comunidades tradicionais.

Em abril deste ano, durante as comemorações do Dia Nacional da Caatinga, a CNDC foi reinstalada, aprovou seu regimento interno e deu posse à nova composição.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima

Cortes de geração devem agregar custo a novos contratos de energia no Brasil, diz Aurora

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Os cortes de geração de usinas renováveis devem encarecer a precificação de novos contratos de compra e venda de energia renovável no mercado livre, com custo adicional estimado em pelo menos R$40 por megawatt-hora, segundo estudo da Aurora Research divulgado nesta quinta-feira.

A limitação da produção de usinas solares e eólicas, ou “curtailment”, tornou-se o principal problema do segmento de geração de energia brasileiro, impondo perdas milionárias às empresas que atuam na área nos últimos anos.

Quando suas usinas são cortadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), seja por gargalos na rede de transmissão ou falta de consumo suficiente, as geradoras precisam comprar energia no mercado spot para honrar seus contratos, também chamados de “PPAs”.

A alta de preços afeta grandes consumidores, como indústrias, que tendem a ser os clientes “âncoras” de grandes projetos de geração no Brasil, o que pode desestimular novos investimentos das principais geradoras.

De acordo com os cálculos da Aurora, consultoria global de mercados de energia, a precificação dos novos contratos deveria aumentar em pelo menos R$40/MWh para cobrir custos adicionais relacionados aos cortes.

A consultoria observou ainda que outros riscos estruturais do setor elétrico, como volatilidade intradiária de preços e aumento dos diferenciais de preço de energia entre diferentes regiões do país, também tendem a crescer e encarecer os PPAs. Combinados, esses riscos podem adicionar mais de R$110/MWh, apontou.

“Hoje, o curtailment é o principal fator de risco, mas nossas análises indicam que, nos próximos 15 anos, o risco de modulação (associado à variação horária de preços) deve se tornar ainda mais relevante, superando o impacto do próprio curtailment”, afirmou Rodrigo Borges, diretor geral da Aurora no Brasil.

Os cortes de geração aumentaram expressivamente no Brasil desde meados de 2023, em meio ao forte crescimento das fontes solar e eólica na matriz, que têm geração variável e desafiam a operação de atendimento à carga em tempo real pelo ONS.

O problema afeta praticamente todos os geradores solares e eólicos, principalmente os instalados no Nordeste, em diferentes magnitudes. Nos casos mais graves, os cortes superam 50% da produção estimada total das usinas — a Gerdau, por exemplo, disse ver restrições de 70% em seu parque solar em Minas Gerais.

A Aurora projetou que em certos Estados, como Bahia, os projetos solares terão taxas de corte superiores a 30% de forma consistente até 2030, com variações mensais significativas.

COMPENSAÇÕES

Embora cobrem soluções técnicas e estruturais para reduzir os cortes, os geradores de energia reconhecem a necessidade física e operativa dessas restrições colocadas pelo ONS, que maneja uma série de diferentes usinas, fontes e recursos para atender o suprimento de energia.

As elétricas questionam, porém, a concentração dos prejuízos financeiros exclusivamente nas empresas e cobram ressarcimento. As associações do setor eólico e solar calculam que já existe um passivo acumulado de cerca de R$5 bilhões desde meados de 2023.

Segundo a Aurora, entre 40 mercados analisados globalmente, quase dois terços (65%) não oferecem compensação financeira para o curtailment, deixando os geradores com todo o risco. Mercados da América do Norte e Latina geralmente não possuem mecanismo de compensação de custos, acrescentou a consultoria.

Nesta semana, um grupo de associações do setor elétrico, ligadas ao segmento de geração, consumo e distribuição de energia, divulgou carta defendendo que a geração distribuída precisa ser incluída no compartilhamento dos custos associados ao curtailment.

Somando mais de 40 gigawatts (GW) já instalados no país, os pequenos sistemas solares distribuídos, como fachadas e telhados solares, não são gerenciados pelo ONS, de forma que “passam na frente” de outras fontes no atendimento à carga. Isso acaba agravando as restrições aos grandes geradores.

O relatório da Aurora aponta que a socialização de custos, embora seja a opção mais debatida, “tem impacto limitado”.

“Entre renováveis centralizadas, o alívio para a solar fotovoltaica na Bahia é praticamente nulo, e mesmo com a inclusão da micro e minigeração distribuída a redução é de apenas 24%”, disse Matheus Dias, gerente de projetos da consultoria.

Fonte: Terra

Do básico ao avançado: ou do GTFS à mudança de percepção do usuário

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Como os dados com foco no usuário impactam nas Políticas de mobilidade

A Transformação da Mobilidade Urbana: Dados, Política e Foco no Cidadão

Uma visão clara para a modernização do transporte público no Brasil está emergindo, fundamentada na convicção de que a tecnologia e a gestão de dados são os pilares para uma transformação real. No entanto, essa modernização não ocorre no vácuo; ela está intrinsecamente ligada à governança, às decisões políticas e ao financiamento do sistema. Nesse cenário, o padrão de dados abertos GTFS (General Transit Feed Specification) surge como um elemento central, não apenas como uma ferramenta técnica, mas como a base para uma gestão mais inteligente e políticas públicas mais eficazes e transparentes.

A Revolução Guiada por Dados e a Realidade Política

O avanço de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA) promete revolucionar o transporte, mas seu sucesso depende diretamente da qualidade dos dados que a alimentam. A aplicação de IA para otimizar rotas e prever demandas só é viável com informações precisas. Para isso, a disponibilização de ferramentas acessíveis, como editores de GTFS, é fundamental para que os municípios possam gerenciar seus dados de transporte.

Essa padronização de dados ganha uma nova dimensão quando conectada ao tema dos subsídios. O GTFS pode se tornar um caminho estratégico para a criação de uma política nacional de financiamento mais justa, permitindo que a alocação de recursos seja baseada em dados operacionais claros. Contudo, essa abordagem técnica enfrenta a complexa realidade política, especialmente em anos eleitorais. A discussão sobre subsídios se torna uma “janela de oportunidade” que, se mal aproveitada, pode se transformar num “tiro no pé” para o setor. A tomada de decisões sobre o financiamento do transporte precisa ser blindada de interesses eleitorais de curto prazo e focada na sustentabilidade do sistema a longo prazo.

Para Além do Óbvio: Qualidade, Financiamento e Falsas Soluções

No debate sobre a melhoria do transporte, é crucial ir além das soluções aparentes. A ideia de que a “Tarifa Zero” é uma solução universal é questionável, sugerindo que a complexidade do sistema exige abordagens mais estruturadas. A verdadeira melhoria não está apenas na renovação da frota, mas na percepção de qualidade do serviço pelo cidadão — pontualidade, previsibilidade e conforto são os verdadeiros indicadores de sucesso.

Essa percepção de qualidade está diretamente ligada à previsibilidade do financiamento. A dependência de ciclos políticos para a liberação de subsídios cria um ambiente de incerteza que impede o planejamento e a melhoria contínua dos serviços. A solução passa por criar mecanismos de governança robustos, onde a alocação de recursos seja técnica e transparente, utilizando padrões de dados como o GTFS para justificar e medir o impacto do investimento público.

Inovação e Aprendizado Contínuo

Para resolver problemas complexos, como a contagem precisa de passageiros, é preciso buscar abordagens inovadoras. Ao mesmo tempo, a experiência adquirida em operações de transporte de altíssima complexidade, como as dos Jogos Olímpicos, oferece lições valiosas sobre planejamento e execução que podem ser adaptadas para melhorar a gestão do transporte no dia a dia.

Em suma, o caminho para um transporte público de qualidade no Brasil exige uma abordagem integrada. A modernização tecnológica e a gestão baseada em dados são essenciais, mas só trarão resultados duradouros se forem acompanhadas por uma governança sólida, que separe as decisões técnicas das pressões políticas. Ao construir um sistema onde o financiamento é previsível e a qualidade é constantemente medida, é possível criar uma mobilidade urbana que seja verdadeiramente eficiente, transparente e centrada nas necessidades dos cidadãos.

Quem instala primeiro lucra mais: como prédios estão ganhando com a recarga elétrica

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Carro elétrico não é só produto: é comportamento. E isso transforma o mercado, seja ele automotivo, corporativo ou imobiliário

Quando se fala de mobilidade elétrica, a maioria ainda acha que é “papo de futuro”. Que carro elétrico serve apenas para “o pessoal da Faria Lima”. Que carregador na garagem “é luxo de prédio novo”. E mais: que essa revolução vai demorar.

Mas basta prestar atenção nas ruas de São Paulo, nas vagas ocupadas, nas placas verdes se multiplicando para perceber que a mudança já chegou. E quem não enxergar isso agora, vai pagar o preço – em atraso, em custo ou em relevância.

Vamos aos fatos

Em 2023, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o Brasil bateu o recorde histórico de emplacamentos de veículos eletrificados: foram 93.927 unidades, um crescimento de 91% em relação a 2022. Em janeiro de 2024, o número saltou ainda mais: 15.587 carros vendidos, um aumento de 167% sobre o mesmo mês do ano anterior, ainda segundo a ABVE.

E essa curva não vai cair. Pelo contrário. O crescimento é exponencial — e irreversível. Mas o que isso tem a ver com prédios, com empresas, com imóveis? Tudo. Porque o carro elétrico não é somente produto: é comportamento. E comportamento transforma o mercado — seja ele automotivo, corporativo ou imobiliário.

Quem tem um carro elétrico precisa carregá-lo e não quer depender de shopping, de favores ou de sorte pelo caminho. Quer carregar em casa, no trabalho. Quer praticidade, segurança e autonomia. O prédio que não possuir essa infraestrutura, logo, perde valor competitivo (e possibilidade de ganhos).

Mais valorizados

Condomínios que não oferecerem infraestrutura adequada podem afastar novos moradores e dar dor de cabeça aos atuais. Empresas que não têm ponto de recarga em seus estacionamentos carregam a fama de desatualizadas. Levantamento da Brain Inteligência Estratégica aponta que imóveis com diferenciais sustentáveis — como recarga elétrica — valem em média 14% a mais no mercado.

Em prédios comerciais, a lógica se inverte: não é só atrair; é manter clientes, inquilinos e a reputação. E monetizar: com os modelos de carregamento tarifado, o prédio pode gerar receita com cada carga feita.

Funciona assim: o morador, visitante ou colaborador usa o carregador via aplicativo, a cobrança é feita digitalmente, e o condomínio recebe a compensação mensal de energia. Simples, seguro e com retorno.
É a piscina que se paga. A vaga que se transforma em ativo. O imóvel que se valoriza pela decisão de estar preparado.

E isso vale para hoje. Não é 2030. É agora. Atualmente, já existem dezenas de projetos rodando com esse modelo em São Paulo, ativando espaços residenciais e comerciais onde circulam marcas como Azul, Philips e Coca-Cola (Femsa). Todos no mesmo movimento: parar de improvisar e começar a planejar.

Carregar carro elétrico em 2025 não significa instalar uma tomada – significa cuidar de uma rede. Pensar em expansão. Compreender que infraestrutura é o que sustenta a inovação — e não o contrário. Muitos, contudo, acreditam que é necessário trocar toda a rede elétrica. Que vai custar caro demais. Que só prédio novo pode ter e é “complicado”. Não é.

Na maioria dos casos, tudo começa com um bom diagnóstico. Uma análise técnica da capacidade elétrica, um projeto sob medida, uma instalação bem-feita. É possível, é acessível e tem sido cada vez mais necessário.

Decisão rápida

Há um segundo erro, ainda mais grave: achar que dá para esperar. A verdade é que, quem adia essa decisão hoje, adia também seu lugar no mercado. Ninguém precisa entender tudo sobre carros elétricos.

Mas precisa entender, sim, o que eles estão provocando nos prédios, nas empresas, e nos negócios.

Carregador de carro elétrico não é mais inovação nem diferencial. É infraestrutura básica. O mínimo que o novo consumidor espera. Quem entender isso agora, não vai precisar correr depois.

Fonte: Mobilidade Estadão

Unidades de Conservação do RN poderão ser adotadas; entenda como funciona

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Lei prevê que pessoas físicas, empresas e organizações possam firmar parcerias para manutenção e recuperação dos espaços ambientais.

O Governo do Rio Grande do Norte sancionou uma lei que institui o programa RN Mais Verde. A iniciativa, executada pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), permite a adoção de áreas em Unidades de Conservação Estaduais por pessoas físicas, empresas e organizações.

A proposta busca ampliar o cuidado, a manutenção e a recuperação dos espaços, com objetivos voltados à preservação de recursos naturais, fauna, flora e ecossistemas. Também está prevista a utilização das áreas para turismo sustentável, lazer, recreação e educação ambiental.

Segundo a lei, a adoção não transfere a posse da área, mas garante que os adotantes assumam responsabilidades de manutenção, conservação e revitalização, por meio de um Termo de Parceria firmado com o Estado.

Empresas ligadas à comercialização de produtos nocivos ao meio ambiente não poderão participar. Os parceiros habilitados poderão executar projetos paisagísticos, promover atividades culturais e educativas, além de instalar placas de identificação informando a adoção.

A coordenadora da Unidade de Gestão da Biodiversidade (UGBio) do Idema, Iracy Wanderley, disse que a medida aproxima a sociedade da gestão ambiental.

“O Programa RN Mais Verde é uma oportunidade de aproximar a sociedade da gestão das nossas Unidades de Conservação. Quando cidadãos, empresas e comunidades se envolvem diretamente nesse cuidado, nós multiplicamos esforços em prol da preservação e ampliamos os benefícios ambientais, sociais e educacionais para toda a população”, afirmou.

As propostas de adoção deverão ser apresentadas ao Idema por meio de uma Carta de Intenção acompanhada de um projeto detalhado, contendo plano de manutenção e conservação da área escolhida.

Atualmente, o Rio Grande do Norte conta com 11 Unidades de Conservação Estaduais, que somam cerca de 253 mil hectares, o equivalente a 2,41% do território potiguar — sendo 2,14% da área continental e 14,53% da área marinha.

Unidades de Conservação Estaduais do RN:

  1. Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíra
  2. Área de Proteção Ambiental Dunas do Rosado
  3. Área de Proteção Ambiental Jenipabu
  4. Área de Proteção Ambiental Piquiri-Una
  5. Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais
  6. Parque Ecológico do Cabugy
  7. Parque Estadual Dunas do Natal “Jornalista Luiz Maria Alves”
  8. Parque Estadual Florêncio Luciano
  9. Parque Estadual Mata da Pipa
  10. Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão
  11. Monumento Natural Caverna – Mona Martins

Fonte: G1 | Rio Grande do Norte