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MOBILIDADE URBANA É O PIOR ÍNDICE DE SERVIÇO PÚBLICO, APONTA PESQUISA

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O principal motivo de insatisfação é o trânsito, que chega a 73% de avaliações negativas

Uma pesquisa realizada entre as capitais brasileiras revelou que a mobilidade urbana é o maior descontentamento entre os entrevistados. Porto Velho é a capital com a pior nota de mobilidade urbana (2,67), seguido por Rio de Janeiro (2,83) e São Luís (2,83). Além do trânsito, o número de mortos em acidentes de trânsito também pesa na avaliação dos cidadãos.

Tempo gasto no deslocamento para o trabalho, custo médio do transporte na renda média, e a emissão de gases de efeito estufa per capita foram outros pontos negativos que contribuíram para o mau desempenho do serviço. No topo do ranking, com as melhores notas, ficam as capitais Florianópolis (5,66), Curitiba (5,66) e Vitória (4,83).

Para realizar a pesquisa, seis dimensões de serviços públicos prestados à população na esfera municipal foram analisados: educação, saúde, proteção social, desenvolvimento econômico, mobilidade e gestão de qualidade. A soma das notas gerou uma média para as capitais analisadas.

Curitiba tem nota 6,72 e lidera o ranking geral. Segundo Sergio Andrade, cientista político e diretor executivo da Agenda Pública, culturalmente a cidade mantém um diálogo contínuo com os moradores, o que facilita uma nota mais positiva nos quesitos avaliados.

Palmas, no Tocantins, aparece em segundo lugar na lista geral (6,54) e destoa do resto da região Norte, que só reaparece na 12º posição, com a capital Boa Vista (4,78). Andrade destaca ações isoladas da cidade e bons indicadores de proteção social, como o número de Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) disponíveis na cidade, que ajuda a explicar a disparidade da nota da cidade.

Na outra ponta, Belém ficou com a menor média analisada (3,04) entre as cidades. Na capital paraense, o pior índice analisado foi desenvolvimento econômico, que ficou em 1,83.

Na saúde, em todas as capitais pesquisadas, o tempo de espera para realização de consultas e exames é o fator que mais gera avaliações negativas. Contudo, Andrade chama a atenção para a boa avaliação dos profissionais de serviços públicos, que melhorou o desempenho da nota, “o atendimento dos profissionais de saúde foi reconhecido pelos usuários e essa valorização puxou a nota para cima”, reconhece.

São Paulo lidera o ranking em desenvolvimento econômico, mas não é intermediária nas outras categorias. Ou seja, mesmo sendo a capital mais rica e que mais cresce economicamente, não reverte esses índices em bem-estar para a população. A capital paulista tem o pior indicador de vulnerabilidade social entre o Sudeste. “Os serviços públicos oferecidos especialmente para a população vulnerável contribuem para o pior desempenho da cidade”, ressalta o diretor.

A Pesquisa de Qualidade dos Serviços Públicos nas Capitais Brasileiras mediu a performance da gestão pública nas capitais brasileiras, fazendo um diagnóstico para oferecer a oportunidade de propor soluções para os desafios enfrentados. “Os dados obtidos com essa avaliação devem ser utilizados para estudar e melhorar os serviços oferecidos à população, aumentando o bem-estar de todos”, diz Andrade.

A qualidade dos serviços públicos foi analisada nas 26 capitais, menos o Distrito Federal. A pesquisa utilizou dados oficiais disponíveis em bancos de dados públicos para avaliar as seis dimensões de serviços públicos e os normatizou para gerar notas entre zero e dez.

Fonte: Valor 

COM POTENCIAL DE R$ 8,8 BI, INICIATIVAS DE PPPS DE ÁGUA E ESGOTO CHEGAM AO MELHOR PATAMAR DO ANO

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Destaque do levantamento, o setor teve sete novas licitações abertas em setembro, juntando-se a outras oito iniciativas que já estavam com seus editais publicados

Os investimentos estimados em concessões e parcerias público-privadas no setor de Água e Esgoto em setembro chegaram em seu maior patamar de 2023, com valor de R$ 8,8 bilhões, segundo cálculos da consultoria Radar PPP, que criou o índice iRadarPPP para monitorar diariamente mais de 4.600 projetos no país. Os dados correspondem ao estoque de investimento, que estima os valores de aportes relacionados ao estágio de desenvolvimento dos projetos. Mensalmente, a EXAME divulga, com exclusividade, o número atualizado do valor investido em PPPs e concessões no Brasil.

Destaque do levantamento, o setor teve sete novas licitações abertas em setembro, juntando-se a outras oito iniciativas que já estavam com seus editais publicados. No total, são 619 iniciativas de água e esgoto em diferentes estágios de maturidade. Frederico Ribeiro, sócio da Radar PPP, avalia que o índice foi sustentado pelo lançamento de diversos projetos em municípios, que podem ter avançado por causa dos decretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o marco do saneamento.

“Esse avanço não tem uma relação imediata, até porque esses sete projetos em fase de licitação não começaram a ser estruturados em julho ou no começo do ano. Mas os decretos aumentaram a segurança jurídica para que esses projetos conseguissem avançar”, diz Ribeiro.

Entre os 15 projetos mapeados, destaque para as iniciativas de Campinas e Marília, em São Paulo, Governador Valadares, Minas Gerais, e Imperatriz, no Maranhão, municípios com população superior a 230.000 habitantes.

O decreto alterou a regra que condicionava o apoio técnico e financeiro da União à adesão do município em um consórcio regional de prestação dos serviços de água e esgoto.

Além disso, o governo retirou a possibilidade de empresas públicas pudessem realizar a prestação de serviços de saneamento básico sem licitação em municípios integrantes de estruturas regionalizadas.

As mudanças também excluíram a flexibilização dos critérios necessários à demonstração da capacidade econômico-financeira pelas companhias de saneamento básico ao admitir a inclusão de contratos provisórios não formalizados e outras situações de natureza precária no processo de comprovação. As companhias, porém, têm de atestar sua capacidade às agências reguladoras competentes até 31 de dezembro de 2023.

“A expectativa é de que outros municípios, não pertencentes a estruturas regionalizadas, encorajem-se a estruturar projetos neste segmento, gerando um importante mercado para médias empresas e caminhando rumo à tão desejada universalização dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário”, escreve Angélica Petian, Sócia da área de infraestrutura e projetos do Vernalha Pereira, no iRadar de setembro.

Outros destaques do iRadar de setembro

Outros destaques do iRadar em setembro vieram de diferentes setores, como Sistema Prisional, Habitação e Urbanização e Educação. Eles são considerados pelo levantamento como iniciativas potenciais para atração de novos investimentos privados.

Considerando as movimentações capturadas no levantamento em setembro, o saldo do índice foi positivo em R$ 6,6 bilhões. Na prática, o iRadar mostrou um aumento das expectativas de mais investimentos privados em infraestrutura no Brasil, em comparação com os cancelamentos ou paralisações de projetos.

Apesar do resultado, o iRadarPPP fechou o mês de setembro em queda de 5,58%, aos 96,510679 pontos – isso ocorreu, pois os contratos já assinados consomem o estoque de investimentos, à medida que o tempo passa e se aproximam do seu fim.

Como o iRadarPPP é construído

Elaborado pela consultoria Radar PPP, o índice iRadarPPP soma todos os valores de PPPs e concessões que estão com contratos assinados e uma série de outras estimativas que são decorrentes de iniciativas que estão em fase de desenvolvimento em diversos estágios. Entra nessa conta uma intenção pública anunciada, ainda sendo modelada, por exemplo. Quando não há estimativa de valor de investimento, é feito um cálculo médio com base em todas as outras iniciativas existentes dentro do banco de dados da consultoria.

O objetivo do iRadarPPP é mostrar o total de investimentos estimados em contratos em execução, ou que ainda estão em fase inicial, por todos os entes federativos (municípios, estados, União e empresas públicas). Mensalmente, a EXAME divulga, com exclusividade, o número atualizado do valor investido em PPPs e concessões no Brasil. O iRadarPP conta ainda com parceiros jurídicos do Azevedo Sette Advogados e do Vernalha Pereira Advogados.

Qual diferença entre PPP e concessão?

Nas PPPs, o poder público banca uma parte dos custos de operação de um serviço concedido à iniciativa privada. O modelo é feito quando não há cobrança de tarifa ou o valor é insuficiente para remunerar a empresa que presta o serviço. Nas concessões, a empresa concessionária tem sua fonte de receita totalmente oriunda da tarifa cobrada do usuário ou outras formas de receita, sem que haja uma compensação de governos ou empresas públicas. Nas duas modalidades, o Estado continua a ser dono dos bens públicos.

Fonte: Exame

DRONE DE TRANSPORTE DE CARGA FEITO POR EMPRESA BRASILEIRA CHEGA EM 2026

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O Moya eVTOL pode transportar até 200 kg ou 160 litros para fins agroindustriais

A Moya Aero, empresa de São José dos Campos (SP), está desenvolvendo um eVTOL (aeronave elétrica de pouso e decolagem vertical) de carga pioneiro que deve entrar em serviço comercial até 2026. O próximo passo é realizar o primeiro voo, marcado para o final deste ano.

O eVTOL chamado de Moya foi projetado para operações de carga principalmente agrícolas, e será o primeiro do gênero na América Latina. A fabricante promete uma autonomia de 100 km e capacidade de carga útil de 200 kg, tornando-o uma alternativa de alta capacidade aos drones existentes.

A aeronave em si tem pouco mais de cinco metros de comprimento, com uma envergadura de sete metros. O Moya foi projetado principalmente para pulverização, mas também é versátil para levar outros tipos de carga.

Em termos de custos operacionais, o drone Moya também promete benefícios significativos, afirmando ser muito mais acessível do que os helicópteros convencionais usados na agricultura.

A Moya Aero também está recebendo apoio do governo brasileiro para desenvolver ainda mais esta aeronave autônoma. Mais recentemente, isso se traduziu em um aporte de US$ 2 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI).

Contratos comerciais

A organização civil brasileira MineToo é a mais recente cliente da Moya Aero. A empresa vai comprar 50 drones autônomos que serão usados em operações agrícolas.

No início deste ano, outro grande operador de aviação no Brasil, a Helisul Aviation, também assinou um contrato de 50 unidades com a Moya. Nesse caso, o drone pioneiro foi adquirido para futuras operações de carga.

A Moya Aero também assinou acordos com a Fototerra, uma empresa internacional com escritórios no Texas, Brasil e Chile, e com a startup de carga aérea baseada no Canadá, N2 Infrastructure.

Font: Mobilidade Estadão

O QUE É UM SMARTPHONE

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Como todo computador, o smartphone é um “camaleão funcional”: capaz de absorver as funções de outros dispositivos e assumir seus lugares

O companheiro mais constante

Neste artigo, falo de um artefato que transformou completamente nossa relação com a cidade, os modos de fazer relações sociais, a economia, afetos e nossa própria identidade. O smartphone se tornou onipresente em menos de 10 anos. E, depois, se tornou invisível. É crucial voltar a olhá-lo como algo novo, de modo crítico e criativo. O futuro das cidades e da sociedade pode depender disso.

Tamagotchi

Há pouco tempo, circulou uma imagem curiosa: um anúncio do início da década de 1990, dezenas de produtos com as mais variadas funções – relógio despertador, câmera de vídeo, TV, computador pessoal, GPS, walkman, etc. Hoje, todos estão integrados em um único dispositivo: o smartphone.

Como todo computador, o smartphone é um “camaleão funcional”: capaz de absorver as funções de outros dispositivos e assumir seus lugares. Aparentemente, da noite para o dia, surge esse pequeno computador portátil que articula uma rede pessoal de dispositivos eletrônicos, uma nuvem de objetos e aparelhos que fazem a interface entre nós e o mundo de hoje.

É a janela por meio da qual temos acesso a um mosaico de serviços complexos, um ecossistema em constante crescimento e transformação, que engole um espaço cada vez maior de nossas vidas. Nossa paisagem pessoal, urbana, doméstica, profissional, familiar e afetiva foi completamente transformada pelo smartphone.

Quando surgiram na década de 1990, os Tamagotchi pareciam algo absurdo: dar atenção constante a um dispositivo eletrônico (alimentar o “bicho virtual”), tê-lo atado ao corpo, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Passados 25 anos, cá estamos “alimentando” outro aparelho que nos exige atenção e afeto. No entanto, quando acariciamos a superfície de vidro de nossos “tabletes”, estamos interagindo com um mundo que se encontra além daquela telinha. A diferença: existem seres vivos reais por trás dela.

“Mundo digital” ou “smartphone”?

Usa-se um termo “mundo digital” para descrever o conjunto de plataformas digitais altamente integradas. Esse termo vago oculta o papel sócio-urbano do smartphone: as redes sociais, plataformas governamentais, e-commerce, credenciais digitais, e outros serviços não são acessados de qualquer dispositivo (laptops, desktops, totens, terminais corporativos, etc.), e sim por intermédio de um único dispositivo, o smartphone. Os outros estão relegados a um segundo plano da paisagem social e urbana dominada por essa janela principal, que delega funções secundárias às outras.

Talvez, o que mais chama a atenção na cena urbana de multidões usando smartphones é seu tamanho diminuto: como um radinho de pilha de antigamente, cabe no bolso, mas, colado no rosto, domina nossa visão, audição e tato. Mesmo pequeno, se tornou o meio pelo qual construímos quase a totalidade de nossa presença social nas cidades – de transporte e encontros sociais, alimentação e contatos profissionais, transações bancárias e de ativos financeiros, credenciais institucionais e de governo.

Nas décadas de 1990 e 2000, imaginava-se que a inclusão digital viria pelo computador desktop conectado à Internet – ela se realizou no smartphone. Mas, trata-se de uma inclusão igualitária? Todos veem o mesmo “mundo digital” na telinha do aparelho? Ou estamos reproduzindo a mesma segregação social que vemos no mundo “não digital”?

A imagem de uma época

Não é estranho ver um filme do século passado? As pessoas andavam pelas ruas olhando para a cidade! Caso se perdessem, ficariam assim até encontrar alguém para pedir orientações. Em uma festa, interagíamos uns com os outros, com os objetos da casa e os anfitriões, os animais e as plantas do jardim.

Interagíamos intensamente com outro “retângulo”, os livros: pilhas de papel impresso que dominavam a comunicação social. Da Idade Média à década de 2000, as pessoas liam livros e suas variações, revistas, jornais e folhetos, em todos os lugares: nas ruas, metrô, ônibus ou aviões, em casa, na cama, no banheiro. Hoje, todos esses momentos “retangulares” foram sequestrados pelo smartphone.

Fato histórico, antes e depois do smartphone.

O Smartphone se tornou um “marcador de época”: sabemos que estamos vendo uma cena atual quando todos estão com a cara enfiada no celular. Um fato histórico para o qual não estávamos preparados.

Certamente, o smartphone é nosso companheiro mais constante: interagimos mais com ele do que com qualquer pessoa. Nele, depositamos nossa autoimagem, nossas coisas mais privadas, a intimidade mais profunda, até aquilo que não admitimos para ninguém. Por seu intermédio, falamos de nós mesmos e nossas múltiplas personalidades, nossas várias vidas e facetas.

Registramos todos os dados institucionais – contas de banco, cartões de crédito, documentos pessoais e profissionais, credenciais e passagens de avião. Nossa vida pessoal, bancária, produtiva, emocional e até sexual está registrada no smartphone. Também é biblioteca, sala de cinema, guichê do correio, supermercado, lanchonete e bandejão.

Seria um objeto de adoração? É espelho, pois, não apenas nos vemos por intermédio dele, como também vemos a imagem dos outros, do mundo e do sentido da vida provido pelo contato social. Cada vez mais, especialmente os jovens, compreendem o mundo por meio da janelinha digital, e pouco por intermédio das interações cara-a-cara. O que é interação social, hoje e no futuro? Será que veremos uma geração inteira que nos parece isolada, mas que, no celular, vive em uma sociedade frenética?

Crítica ao smartphone 

Ao mesmo tempo que “moramos” no smartphone, também achamos um pouco ridícula a situação de não conseguirmos nos desgarrar do aparelho.

Será que estamos passando “tempo demais” no smartphone? Será que estamos perdendo algo importante da vida social e urbana? Será que estamos nos isolando, de fato, quando enfiamos a cara no dispositivo?

Seria interessante investigar o que, de fato, fazemos quando interagimos com o aparelho. Pois, se estamos “viciados”, estamos viciados em nossos próprios afazeres, em interagir com nossos amigos, familiares e cônjuges, em trabalho e na comunicação profissional, em comer, em ver o mundo, interagir – ter acesso a informação.

Todos ligam o aparelho logo após o pouso do avião. Antigamente, nossos entes queridos saberiam que chegamos bem apenas quando estivéssemos na porta de casa. Hoje, ficamos vigiando os “pauzinhos” do WhatsApp, medindo o tempo que demoram para nos responder, monitoramos em nossa própria imaginação o afeto que os outros têm por nós.

Estamos vivendo o fim da privacidade? Já que publicamos nossa vida pessoal em um frenesi de compartilhamento e autopromoção, contando detalhes íntimos de suas vidas. Mas, se observarmos o conteúdo e a forma desse compartilhamento, veremos que estamos construindo uma imagem pública cuidadosamente arrumada, promovendo uma face de nossa personalidade, e não a inteireza de nossa complexidade pessoal. Sufocamos nossa intimidade sob uma massa de autoimagem delirante. Procurando nos encaixar, cada vez mais, em padrões estabelecidos por um coletivo que pouca importância dá ao nosso bem-estar.

Talvez, um psicólogo diria que se trata de um exagero de nosso ego: o smartphone seria um espelho distorcido que nos ajuda a inflacionar nossos delírios psicoemocionais, nossa autoimagem distorcida e incompleta. É possível ter saúde mental nesse contexto?

Por outro lado, o smartphone é um ponto de coleta de informações pessoais, metabólicas, geográficas, sociológicas: ofertamos enciclopédias sobre nós mesmos. Mas, essa riqueza de informação é utilizada apenas por uma pequena classe de corporações e empresas, as únicas capazes de consolidar massas enormes de dados com alta precisão: sabem mais sobre nós, do que nós mesmos.

A privacidade, longe de estar no fim, foi reconfigurada de uma maneira para o qual a sociedade, a política e a justiça social não estão nem remotamente preparadas: não sabemos avaliar, nos posicionar e compreender as consequências socioeconômicas, políticas e culturais dessa revolução informacional que carregamos no bolso.

O que vem pela frente?

Mas, quem critica o smartphone quer, de fato, seu fim? Esse fim é possível? Ou simplesmente iríamos desmembrar as funções do smartphone em um monte de dispositivos diferentes?

Ou será que precisamos de uma nova “etiqueta”, aprender “bons modos” ao smartphone? Como são comuns reuniões arruinadas pelo “pseudo-multitasking”, pessoas avoadas pensando em milhares de coisas ao mesmo tempo. A naturalização da perda da qualidade de presença e atenção: reuniões difusas, sem atenção e decisão clara. Casais que mal se olham. Filhos perdidos em locais públicos, seus pais perdidos no ciberespaço.

Um exemplo diretamente relacionado às Cidades Inteligentes: faz sentido termos uma “Central de Monitoramento e Controle”, quando todo servidor público pode ser notificado em tempo real e participar de uma ação emergencial por meio do smartphone? Em outras palavras: ainda faz sentido falar de “local de trabalho”, quando todo mundo trabalha de qualquer lugar? Todo o arranjo territorial das cidades é transformado pela onipresença do smartphone, capaz de desempenhar todas as funções que estavam, antes, fixas no território.

O mesmo vale para a cultura, a identidade, a autoimagem, o afeto, a sexualidade, a educação, a construção de sociedade e da paisagem urbana e regional.

O celular nos arremessou em uma “geleia geral”, cravejada de novos critérios de convívio, percepção do ambiente (ou isolamento dele), e criação de identidade e presença, relações profissionais e comunitárias. Alguns acreditam que esse contexto não apenas impossibilita a vida psicossocial que tínhamos até 15 anos atrás, como também implode o Contrato Social (aquele que fundou o mundo moderno, no século XVIII).

Novas necessidades de uma nova realidade – um novo ethos para um novo oikos.

O smartphone, ou aquilo que irá substituí-lo, se tornaria parte integrada de nossa realidade, como outros artefatos que são extensão de nossos corpos: habitações e veículos, mobiliário e vestuário, utensílios domésticos e ícones religiosos. Assim como acordamos e nos vestimos, escovamos os dentes e olhamos no espelho, também verificamos as mensagens, tarefas do dia, anotamos lembretes no smartphone.

O próximo passo seria a realidade aumentada? Essa tecnologia que tenta tornar-se relevante, sem sucesso, há 20 anos: um cenário futuro em que esse “assistente pessoal” se tornaria inseparável de nossos corpos, intermediando nossos sentidos 24 horas por dia.

Já que acordamos e vamos dormir conectados, não faria sentido ter o smartphone implantado no corpo? Um dispositivo que, intermediando todas as relações sociais, é a presença mais constante em nossas vidas? Ele se tornaria uma espécie de “anjo da guarda”? Um posicionador global que salvaria vidas: desaparecimentos seriam impossíveis. Ou essa seria a invasão máxima de nossa intimidade e privacidade?

Mas, nesse cenário futuro de onipresença total, torna-se necessário questionar: qual o estatuto de algo tão íntimo, inevitável, fundamental? Ainda consideramos o smartphone como algo privado? Ou estamos falando de uma infraestrutura pública, cujo estatuto é pessoal e privado, como nossas casas, mas é um dado da vida coletiva e pública, como o direito à moradia? Quase todas as coisas que têm essa onipresença (como a higiene pessoal e o transporte) oscilam entre o público e o privado, e consideramos que todas as pessoas têm igual direito a esses bens e serviços.

Prover smartphones seria uma obrigação do Estado, no sentido de prover um meio universal de acesso a serviços públicos e privados?

Por outro lado, lembremos que a mera existência do smartphone foi possível pelo dinamismo da iniciativa privada, sempre capaz de inovar mais do que os entes governamentais, famosos por sua morosidade. Mas, as empresas privadas não têm nenhuma obrigação quanto à igualdade e universalidade de acesso a serviços. No entanto, sem estes, não podemos participar da sociedade. Assim, o acesso ao dispositivo não seria parte dos direitos básicos do cidadão, como educação e saúde?

Questionar o estatuto sócio-político do smartphone é questionar o próprio sistema social em que vivemos. Indo além do capitalismo e do socialismo, e ainda da social-democracia e o medo de uma ditadura da vigilância constante, alguns questionam que uma democracia digital que preserva os direitos humanos, a privacidade e a liberdade individual só será possível se as pessoas se tornarem “simbiontes” da cibercultura: assim como ninguém anda nu na rua, ninguém ficaria sem estar assessorado por um dispositivo digital mediador de todas as relações sociais, pessoais, profissionais, políticas e econômicas.

Claramente, não estamos preparados para essa realidade, ela não cabe nos rótulos dos sistemas políticos existentes. Nossa casa urbana, o oikos que habitamos, precisa ser reconfigurada. E esse novo oikos exige que criemos um novo ethos. Precisamos agir rápido, antes que a gente pire de vez.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

SUSTAINABLE CITIES CHALLENGE ANUNCIA CIDADES SELECIONADAS

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Foram anunciadas as dez cidades selecionadas para concorrer a US$ 9 milhões no Sustainable Cities Challenge, desafio global de mobilidade da Toyota Mobility Foundation, em parceria com a Challenge Works e o World Resources Institute. A lista de selecionadas inclui Fortaleza, no Brasil, além de cidades da Colômbia, Índia, Itália, Malásia, México, Reino Unido e Estados Unidos.

A chamada para inscrições foi feita em junho. As cidades se inscreveram identificando áreas em que a inovação as ajudaria a expandir o acesso a modos de transporte mais seguros, acessíveis e inclusivos; aproveitar o poder dos dados para criar ecossistemas de mobilidade conectados e resilientes; e reduzir o impacto ambiental com energia renovável e de baixo carbono.

Mais de 150 cidades de 46 países se inscreveram. Elas foram avaliadas quanto ao impacto que o Sustainable Cities Challenge teria, à compatibilidade da proposta com desafios de inovação aberta, à capacidade técnica da cidade e de parceiros e à aderência da proposta com as temáticas do desafio. Conheça, a seguir, as 10 cidades selecionadas.

Fortaleza, Brasil 

A falta de serviços de transporte público de qualidade impõe desafios às comunidades vulneráveis de baixa renda na periferia de Fortaleza. A capital do Ceará está buscando maneiras de tornar o transporte mais acessível e eficiente.

Bangalore, Índia 

Em constante expansão, Bangalore procura formas inovadoras de melhorar a segurança viária, empregando o crowdsourcing para identificar problemas como sinais de trânsito defeituosos e áreas propensas a acidentes.

Cidade do México, México 

O centro histórico da Cidade do México é o maior centro comercial da cidade, além de ser Patrimônio Mundial. A cidade precisa encontrar formas inovadoras de melhorar os seus sistemas de transporte para satisfazer as necessidades dos seus residentes.

Detroit, Estados Unidos 

O elevado tráfego de veículos levou a graves problemas de saúde e ambientais em Detroit, especialmente à má qualidade do ar. A cidade pretende abordar as crescentes emissões do transporte de carga à medida que o comércio global se expande.

Medellín, Colômbia 

O relevo montanhoso e as ruas inclinadas de Medellín criam desafios para as pessoas com deficiência e suas cuidadoras. A região procura abordagens integradas para tornar a mobilidade mais inclusiva e acessível.

Nova Orleans, Estados Unidos 

De junho a novembro, Nova Orleans enfrenta dificuldades quando se trata de evacuar os residentes antes da temporada de furacões. A cidade está em busca de inovação para ajudar os residentes vulneráveis a evacuarem com segurança.

Seberang Perai, Malásia 

Os parques industriais de Seberang Perai consomem muita energia e produzem elevados níveis de emissões. A cidade quer trabalhar com empresas e indústrias para reduzir a pegada de carbono e o impacto ambiental do transporte de carga.

Varanasi, Índia 

O crescente setor de tuk-tuks elétricos de Varanasi está altamente desorganizado e mal regulamentado. A cidade procura maneiras de otimizar a eficiência, com rotas distribuídas de maneira mais uniforme pela cidade.

Veneza, Itália 

Os investimentos em mobilidade sustentável em Veneza não levaram à redução do uso de veículos privados. A geografia única da cidade exige um sistema de transporte integrado que funcione tanto por terra como por água.

York, Reino Unido 

York quer conectar os seus modos fragmentados de transporte público, compartilhado e privado em uma frota única e coesa para aumentar a acessibilidade e reduzir as emissões e os tempos de viagem.

Próximos passos 

As dez cidades selecionadas participarão de uma academia de capacitação nos Estado Unidos para receber apoio na melhoria do delineamento de suas propostas, além de formar uma rede de cidades inovadoras. Três cidades serão selecionadas para a fase seguinte do Desafio. Em maio de 2024, será lançada uma nova convocatória para inovadores ao redor do mundo interessados em trabalhar com as cidades.

No final de 2024, serão escolhidos os inovadores semifinalistas de cada cidade. Em 2026, cidades vencedoras e inovadores selecionados compartilharão US$ 9 milhões em financiamento para testar e implementar as suas soluções. O WRI Brasil apoiou a divulgação do concurso no Brasil e apoiará no processo de melhoria das propostas das 10 cidades selecionadas e no delineamento da nova convocatória para inovadores.

Fonte: WRI Brasil

ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO

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A relação entre cidades inteligentes e ecossistemas de inovação

Para minha estreia por aqui, vou compartilhar uma visão mais ampla sobre os temas que abordarei em futuros artigos.

Habitualmente, fala-se de cidades inteligentes sob a ótica da cidade propriamente dita, ou seja, sobre os aspectos que a qualificam como inteligente. A ISO 37122, por exemplo, avalia 10 áreas, como segurança, educação, saúde, mobilidade, energia, tecnologia e inovação, meio ambiente, empreendedorismo, governança e urbanismo.

O Connected Smart Cities divulga anualmente seu ranking das cidades brasileiras que se destacam por seus resultados. Assim como este, existem diferentes métricas para avaliar o desempenho das cidades, dos governos e dos ecossistemas.

É genuíno que as cidades queiram melhorar seus indicadores e busquem posições de destaque em rankings. Essas são medidas importantes para validar as ações de um governo, porém esse não deve ser o objetivo principal e, sim, uma consequência das ações.

Segundo a Exxas Smart City Bureau, “uma Cidade Inteligente é aquela que coloca o cidadão no centro de sua tomada de decisão e utiliza a tecnologia como um dos precursores do seu bem-estar!”.

Porém, há um movimento prévio que nem sempre as cidades têm levado em consideração, o de criar um ambiente favorável para o nascimento e o crescimento de ideias inovadoras. O ambiente a que me refiro conhecemos como Ecossistema de Inovação.

O termo ecossistema vem da analogia com a biologia, pois assim como um ecossistema biológico consiste em muitas espécies que são interdependentes umas das outras, os ecossistemas de inovação são redes interdependentes compostas por uma diversidade de atores e estruturas.

É complexo mensurar o impacto direto de um ecossistema de inovação no desenvolvimento econômico de uma cidade, mas temos exemplos de cidades reconhecidas por terem um ambiente favorável para o desenvolvimento de novos negócios e que estão colhendo excelentes resultados. Florianópolis, em Santa Catarina, é um exemplo. Inclusive, foi recentemente reconhecida pela CNI como a cidade que possui o melhor ecossistema de inovação do Brasil. O impacto dos novos negócios no PIB, na geração de empregos qualificados, na atração e retenção de talentos e na atração de investimentos são alguns dos resultados de um ecossistema de inovação maduro.

Algumas características tornam os ecossistemas de inovação especiais. Dentre elas, a mais relevante é a sua comunidade, as pessoas, sua mentalidade e suas atitudes, pois no fim do dia são elas que fazem as coisas acontecerem. Pessoas com uma mentalidade mais aberta, uma mentalidade de conexão e facilitação, que encorajam e promovem a colaboração entre os diferentes atores em busca da construção de um objetivo comum, a melhoria do próprio ecossistema. São verdadeiros embaixadores, elevando a mentalidade do ecossistema a um nível de classe mundial, sendo catalisadores de oportunidades. Esse comportamento dos “CPFs”, idealmente, deve ser transferido para os “CNPJs”, levando esse mesmo comportamento a nível institucional.

Em uma economia cada vez mais conectada, as instituições não conseguem evoluir sozinhas, precisam criar redes colaborativas para “coopetirem” e sobreviverem.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

SÃO LUÍS INTELIGENTE: INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE PARA O FUTURO

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Prefeitura de São Luís Apresenta Plano de Cidade Inteligente e Recebe Selo de Reconhecimento

A Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Inovação, Sustentabilidade e Projetos Especiais (Semispe), realizou, no Teatro da Cidade (Centro), o evento São Luís Inteligente.

Durante o evento, foi apresentada a política de inovação para o Município, com o objetivo de envolver a população na construção do Plano Municipal Cidade Inteligente de São Luís, que será no dia 28 de novembro.

Foto: @Divulgação

O PMCI é uma iniciativa que pretende transformar São Luís em uma cidade mais conectada, eficiente e sustentável, por meio do uso estratégico da economia criativa e da inovação, abrangendo diversas áreas do desenvolvimento urbano: educação, saúde, segurança e meio ambiente.

Durante a cerimônia, a Prefeitura de São Luís recebeu o selo prata em boas práticas de Cidade Inteligente, de acordo com o Ranking Connected Smart Cities 2023, mérito que se dá pela contratação do Plano Municipal São Luís Inteligente, com destaque para o termo de cooperação técnica do uso de Big Data com o Banco de Desenvolvimento Interamericano (BID), além do fato da Prefeitura possuir uma secretaria com pasta específica de Cidades Inteligentes, a Semispe, e de ter em seu Plano Plurianual (PPA), ações direcionadas à temática que contribuíram para a conquista do selo.

“Estamos hoje muito felizes em receber o selo prata. É um reconhecimento, fruto de um árduo trabalho que vem sendo desenvolvido na Semispe, que também conta com o grande apoio do nosso prefeito Eduardo Braide. Ele tem feito várias ações, investindo nesse tema, Cidades Inteligentes. Esse prêmio pertence à cidade de São Luís”, frisou a secretária Verônica P. Pires.

Foto: @Divulgação

O evento contou com a palestra “Big Data para Cidades Inteligentes”, ministrada por Maurício Bouskela, especialista em transformação digital, cidades inteligentes e desenvolvimento urbano.

“Durante a palestra, expus a parte conceitual sobre cidades inteligentes, a importância dos dados e uma série de exemplos aplicados que podem servir como inspiração. A Prefeitura de São Luís, por meio da Semispe, está de parabéns por essa iniciativa. Minha gratidão pelo convite de estar com vocês esta noite”, destacou Maurício Bouskela.

Foto: @Divulgação

Vitor Antunes, especialista em políticas para cidades inteligentes, também esteve presente ao evento. Ele é representante do Consórcio São Luís Smart City, que apoia a Prefeitura na elaboração do Plano.

“O Plano São Luís Inteligente vai colocar o Município na vanguarda, como primeira cidade a aplicar, de fato, a política nacional de Cidades Inteligentes e, com certeza, trará muitos incrementos em diversos setores”, disse Vitor Antunes.

Fonte: Ponto e Virgula

‘ÔNIBUS VOADOR’ USA ELETRICIDADE E GASOLINA COMO COMBUSTÍVEL; CONHEÇA

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Com tecnologia híbrida, veículo quer ser opção de transporte público pelos ares

Com cara de jatinho estendido, o ônibus voador é um projeto de aeronave de decolagem e aterrissagem vertical elétrica (eVtol, na sigla em inglês) da Lyte Aviation. O SkyBus, nome do modelo, se assemelha com uma aeronave executiva, mas o objetivo da empresa é oferecer uma opção de transporte público voador.

De acordo com a Lyte Aviation, a primeira aeronave deverá ter 44 assentos e poderá atingir uma velocidade máxima de 300 km/h. A autonomia do modelo pode chegar a mais de 1.000 km. Para carregar tanto peso por longas distâncias, os motores do veículo funcionarão com tecnologia híbrida, combustível de aviação regular ou sustentável.

Com base nas imagens divulgadas pela empresa, o veículo conta com asas curtas com oito hélices de seis pás. As hélices posicionadas para cima, na vertical, terão motores elétricos de células de combustível de hidrogênio nas pontas das asas.

Outra vantagem do veículo é o de não precisar de uma área de aterrisagem padrão, como os helicópteros e os aviões. Para a empresa, isso poderia ampliar os usos do eVtol em mais serviços de voo, por exemplo.

A Lyte Aviation espera ter um protótipo em escala real construído até 2024 e pronto para voo em 2025. Além disso, a empresa anunciou um acordo de pré-encomenda com a indiana Vman Aviation Services, para 10 aeronaves. O valor do ônibus voador divulgado pela empresa é de € 400 milhões, cerca de R$ 200 bilhões.

Fonte: Mobildade Estadão

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA: INDÚSTRIA AERONÁUTICA SE PREPARA PARA ELETRIFICAR AVIÕES

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Empresas se dedicam para superar o principal obstáculo das aeronaves elétricas: desenvolver baterias com o máximo de eficiência energética

A transição energética já está se viabilizando em quase todos os modais de transporte, mas, na aviação, ela ainda pode levar mais algum tempo para se tornar realidade. O maior entrave a ser resolvido é a bateria, que aumenta exponencialmente o peso da aeronave.

“A bateria carregada ou vazia de um veículo elétrico pesa a mesma coisa”, destaca Carlos Roma, CEO da TB Green, empresa de soluções em energia limpa. “Trata-se de uma grande desvantagem nos aviões.”

Ele explica que, em uma viagem de São Paulo para a Europa, por exemplo, na medida em que o volume de querosene de aviação diminui nos tanques, o avião consegue alcançar a máxima eficiência energética, tornando-se mais econômico já perto do destino. “Isso não acontece com o conjunto de baterias em um voo com avião elétrico”, diz.

Segundo Roma, 1 kg de querosene equivale a 13 kWh de energia. Já 1 kg da melhor célula de bateria para o mercado da aviação rende 0,37 kWh, ou seja, muito longe do ideal. “Baterias com superdensidade energética ainda não estão prontas”, revela. “A indústria busca processos químicos eficazes para armazenar energia, mas, antes de 2030, não acredito que haverá a produção do componente com boa autonomia. Isso deverá demorar 20 anos.”

A vez do SAF

Enquanto tenta desenvolver a superbateria, a indústria aeronáutica pesquisa outras possibilidades de curto e médio prazos. O combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês, ou sustainable aviation fuel) é a bola da vez, e ele pode reduzir de 70% a 90% as emissões dos gases de efeito estufa. Segundo estudos da Universidade Metropolitana de Manchester, na Inglaterra, de todo o volume de dióxido de carbono (CO2) despejado na atmosfera, a aviação é responsável por 3,5%.

Produzido com base em fontes renováveis, como biomassa, óleo de cozinha usado, resíduos urbanos e agrícolas e gases residuais, o SAF não tem receita definitiva para a sua produção. “Atualmente, há sete caminhos tecnológicos aprovados e outros cinco estão em fase de homologação.Uma coisa é certa: o combustível sustentável será, obrigatoriamente, desenvolvido de acordo com critérios rígidos de sustentabilidade”, atesta Roma.

O SAF é uma alternativa paralela, porque segue os experimentos com a aeronave movida a bateria. Um exemplo vem da Embraer, que criou o protótipo do avião elétrico, mostrado no congresso da SAE Brasil, em outubro.

A pequena aeronave, chamada pela empresa de Demonstrador Elétrico, fez seu voo inaugural em 2021, e serve para acelerar tecnologias que visam o aumento na eficiência energética e a diminuição nas emissões de CO2.

Avião da Embraer

“A decolagem do nosso avião elétrico simboliza uma importante contribuição para a transição energética do setor. As pesquisas em eletrificação aeronáutica fazem parte do conjunto de outros estudos em busca da nova geração de energia renovável”, diz Luis Carlos Affonso, vice-presidente de engenharia e desenvolvimento tecnológico da Embraer.

O projeto é fruto da cooperação tecnológica que utilizou o sistema de motopropulsor elétrico da WEG e um conjunto de baterias, financiadas pela EDP, empresa do setor energético, instalado em um EMB-203 Ipanema. Segundo a Embraer, os resultados do Demonstrador Elétrico permitem que o conhecimento adquirido seja aplicado em tecnologias inovadoras de eletrificação.

Nem só do Demonstrador Elétrico vive a engenharia da Embraer. Dois anos atrás, ela apresentou uma família conceitual de aeronaves comerciais com foco em sustentabilidade, que deve estar totalmente pronta na próxima década. Dos quatro modelos, um é totalmente elétrico (batizado de Energia Electric) e outro é híbrido (Energia Hybrid).

Outras ações estão em andamento no mundo aeronáutico. A Contemporary Amperex Technology Co. Limited (CATL), empresa de tecnologia chinesa especializada na fabricação de baterias de íon-lítio, também vem trabalhando no projeto de aeronaves elétricas de passageiros. Para melhorar a pegada de carbono de suas baterias, a fim de alcançar a neutralidade até 2035, ela se concentra em mineração, matérias-primas a granel, materiais de bateria, fabricação de células e sistemas de bateria.

Mas a CATL adverte: “Embora seja possível ver alguns aviões elétricos comerciais na próxima década, não devemos esperar que as baterias equipem muito além de aviões pequenos e de curta distância tão cedo”.

À venda já em 2027

Annibal Hetem Junior, professor de propulsão aeroespacial da Universidade Fedederal do ABC, faz o contraponto. Para ele, não é economicamente viável desenvolver um avião elétrico com pouca autonomia. “Ter um automóvel elétrico para rodar 200 quilômetros é bom, mas isso não vale a pena no setor aeronáutico. Um avião elétrico precisa voar cerca de 1.000 quilômetros, e isso ainda não é possível”, afirma.

A startup americana Eviaton pensa diferente. Ela planeja comercializar aviões elétricos já em 2027. Os experimentos começaram em 2022, quando o protótipo, batizado de Alice, de nove lugares, estreou com motores elétricos duplos de 850 cv de potência e autonomia de 460 quilômetros.

“Com o Alice, podemos viajar dentro da América do Norte com um único piloto. É mais econômico operar dessa maneira, em vez de usar um avião de dez passageiros, que exigiria a presença de dois pilotos a bordo”, afirma Gregory Davis, CEO da Eviaton.

“Não há necessidade de produzir uma bateria para durar 20 anos. O que estamos fazendo é desenvolver bateria para 3 mil ciclos ou 3 mil horas. Depois, elas poderão ser substituídas na manutenção de rotina”, ressalta Davis.

Com tantos estudos em desenvolvimento, não há dúvida que o avião elétrico, cedo ou tarde, será uma das opções de transporte do futuro. Nem a imaginação de Santos Dumont voaria tão longe.

Fonte: Mobilidade Estadão

BANCO DO BRASIL ALOCA R$ 320 BILHÕES EM NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS E QUER SER REFERÊNCIA EM ESG

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Em entrevista à EXAME Solutions, diretoria fala sobre o posicionamento do banco, que levou a Nova York sua nova estratégia de sustentabilidade e investimentos

Não só as empresas nascidas neste século miram seu norte para a sustentabilidade com planos, estratégias e acenos ao mercado. O banco mais antigo do país também quer mostrar que os pilares do ESG estão na essência de seu negócio e que pode fazer muito mais.

O Banco do Brasil foi a Nova York durante a última reunião da Assembleia Geral da ONU, em que lideranças empresariais do mundo todo se reúnem em eventos paralelos, para vender seu novo posicionamento: alocar investimentos em negócios sustentáveis — já são mais de R$ 320 bilhões, um terço da carteira —, aumentar o financiamento para o reflorestamento e a agricultura de baixo carbono, além de outras ações ESG.

Em entrevista à EXAME Solutions, o vice-presidente de Negócios com Governos e Sustentabilidade Empresarial, José Ricardo Sasseron, diz que a vocação do banco para negócios sustentáveis se traduz pela própria natureza de seus negócios e clientes. O BB é um dos maiores fornecedores de crédito rural e tem grande capilaridade pelo interior do país, onde financia microempreendimentos.

Além dos negócios sustentáveis, o banco ainda tem feito a lição de casa. A instituição se comprometeu com alguns Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, como pagamento de salários justos para os funcionários a partir de um piso universal e equidade entre homens e mulheres nos cargos de liderança.

Saiba mais sobre as ações do Banco do Brasil no vídeo da EXAME Solutions.

Fonte: Exame