A avaliação considerou as chuvas deste ano que foram abaixo da média
Apesar das chuvas abaixo da média neste ano, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, afirmou, nesta quarta-feira, que os níveis dos reservatórios das hidrelétricas permanecem estáveis.
Segundo um comunicado da entidade, o Sistema Interligado Nacional se mantém com armazenamento superior a 65%, o que reforça a robustez da atual estratégia de operação do sistema.
De acordo com a nota, o comitê resolveu manter para 2026 os mesmos parâmetros adotados em 2025 para evitar riscos ao setor elétrico.
Para a entidade, as medidas aplicadas neste ano mostraram-se satisfatórias.
O comunicado diz ainda que a decisão reforça o compromisso do setor em evitar situações como a enfrentada em 2021. Naquele ano, houve uma baixa significativa nos reservatórios das hidrelétricas e, somado a isso, ocorreram falhas de gestão que quase levaram o país a um apagão.
Esses problemas impactaram os consumidores com custos extras na conta de energia para cobrir empréstimos emergenciais bilionários utilizados na geração de energia.
Levantamento da CNN considera 100 itens que o Brasil mais exporta aos EUA; de R$ 40,3 bilhões, ao menos R$ 18 bilhões foram poupados
Com a lista de exceções publicada pela Casa Branca, quase metade das exportações brasileiras aos Estados Unidos ficaram livres da tarifa adicional de 40% prometida pelo presidente norte-americano, Donald Trump — segundo levantamento da CNN.
A análise considerou os 100 itens que o Brasil mais vendeu para os Estados Unidos em 2024. Destes produtos, 27 foram poupados por Trump. O levantamento considera dados disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Dessa maneira, de um total de R$ 40,3 bilhões exportados no ano passado, ao menos R$ 18,1 bilhões (44,61%) não estariam sujeitos à taxa adicional de 40%.
Dentre os dez produtos mais exportados pelo Brasil, sete escaparam. Ao todo, cerca de 700 categorias não serão atingidas pela tarifa de 50%.
À espera da oficialização da taxação dos itens brasileiros nesta semana, parte dos setores da economia e investidores receberam com alívio a lista de exceções de Trump.
Todavia, segmentos relevantes para a pauta de exportação brasileira como o de café, carne bovina e pescados estarão sujeitos à tarifa de 50%.
Adesão não encerra todas as ações contra o ex-prefeito, condenado por desvio de verbas voltadas a obras públicas na capital
A família do ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, fez um acordo de não persecução civil com o Ministério Público estadual e com a Prefeitura da capital, nesta terça-feira, que visa a devolução de 210 milhões de reais aos cofres públicos, decorrente de casos de desvios de verbas municipais ocorridos entre 1993 e 1998 pelo político.
Em contrapartida, serão encerradas ações judiciais contra o ex-prefeito e algumas empresas por desvios de verbas que atingiram mais de 300 milhões de reais durante a construção do Túnel Ayrton Senna e da Av. Água Espraiada (atualmente Av. Jornalista Roberto Marinho), entre os anos de 1993 e 1996.
No entanto, outras ações civis propostas pelo MPSP continuarão em curso em relação ao próprio Paulo Maluf, sua esposa e empresas acusadas de superfaturamento e pagamento de propina.
Advogado que representou a família do político nas negociações, Eduardo Diamantino destacou que o acordo representa uma solução jurídica para processos que se arrastavam há anos e reforça uma tendência negocial que favorece todo sistema de Justiça.
Segundo a procuradora-geral do município, Luciana Sant’Ana Nardi, “o acordo é muito bom para todas as partes, principalmente para o interesse público, já que se trata do maior escândalo de corrupção de São Paulo”.
Até o momento, de acordo com a Prefeitura, o total recuperado em favor dos cofres públicos por meio de acordos atingiu cerca de 160 milhões de dólares, ou 819 milhões de reais pelo câmbio atual.
Histórico
Fora da vida política há anos, Paulo Maluf foi condenado pelo STF sm 2017 a sete anos e nove meses de prisão por lavagem de dinheiro entre os anos de 1993 e 1996, período em que foi prefeito de São Paulo.
Segundo a acusação, Maluf lavou dinheiro desviado de obras públicas e fez remessas ilegais ao exterior, por meio de doleiros, enquanto exercia o cargo, além de ter participado de esquema de cobrança de propinas na prefeitura em 1997 e 1998 (durante a gestão de Celso Pitta), que continuou a contar com seu envolvimento direto nos anos seguintes.
Em 2018, o ex-prefeito foi novamente condenado pelo Supremo por falsidade ideológica com fins eleitorais, devido a fraudes na prestação de contas de sua campanha eleitoral em 2010. A pena é de dois anos e nove meses de prisão em regime semiaberto, convertida, à época, para prisão domiciliar.
Engenheiro paulista, que morreu em junho, foi o precursor da moderna indústria brasileira de ônibus elétricos
Num país indiferente e até hostil à inovação tecnológica, é preciso sempre valorizar o trabalho dos brasileiros pouco conhecidos que deram enorme contribuição ao desenvolvimento da indústria nacional.
Foto: Divulgação Grupo ABC
O engenheiro Antônio Vicente Albuquerque de Souza e Silva, que morreu no dia 5 de junho de 2025, aos 86 anos, em São Paulo, é um desses brasileiros.
Engenheiro elétrico formado no Instituto Tecnológico da Aeronáutica de São José dos Campos, com mestrado na Universidade do Estado de Nova York, Antônio Vicente é o pai do moderno ônibus elétrico nacional.
Em 1978, junto com outro pioneiro, Adriano Murgel Branco, então diretor de Trólebus da antiga Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), colocou em prática o Projeto Sistran.
A meta era renovar a antiga frota de trólebus da cidade de São Paulo, fabricar 1.280 novos veículos e ampliar a rede aérea em mais 280 km.
O desafio era manter a liderança continental do município em transporte sustentável, iniciada em 1949, não mais com veículos importados dos Estados Unidos e Reino Unido, e sim produzidos no país.
Por vários motivos, o Projeto Sistran teve sucesso apenas parcial. A CMTC foi extinta em 1995, mas o legado daquela iniciativa permanece até hoje.
A Grande São Paulo tem atualmente 297 trólebus em circulação, em 201 km de rede. Muito menos do que o previsto originalmente, ainda assim o suficiente para preservar a história de sustentabilidade do transporte público metropolitano.
O legado mais importante, porém, foi o laboratório de inovação em que se transformou o Projeto Sistran. O time liderado por Antônio Vicente produziu os primeiros ensaios de tecnologia brasileira de tração elétrica em transporte público.
A experiência mobilizou empresas que hoje fazem parte da história da indústria. Por exemplo, Scania (chassi), Bardela (motor elétrico), Ciferal/Marcopolo (carroceria), Tectronic e outras.
Com o fim da CMTC, Antônio Vicente e uma parte de sua equipe aceitaram um novo desafio, apresentado pela empreendedora Maria Beatriz Setti Braga: ajudar a criar a primeira empresa privada brasileira de ônibus elétricos.
Foi assim, em 1999, que Antônio Vicente escreveu os primeiros capítulos da Eletra, hoje, a maior empresa do setor no Brasil. Como participante dessa história desde os primeiros dias, pude testemunhar sua obsessão em produzir tecnologia nacional.
Ainda em 1999, ele construiu o primeiro ônibus elétrico híbrido do Brasil. Em outubro de 2001, o primeiro ônibus híbrido elétrico modelo Padron, de 12m60. Em dezembro de 2002, o primeiro trólebus da Eletra.
Já em 2002, a tecnologia forjada em São Bernardo do Campo começou a chamar atenção dos especialistas internacionais.
“Antonio Vicente Silva, da empresa Eletra no Brasil, deu uma contribuição importante para o desenvolvimento dos que provavelmente são os ônibus elétricos híbridos mais bem-sucedidos no mundo até agora” – escreveu o pesquisador C.M. Jefferson, da University of the West of England, no prefácio do livro “Hybrid Vehicle Propulsion” (WIT Press, Southampton, UK, 2002).
Em junho de 2003, em São Francisco (EUA), a Eletra tornou-se finalista na categoria World Technology Award for Energy da The World Technology Awards 2003, um evento reconhecido em todo o mundo e considerado o Oscar da tecnologia.
Em 2013, Antônio Vicente já não estava mais na Eletra, mas a equipe que ele formou seguiu seus passos, lançando o e-Bus, o primeiro ônibus totalmente elétrico fabricado no Brasil.
Em 2017, produziu o Dual Bus 13m20, um veículo capaz de rodar como híbrido, trólebus ou elétrico puro, a critério do operador.
E em 2024, apresentou o E-Trol, um trólebus com baterias e ampla autonomia sem contato com a rede aérea, produzido especialmente para operações em vias segregadas e BRT.
Esse pioneirismo produziu bons frutos. Hoje, o Brasil já tem uma cadeia produtiva completa de ônibus 100% elétricos e uma sólida base tecnológica para atender qualquer demanda, no país e no exterior.
Mais do que justo, é obrigatório honrar a memória dos visionários que, como Antônio Vicente Albuquerque de Souza e Silva, se lançaram, 50 anos atrás, na aventura de criar tecnologia nacional de transporte sustentável no Brasil.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities.
Conferência internacional reúne especialistas e autoridades para alinhar compromissos e evidências científicas sobre os impactos do clima na saúde pública
O Ministério da Saúde deu início, nesta terça-feira (29), à Conferência Global sobre Clima e Saúde, realizada em Brasília até 31 de julho. O encontro internacional tem como foco a construção de políticas de adaptação do setor saúde frente aos efeitos das mudanças climáticas e está alinhado ao Plano de Ação em Saúde de Belém – proposta que o Brasil apresentará durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, na capital paraense.
“Vivemos um momento que não é apenas de urgência e emergência, mas de necessidade de mobilização para a transformação. Precisamos realizar um verdadeiro mutirão. Esse esforço coletivo é essencial, pois nenhuma pessoa ou país sozinho consegue promover as transformações necessárias. Por isso, a mobilização de toda a sociedade e de todas as nações é fundamental para coordenar e liderar esse mutirão”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Desenhado para ser uma referência global, o plano busca liderar ações de resposta aos impactos climáticos sobre a saúde, com destaque para o enfrentamento de eventos extremos, o fortalecimento de sistemas de alerta precoce e a implementação de estratégias de adaptação nos territórios. A iniciativa, de adesão voluntária pelos Estados Membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), reforça o compromisso do Brasil com a equidade em saúde, a justiça climática e a governança participativa.
“A Organização Pan-Americana da Saúde tem trabalhado com seus Estados Membros, em nível nacional e subnacional, para desenvolver planos de adaptação da saúde às mudanças climáticas e estudos de viabilidade para investimentos. A OPAS está pronta para implementar as políticas mencionadas e o Plano de Ação de Saúde de Belém”, afirmou o diretor da OPAS, Jarbas Barbosa.
Para a CEO da COP 30, Ana Toni, o momento é de consolidar estratégias e construir propostas claras sobre o que deve ser feito. “Sabemos das tragédias e dos riscos, mas queremos que a COP 30 seja também um espaço para soluções e oportunidades — mostrando como saúde e clima podem caminhar juntos”, completou.
A conferência é coorganizada pelo Governo Federal, Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Aliança para Ação Transformadora sobre Clima e Saúde (ATACH). Nesta edição, o evento também sedia o encontro anual presencial da ATACH, reunindo representantes de governos, agências internacionais, sociedade civil e especialistas em saúde e clima. O evento é realizado com apoio Fundação Rockefeller, Gates e Wellcome Trust.
A programação inclui sessões plenárias, painéis, oficinas, rodas de conversa e Idea Labs, com foco na troca de experiências e apresentação de soluções inovadoras adotadas por diversos países. As discussões contribuirão diretamente para a consolidação do plano de adaptação que será levado à COP30.
Preparação para a COP30 e legado para a saúde pública
A COP30 será realizada entre 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém (PA), marcando a primeira vez que a conferência acontece na Amazônia – região estratégica para a resiliência climática e a adaptação do setor saúde.
Além do Plano de Ação em Saúde de Belém, o Brasil trabalha na implementação do AdaptaSUS, plano nacional de adaptação à mudança do clima no setor saúde, e do Plano + Saúde para a Amazônia, que também será apresentado na COP 30, com objetivo de promover a equidade, reduzir desigualdades regionais e fomentar tecnologias sustentáveis, respeitando as especificidades socioculturais e ambientais dos estados da Amazônia Legal.
Outro foco é garantir legados estruturantes para a saúde pública, com a ampliação da atenção básica – por meio da construção de Unidades Básicas de Saúde em todo o território nacional e em comunidades indígenas, e do cuidado especializado. Também estão previstas ações para o monitoramento e controle da qualidade da água em Belém e no estado do Pará, priorizando a região Norte, que ainda enfrenta desafios no acesso à água potável.
A dois dias do início do tarifaço, o governo e o Congresso buscam soluções para frear a medida, enquanto o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aumenta o foco em atrapalhar a negociação entre Brasil e Estados Unidos.
O que aconteceu
As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros entram em vigor na sexta-feira, segundo o governo americano. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) está à frente de negociações com os EUA. Ele tem conversado com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
Na tarde de ontem, Alckmin se reuniu com representantes da Meta, Google, Amazon e Visa. As decisões judiciais do STF contra as big techs estão entre os motivos citados por Trump para sobretaxar o Brasil. O vice-presidente propôs a criação de uma mesa de trabalho para discutir o ambiente regulatório, inovação tecnológica, oportunidade econômica e segurança jurídica.
“Estamos trabalhando para que a diminuição da alíquota seja para todos [os setores]”, disse Alckmin após a reunião. Horas antes, Lutnick disse que Donald Trump considera aplicar tarifa zero para alimentos que não são produzidos nos Estados Unidos, como café, manga, abacaxi e cacau.
Enquanto isso, o governo elabora um plano de contingência para lidar com os impactos negativos das tarifas e segurar empregos. A proposta foi elaborada pelos ministérios da Fazenda, da Indústria e das Relações Exteriores e entregue a Lula.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil não vai deixar a mesa de negociação. Segundo ele, Lula só deve bater o martelo sobre as medidas após a publicação da ordem executiva de Trump.
Apesar disso, ainda não há previsão de uma conversa entre Lula e Trump. Fontes do Itamaraty e do Planalto descartaram a possibilidade de um telefonema se “o assunto Jair Bolsonaro estiver à mesa”, conforme apurou a colunista do UOL Mariana Sanches. Os dois ainda não se falaram desde que o republicano foi eleito.
Congresso x Eduardo Bolsonaro
Uma comitiva de oito senadores está nos EUA desde o fim de semana para tentar negociar. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), porém, disse abertamente que trabalha para que eles não encontrem diálogo e que a missão “está fadada ao fracasso”.
Senadores enfrentam dificuldades. Eles se reuniram com senadores de oposição a Trump e com empresários americanos. Na tarde de ontem, também se encontraram com dois parlamentares republicanos, mas não foram recebidos por nenhum membro do alto escalão do governo Trump.
Eduardo agiu para barrar agendas. O deputado ligou para os gabinetes dos senadores norte-americanos para dizer que o grupo de brasileiros era “golpista” e “não representava e nem falava pelo Brasil”, como mostrou a colunista Mariana Sanches. Ele conseguiu impedir o encontro da comitiva com o senadores republicanos Rick Scott, da Flórida, e Ted Cruz, do Texas.
Nas redes sociais, o filho do ex-presidente subiu o tom até mesmo contra aliados. Ele insiste que a única solução para o tarifaço é a anistia a seu pai ou uma mudança nos rumos do julgamento do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. “Todos que ignoram o conteúdo político do problema dão razão a Lula e contribuem para o prolongamento deste impasse”, disse ontem em post no X.
O senador Nelsinho Trad, que lidera a comitiva nos EUA, disse ontem que é necessário “pelo menos tentar fazer alguma coisa” em relação às tarifas. “Essa é uma situação muito ruim tanto para os Estados Unidos quanto para o Brasil”, disse em entrevista à Globonews.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), também falou do assunto Em discurso ontem na ONU (Organização das Nações Unidas), em Genebra, defendeu a lei de reciprocidade para responder a “práticas discriminatórias” em relação a produtos brasileiros.
Enquanto isso, Eduardo articula por mais sanções. O filho do ex-presidente defende a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes, que prevê, entre outras medidas, o congelamento de contas no sistema financeiro dos EUA e o bloqueio de bens em solo americano.
Projeto de compostagem do lixo orgânico transforma rotina escolar de crianças na rede municipal. Cerca de 20 instituições já adotam compostagem com apoio do Dmae.
Uma iniciativa simples, mas poderosa, está mudando a rotina de escolas municipais de Uberlândia e inspirando as futuras gerações em serem verdadeiras guardiãs do meio ambiente. Em pelo menos 17 escolas, o lixo orgânico da merenda escolar virou matéria-prima para um projeto de compostagem que envolve professores, servidores, alunos e as famílias.
Na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Eurípedes Rocha Roosevelt, no Bairro Presidente Roosevelt, a mudança começou com uma inquietação da professora Gracielle Mendonça, de 44 anos. Ao perceber a dificuldade em obter adubo para os projetos de jardinagem da escola, ela buscou uma solução sustentável: a compostagem.
Ela então participou do curso oferecido pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) e levou para a escola não apenas uma técnica, mas uma filosofia de cuidado com o planeta.
Todos os dias, os resíduos orgânicos da merenda escolar, do café da manhã ao lanche da tarde, são cuidadosamente separados pelos merendeiros. Gracielle, com a ajuda de uma profissional de apoio, recolhe o material, coloca nas quatro composteiras montadas na Emei e mistura com folhas secas do pátio. O processo é natural, enriquecido por minhocas que surgiram espontaneamente.
Depois de pronto, o adubo orgânico pode ser usado nos ambientes verdes da escola. Mas todo esse processo vai além da comunidade escolar.
“Depois que aprendem, as crianças conseguem levar isso pra casa. E eu tenho criança inclusive, que já está desenvolvendo a compostagem em casa e os pais me contam. É muito gratificante”, comentou.
Na Emei, que atende crianças de 0 a 5 anos, a compostagem virou ferramenta pedagógica. Quinzenalmente, pequenos grupos de alunos visitam as composteiras, aprendem sobre o ciclo do lixo e colocam a mão na terra. O resultado? Crianças conscientes, curiosas e influentes.
“Às vezes a gente não pode ajudar o mundo inteiro, mas assim, conscientizar essas crianças daqui e os pais que acabam sendo conscientizados também, com certeza, acho que é a melhor forma de fazer a nossa parte. A partir da conscientização que vem deles”, celebrou a professora.
Um jardim encantado e um futuro sustentável
O biofertilizante fica pronto em até 20 dias e é utilizado no pomar, no jardim da escola e, em breve, em uma horta orgânica que complementará a merenda das crianças.
Com o apoio da diretora Priscilla Felipe Borges Freitas e da comunidade escolar, a iniciativa ganhou força. Mas não parou por aí.
Além da compostagem, a escola cultiva o chamado Jardim Encantado, onde as crianças são chamadas de “guardiões da natureza”, recebem selos simbólicos e participam de atividades lúdicas que reforçam o cuidado com a natureza.
“As professoras levam todos os alunos até esse jardim encantado, que é todo enfeitado. Ali contam histórias pra eles, ajudam a preservar o meio ambiente e ensinam que eles são os guardiões do jardim e da natureza”, disse a diretora.
Os pais também são inseridos nas atividades ambientais, participam de mostras e conhecem os espaços verdes e as composteiras da escola de perto.
E durante as reuniões com os responsáveis, a escola ainda promove rodas de conversa sobre sustentabilidade, ampliando o impacto da educação ambiental para além dos muros escolares.
Movimento que cresce e inspira
A Emei Eurípedes Rocha Roosevelt é uma das 21 instituições de Uberlândia que já adotaram a compostagem com apoio do Dmae. Além de escolas, a iniciativa também é acompanhada em alguns projetos sociais.
Desde os primeiros projetos-pilotos em 2022, o Departamento tem oferecido suporte técnico, treinamento e acompanhamento contínuo às escolas. Veja a lista abaixo.
Instituições e escolas que fazem compostagem em Uberlândia
Escola Municipal Dr. Afrânio de Freitas Azevedo
EMEI Pampulha
Lar Espírita Maria Lobato de Freitas
ABC do Glória
EMEI Prof. Veridiana Rodrigues Carneiro
EMEI Professora Sônia Aparecida Álvares de Oliveira
Centro de Educação Infantil Fundação Maçônica
Escola Municipal Prof. Leôncio do Carmo Chaves
EMEI Eurípedes Rocha
EMEI Prof. Saint’ Clair Netto
Escola Municipal Prof. Mário Godoy Castanho
Escola Municipal Guarda Antônio Rodrigues do Nascimento
EMEI Professora Eloah Marisa de Menezes
Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM)
Escola Estadual Frei Egídio Parisi
ONG Ação Moradia
EMEI Bairro Esperança
Centro Educacional Infantil Irmã Odélcia
Escola Municipal do Shopping Park
Centro Educacional Infantil do Bairro Jardim Holanda
Dentro do lado brasileiro da usina hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu, no Paraná, na fronteira com o Paraguai, funciona uma usina de biogás e biometano. O local, preparado para transformar resíduos orgânicos em energia limpa, já recebeu a visita de carretas da Receita Federal com produtos aprendidos, como feijão e milho.
A ação é fruto de uma parceira do órgão arrecadador de tributos com o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), que opera a biousina. O CIBiogás é uma empresa fundada por Itaipu Binacional e voltada a soluções na área de combustível limpo.
Além da parceria com a Receita, a biousina tem acordos com a Polícia Federal (PF) e Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Essas parcerias dão um destino improvável a mercadorias apreendidas fruto de contrabando (mercadoria proibida) e descaminho (produtos que entram no país sem pagamento de impostos).
Na área de estoque da planta estão litros e mais litros de vinho, toneladas de açúcar e outros produtos, como azeite, óleo, batata, chiclete, farinha, cacau e pó de café.
De acordo com o diretor de Estratégias de Mercado do CIBiogás, Felipe Marques, já foram mapeados mais de 400 tipos de resíduos capazes de serem transformados em energia limpa.
Biodigestão
Um enorme tanque vedado proporciona a biodigestão, processo em que a matéria orgânica desses produtos é transformada em biogás. O resultado final é um gás combustível renovável, ou seja, energia limpa, que ajuda a diminuir a emissão de gases do efeito estufa, causadores do aquecimento global e, por consequência, das mudanças climáticas que tornam mais frequentes as tragédias ambientais.
Marques explica que, em termos de emissão de gases do efeito estufa, o biometano se iguala ao etanol, outro combustível renovável utilizado por automóveis. “É praticamente a mesma emissão”, diz.
“O biometano sendo usado para substituir diesel causa um impacto muito grande em termos de redução de emissões”, afirmou.
Além da parceira com os órgãos federais, o biodigestor em Itaipu recebe resíduos de restaurantes do complexo de Itaipu. A planta processa meia tonelada de rejeitos por dia. Desde 2017, já foram 600 toneladas. O ritmo pode aumentar, uma vez que a capacidade é de até 1 tonelada diária.
Abastecimento
Do biogás é produzido o biometano, que tem características semelhantes ao gás natural, sendo usado para abastecer a frota de veículos leves do complexo e o ônibus de turismo da hidrelétrica.
A biousina produz cerca de 200 metros cúbicos (m³) por dia de biogás e 100 m³/dia de biometano, o que permite abastecer diariamente dez carros.
Desde 20127, a unidade já abasteceu 41,3 mil m³ de biometano, o que possibilitou 484 mil quilômetros rodados. Os técnicos do CIBiogás informam que a planta já foram processou:
22 toneladas de leite em pó provenientes da Índia e apreendidos no Porto de Paranaguá, no Paraná
75 toneladas de cacau vindos da Tailândia, também apreendidos em Paranaguá
9 mil litros de azeite
5,5 toneladas de leite em pó
870 litros de vinho
Integrante da Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico do CIBiogás, Geovani Geraldi explica que é preciso dosar o conteúdo levado para o biodigestor, a fim de garantir a qualidade do biogás e biometano produzidos.
“Farinha produz muito biogás, mas não tanto assim de metano. Então, eu preciso dosar a farinha com mais calma do que azeite de oliva, que produz muito biogás e é rico em metano, então coloco mais azeite de oliva”, exemplifica.
“Dosando com aquilo que temos também de estoque, se não vai poder faltar futuramente. A gente tem todo esse controle operacional”, completa.
De acordo com Marques, a Petrobras já demonstrou interesse em comprar o biometano gerado na biousina.
“Eles estão bem engajados em termos de usar biometano e impulsionar o mercado de biometano no Brasil”, contou.
Dos resíduos também é possível se produzir biofertilizantes, utilizados na irrigação de gramas ou áreas degradadas.
SAF na COP 30
Também a partir da biodigestão de apreensões da Receita e da PF, a unidade do CIBiogás desenvolve o bio-syncrude, um óleo sintético que pode ser usado na produção de SAF (Combustível Sustentável de Aviação, na sigla em inglês). O SAF pode reduzir significativamente a emissão de gases do efeito estufa, em comparação com o querosene de aviação tradicional.
Itaipu Binacional prepara uma demonstração do óleo sintético para apresentar durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que ocorrerá em novembro, em Belém.
Há uma parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para desenvolver o SAF a partir do refino do bio-syncrude. Os investimentos em energia renovável são uma das apostas de Itaipu Binacional para aumentar a geração de energia.
*A reportagem da Agência Brasil viajou a convite da Itaipu Binacional
À medida que a inteligência artificial (IA) avança e se integra a diversos setores da sociedade, cresce também a preocupação sobre o seu impacto no consumo global de energia. Desde 2020, o desenvolvimento de algoritmos mais complexos e o aumento das aplicações computacionais para IA têm chamado atenção de especialistas em energia e sustentabilidade. Este crescimento acelerado traz questionamentos importantes sobre os recursos necessários para manter sistemas de IA em funcionamento nos próximos anos.
Segundo pesquisadores, existe a possibilidade de que tecnologias baseadas em IA, se mantido o ritmo atual de expansão, possam chegar a consumir até 90% da demanda energética mundial nas próximas décadas. Esse cenário levanta dúvidas sobre a sustentabilidade dessa trajetória e exige a análise de diversos fatores que influenciam o consumo energético das máquinas inteligentes.
Como a inteligência artificial afeta o consumo de energia?
O consumo de energia por sistemas de IA está diretamente ligado à necessidade de processamento de grandes volumes de dados. Treinar modelos de aprendizado profundo, por exemplo, requer uma infraestrutura robusta, composta por milhares de servidores em data centers. Estes data centers operam continuamente, processando informações para tarefas como reconhecimento de voz, tradução automática, análise de imagens e outras funções essenciais da inteligência artificial.
Além do treinamento inicial, a manutenção e atualização constante desses modelos também consomem muita energia. Esse ciclo energético intensifica-se à medida que soluções de IA são implementadas em dispositivos móveis, carros autônomos, sistemas financeiros e indústrias. O crescente acesso à tecnologia, impulsionado por avanços como o 5G, amplia ainda mais a necessidade de energia para processar, armazenar e transmitir dados.
Por que a IA pode consumir até 90% da energia mundial?
A previsão de que a inteligência artificial consuma 90% da energia mundial baseia-se principalmente em projeções do crescimento exponencial do processamento de dados e da dependência de sistemas computacionais em tarefas diárias. Algumas das razões centrais para esse número elevado incluem:
Expansão dos Data Centers: O número de servidores utilizados para IA tem aumentado em ritmo acelerado, o que eleva a demanda elétrica global.
Modelos cada vez mais complexos: A busca por resultados de alta precisão faz com que pesquisadores criem redes neurais profundas, exigindo maior poder computacional e, consequentemente, mais energia.
Automação em massa: A automação de processos industriais, logísticos e administrativos por IA demanda sistemas ativos 24 horas por dia.
Crescimento da Internet das Coisas (IoT): A integração de dispositivos inteligentes ao cotidiano potencializa o tráfego de dados e requer comunicação constante com servidores de inteligência artificial.
Se tais tendências não forem acompanhadas de mudanças significativas na eficiência energética dos equipamentos ou na adoção em larga escala de fontes renováveis, existe o risco real de que os sistemas de IA se tornem os principais consumidores de energia do mundo.
Quais desafios e soluções existem para o consumo energético da IA?
A questão do consumo energético da inteligência artificial abriu espaço para pesquisas em diferentes áreas, visando otimizar o uso dos recursos e minimizar impactos ambientais. Entre os principais desafios estão o desenvolvimento de hardware mais eficiente, a criação de algoritmos menos dependentes de energia e a adoção de fontes renováveis em data centers.
Eficiência computacional: Empresas de tecnologia têm realizado investimentos em processadores mais econômicos e recursos de otimização de código para reduzir o custo energético das operações.
Estratégias de processamento: Utilizar técnicas como aprendizado federado e computação de borda, que distribuem o processamento diretamente nos dispositivos, diminui a necessidade de comunicação constante com servidores centrais.
Energia limpa: A transição para fontes renováveis, como energia solar e eólica, é uma alternativa em curso para alimentar data centers e mitigar o aumento das emissões de carbono.
A combinação dessas estratégias pode evitar que a inteligência artificial alcance níveis críticos de consumo energético, ajudando a manter um equilíbrio entre desenvolvimento tecnológico e sustentabilidade ambiental. De acordo com especialistas, o planejamento sustentável e o uso consciente da tecnologia serão essenciais para que a IA contribua de forma positiva para o futuro do planeta.
Experiência do usuário como motor da transformação urbana, compreenda o papel das tecnologias inteligentes e da mobilidade integrada.
Estamos acompanhando um cenário de transformação nos centros urbanos e podemos dizer que a experiência do usuário se torna o eixo central das soluções de mobilidade. Muito mais do que chegar ao destino, o que define o sucesso de uma jornada urbana é a maneira como ela acontece. Essa percepção já tem sido identificada pelos gestores públicos e tem influenciado desde o desenho de políticas públicas até a adoção de tecnologias do setor privado.
De acordo com estudo do McKinsey Center for Future Mobility, da McKinsey & Company, centro global de pesquisa aplicada e análise de tendências sobre mobilidade urbana e transportes, mais de 60% dos usuários de áreas urbanas estão dispostos a adotar modalidades compartilhadas de transporte, como micromobilidade (bicicletas e scooters) e transporte autônomo, o que indica uma substituição parcial do uso de veículos privados.
Nessa mesma linha, surgem as tecnologias inteligentes, que apoiam nessa experiência. Destaco aqui sistemas de smart parking, como sensores de ocupação em estacionamentos e de reconhecimento de placa, por exemplo, que reduzem o tempo médio de busca por vaga em até 43%, conforme estudos da University of Sydney. Por lá, essa redução se traduziu também em menor estresse, melhor fluidez urbana e maior satisfação nos pontos de entrada e saída. E é inegável que esses indicadores impactam diretamente a percepção do usuário.
Além disso, experiências integradas, como as mediadas por plataformas de ‘Mobility as a Service’ (MaaS), têm grande apelo junto ao público urbano. Um relatório recente destaca que os consumidores valorizam experiências unificadas, infraestrutura acessível e mobilidade eletrificada, listadas como as três expectativas principais para a mobilidade do futuro.
E não podemos deixar de falar sobre o impacto da sustentabilidade na experiência do usuário. Essas soluções estão diretamente ligadas a esse aspecto. O smart parking não apenas melhora a conveniência, mas reduz emissões e congestionamentos. Pesquisas já mostram que essa tecnologia pode diminuir emissões por veículos circulantes em até 30% em áreas centrais.
Na INDIGO, essa integração de tecnologia e experiência já acontece, aliando infraestrutura, tecnologia e serviço. Ao integrar opções como sensores em vagas de estacionamento, painéis digitais, recarga para veículos elétricos e atendimento inteligente, os usuários têm uma experiência mais agradável, conveniente e ágil.
Somadas, essas iniciativas comprovam que a experiência do usuário é determinante para a eficácia de qualquer solução urbana. Gestores, tanto da iniciativa privada quanto pública, precisam estar atentos a isso. O futuro da mobilidade será definido por quem tiver capacidade de centralizar as expectativas dos usuários e integrar todo o ciclo do cliente diante das necessidades diárias de deslocamento.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities.