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Cidade CSC 2025 reúne em São Paulo o maior evento de cidades inteligentes da América Latina

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O evento, que acontece de 23 a 25 de setembro no Expo Center Norte, tem como objetivo conectar cidades de norte a sul para transformar o futuro do país

Entre os dias 23 e 25 de setembro de 2025, São Paulo será palco do Cidade CSC 2025, o maior evento de Cidades Inteligentes da América Latina. Realizado no Expo Center Norte, no Pavilhão Vermelho, o encontro reunirá em um mesmo espaço quatro grandes eventos que vêm transformando a forma como pensamos o futuro das cidades: Connected Smart Cities, Air Connected, Parque da Mobilidade Urbana e CSC GovTech.

Com uma programação diversa, o Cidade CSC 2025 deve atrair oito mil participantes presenciais e contará com mais de quinhentos palestrantes distribuídos em mais de 25 palcos simultâneos. Serão vinte mil metros quadrados dedicados a experiências, conteúdos e soluções inovadoras para os desafios das cidades brasileiras.

Leia mais: Protagonismo das mulheres marca programação do Cidade CSC 

As discussões vão percorrer temas centrais para o desenvolvimento urbano, como tecnologia, conectividade, segurança, economia azul, urbanismo sustentável, inclusão social, resiliência das cidades, inovação digital, governança de dados, sustentabilidade tecnológica, educação e segurança cibernética. Também estarão em pauta a mobilidade aérea urbana, as conexões entre cidade e aeroporto, além de debates sobre mobilidade ativa e compartilhada, energia verde no transporte, planejamento urbano, logística, acessibilidade e tendências emergentes.

Além da programação de conteúdos e palestras, o Cidade CSC 2025 também aposta em experiências que ampliam a vivência dos participantes. O evento contará com uma ampla rede de espaços de apoio e conexão, como coworking, meeting point, sala VIP, áreas de amamentação, espaço kids, ambientes de descompressão e sensoriais, além de iniciativas inovadoras como a presença de cães de terapia. Para estimular a interação, o público poderá participar de atividades imersivas que vão desde apresentações culturais até experiências ligadas à mobilidade sustentável, como o simulador de trem, o pedal sensorial e a vivência das ruas completas e nas ruas tecnológicas, reforçando a proposta de um evento que conecta conhecimento, inovação e bem-estar.

Leia mais: Conheça ações interativas do Cidade CSC

Mais do que um evento, o Cidade CSC 2025 se consolida como um espaço de convergência entre gestores públicos, empresas, pesquisadores e a sociedade civil. A proposta é criar um ambiente único para troca de experiências, construção de parcerias e desenvolvimento de projetos capazes de transformar o presente e o futuro das cidades brasileiras. A menos de um mês da abertura, o evento já se destaca como um dos mais relevantes pontos de encontro para quem acredita no poder da inovação e da colaboração na construção de um Brasil mais inteligente, humano e sustentável.

Saiba mais sobre o evento, clique aqui

Londres e as Lições do City Leaders: Formação Internacional para Cidades Inteligentes

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Entre os dias 1º e 5 de setembro de 2025, participei do City Leaders, programa internacional de capacitação sediado na University College London (UCL), promovido em parceria com a Connected Smart Cities. Estar em Londres, no coração de uma das universidades mais prestigiadas do mundo, classificada em 8º lugar no QS World University Rankings e referência global em inovação urbana, foi, ao mesmo tempo, um reconhecimento à trajetória de Criciúma no cenário de cidades inteligentes e uma grande responsabilidade pessoal e profissional.

A seleção para o City Leaders não se restringiu a um simples processo de inscrição. O programa foi desenhado para reunir 40 gestores públicos, lideranças políticas, especialistas e profissionais do setor privado que estão na linha de frente da transformação urbana no Brasil. Ser parte desse grupo é assumir o compromisso de trazer de volta experiências, reflexões e caminhos possíveis para a construção de cidades mais humanas, sustentáveis e tecnologicamente preparadas para o futuro.

O valor da certificação internacional

O curso somou 40 horas de formação intensiva, com certificação internacional emitida pela UCL, uma credencial de peso, reconhecida mundialmente, que atesta não apenas a qualidade do conteúdo, mas também a seriedade do processo acadêmico envolvido.

A Development Planning Unit (DPU) da UCL, responsável pela coordenação acadêmica, é uma referência mundial em planejamento urbano, desenvolvimento sustentável e inovação. É nesse ambiente de excelência que foram conduzidas as aulas e debates. Professores de renome internacional, como Michael Batty, Ayona Datta, Jennifer Schooling, Chen Zhong e Stephen Lorimer, compartilharam pesquisas, metodologias e experiências que estão moldando a forma como cidades do mundo inteiro se organizam e enfrentam seus desafios.

Receber um certificado dessa instituição vai além do valor curricular: simboliza pertencer a uma rede global de profissionais comprometidos em repensar o futuro urbano, sob uma perspectiva crítica, inclusiva e inovadora.

A dinâmica do programa

O City Leaders foi estruturado em cinco dias intensivos, cada um dedicado a um eixo estratégico:

  1. Introdução às cidades inteligentes: conceitos, gêmeos digitais e lições latino-americanas.
  2. Digitalização e valor público: sensoriamento remoto, dados urbanos e inovação responsável.
  3. Mobilidade urbana inteligente: visita técnica ao laboratório PEARL, espaço onde projetos urbanos podem ser simulados em escala real.
  4. Governança de cidades inteligentes: debates sobre ética, inclusão digital, desigualdades e decisões baseadas em dados.
  5. O futuro das cidades: visões prospectivas e consolidação do aprendizado com a cerimônia de certificação.

Além das aulas expositivas, o programa promoveu sessões de trabalho em grupo, apresentações de experiências brasileiras, estudos de caso e eventos de networking, ampliando o diálogo entre teoria e prática, entre academia e gestão pública.

Londres como sala de aula a céu aberto

Se a UCL foi o espaço formal de aprendizado, Londres foi a sala de aula viva. Cada caminhada pelas ruas, cada deslocamento de metrô ou ônibus, cada visita a parques e espaços públicos foi uma oportunidade de observar, na prática, os pilares de uma cidade inteligente:

  • Mobilidade urbana eficiente, com integração entre modais, clareza na comunicação e acessibilidade universal.
  • Planejamento urbano de longo prazo, evidenciado pelo cabeamento subterrâneo, pela arborização planejada e pela valorização dos espaços públicos.
  • Sustentabilidade como política de Estado, presente no transporte, na gestão de resíduos e na preservação de áreas verdes.
  • Cultura e identidade preservadas, em museus gratuitos, prédios históricos restaurados e políticas que unem tradição e inovação.

Percebi que, em Londres, a tecnologia é apenas uma ferramenta, o que realmente sustenta a inteligência urbana é a visão estratégica, a continuidade das políticas públicas e o compromisso com a qualidade de vida das pessoas.

Lições para Criciúma e o Brasil

Participar do City Leaders reforçou convicções que já orientam nossa gestão em Criciúma: a transformação digital precisa ser inclusiva, a inovação deve sempre buscar valor público, e o planejamento urbano deve conciliar desenvolvimento econômico, sustentabilidade e bem-estar social.

Algumas ideias práticas que emergem dessa experiência são:

  • Estruturar um Observatório de Dados Municipais, para orientar decisões baseadas em evidências.
  • Ampliar iniciativas de inclusão digital, garantindo conectividade em áreas vulneráveis.
  • Reforçar o planejamento urbano sustentável, priorizando arborização, mobilidade ativa e espaços de convivência.
  • Explorar gêmeos digitais e tecnologias de simulação para planejar projetos urbanos de maior impacto.

Mais que um certificado, um compromisso

Voltar ao Brasil com um certificado internacional da UCL é motivo de orgulho, mas acima de tudo é um compromisso renovado: transformar conhecimento em ação, inspirar equipes e continuar posicionando Criciúma no cenário nacional como referência em governança, inovação e cidades inteligentes.

O City Leaders foi mais que um curso: foi um marco na minha trajetória profissional e pessoal, um encontro com ideias globais que precisam se traduzir em realidades locais. Londres ensinou que cidades inteligentes não são feitas de tecnologia, mas de visão, estratégia e pessoas. O desafio agora é aplicar essas lições, para que nossas cidades brasileiras sejam, de fato, mais inclusivas, humanas e preparadas para o futuro.

Há excesso de energia solar e eólica no Brasil?

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Avanço das renováveis pressiona rede de transmissão e revela necessidade de novos mecanismos de mercado

O Brasil vive um paradoxo energético. O avanço acelerado das fontes eólica e solar tem transformado a matriz elétrica e consolidado o país como referência internacional. Mas esse crescimento veloz também tem revelado gargalos importantes no Sistema Interligado Nacional (SIN), responsável por distribuir energia entre as diversas regiões nacionais.

Por meio do SIN, quando há excedente de energia em uma região, uma parte pode ser transferida para regiões onde a geração não seja suficiente ou estejam em uso fontes mais onerosas. É um sistema complexo que tem sua gestão muito bem executada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Demanda crescente

O consumo de energia elétrica mantém uma tendência de alta, especialmente nos últimos dois anos. A boa notícia é que, em determinados momentos, a oferta de energia renovável chega a superar a demanda. É o que ocorre, por exemplo, no meio do dia, quando a geração solar atinge seu pico, ou em períodos de forte regime de ventos no Nordeste. Nessas situações, os preços do mercado de curto prazo podem cair de maneira significativa.

Quando isso ocorre, produtores deixam de ser remunerados adequadamente, o que pode impactar no planejamento financeiro das empresas geradoras. Além disso, parte da energia limpa disponível acaba sendo desperdiçada pela falta de infraestrutura de transmissão que consiga dar vazão ao excedente.

Dessa forma, o aporte significativo de geração eólica e solar pode acarretar problemas de gestão do SIN. É claro que a geração eólica e solar é desejável, por terem como fonte recursos renováveis (vento e luz solar) e são fontes neutras na emissão de gases de efeito estufa na sua operação. O problema é a intermitência dessas fontes. Ventos podem oscilar, assim como a incidência da luz solar pode sofrer variações repentinas em algumas regiões ao longo do dia.

Como fazer para operar o SIN em situações como essa? A variabilidade das renováveis também exige uma retaguarda confiável. Usinas hidroelétricas têm que ficar em modo de espera (standby) para suprir a rede nacional quando ocorrem variações na geração eólica e solar. E isso tem um custo e aumenta a complexidade de operação do sistema.

Outro aspecto importante é a concentração de projetos em determinadas regiões. O Nordeste, por exemplo, tornou-se polo de usinas solares e eólicas, mas a rede de transmissão nem sempre consegue escoar toda essa energia para os grandes centros consumidores do Sudeste e do Sul. Quando isso acontece, o ONS precisa reduzir a geração dessas fontes, num processo conhecido como curtailment, a fim de preservar a estabilidade da rede. Esse procedimento evita que, caso ocorram fortes oscilações na geração eólica ou solar, isso não possa ser facilmente — ou muito rapidamente — absorvido pelo SIN.

Parte do excedente poderia ser utilizado para a gestão de usinas hidroelétricas reversíveis. A energia que seria descartada poderia ser utilizada para encher reservatórios de usinas que podem ficar em standby para facilitar a gestão das fontes intermitentes.

Gestão de reservatórios

As mudanças climáticas têm impactado os reservatórios de grandes usinas hidroelétricas. Há estudos que evidenciam uma tendência de redução do chamado volume afluente (a água que a natureza fornece) para grandes reservatórios situados na região central do Brasil. Quando há diminuição do nível d’água além do esperado, o excesso de renováveis permite poupar água. Por outro lado, há períodos em que a redução da geração eólica e solar precisa ser compensada pelo uso mais intensivo das hidroelétricas, mas nem sempre isso é possível pela falta de água.

Nesses casos, as termoelétricas entram em operação mais intensiva. O problema é que elas têm um custo operacional elevado, o que acaba sendo repassado para a tarifa final. Outro problema é que parte das termoelétricas utiliza combustíveis fósseis, aumentando a emissão de gases de efeito estufa.

Transição energética

O Brasil tem se notabilizado pela utilização de fontes renováveis com potencial para ampliar ainda mais esse uso. Entretanto, para que esse caminho continue a ser percorrido adequadamente, são necessários mais investimentos em transmissão, a criação de mecanismos de mercado mais modernos e o incentivo a alternativas de armazenamento como baterias e usinas hidroelétricas reversíveis, por exemplo.

Na prática, o desafio não é a energia renovável, mas sim a necessidade de um melhor preparo do sistema para absorvê-la plenamente. Na transição energética, o país agora enfrenta novos desafios para continuar se destacando no uso de fontes renováveis. Superar esses desafios poderá consolidar o país não somente como líder em geração limpa, mas também como exemplo mundial de inovação na integração de renováveis.

Fonte: CNN Brasil

Plano de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação é aprovado por unanimidade

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Com medidas previstas para os próximos 20 anos, iniciativa busca neutralizar a degradação do solo e reduzir os efeitos da seca nas regiões mais afetadas do país, em especial a Caatinga e o Cerrado

A Comissão Nacional de Combate à Desertificação (CNCD), coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), aprovou na última quarta-feira (10/9), durante reunião em Brasília, o Plano de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAB Brasil).

A decisão foi tomada pela unanimidade dos membros presentes na reunião, aberta um dia antes, no auditório do Prevfogo, no Ibama. Eles representam órgãos públicos e entidades não governamentais de várias partes do País. A CNDC tem a missão de implementar a Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PNCD), instituída pela Lei 13.153/2015.

O plano é o principal instrumento de implementação da PNCD e está alinhado aos compromissos internacionais do Brasil junto à Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD, na sigla em inglês), inserindo-se na agenda global de enfrentamento à emergência climática.

Com medidas previstas para os próximos 20 anos (2025-2045), o PAB visa articular estratégias e ações para combater a desertificação, neutralizar a degradação da terra e mitigar os efeitos da seca, com reflexo na redução das vulnerabilidades ambientais e socioeconômicas das regiões mais afetadas do Brasil, em especial a Caatinga e o Cerrado.

A nova versão foi elaborada ao longo de 2024 num processo que contou com seminários em todos os estados do Semiárido e pelo menos um em cada uma das demais regiões do país, além de consulta pública na Plataforma Participa+Brasil, do governo federal. Ao todo, foram ouvidas mais de 1.200 pessoas entre representantes da sociedade civil, pesquisadores, iniciativa privada e membros de órgãos governamentais.

“O PAB é fruto de um processo participativo que reuniu vozes da sociedade civil, da comunidade científica, dos governos estaduais e municipais, além de representantes de povos e comunidades tradicionais. Essa pluralidade é a base da nossa força e da legitimidade das ações que propomos para os próximos 20 anos”, explicou a secretária nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável (SNPCT) do MMA, Edel de Moraes, na abertura da reunião da CNDC.

O Brasil, destacou ela, é signatário desde 1994 da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e tem sido referência no diálogo internacional. “Agora, com o PAB Brasil 2025–2045, reafirmamos que estamos preparados para liderar a agenda do combate à desertificação com responsabilidade, integrando ciência, políticas públicas e participação social”, afirmou.

O plano está estruturado em cinco eixos temáticos: governança e fortalecimento institucional; pesquisa, inovação e gestão da informação; melhoria das condições de vida da população afetada; gestão sustentável para a neutralização da degradação da terra; e adaptação às mudanças climáticas e mitigação dos efeitos da seca.

Cada eixo contém um conjunto de objetivos e cada objetivo uma série de ações, com responsáveis pela execução, potenciais parceiros e metas de curto (2027), médio (2035) e longo prazo (2045), além de indicadores de monitoramento.

O plano foi elaborado com base na primeira versão, produzida vinte anos atrás, em 2004. Vários dados climáticos e a matriz contendo as ações foram atualizados. O PAB reúne, ao todo, 38 objetivos e 182 ações, que devem ser realizadas, de forma transversal, por 18 ministérios e suas vinculadas em parceria com os governos subnacionais, universidades, institutos de pesquisa, organizações não governamentais, iniciativa privada e demais entidades da sociedade civil.

“O plano oferece um norte no sentido de organizar as ações de combate à desertificação no Brasil, dando ainda as condições para o acompanhamento e monitoramento dessas ações”, afirmou o diretor do Departamento de Combate à Desertificação da SNPCT/MMA, Alexandre Pires, ao acrescentar que o PAB Brasil está fundamentado nas boas práticas de governança e em dados técnicos e científicos de alta confiabilidade.

“Isso dá mais segurança a todos os que atuam na área e contribui para a execução das metas da PNCD e para a implementação das estratégias de fortalecimento da UNCCD, reafirmando a importância da resposta do Estado brasileiro à crise climática que atinge todo o planeta e de forma particular as populações em regiões semiáridas”, declarou.

A partir de agora, o PAB passará por uma revisão final no texto antes de ser publicado oficialmente pelo governo brasileiro. A previsão é que isso ocorra em novembro, durante as atividades da COP30, em Belém (PA). Já está em curso parceria entre o MMA, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) para a elaboração dos planos estaduais.

Câmaras técnicas

Ainda na reunião da Comissão Nacional de Combate à Desertificação, foram aprovadas três câmaras técnicas para viabilizar as atividades do colegiado: a de Implementação, Monitoramento e Avaliação do PAB; a de Estados nas Áreas Suscetíveis à Desertificação; e a de Implementação das estratégias para Fortalecer a UNCCD. A primeira terá o apoio de três grupos de trabalho (GTs) e as outras duas, dois cada.

A CNCD é um órgão de natureza consultiva e deliberativa, integrante da estrutura do MMA. A sua função é articular e implementar a Política Nacional de Combate à Desertificação. Ela é formada por 42 membros titulares e 42 suplentes, com paridade entre representantes do governo e da sociedade civil.

Os conselheiros representam órgãos públicos e organizações não governamentais que atuam na área ambiental, a maioria especificamente no enfrentamento aos efeitos da desertificação na Caatinga, bioma suscetível à desertificação, e nas demais áreas do território brasileiro afetadas pelo fenômeno.

Criada no segundo governo Lula, em 2008, a Comissão ficou paralisada entre os anos de 2016 e 2022. Em fevereiro de 2024, foi oficialmente restaurada pelo Decreto nº 11.932/24 e teve sua composição e atribuições atualizadas, passando a contar pela primeira vez com representes dos povos indígenas e comunidades tradicionais.

Em abril deste ano, durante as comemorações do Dia Nacional da Caatinga, a CNDC foi reinstalada, aprovou seu regimento interno e deu posse à nova composição.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima

Cortes de geração devem agregar custo a novos contratos de energia no Brasil, diz Aurora

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Os cortes de geração de usinas renováveis devem encarecer a precificação de novos contratos de compra e venda de energia renovável no mercado livre, com custo adicional estimado em pelo menos R$40 por megawatt-hora, segundo estudo da Aurora Research divulgado nesta quinta-feira.

A limitação da produção de usinas solares e eólicas, ou “curtailment”, tornou-se o principal problema do segmento de geração de energia brasileiro, impondo perdas milionárias às empresas que atuam na área nos últimos anos.

Quando suas usinas são cortadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), seja por gargalos na rede de transmissão ou falta de consumo suficiente, as geradoras precisam comprar energia no mercado spot para honrar seus contratos, também chamados de “PPAs”.

A alta de preços afeta grandes consumidores, como indústrias, que tendem a ser os clientes “âncoras” de grandes projetos de geração no Brasil, o que pode desestimular novos investimentos das principais geradoras.

De acordo com os cálculos da Aurora, consultoria global de mercados de energia, a precificação dos novos contratos deveria aumentar em pelo menos R$40/MWh para cobrir custos adicionais relacionados aos cortes.

A consultoria observou ainda que outros riscos estruturais do setor elétrico, como volatilidade intradiária de preços e aumento dos diferenciais de preço de energia entre diferentes regiões do país, também tendem a crescer e encarecer os PPAs. Combinados, esses riscos podem adicionar mais de R$110/MWh, apontou.

“Hoje, o curtailment é o principal fator de risco, mas nossas análises indicam que, nos próximos 15 anos, o risco de modulação (associado à variação horária de preços) deve se tornar ainda mais relevante, superando o impacto do próprio curtailment”, afirmou Rodrigo Borges, diretor geral da Aurora no Brasil.

Os cortes de geração aumentaram expressivamente no Brasil desde meados de 2023, em meio ao forte crescimento das fontes solar e eólica na matriz, que têm geração variável e desafiam a operação de atendimento à carga em tempo real pelo ONS.

O problema afeta praticamente todos os geradores solares e eólicos, principalmente os instalados no Nordeste, em diferentes magnitudes. Nos casos mais graves, os cortes superam 50% da produção estimada total das usinas — a Gerdau, por exemplo, disse ver restrições de 70% em seu parque solar em Minas Gerais.

A Aurora projetou que em certos Estados, como Bahia, os projetos solares terão taxas de corte superiores a 30% de forma consistente até 2030, com variações mensais significativas.

COMPENSAÇÕES

Embora cobrem soluções técnicas e estruturais para reduzir os cortes, os geradores de energia reconhecem a necessidade física e operativa dessas restrições colocadas pelo ONS, que maneja uma série de diferentes usinas, fontes e recursos para atender o suprimento de energia.

As elétricas questionam, porém, a concentração dos prejuízos financeiros exclusivamente nas empresas e cobram ressarcimento. As associações do setor eólico e solar calculam que já existe um passivo acumulado de cerca de R$5 bilhões desde meados de 2023.

Segundo a Aurora, entre 40 mercados analisados globalmente, quase dois terços (65%) não oferecem compensação financeira para o curtailment, deixando os geradores com todo o risco. Mercados da América do Norte e Latina geralmente não possuem mecanismo de compensação de custos, acrescentou a consultoria.

Nesta semana, um grupo de associações do setor elétrico, ligadas ao segmento de geração, consumo e distribuição de energia, divulgou carta defendendo que a geração distribuída precisa ser incluída no compartilhamento dos custos associados ao curtailment.

Somando mais de 40 gigawatts (GW) já instalados no país, os pequenos sistemas solares distribuídos, como fachadas e telhados solares, não são gerenciados pelo ONS, de forma que “passam na frente” de outras fontes no atendimento à carga. Isso acaba agravando as restrições aos grandes geradores.

O relatório da Aurora aponta que a socialização de custos, embora seja a opção mais debatida, “tem impacto limitado”.

“Entre renováveis centralizadas, o alívio para a solar fotovoltaica na Bahia é praticamente nulo, e mesmo com a inclusão da micro e minigeração distribuída a redução é de apenas 24%”, disse Matheus Dias, gerente de projetos da consultoria.

Fonte: Terra

Do básico ao avançado: ou do GTFS à mudança de percepção do usuário

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Como os dados com foco no usuário impactam nas Políticas de mobilidade

A Transformação da Mobilidade Urbana: Dados, Política e Foco no Cidadão

Uma visão clara para a modernização do transporte público no Brasil está emergindo, fundamentada na convicção de que a tecnologia e a gestão de dados são os pilares para uma transformação real. No entanto, essa modernização não ocorre no vácuo; ela está intrinsecamente ligada à governança, às decisões políticas e ao financiamento do sistema. Nesse cenário, o padrão de dados abertos GTFS (General Transit Feed Specification) surge como um elemento central, não apenas como uma ferramenta técnica, mas como a base para uma gestão mais inteligente e políticas públicas mais eficazes e transparentes.

A Revolução Guiada por Dados e a Realidade Política

O avanço de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA) promete revolucionar o transporte, mas seu sucesso depende diretamente da qualidade dos dados que a alimentam. A aplicação de IA para otimizar rotas e prever demandas só é viável com informações precisas. Para isso, a disponibilização de ferramentas acessíveis, como editores de GTFS, é fundamental para que os municípios possam gerenciar seus dados de transporte.

Essa padronização de dados ganha uma nova dimensão quando conectada ao tema dos subsídios. O GTFS pode se tornar um caminho estratégico para a criação de uma política nacional de financiamento mais justa, permitindo que a alocação de recursos seja baseada em dados operacionais claros. Contudo, essa abordagem técnica enfrenta a complexa realidade política, especialmente em anos eleitorais. A discussão sobre subsídios se torna uma “janela de oportunidade” que, se mal aproveitada, pode se transformar num “tiro no pé” para o setor. A tomada de decisões sobre o financiamento do transporte precisa ser blindada de interesses eleitorais de curto prazo e focada na sustentabilidade do sistema a longo prazo.

Para Além do Óbvio: Qualidade, Financiamento e Falsas Soluções

No debate sobre a melhoria do transporte, é crucial ir além das soluções aparentes. A ideia de que a “Tarifa Zero” é uma solução universal é questionável, sugerindo que a complexidade do sistema exige abordagens mais estruturadas. A verdadeira melhoria não está apenas na renovação da frota, mas na percepção de qualidade do serviço pelo cidadão — pontualidade, previsibilidade e conforto são os verdadeiros indicadores de sucesso.

Essa percepção de qualidade está diretamente ligada à previsibilidade do financiamento. A dependência de ciclos políticos para a liberação de subsídios cria um ambiente de incerteza que impede o planejamento e a melhoria contínua dos serviços. A solução passa por criar mecanismos de governança robustos, onde a alocação de recursos seja técnica e transparente, utilizando padrões de dados como o GTFS para justificar e medir o impacto do investimento público.

Inovação e Aprendizado Contínuo

Para resolver problemas complexos, como a contagem precisa de passageiros, é preciso buscar abordagens inovadoras. Ao mesmo tempo, a experiência adquirida em operações de transporte de altíssima complexidade, como as dos Jogos Olímpicos, oferece lições valiosas sobre planejamento e execução que podem ser adaptadas para melhorar a gestão do transporte no dia a dia.

Em suma, o caminho para um transporte público de qualidade no Brasil exige uma abordagem integrada. A modernização tecnológica e a gestão baseada em dados são essenciais, mas só trarão resultados duradouros se forem acompanhadas por uma governança sólida, que separe as decisões técnicas das pressões políticas. Ao construir um sistema onde o financiamento é previsível e a qualidade é constantemente medida, é possível criar uma mobilidade urbana que seja verdadeiramente eficiente, transparente e centrada nas necessidades dos cidadãos.

Quem instala primeiro lucra mais: como prédios estão ganhando com a recarga elétrica

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Carro elétrico não é só produto: é comportamento. E isso transforma o mercado, seja ele automotivo, corporativo ou imobiliário

Quando se fala de mobilidade elétrica, a maioria ainda acha que é “papo de futuro”. Que carro elétrico serve apenas para “o pessoal da Faria Lima”. Que carregador na garagem “é luxo de prédio novo”. E mais: que essa revolução vai demorar.

Mas basta prestar atenção nas ruas de São Paulo, nas vagas ocupadas, nas placas verdes se multiplicando para perceber que a mudança já chegou. E quem não enxergar isso agora, vai pagar o preço – em atraso, em custo ou em relevância.

Vamos aos fatos

Em 2023, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o Brasil bateu o recorde histórico de emplacamentos de veículos eletrificados: foram 93.927 unidades, um crescimento de 91% em relação a 2022. Em janeiro de 2024, o número saltou ainda mais: 15.587 carros vendidos, um aumento de 167% sobre o mesmo mês do ano anterior, ainda segundo a ABVE.

E essa curva não vai cair. Pelo contrário. O crescimento é exponencial — e irreversível. Mas o que isso tem a ver com prédios, com empresas, com imóveis? Tudo. Porque o carro elétrico não é somente produto: é comportamento. E comportamento transforma o mercado — seja ele automotivo, corporativo ou imobiliário.

Quem tem um carro elétrico precisa carregá-lo e não quer depender de shopping, de favores ou de sorte pelo caminho. Quer carregar em casa, no trabalho. Quer praticidade, segurança e autonomia. O prédio que não possuir essa infraestrutura, logo, perde valor competitivo (e possibilidade de ganhos).

Mais valorizados

Condomínios que não oferecerem infraestrutura adequada podem afastar novos moradores e dar dor de cabeça aos atuais. Empresas que não têm ponto de recarga em seus estacionamentos carregam a fama de desatualizadas. Levantamento da Brain Inteligência Estratégica aponta que imóveis com diferenciais sustentáveis — como recarga elétrica — valem em média 14% a mais no mercado.

Em prédios comerciais, a lógica se inverte: não é só atrair; é manter clientes, inquilinos e a reputação. E monetizar: com os modelos de carregamento tarifado, o prédio pode gerar receita com cada carga feita.

Funciona assim: o morador, visitante ou colaborador usa o carregador via aplicativo, a cobrança é feita digitalmente, e o condomínio recebe a compensação mensal de energia. Simples, seguro e com retorno.
É a piscina que se paga. A vaga que se transforma em ativo. O imóvel que se valoriza pela decisão de estar preparado.

E isso vale para hoje. Não é 2030. É agora. Atualmente, já existem dezenas de projetos rodando com esse modelo em São Paulo, ativando espaços residenciais e comerciais onde circulam marcas como Azul, Philips e Coca-Cola (Femsa). Todos no mesmo movimento: parar de improvisar e começar a planejar.

Carregar carro elétrico em 2025 não significa instalar uma tomada – significa cuidar de uma rede. Pensar em expansão. Compreender que infraestrutura é o que sustenta a inovação — e não o contrário. Muitos, contudo, acreditam que é necessário trocar toda a rede elétrica. Que vai custar caro demais. Que só prédio novo pode ter e é “complicado”. Não é.

Na maioria dos casos, tudo começa com um bom diagnóstico. Uma análise técnica da capacidade elétrica, um projeto sob medida, uma instalação bem-feita. É possível, é acessível e tem sido cada vez mais necessário.

Decisão rápida

Há um segundo erro, ainda mais grave: achar que dá para esperar. A verdade é que, quem adia essa decisão hoje, adia também seu lugar no mercado. Ninguém precisa entender tudo sobre carros elétricos.

Mas precisa entender, sim, o que eles estão provocando nos prédios, nas empresas, e nos negócios.

Carregador de carro elétrico não é mais inovação nem diferencial. É infraestrutura básica. O mínimo que o novo consumidor espera. Quem entender isso agora, não vai precisar correr depois.

Fonte: Mobilidade Estadão

Unidades de Conservação do RN poderão ser adotadas; entenda como funciona

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Lei prevê que pessoas físicas, empresas e organizações possam firmar parcerias para manutenção e recuperação dos espaços ambientais.

O Governo do Rio Grande do Norte sancionou uma lei que institui o programa RN Mais Verde. A iniciativa, executada pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), permite a adoção de áreas em Unidades de Conservação Estaduais por pessoas físicas, empresas e organizações.

A proposta busca ampliar o cuidado, a manutenção e a recuperação dos espaços, com objetivos voltados à preservação de recursos naturais, fauna, flora e ecossistemas. Também está prevista a utilização das áreas para turismo sustentável, lazer, recreação e educação ambiental.

Segundo a lei, a adoção não transfere a posse da área, mas garante que os adotantes assumam responsabilidades de manutenção, conservação e revitalização, por meio de um Termo de Parceria firmado com o Estado.

Empresas ligadas à comercialização de produtos nocivos ao meio ambiente não poderão participar. Os parceiros habilitados poderão executar projetos paisagísticos, promover atividades culturais e educativas, além de instalar placas de identificação informando a adoção.

A coordenadora da Unidade de Gestão da Biodiversidade (UGBio) do Idema, Iracy Wanderley, disse que a medida aproxima a sociedade da gestão ambiental.

“O Programa RN Mais Verde é uma oportunidade de aproximar a sociedade da gestão das nossas Unidades de Conservação. Quando cidadãos, empresas e comunidades se envolvem diretamente nesse cuidado, nós multiplicamos esforços em prol da preservação e ampliamos os benefícios ambientais, sociais e educacionais para toda a população”, afirmou.

As propostas de adoção deverão ser apresentadas ao Idema por meio de uma Carta de Intenção acompanhada de um projeto detalhado, contendo plano de manutenção e conservação da área escolhida.

Atualmente, o Rio Grande do Norte conta com 11 Unidades de Conservação Estaduais, que somam cerca de 253 mil hectares, o equivalente a 2,41% do território potiguar — sendo 2,14% da área continental e 14,53% da área marinha.

Unidades de Conservação Estaduais do RN:

  1. Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíra
  2. Área de Proteção Ambiental Dunas do Rosado
  3. Área de Proteção Ambiental Jenipabu
  4. Área de Proteção Ambiental Piquiri-Una
  5. Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais
  6. Parque Ecológico do Cabugy
  7. Parque Estadual Dunas do Natal “Jornalista Luiz Maria Alves”
  8. Parque Estadual Florêncio Luciano
  9. Parque Estadual Mata da Pipa
  10. Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão
  11. Monumento Natural Caverna – Mona Martins

Fonte: G1 | Rio Grande do Norte

51% dos brasileiros que entram na faculdade não se formam nem 3 anos após o prazo previsto

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Na média da OCDE, índice é de 30% — também considerado alto no ‘Education at a Glance’, estudo divulgado nesta terça-feira (9). Só no primeiro ano da graduação, 1 a cada 4 universitários brasileiros (25%) abandona o curso no país, contra 13% nas demais nações analisadas.

Suponha que 100 alunos brasileiros tenham começado, em janeiro de 2021, uma graduação de quatro anos de duração. Em tese, eles deveriam ter se formado em dezembro de 2024, certo?

Mas, pelo que indicam dados divulgados nesta terça-feira (9), a tendência é que, mesmo em 2027, três anos após a data esperada para a formatura, 51 desses estudantes NÃO tenham terminado o curso. Boa parte (25 deles) terá desistido ainda no 1º ano da faculdade.

Esses números foram comparados aos de nações que são referência em desenvolvimento humano, como Luxemburgo, Suíça e Noruega, na edição de 2025 do estudo “Education at a Glance”, produzido anualmente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Veja:

  • No Brasil, 25% dos alunos abandonam o bacharelado ainda no 1º ano. Na média da OCDE, o índice é de 13%, também considerado alto no relatório.
  • Entre os brasileiros, apenas 38% terminam a graduação dentro do prazo esperado (versus 43% na OCDE).
  • Três anos após a data em que, em tese, todos deveriam ter concluído o curso, 51% dos alunos no Brasil continuam sem o diploma. Na OCDE, a média é de 30%.

Essas baixas taxas de permanência e de conclusão explicam por que apenas 24% dos jovens adultos (25 a 34 anos) têm ensino superior completo no Brasil (versus 49% na OCDE).

“Altas taxas de evasão no primeiro ano podem indicar um descompasso entre as expectativas dos alunos e o conteúdo ou exigências do curso, possivelmente refletindo falta de orientação profissional ou de apoio aos calouros”, afirma a análise do “Education at a Glance”.

Por que tantos desistem?

Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), aponta três fatores principais que explicam a alta evasão no ensino superior brasileiro, não só no início dos cursos:

  • Baixa qualidade da educação básica: “Poucos alunos saem com um bom nível de aprendizado, o que impacta a continuidade da graduação. Eles chegam com lacunas importantes nos conhecimentos [que deveriam ter sido aprendidos na escola]”, afirma o especialista.
  • Fator financeiro: “Muitos têm dificuldade de se manter no ensino superior, seja pela questão de custo, já que boa parte está na rede privada, mas também por não haver remuneração no período de estudos”.
  • Falta de perspectiva: “Grande parte dos cursos é de qualidade média ou baixa e, por isso, não passa um efeito sinalizador de grandes retornos financeiros. Os alunos não ficam tão seguros de que, se concluírem a graduação em determinadas faculdades, terão grande compensação depois”, diz Faria.

Claudia Costin, especialista em políticas educacionais e ex-diretora global de educação do Banco Mundial, levanta outras três hipóteses:

  • Consequência da universalização tardia da educação básica: “Pessoas mais vulneráveis passaram a ter acesso à escola só nas últimas décadas — e é ótimo que isso tenha acontecido”, diz.

“Mas o Brasil foi um dos últimos países da América a alcançar esse objetivo. Temos agora alunos que são da primeira geração a fazer faculdade na família. É mais difícil engajar esses estudantes que não têm ainda uma referência [acadêmica] em casa.”

  • Dificuldade de escolher o curso: “Nos Estados Unidos e na Finlândia, a formação profissional acontece não na graduação, mas no mestrado. No Brasil, a escolha [da carreira] pode estar ocorrendo cedo demais, fazendo com que o aluno eventualmente não goste [da faculdade]”, explica Costin.
  • Busca pela opção menos concorrida: “Há quem escolha o curso de licenciatura, por exemplo, não porque quer ser professor, mas porque é um vestibular menos competitivo. E aí, entra na graduação e não se identifica com o que encontra ali”, afirma a especialista.

Nos cursos de STEM (sigla em inglês para Science, Technology, Engineering, and Mathematics — ou seja, Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), a taxa de conclusão é ainda menor do que na área da Saúde, aponta o relatório: 38% contra 46%, respectivamente.

“Essa grande evasão na Engenharia, por exemplo, é muito influenciada pela questão da qualidade da educação básica — principalmente, por causa da lacuna em matemática que parte da população tem”, explica Faria, diretor-fundador do Iede.

Nos países da OCDE, mais da metade (58%) dos ingressantes em STEM termina a graduação — índice bem mais alto do que no Brasil, mas também preocupante, afirma o documento.

No Brasil, 76% dos ingressantes das universidades tiraram um ano de intervalo após o fim do ensino médio. É um percentual bem acima da média do registrado pela OCDE, de 44%.

Veja outros dados:

Diferenças entre homens e mulheres

  • Em todos os países, as mulheres que ingressam em cursos de bacharelado têm mais probabilidade do que os homens de concluir a graduação no tempo certo ou em até três anos após a data prevista para a formatura.
  • Por outro lado, elas são maioria na geração “Nem-Nem”. Em 2024, no Brasil, quase um quarto dos jovens (24%) de 18 a 24 anos no Brasil não trabalhava, nem estudava — taxa de 29% entre as mulheres e de 19% entre os homens.

“Temos o problema da gravidez na adolescência e do cuidado com irmãos mais novos. Como a cultura de escola em tempo integral ainda não é predominante no Brasil, alguém precisa ficar em casa para cuidar dos pequenos”, diz Costin. “Em geral, é a própria mãe ou a irmã mais velha.”

Na média da OCDE, a taxa geral de “Nem-Nem” é de 14%.

Alunos podem não perceber, mas salários estão ligados ao diploma

As desigualdades de renda entre trabalhadores com diferentes níveis de escolaridade são altas no Brasil:

  • Adultos de 25 a 64 anos com ensino superior completo ganham, em média, 148% a mais do que aqueles com ensino médio completo (na OCDE, o abismo é menor, de 54%).
  • Quem tem escolaridade abaixo do ensino médio recebe, em média, 75% do rendimento de quem completou a educação básica.
  • Em média, indivíduos com mestrado têm empregabilidade e rendimentos significativamente mais altos do que aqueles que só estudaram até o bacharelado. Só 1% dos brasileiros chega a esse nível da pós-graduação stricto sensu. Na OCDE, índice é de 16%.

Nem sempre esse incremento salarial trazido pelo diploma é algo imaginado pelo jovem que está na faculdade.

“Ele acha que vai ganhar mais se largar o curso e começar a trabalhar. É uma visão errada do que ocorre: quem tem curso superior ganha o triplo de quem não tem”, explica Costin.

Gasto por aluno no Brasil continua baixo em comparação à média da OCDE

Do ensino fundamental ao superior, o gasto governamental por aluno é de 3.762 dólares a cada ano (cerca de R$ 20,4 mil) , cerca de um terço da média da OCDE.

Comparado a outras nações da América Latina, o valor é menor do que os registrados na Argentina, no Chile e na Costa Rica, mas maior do que no México e no Peru.

Por outro lado, quando expresso em percentual do PIB, o investimento brasileiro em educação (4,3%) supera a média da OCDE (3,6%).

Observação: Os gastos com educação no Brasil representam uma parcela do PIB semelhante às da Suécia e da Nova Zelândia, considerados referência em desenvolvimento.

No entanto, o que realmente importa na comparação é o investimento que cada nação faz por aluno. Usar o PIB como critério significa considerar realidades econômicas e sociais totalmente diferentes:

  • O PIB do Brasil em 2022 foi de US$ 1,92 trilhão, enquanto na Suécia foi de US$ 591,2 bilhões e, na Nova Zelândia, de US$ 248,1 bilhões.
  • As populações destes países eram, no mesmo ano, de 215,3 milhões de pessoas no Brasil, 10,49 milhões na Suécia e 5,124 milhões na Nova Zelândia.

Ou seja, mesmo que o PIB do Brasil seja mais alto e que o percentual de investimento esteja próximo aos dos outros dois países, a população brasileira é muito maior, com número consideravelmente superior de alunos e de professores.

Diluindo o valor gasto pelo número de estudantes, fica nítido que os gastos com educação são proporcionalmente menores no Brasil.

“O nosso problema é gastar pouco por investir pouco na qualidade do professor. Os salários melhoraram com a Lei do Piso, mas estão muito abaixo de profissões que demandam a mesma escolaridade. É preciso aumentar a remuneração dos docentes”, diz Costin.

O que é o relatório ‘Education at a Glance 2023’?

  • Divulgado anualmente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o relatório “Education at a Glance” reúne e compara os principais indicadores internacionais ligados à educação.
  • Os números mostram a realidade de 49 países, incluindo os 38 membros da OCDE e 11 parceiros (Argentina, Brasil, Bulgária, Croácia, China, Índia, Indonésia, Peru, Romenia, Arábia Saudita e África do Sul).
  • Os dados são fornecidos pelos próprios países.

Fonte: G1

COP30 coloca Amazônia e sustentabilidade no centro do debate

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Líderes mundiais discutirão clima, florestas e energia limpa

Às vésperas da realização da trigésima  Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP-30, os debates sobre o futuro do planeta ganham força!  Questões essenciais como a redução de emissões, investimentos em energias renováveis, preservação de florestas e biodiversidade, além de justiça climática, estarão na mesa do encontro, que vai reunir em Belém, no Pará, líderes mundiais, cientistas e representantes da sociedade civil.Mas, essa batalha ambiental vem de longe e se sedimentou em 1997. Naquele ano um tratado internacional estabeleceu compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa, considerado causa da elevação anormal da temperatura média do planeta.

Primeiro acordo global contra a poluição, o Protocolo de Quioto entrou em vigor para valer em 16 de fevereiro de 2005, estabelecendo metas de redução de emissões para os países desenvolvidos. E ganhou o nome por ter sido assinado na cidade japonesa de Kyoto.

A proposta era que os países mais poluidores promovessem um corte maior nas suas emissões.

Ao menos 30 nações industrializadas se comprometeram em reduzir cerca de 5% de suas emissões de gases nocivos até 2012, frente aos níveis de 1990.

O líder em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, Fundo Mundial para a Vida Selvagem,  Alexandre Prado, explica como foi esse processo.

Entre outras novidades, o acordo criou um mercado de créditos de carbono, em que países com emissões reduzidas passaram a ganhar créditos, com possibilidade de vendê-los às nações mais poluentes.

O Protocolo de Quioto estabeleceu um rigoroso sistema de monitoramento, revisão e verificação dos registros precisos dessas transações.

O Protocolo também auxiliou os países na adaptação aos efeitos adversos das mudanças climáticas. E facilitou o desenvolvimento e a implantação de tecnologias para aumentar a resiliência aos impactos das mudanças climáticas.

Segundo o ambientalista Alexandre Prado,  por conta do tratado internacional,  o Brasil avançou na legislação ambiental.

Em 2015, o mundo deu mais um salto nas questões climáticas. O Acordo de Paris substituiu o Protocolo de Quioto, e é o documento que vale até hoje. Nos primeiros sete anos, nada menos que 194 países assinaram o acordo, se comprometendo a reduzir as emissões para manter o aumento da temperatura média mundial abaixo dos 2°C em relação aos níveis pré-industriais.

Agora, a expectativa é que todas essas questões, assim como as discussões sobre financiamento para países em desenvolvimento, ganhem espaço na COP-30.

A proposta é reforçar as metas de descarbonização, os avanços em sustentabilidade e economia verde, estabelecidos no Acordo de Paris.

Tudo isso, daqui a cerca de dois meses, quando será aberta a COP-30. Entre os dias 10 e 21 de novembro, a Conferência fará os olhos do mundo se voltarem para o norte do Brasil, que abriga uma joia ambiental: a região amazônica, parte da maior floresta tropical do mundo

Fonte: Agência Brasil