Nos últimos anos diversas iniciativas foram lançadas para auxiliar o desenvolvimento e planejamento de cidades inteligentes. É necessário compreendê-las individualmente e de forma coletiva, para que possamos melhor utilizá-las.
Em 2014, Paula Faria a idealizadora do Connected Smart Cities apresentou a alguns parceiros a sua ideia de criar um espaço, um evento e atualmente uma plataforma, para se discutir e apoiar o desenvolvimento de cidades inteligentes no Brasil. Àquela época, pouco se falava do termo no país, e o que se falava era restrito a tecnologia de iluminação e segurança.
Naquele momento, junto com a Urban Systems, consultoria de inteligência de mercado responsável pela elaboração do Ranking Connected Smart Cities, foi idealizado o primeiro estudo de cidades inteligentes do país, que tem como intuito apontar, por meio de indicadores e desempenho, o nível de desenvolvimento inteligente, sustentável e humano das cidades brasileiras, considerando uma adaptação do conceito de smart cities, que naquele momento tinha na tecnologia o seu foco, e estreando, há 9 anos atrás, uma visão onde a qualidade de vida se tornaria a protagonista do desenvolvimento inteligente das cidades.
Nascia assim, um estudo que por meio de levantamento de indicadores de cidades, pondera mais de 70 indicadores e as ranqueia, baseado não apenas no dado levantado, mas também na qualidade e grandeza de cada indicador, permitindo que os municípios se movimentem no ranking (subam ou desçam) baseados na sua evolução positiva ou negativa em cada indicador, além é claro, de serem impactados pelo progresso ou não das cidades que estão posicionadas próximas.
Importante destacar que por avaliar todas as cidades brasileiras com mais de 50 mil habitantes, o estudo baseia-se em dados secundários, entretanto, desde 2021 lança anualmente um formulário eletrônico em seu site e redes sociais para que a própria cidade possa atualizar algumas das informações coletadas no estudo. Para saber mais do estudo, acesse aqui.
Neste estudo (Ranking CSC), as cidades com melhores indicadores, ou seja, com um conjunto maior de valores positivos ou maiores nos mais de 70 indicadores analisados, se destacam nas primeiras posições. O Ranking apresenta também resultados por eixo temático, por região geográfica e por porte de população, sempre com o intuito de, mais do que gerar uma competição saudável entre as cidades, poder trazer referências positivas e iniciativas que podem ser utilizadas como cases de sucesso ou referência para políticas públicas em todo o país, baseando-se em cidades que já apresentam destaque em determinadas regiões ou assuntos.
De 2015, ano da primeira edição do Ranking Connected Smart Cities, até os dias atuais, muitas coisas mudaram nas discussões de cidades inteligentes, e para o bem de todos, essas discussões se ampliaram consideravelmente.
Além da ampliação dos atores que participam da discussão, englobando não apenas poder público municipal, mas também estadual e nacional, organizações, entidades públicas e privadas, academia e diversos pesquisadores, algumas novas publicações surgiram para estender a discussão e auxiliar as cidades em todo o país, e também de forma global.
Uma dessas discussões, que gerou uma publicação, é a ISO 37122 de 2019 que especifica e estabelece definições e metodologias para um conjunto de indicadores de cidades inteligentes e que foi traduzida pela ABNT e gerou norma homônima publicada em 2020 no país. Em texto de divulgação da Norma no país, é informado que esta provê um conjunto completo de indicadores para medir o progresso em direção a uma cidade inteligente, que se destinam a auxiliar as cidades a orientar e avaliar o desempenho da gestão de seus serviços urbanos, bem como a qualidade de vida. Esta norma considera a sustentabilidade como o seu princípio geral, e a cidade inteligente como um conceito orientador no desenvolvimento das cidades.
A norma define cidade inteligente como aquela que aumenta o ritmo em que proporciona resultados de sustentabilidade social, econômica e ambiental e que responde a desafios como mudanças climáticas, rápido crescimento populacional e instabilidades de ordem política e econômica, melhorando fundamentalmente a forma como engaja a sociedade, aplica métodos de liderança colaborativa, trabalha por meio de disciplinas e sistemas municipais, e usa informações de dados e tecnologias modernas, para fornecer melhores serviços e qualidade de vida para os que nela habitam (residentes, empresas, visitantes), agora e no futuro previsível, sem desvantagens injustas ou degradação do meio ambiente natural.
Assim, chegava ao país um guia para a padronização de coleta de indicadores que dão suporte ao planejamento e acompanhamento das ações das cidades inteligentes em todo o globo, permitindo comparação a nível mundial.
Importante destacar também que desde 2019 estava em discussão a Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, publicada em 2021, uma iniciativa da Coordenação-Geral de Apoio à Gestão Regional e Urbana da SMDRU/MDR onde estão expressos o conceito de “cidades inteligentes” para o Brasil e uma agenda para a transformação digital das cidades brasileiras na perspectiva do desenvolvimento urbano sustentável. Em seu objetivo estratégico 3 temos o “estabelecimento de sistemas de governança de dados e de tecnologias, com transparência, segurança e privacidade” considerando entre focos a necessidade de um olhar de dados para planejamento e resultado das cidades inteligentes.
Em 2022 o Connected Smart Cities, em parceria com a SPin – Soluções Públicas Inteligentes, consultoria a frente dos primeiros planos diretores de tecnologia e inovação e política municipal de cidades inteligentes, atendendo a uma demanda de cidades que estavam começando a aplicar iniciativas em consonância com o planejamento e gestão inteligente, porém que ainda não tinham atingido resultados marcantes no âmbito dos indicadores de cidades inteligentes, lançam o Selo Connected Smart Cities, com o intuito de reconhecer as boas práticas em cidades inteligentes no país, considerando 6 dimensões de análise: planejamento, governança, infraestrutura e serviços TIC, maturidade de parcerias e ecossistema de inovações. Para saber mais, acesse aqui.
Dessa forma, por meio de formulário autodeclaratório, e apresentação de evidências válidas, o Selo CSC reconhece as boas práticas em cidades inteligentes e as segmenta em 5 níveis (aspiracional, bronze, prata, ouro e diamante). Este Selo, aponta as cidades que estão criando condições para o desenvolvimento de políticas públicas e ambientes favoráveis para a transformação da cidade em uma cidade mais inteligente.
Por fim, é válido destacar que desde a publicação das normas NBR 37120 (qualidade de vida e sustentabilidade), 37122 (tecnologia e outros indicadores para cidades inteligentes) e 37123 (resiliência) instituiu-se a possibilidade de que cidades se certificassem nestas 3 normas. A certificação desenvolvida pela ABNT considera um processo evolutivo através da classificação em 4 níveis para cada norma: Bronze, Prata, Ouro e Platina, a depender da quantidade de indicadores certificados, ou seja, a certificação se dá pela coleta de evidências seguindo a norma em questão e a auditoria dos dados, independentemente do nível do indicador em questão.
O presidente da ABNT Mário William Esper, reforçou o objetivo central da certificação: “Com o processo de certificação, gestores públicos terão acesso a dados padronizados e auditados por organismo independente, que serão usados para pautar decisões de gestão, planejamento e investimento.” Importante também destacar que como é um processo evolutivo, as cidades certificadas podem solicitar a avaliação de indicadores adicionais visando a obtenção de um nível superior da certificação, com periodicidade anual.
Em 20 de agosto de 2023 já haviam sido emitidos os seguintes certificados: São José dos Campos Platina (NBR ISO 37120), Ouro (NBR ISO 37122) e Ouro (NBR ISO 37123); Pindamonhangaba Platina (NBR ISO 37120); e Jundiaí Bronze (NBR ISO 37120). Há pelo menos outras 4 cidades que já informaram estarem em processo de certificação ou levantamento de dados para certificação.
Mas afinal, onde vamos chegar com tantos indicadores, estudos e índices?
O caminho mais natural é que alcancemos os objetivos de cada iniciativa. Com cada vez mais atores envolvidos na transformação inteligente das nossas cidades, e uma sinergia entre elas, focando na qualidade de vida da população, encontramos diversos caminhos que levam a melhora das nossas cidades.
É fato que há muito ainda para caminharmos, pois temos 5.570 cidades no país, com necessidades diferentes e em momentos distintos de envolvimento com a pauta, porém todas com oportunidade para se melhorarem.
Então, apoie-se você no Selo, no Ranking, na Certificação, nos Planos de Cidades Inteligentes, nos Objetivos da Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, ou em qualquer outra iniciativa que foque na transformação e melhora das cidades brasileiras, você tem todo um ecossistema de apoio que torce pelo seu sucesso!
Em alguns poucos dias ocorre a 9ª edição do Connected Smart Cities, onde teremos a oportunidade de conhecer as iniciativas e os resultados que estão impulsionando o desenvolvimento de cidades inteligentes no país.
Estarão presentes mais de 100 cidades brasileiras, além de estados e representantes do governo federal e da iniciativa privada. Este momento de troca é imprescindível para a transformação que todos queremos, onde possamos viver em cidades mais inteligentes, humanas e sustentáveis.
Nos vemos lá!
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities