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FUMAÇA DE INCÊNDIOS E EMISSÃO DOS VEÍCULOS AGRAVA QUALIDADE DO AR EM SÃO PAULO, AFIRMA ESPECIALISTA

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Período de seca também dificulta circulação de gases poluentes na atmosfera

Despontando como a cidade com a pior qualidade do ar entre outras 120 metrópoles no ranking das mais poluídas, São Paulo registrou na última semana uma das mais altas concentrações de poluentes do Brasil, segundo a plataforma de monitoramento IQAir. Além da poluição cotidiana, o deslocamento da fumaça das queimadas nas regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste do País agravou a situação.

Segundo Thiago Nogueira, professor do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública na Universidade de São Paulo (USP), neste período do ano, a cidade de São Paulo já costuma registrar níveis ruins de qualidade do ar. “O que acontece nessa época do ano, principalmente no inverno, [é que] a qualidade [do ar] de fato é ruim por conta do fenômeno de inversão térmica”, explica.

A inversão térmica é uma condição que desfavorece a dispersão dos poluentes. De acordo com o professor, este fenômeno acontece todos os anos, com índices ruins de poluição. “Desta vez tem um agravante, porque existe aquela poluição já gerada na cidade, somada com a poluição das queimadas transportadas pra cá”, afirma.

No início do ano, Nogueira e outros pesquisadores da USP lançaram um mapa da poluição na cidade de São Paulo. Os resultados da época mostraram que, em comparação com outras regiões da cidade, a zona Oeste é a que mais está exposta a gases poluentes emitidos por veículos.

De acordo com a previsão do monitoramento da IQAir, a qualidade do ar em São Paulo voltará a piorar a partir da quinta-feira, 19. Conforme a tabela, os números devem superar os 120, atingindo a categoria “Insalubre para pessoas sensíveis”. Neste nível, a plataforma orienta pessoas com sensibilidades e problemas respiratórias a evitarem atividades em espaços abertos e a usarem máscaras faciais.

Medidas de prevenção

“A cidade de São Paulo, principalmente, tem tomado atitudes muito pequenas para proteger a população”, afirma Nogueira. Conforme o professor, em situações como essa, medidas para evitar o uso de transporte individual ou orientar as pessoas a ficarem em casa podem contribuir tanto com a redução da emissão de poluentes quanto, ao mesmo tempo, com a exposição das pessoas a esses gases.

“Diminuir o uso do transporte individual está associado com o aumento da capacidade dos transportes de massas, […] em especial transportes que sejam considerados limpos, [como] ônibus elétricos, trens que sejam movidos a energia limpa”, acrescenta. Atualmente, a frota de coletivos elétricos em São Paulo possui apenas 214 veículos movidos a bateria e 201 trólebus.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirmou que tem tomado medidas de cuidado com a população em relação à qualidade do ar. De acordo com o órgão, desde 2022, a prefeitura conta com um sistema de monitoramento 24 horas dos parques municipais e unidades de conservação para prevenir incêndios florestais. Segundo a Prefeitura, a iniciativa já resultou em uma redução de 16% das queimadas nos parques municipais até 2023.

A Prefeitura também lançou na última quarta-feira, 11, um comitê de crise intersecretarial que pretende liberar verba extraordinária de R$ 5 milhões para reforçar equipamentos de atendimento assistencial a idosos durante crises climáticas.

De concreto, até o momento, há a instalação de dez tendas da Operação Altas Temperaturas montadas em pontos estratégicos das cinco regiões da cidade.  Elas funciona das 10h e 16h, e lá as pessoas recebem água, chás, sucos gelados e frutas.

Monitoramento da qualidade do ar

O índice de qualidade do ar é uma ferramenta matemática desenvolvida para simplificar a divulgação da qualidade do ar. Os poluentes monitorados seguem a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), incluindo materiais particulados e materiais particulados finos. Os materiais particulados finos incluem fumaça, ozônio, monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre.

Desde o início da semana, a cidade de Porto Velho tem registrado a pior qualidade de ar do País. Ultrapassando valores acima de 220 no índice de qualidade de ar, a condição atmosférica da cidade está classificada como “perigosa”.

De acordo com a plataforma AccuWeather, neste nível de poluição, até indivíduos saudáveis podem ter dificuldades de respiração e irritação na garganta em caso de exposição prolongada.

Em São Paulo, a prefeitura divulgou uma lista de orientações em caso da umidade do ar fique abaixo de 30%. As medidas incluem:

  • Evitar exercícios físicos ao ar livre;
  • Umidificar o ambiente por meio de vaporizadores, toalhas molhadas e/ou recipientes com água;
  • Permanecer em locais arejados e protegidos do sol;
  • Hidratar-se com maior frequência;
  • Usar soro fisiológico nas narinas;
  • Usar solução lubrificante ocular;
  • Evitar aglomerações.

Fonte: Mobilidade Estadão

‘EM PARIS, CARROS JÁ ESTARIAM PROIBIDOS NO CENTRO’, DIZ PESQUISADOR SOBRE AR POLUÍDO EM CIDADES BRASILEIRAS

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As cidades brasileiras não estão tratando a crise de poluição do ar neste inverno com a seriedade que a situação exige, afirma o pesquisador João Paulo Amaral.

Com a pior qualidade de ar do pais, a cidade de Porto Velho (RO) está há dias sob uma espessa camada de poluição, com o ar “muito insalubre” nesta segunda-feira (16/9), de acordo com o índice de monitoramento internacional da IQAir.

Outras grandes cidades brasileiras têm enfrentando graves problemas com o pico de poluição atmosférica, como Campinas (SP), Manaus (AM), Rio Branco (AC) e São Paulo (SP) entre outras — as cinco cidades eram as mais poluídas do Brasil no início desta semana.

Em São Paulo, a qualidade do ar melhorou na segunda-feira (16/9), após um final de semana mais úmido, mas muitos dos problemas de saúde causados pela poluição continuam.

A qualidade do ar havia sido classificada como “muito ruim” pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) na sexta-feira (13/9) — encerrando uma semana na qual a cidade chegou a ficar quatro dias no topo do ranking de cidades mais poluídas da IQAir.

Além da baixa umidade do ar e da inversão térmica que acontece no inverno, as queimadas nas regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste do Brasil estão entre as causas da concentração de poluentes e piora da qualidade do ar, de acordo com o MetSul.

Nenhuma das cinco cidades tem um plano de ação para episódios críticos, ou seja, um planejamento oficial sobre como agir em momentos em que a qualidade do ar está em níveis emergenciais, explica João Paulo Amaral, que é gerente de Natureza do Instituto Alana (entidade de proteção às crianças) e coordenou um estudo analisando o preparo do Brasil em comparação com oito países (França, Espanha, EUA, Reino Unido, México, Chile, Equador e Colômbia).

“Se o nível de poluição em Paris atingisse metade do que chegou em São Paulo, a cidade já teria decretado medidas emergenciais, como gratuidade no transporte público, para incentivar seu uso, ou mais restrições aos carros na região central”, afirma Amaral em entrevista à BBC News Brasil.

A pesquisa foi produzida pelo grupo de pesquisa Instituto Ar e pelo Alana, organização sem fins lucrativos de defesa dos direitos da criança, e encontrou apenas um plano de ação para episódios críticos no Brasil todo: um decreto de 1978 criado pela Cetesb no Estado de São Paulo.

“Além de estar muito defasado, esse plano nunca é colocado em prática”, afirma o especialista.

Um plano de ação deve conter orientações sobre como monitorar; qual nível de poluição é necessário para ativá-lo; quais as responsabilidades de cada órgão ou agência governamental e quais ações de controle da poluição devem ser tomadas.

“É claro que a população precisa tomar medidas inviduais para se proteger, mas esse não é um problema individual, é uma questão ambiental e de saúde pública que precisa de ação das autoridades em todas as esferas”, diz Amaral.

Como funciona em outros países?

Os outros oito países analisados pelo estudo têm planos de ação mais recentes e, com exceção do Equador, limites muito mais baixos de poluição para dar início às ações de emergência em comparação com o Brasil, mostra o estudo.

Um dos principais poluentes do ar é o chamado material particulado, ou seja, partículas de poluição muito pequenas, que podem ser inaladas e causar diversos danos à saúde.

No Brasil, os níveis de material particulado considerados críticos são acima de 125 𝜇g/m³ (nível de atenção). Acima de 210 é nível de alerta e acima de 250 é nível de emergência.

Na França e na Espanha, 25 𝜇g/m³ já é considerado um nível crítico e acima de 50 já se iniciam as medidas de emergência.

No México e na Colômbia, as medidas de emergência começam a partir de 150 𝜇g/m³; no Chile, a partir de 170.

O monitoramento dos níveis críticos é importante para que as autoridades tenham patamares a partir dos quais iniciar medidas de contenção e de mitigação dos danos da poluição à saúde — mas é preciso que existam planos de ação, segundo Amaral.

“O Brasil está muito defasado na legislação sobre o tema”, diz Amaral.

“Não só os níveis críticos estão muito acima do que é considerado o limite pela OMS [Organização Mundial de Saúde], não existem planos de ação para episódios críticos”, acrescenta ele.

Nos outros países analisados no estudo liderado por Amaral, as grandes cidades têm uma série de medidas previstas caso os níveis de poluição atinjam patamares críticos.

O pesquisador explica que o estudo destaca as medidas que visam proteger especialmente as populações mais vulneráveis: crianças e idosos.

Na Colômbia, a partir do momento em que a poluição atinge o nível de “alerta”, a ação é ordenar a suspensão das aulas em toda a área que está dentro deste nível específico de concentração de poluentes.

“No caso do nível de ‘emergência’, a ordem é a mesma, de suspensão das atividades de todas as instituições de educação, e em alguns casos, até a evacuação da população exposta”, aponta o estudo.

Essa é uma medida que Amaral não enxerga como positiva para o Brasil, por se tratar de uma interrupção do direito à educação das crianças. Mas mostra como o país colocou a população mais vulnerável como prioridade.

Em Paris, na França, quando o nível crítico de poluição é atingido, a Prefeitura implementa uma série de medidas para restringir atividades que contribuem para a poluição, como proibir o tráfego de carros no centro da cidade, dar gratuidade nas passagens de metrô (para estimular o uso do transporte público), criar feriado escolar, entre outros.

Também há uma grande campanha de comunicação orientando a população para adoção de medidas protetivas, como, por exemplo, beber bastante água, evitar fazer exercícios ao ar livre e manter as janelas fechadas.

No Reino Unido, há uma série de programas que visam a diminuição da poluição urbana no longo prazo — especialmente, voltadas para o bem-estar das crianças — como um programa para diminuir a poluição em regiões onde há escolas.

Isso envolve aumentar a arborização, diminuir o trânsito, implementar ciclovias, entre outras medidas.

O mesmo vale para os Estados Unidos, onde as ações para episódios críticos são específicas para cada região do país.

“Os planos precisam ser regionais, porque há muitas diferenças dentro de um mesmo país, desde a densidade demográfica até a atividade econômica principal e as fontes de poluição”, explica Amaral.

O que dizem as cidades brasileiras?

Procurada pela BBC News Brasil, a Prefeitura de São Paulo afirmou que tem tomado medidas para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas como um todo.

A Prefeitura disse que declarou 32 áreas verdes particulares como áreas de utilidade pública, o que vai ampliar a zona de proteção da cidade de 15% para 26% do território municipal.

Além disso, a Prefeitura afirmou que tem um sistema de monitoramento para prevenir incêndios florestais, o que diminuiu as queimadas em parques municipais em 16% desde 2020.

“A Prefeitura tem feito avanços como a aquisição das primeiras viaturas elétricas para a Guarda Civil Metropolitana. Ao todo, serão 50 veículos até o fim do ano”, ressaltou a Prefeitura em nota.

A administração também disse estar implementando a mudança de combustível dos caminhões de coleta de lixo, a eletrificação da frota de ônibus e oferece um benefício fiscal para quem tem carro elétrico.

A Prefeitura disse ainda que a Defesa Civil colocou toda a cidade em estado de atenção para a baixa umidade relativa da semana passada e que foram montadas tendas na cidade para distribuição de água e atendimento de animais de estimação.

“A Secretaria Municipal da Saúde recomenda que a população se mantenha bem hidratada, proteja-se do sol, mantenha ambientes internos úmidos através de borrifadores, vaporizadores, toalhas molhadas e recipientes com água e evite exercícios físicos ao ar livre entre 11 e 18 horas”, diz a Prefeitura em nota.

As Prefeituras de Manaus e Porto Velho também citaram as medidas de combate à poluição que têm sido tomadas. As Prefeituras de Boa Vista e Campinas não responderam aos questionamentos da reportagem.

A Prefeitura de Porto Velho afirma que, embora não haja um plano específico para episódios críticos de poluição atmosférica, a “criação da Lei nº 14.850/2024, que estabelece diretrizes para o monitoramento da qualidade do ar e a divulgação de dados à população, representa um avanço significativo”.

A Prefeitura diz ainda que tem necessidade de recursos financeiros e recursos humanos para ampliar a capacitação dos servidores para lidar com o problema e ampliar a publicidade do tema para a população.

Diz ainda que “opera um viveiro municipal com o objetivo de promover a arborização na cidade” e que tem dois projetos de educação ambiental para “conscientizar e sensibilizar para a conversação ambiental”.

Sobre os incêndios — um dos principais fatores de poluição na região —, Porto Velho disse que “tem implementado campanhas publicitárias por meio de rádio, televisão, sites e redes sociais para conscientizar a população sobre os riscos associados às queimadas” e que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA) intensificou a fiscalização na capital e nos distritos.

Já a Prefeitura de Manaus afirmou que a cidade está em “estágio de mobilização” e que criou um Comitê de Combate às Queimadas.

Disse ainda que foram estabelecidas “ações preventivas” para o enfrentamento aos incêndios e que está monitorando e analisando as informações de focos de calor divulgados pelo Inpe e que a maioria dos focos de incêndio vêm do interior do Estado.

A cidade afirmou que tem divulgado medidas que precisam ser adotadas pela população, como beber água e proteger os olhos e o sistema respiratório.

“A inalação de partículas geradas por queimadas pode causar reações que vão de desconfortos leves a sintomas como dor de cabeça e dor de garganta, dificuldade respiratória, lacrimejamento e vermelhidão nos olhos, crises alérgicas e infecções do sistema respiratório, com quadros de asma, bronquite, sinusite, rouquidão, tosse, conjuntivite e problemas cardiovasculares agudos”, explicou a Prefeitura de Manaus em nota.

“Para os casos de desconforto respiratório leve ou necessidade de mais orientações para evitar os efeitos da fumaça na saúde, o usuário deve procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua casa.”

Fonte: BBC Brasil

A IMPORTÂNCIA DOS RANKINGS

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Com dez anos de levantamento, o Connected Smart Cities inovou ao considerar o “Conceito de Conectividade”

No começo de setembro, saiu o ranking 2024 das Cidades Mais Inteligentes e Conectadas do Brasil. Com dez anos de levantamento, o Connected Smart Cities inovou ao considerar o “Conceito de Conectividade”, que é a relação entre os diversos setores analisados e o poder de conectividade entre eles.

Florianópolis manteve o primeiro lugar do ano passado, superando São Paulo (3º lugar) e Curitiba (4º lugar), que desde 2018 sempre estiveram nas primeiras colocações.

Florianópolis se mantém em primeiro lugar nacional com a regularidade nos bons serviços de mobilidade, segurança, saúde, tecnologia e inovação, empreendedorismo e uma economia forte.

A surpresa deste ano é o avanço de Vitória (ES), que correu por fora e também passou as capitais de São Paulo e do Paraná. Vitória, aliás, passou também por Belo Horizonte, Niterói e Barueri, pois em 2023 estava no sétimo lugar.

Outra surpresa é que, entre as dez primeiras, quatro cidades não são capitais: Niterói (5º), Balneário Camboriú (6º), São Caetano do Sul (7º) e Barueri (9º).

O salto de Balneário Camboriú também foi gigante, passando do décimo primeiro lugar em 2023 para o sexto agora, deixando para trás Belo Horizonte, Salvador e Rio de Janeiro. Isso graças a bons índices em mobilidade, saúde, meio ambiente e governança numa cidade cujos avanços lhe valem o apelido de Dubai brasileira.

Vale lembrar que são analisados 74 indicadores em 11 eixos: Urbanismo, Tecnologia e Inovação, Saúde, Segurança, Economia, Mobilidade, Meio Ambiente, Empreendedorismo, Educação, Energia e Governança. Ou seja, é um levantamento bastante amplo o que, a princípio, seria uma dificuldade para as cidades menores competirem com as maiores ou com as capitais estaduais.

A constatação então é que muitas capitais não estão fazendo seu dever de casa, perdendo para cidades menores e para cidades do interior.

Outros indicadores de cidade inteligente são importantes, mas a amplitude do Connected Smart Cities deve ser levada em conta para a busca de sustentabilidade econômica, ambiental e social numa cidade.

Então, mais do que comemorar ou lamentar as colocações no ranking Connected Smart Cities, o que as cidades deveriam é se debruçar sobre ele, analisar seu desempenho, comparar com desempenho de outros municípios.

Ranking não deve ser visto apenas como um troféu a ser conquistado, mas como uma referência, como um conjunto de dados a serem colocados na mesa de planejamento de cada cidade. Se o planejamento for bem feito e bem executado, a cidade vai ser melhor para seus moradores, independente da colocação no ranking.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities 

MOBILIDADE COMO UMA ALIADA DO MEIO AMBIENTE

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O processo de eletrificação no país é um movimento gradual e, diante dos desafios de infraestrutura, um caminho que demonstra ser eficiente é o uso de veículos híbridos.

Os debates em torno das ações em prol do meio ambiente, em busca de uma sociedade mais sustentável, tornaram-se prioritários no cenário global. Diversos países do mundo buscam meios de minimizar a emissão de gases poluentes e melhorar a qualidade de vida das pessoas. O Brasil tem sofrido consequências relacionadas às condições climáticas extremas e, desta vez, o desafio é minimizar os impactos provocados pela combinação de tempo seco, calor, baixa umidade do ar e as queimadas, que resultam na má condição da qualidade do ar.

Diversos países do mundo já investem em ações para reduzir os efeitos dos altos índices de gases poluentes no ar, o que envolve desde ações de recuperação de áreas verdes, processos produtivos mais eficientes e até iniciativas em prol da descarbonização dos sistemas transportes. Londres é um exemplo, a cidade passa por um processo de substituição dos tradicionais double deckers, os ônibus de dois andares, movidos a combustíveis fósseis por veículos com motorização elétrica. A meta é que nos próximos dez anos toda a frota em circulação seja substituída.  

Isso mostra que a indústria da mobilidade tem um papel fundamental no processo de melhoria da qualidade do ar. Aqui no Brasil, temos algumas cidades dando passos importantes para minimizar a poluição ambiental, como São Paulo, Porto Alegre e Salvador, que começaram a implantar os ônibus elétricos para o transporte de passageiros. No entanto, esse é só o início desse processo de transformação.

O processo de eletrificação no país é um movimento gradual e, diante dos desafios de infraestrutura, um caminho que demonstra ser eficiente é o uso de veículos híbridos. Uma pesquisa feita pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que ouviu associados da Sindipeças, aponta que até 2030 mais da metade dos veículos em circulação no país serão elétricos ou híbridos. Os veículos híbridos foram apontados como uma ponte para o processo de eletrificação no país e, de acordo com a opinião de 30% das pessoas ouvidas, o Brasil deve focar sua infraestrutura e capacidade para desenvolver uma plataforma de produção de veículos híbridos. 

Em linha com o que o estudo mostrou, recentemente, a Marcopolo apresentou o primeiro micro-ônibus híbrido, que utiliza o etanol como fonte para a geração de energia das baterias. Trata-se de um modelo desenvolvido no país, com tecnologia nacional, e que pode ser utilizado em qualquer região. Um exemplo prático de uso do veículo são as áreas rurais, onde certamente um modelo 100% elétrico teria mais dificuldade de recarga, enquanto o híbrido movido a etanol, consegue ser abastecido com facilidade e contribuir com o meio ambiente, pois se trata de modelo neutro no ciclo do CO2.

Nesse processo de modernização das cidades, é importante entendermos que não existe um único caminho para a sustentabilidade. Cada país investirá em soluções que se adaptem à realidade local, de acordo com a infraestrutura de cada região. Neste momento, o importante é que as indústrias estejam preparadas para atender aos diferentes cenários, em prol de um objetivo único: oferecer mais eficiência e qualidade de vida para as pessoas. 

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities.

DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO SETOR DE PORTOS E AEROPORTOS

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Mercado aguarda repactuação de Viracopos e Galeão enquanto projetos de concessões portuárias avançam

O Brasil avançou no modelo de concessões aeroportuárias, com 59 aeroportos operados por empresas privadas, responsáveis por 89% da movimentação de passageiros domésticos e 98% do transporte de cargas. Embora esse número represente uma conquista importante para a infraestrutura de transporte aéreo, ainda há oportunidades a serem exploradas, especialmente na aviação regional. Com menor potencial econômico, esse segmento enfrenta desafios para a integração nacional, que são essenciais para conectar regiões menos acessíveis e fortalecer a malha aérea do país.

Apesar dos avanços, o mercado aguarda com expectativa a repactuação de dois grandes aeroportos: Viracopos e RioGaleão. Esses terminais estão passando por processos de reequilíbrio financeiro e contratual, e o desfecho dessas negociações será decisivo para o futuro das concessões. A conclusão da repactuação ainda não tem uma data definida, mas é um tema chave no setor, visto que impacta diretamente a competitividade dos aeroportos no contexto nacional e internacional.

O desenvolvimento da infraestrutura aeroportuária é um fator estratégico para a competitividade do Brasil. Uma rede aeroportuária eficiente contribui não só para o turismo, mas também para o transporte de cargas e conexões físicas entre Norte a Sul do País. Atualmente há ainda muito espaço para crescimento e modernização, e as concessões desempenham papel central nesse processo.

Além do setor aéreo, o Ministério de Portos e Aeroportos (MPOR) também está conduzindo importantes projetos de concessão no setor portuário, com previsões de investimentos bilionários. Entre 2024 e 2026, o setor portuário contará com novos terminais e concessões que devem atrair cerca de R$ 14,5 bilhões em aportes. Esses projetos visam a modernização e expansão da infraestrutura de terminais e canais de acesso aos portos, como os de Santos, Rio Grande e Itajaí. O leilão desses ativos deverá ocorrer até o primeiro semestre de 2025.

Esse cenário reflete a crescente confiança do governo na parceria com o setor privado para o desenvolvimento da infraestrutura logística do Brasil. Ao promover a integração entre modais de transporte, como aeroportos e portos, o país poderá avançar na cadeia logística, fortalecendo o comércio internacional e criando novas oportunidades de desenvolvimento regional.

O tema das concessões aeroportuárias e os desafios para a integração regional será amplamente debatido durante o P3C. O evento, que reúne especialistas e líderes do setor, será uma oportunidade para discutir o futuro das concessões, além de novas oportunidades de investimento em infraestrutura logística no Brasil.

PLACEMAKING: A PODEROSA CONEXÃO ENTRE PESSOAS E LUGARES

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Ninguém faz placemaking sozinho, e o processo não pode depender exclusivamente de técnicos.

Quando projetamos espaços públicos, nos são dados os elementos mais importantes: jardins, fontes, bancos… Mas acredite, nenhum deles será suficiente para construir um bom lugar se ignorarmos um processo chamado placemaking.

Para considerar um ambiente agradável, ele deve nos oferecer possibilidades de encontro, de convívios e interações com outras pessoas. Lembra-se da última vez em que se acomodou numa praça e nem sentiu o tempo passar? Estamos sempre em busca de lugares que nos inspiram e estimulam nossa permanência e, para isso, é necessário um processo de construção de relação e identificação com o espaço.

Praças, parques, ruas e calçadas podem ser muito mais do que áreas de circulação; eles podem ser o coração de uma comunidade, onde eventos acontecem, onde amizades se formam e onde laços sociais são fortalecidos.

Para esses espaços se tornarem o palco das nossas melhores memórias, desenvolvemos o placemaking. Não é algo fácil de ser criado, nem rápido. Mas às vezes surge sem nem estarmos esperando.

O desafio inicia-se na própria palavra, no qual a tradução implica em discussões sob diferentes linhas de raciocínio: sendo o placemaking o nome do processo colaborativo de criar-se o senso local de comunidade, traduzi-lo como “urbanismo comunitário” seria pretensamente técnico? Por outro lado, seria demasiada abstração chamá-lo de processo de “criação de lugares”?

De qualquer forma, as complexas relações entre humanos e lugares tem seu próprio tempo de maturação e identificação, mas a parte mais bacana é que podemos, sim, conduzir e catalisar esse processo.

O primeiro passo é entender que placemaking engloba as diversas ações que procuram assegurar que o espaço onde as pessoas vivem lhes oferece as melhores hipóteses possíveis de prosperar e realizar o seu potencial na vida. Muito além do planejamento urbanístico, esse processo fortalece possibilidades de inclusão social e acaba por fomentar novos negócios, que encontram suporte na própria vizinhança. Colocar a experiência humana no centro do planejamento não tem faixa salarial nem posição geográfica: territórios que sofrem com guerras ou catástrofes naturais vêm apostando na construção do placemaking para aumento da resiliência e suporte comunitário.

Ninguém faz placemaking sozinho, e o processo não pode depender exclusivamente de técnicos. O processo de criação de espaços vibrantes e funcionais deve ser conduzido pelas próprias pessoas que habitam esses lugares, retroalimentando a ideia de que cada cidadão tem o poder de transformar sua própria comunidade.

Então, o que nós, experts em cidades, podemos fazer?

Podemos dar espaço e trazer à consciência o papel de protagonismo da comunidade, seja por demandas sociais ou simplesmente para valorizar um empreendimento imobiliário e requalificar um núcleo urbano central.

Experiências como os projetos “Praças Vivas”, eventos de rua e projetos de extensão universitária de caráter urbanístico mostram-se animadoras, com a promoção de atividades socioculturais e vivências públicas. Também se ressalta a atuação das associações comerciais, com promoções coordenadas, eventos e feiras; as governanças temáticas, apoiadas pela sociedade civil organizada, associações de bairro e as empresas do terceiro setor, que têm capacidade de articular projetos unindo o Poder Público e a iniciativa privada.

Se você é técnico em cidades ou alguém que queira construir uma cidade melhor, procure (ou crie você mesmo!) uma associação, grupo, governança ou conselho engajado em promover espaços vivos. Garanto que o esforço vale a pena, e que pode mudar a realidade de um bairro inteiro.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

SEMÁFOROS PODERÃO GANHAR NOVA LUZ DE COR BRANCA

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Novidade ainda em fase de estudo promete lidar com fluxo de automóveis

A adição de uma nova luz de cor branca nos semáforos está em fase de estudos. Avaliada como uma maneira de lidar com congestionamentos no futuro, a novidade é voltada, principalmente, para carros autônomos. O principal objetivo da função é gerenciar o fluxo de automóveis nas vias.

O estudo elaborado por engenheiros do transporte, da Universidade Estadual da Carolina do Norte (NC State University), nos Estados Unidos, realizou simulações virtuais para testar o equipamento. De maneira prática, o sinal branco funciona como um alerta para os motoristas de que há carros autônomos na via.

A notificação automática é ativada por sensores nas vias, que reconhecem a presença de veículos sem motorista. Desta forma, os condutores humanos poderiam seguir ou manejar os seus veículos sabendo que há os carros autônomos no mesmo ambiente.

De acordo com o estudo, a necessidade de preparar a estrutura viária para os carros autônomos tem como objetivo aproveitar todo o potencial desses veículos. Com a luz branca, a comunicação entre veículos automáticos e conduzidos por humanos pode funcionar de maneira mais fluida no futuro, ao longo da expansão do uso destes modelos.

Semáforos com luz branca

Conforme os resultados do estudo, a luz branca somente faria sentido em um contexto com um grande volume de veículos autônomos.

Por esse motivo, os engenheiros sugerem que, sem a presença de carros autônomos, o semáforo deve funcionar de maneira tradicional, com apenas as três cores. Além disso, os autores afirmam que a luz branca poderia ter outra cor.

Fonte: Mobilidade Estadão

ENTENDA PORQUE OS RIOS NO BRASIL ESTÃO SECANDO

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Estudo aponta que seca de 2024 é histórica por ser a mais extensa já registrada no Brasil

Um estudo feito pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), publicado no periódico internacional Water, mostra através de imagens de satélite como os maiores rios do país estão secando.

O relatório mostra que 55% do território nacional já foi afetado pela seca que é a mais extensa já registrada. São 4,6 milhões de km² atingidos pelo problema.

No Centro-Oeste, Sudeste e também na Amazônia, segundo o estudo, são as regiões onde há maior redução na vazão de rios, lagos e reservatórios. Ao menos 12 grandes rios já estão sendo afetados pela seca.

Sobre o estudo

Segundo a pesquisa, o aumento das temperaturas foi a principal causa da seca nos rios do Brasil. A vazão do Rio São Francisco foi impactada por ondas de calor que se sucedem neste ano.

Outro dado alarmante se dá na constatação de que o aumento de temperatura foi maior do que a redução das chuvas. Isso explica como essas ondas de calor extremo foram cruciais para reduzir a vazão dos rios, principalmente no início das secas.

Os dados da vazão dos rios mostraram como a diminuição da vazão se deu a um declínio na precipitação e aumento simultâneo das temperaturas do ar, nos últimos 30 anos.

A situação dos rios no Brasil

A falta de chuvas, combinada com as altas temperaturas tem resultado em níveis dos rios significativamente abaixo da média esperada para esta época do ano no país.

A pesquisadora da área hidrológica do Cemaden, Elisangela Broedel, relata que embora a seca tenha se intensificado entre os meses de maio a agosto de 2024, o monitoramento de secas conduzido pelo Cemaden/MCTI aponta que a seca, particularmente na faixa que se estende dos estados do Acre e Amazonas até o estado de São Paulo e o Triângulo Mineiro, começou ainda no segundo semestre de 2023.

“Como resultado desta situação, muitos municípios já enfrentam condições de seca por 12 meses consecutivos, contribuindo para a redução dos níveis e vazões dos rios e do maior risco para a propagação de fogo”, explica Broedel.

Quais são os rios com a pior situação no país?

De acordo com o índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI), na escala temporal de 12 meses — um dos métodos utilizados pelo Cemaden para caracterizar as secas hidrológicas em nível nacional —, as bacias hidrográficas que estão atualmente em maior condição de criticidade são as dos rios: Paraguai (incluindo a região do Pantanal), Paraná e seus tributários, Amazonas e seus tributários, Tocantins, Araguaia, Jequitinhonha, Paraíba do Sul e São Francisco (principalmente na porção de cabeceira).

As causas da seca resultam de uma combinação de fatores que abrangem diferentes escalas espaciais e temporais.

“A estação chuvosa passada foi deficitária em toda a porção centro-norte do país, em decorrência da atuação do fenômeno El Niño que normalmente causa diminuição das precipitações nesta região” explica Broedel.

Em consequência, a fraca estação chuvosa não conseguiu repor adequadamente a umidade do solo e da vegetação, nem recarregar os aquíferos, mantendo os níveis dos rios abaixo dos níveis esperados.

Expectativa para o futuro

De acordo com as previsões baseadas no Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI), há uma expectativa de agravamento das secas em várias regiões do país.

Esse índice, que combina dados de precipitação e vazão, sugere uma intensificação das condições de seca, evidenciando o impacto significativo sobre os recursos hídricos locais.

As previsões indicam que, já em setembro, as secas se intensificarão especialmente nas bacias dos rios Jequitinhonha, Tocantins, Paraná, Paraíba do Sul, no Sistema Cantareira na Grande São Paulo, e também nos rios do Sul do país, como o Rio Jacuí (no estado do Rio Grande do Sul), o Rio Iguaçu (entre os estados do Paraná e Santa Catarina) e o Rio Uruguai (entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

“A tendência é que os eventos extremos relacionados tanto ao excesso quanto à escassez de água se tornem mais frequentes ao longo do tempo, devido à variabilidade e às mudanças climáticas” alerta Broedel.

Esse fenômeno pode intensificar a ocorrência e a severidade das secas, bem como aumentar a intensidade e a frequência de eventos extremos como tempestades e inundações.

“Além disso, alterações no uso do solo, como queimadas e desmatamento, modificam o ciclo hidrológico ao afetar a cobertura vegetal e a capacidade do solo em reter água” explica.

A pesquisadora conclui dizendo que essas práticas alteram a evapotranspiração, que por sua vez afeta a formação de nuvens e o regime de precipitações, contribuindo para um ciclo hidrológico mais instável e imprevisível. O resultado é uma ampliação dos riscos relacionados à gestão de recursos hídricos e à resiliência dos ecossistemas e das comunidades.

Fonte: CNN Brasil

A BICICLETA COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO SOCIAL

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Em 2024, Brasília se torna o palco de um evento histórico para os amantes da bicicleta e defensores da mobilidade sustentável: o 13º Fórum Mundial da Bicicleta. A Capital Federal recebe ciclistas, ativistas e especialistas de diversos países para discutir e compartilhar experiências sobre o uso da bicicleta como meio de transporte, lazer e ferramenta para a construção de cidades mais justas e sustentáveis.

O tema de 2024 é: “Salve o Planeta, Pedale”. O evento contribui para aumentar a visibilidade da causa ciclista no Brasil e no mundo, mostrando a importância da bicicleta para a construção de cidades mais sustentáveis e justas.

O Fórum Mundial da Bicicleta fortalece o movimento ciclista brasileiro, promovendo a troca de experiências e a articulação entre diferentes grupos e organizações e gera um debate importante sobre a necessidade de políticas públicas que incentivem o uso da bicicleta e a criação de infraestrutura cicloviária.

O evento é apenas o início de uma nova era para a bicicleta no Brasil. Com a crescente conscientização sobre os benefícios da bicicleta e o fortalecimento do movimento ciclista, podemos esperar um futuro com mais cidades amigáveis ao ciclismo e com mais pessoas utilizando a bicicleta como meio de transporte.

E esse “utilizar a bicicleta” tem um papel fundamental na promoção da inclusão social. Ao democratizar o acesso à mobilidade, ela contribui para reduzir as desigualdades e promover a equidade em diversas áreas da vida.

A bicicleta permite que pessoas de diferentes classes sociais tenham acesso a oportunidades de trabalho, educação, saúde e lazer, que muitas vezes estão restritas a quem possui carro ou depende do transporte público.

Em regiões com infraestrutura de transporte público precária ou com custos elevados, a bicicleta é uma alternativa viável e acessível para todos, independentemente da renda.

Para mulheres, em especial, a bicicleta significa maior autonomia e liberdade, permite que elas participem mais ativamente da vida social e econômica e contribui para o empoderamento feminino.

Além disso, ela melhora a qualidade de vida, promove a saúde física e mental, reduz o estresse e aumenta a qualidade de vida da população.

Exemplos de iniciativas que promovem a inclusão social através da bicicleta:

  • Programas de bicicletas compartilhadas;
  • Oficinas de manutenção de bicicletas;
  • Ciclovias seguras e acessíveis;
  • Projetos sociais que utilizam a bicicleta como ferramenta para promover a inclusão social para idosos e pessoas com deficiência;
  • Promoções por meio da bicicleta para a inclusão racial e combate ao racismo ambiental.

Por isso que eventos como o Fórum Mundial da Bicicleta são tão importantes, porque apesar de todas as vantagens, a promoção da bicicleta como ferramenta de inclusão social ainda enfrenta desafios, como a falta de infraestrutura adequada em muitas cidades, a cultura do carro e a necessidade de mudar a percepção sobre a bicicleta como um meio de transporte sério e seguro.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities 

O QUE FOI FEITO NA OPERAÇÃO DE TRANSPORTE MAIS COMPLEXA DA HISTÓRIA DOS JOGOS OLÍMPICOS QUE PODE SER USADO PARA MELHORAR O TRANSPORTE PÚBLICO?

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O que podemos tirar de lições para melhorar a percepção do usuário no seu dia a dia. 

Finalizado os jogos olímpicos, e na iminência do início dos jogos paralímpicos, bate uma nostalgia em todos envolvidos na operação da RIO2016. Diversas lições e resultados podem ser discutidos em várias instâncias sobre os jogos e como isso poderia ser transposto para a melhora das operações de transporte publico do nosso cotidiano. 

Nas cerimonias da RIO2016, tal qual o senso comum nos diz sobre o transporte público, era muito mais provável não ter sucesso. Nas palavras do próprio IOC: 

(…) The Ceremony footprint, the distances from Client accommodations and restricted venue surroundings present significant challenges for the Rio 2016 and the Rio 2016 transport team. (…) There is a current planning assumption requiring hundreds of bus movements which are complex and critical and appear to be high risk in terms of successful achievement. (Transport Review Fev2015)

(…)A impressão da Cerimônia, as distâncias das acomodações do Cliente e os arredores restritos apresentam desafios significativos para o Rio 2016 e a equipe de transporte. (…) Há uma suposição de planejamento atual que exige centenas de movimentos de ônibus que são complexos e críticos e parecem ser de alto risco em termos de realização bem-sucedida. (Transport Review Fev2015)

Comparada a uma operação de “guerra” e considerada a mais difícil da história dos Jogos Olímpicos, a operação das quatro cerimônias exigiu do Departamento de Transportes do Comitê RIO2016 um meticuloso planejamento, árduos testes e uma forte interação entre os órgãos governamentais, parceiros terceirizados e as forças de segurança pública. Um volume enorme de recursos humanos e material de apoio foi necessário para operar os diversos ônibus.  Somou-se ao desafio o percurso médio de 40 quilômetros, dentro da janela de tempo determinada, e a alocação dos veículos em um exíguo espaço para acomodação de tamanha frota no entorno do Maracanã.

Na prática às cerimonias seguiram um ritual meticuloso de planejamento, um artigo com diversos detalhes operacionais pode ser encontrado na biblioteca da Associação Nacional de Transporte Público – ANTP: http://files.antp.org.br/2017/7/14/antp-347–cerimonias–rio2016-1.pdf  De forma resumida pode-se dizer que muito do planejamento passou por esta lista de pontos básicos:

  • Definir os clientes;
  • Estabelecer as premissas e objetivos;
  • Definir os recursos;
  • Levantar os dados;
  • Planejar os cenários;
  • Negociar e planejar os detalhes operacionais;
  • Definir o staff para todo o contexto do serviço;
  • Estabelecer procedimentos de comunicação operacional;
  • Estabelecer ferramentas de apoio;
  • Comunicar plano e informações a todos envolvidos;
  • Implantar plano de sinalização;
  • Fechar matriz de custos;
  • Coordenar e operar com foco nas premissas e objetivos.

Este mesmo checklist permite transpor para o transporte público e levantar as seguintes questões:

  • Quem são os possíveis passageiros (clientes)?
  • O que esse passageiro quer? transporte ou chegar ao seu destino?
    • Quais são as premissas básicas que devem ser seguidas para atender esses passageiros?
    • Onde ele precisa chegar?
    • Quando ele quer/precisa chegar?
    • Quais informações ele precisa ter para consumir o serviço?
      • Quais elementos, informações ou ferramentas ele precisa para melhorar a percepção do serviço?
  • Qual a frota necessária para atender os requerimentos anteriores?
    • Qual a otimização para atender o maior número de passageiros com mesmo perfil comportamental?
      • É possível negociar algum ajuste do que se quer com o que se pode? 
  • Quais elementos precisam ser medidos para controle operacional?
    • Quais indicadores de desempenho podem medir a qualidade do atendimento?
    • Quais ferramentas e recursos podem ser utilizadas para facilitar a vida das equipes envolvidas e entregar a melhor percepção de sucesso aos envolvidos?

Responder a estas perguntas está longe de garantir a qualidade do transporte por si só, mas guia parte do que deve ser perseguido no ciclo básico de planejar🡪 medir 🡪 reespecificar

Mesmo em um contexto onde as esferas parecem guerrear entre si ao invés de se juntarem contra os desafios que surgem é possível ter esperanças. Se uma operação, que antes foi considerada a mais complexa e impossível de ser realizada, foi considerada uma das melhores já realizadas, os esforços de todos os atores em prol da população é um desafio de gestão mais do que solução. No final, é a perspectiva do cliente que importa.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities