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Plano de Logística Sustentável do MGI 2024-2026 foca em inovação, sustentabilidade e inclusão

Documento elaborado pela Secretaria de Serviços Compartilhados estabelece metas e diretrizes para tornar as contratações públicas e operações logísticas mais sustentáveis e inovadoras

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) lançou o seu Plano de Logística Sustentável (PLS) para o período de 2024 a 2026. O documento, elaborado pela Secretaria de Serviços Compartilhados (SSC), em parceria com as demais secretarias da pasta, estabelece diretrizes e metas para tornar as contratações públicas e operações logísticas mais sustentáveis, eficientes e socialmente responsáveis.

O PLS é um instrumento de governança vinculado ao planejamento estratégico do MGI, seguindo as diretrizes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e à Estratégia Federal de Desenvolvimento (EFD). Entre os destaques do plano estão:

  • Sustentabilidade ampliada: O plano adota uma abordagem tripla — ambiental, social e econômica — para orientar as ações do Ministério.
  • Inclusão e equidade: Um dos eixos estratégicos do PLS é a gestão humanizada de pessoas, com foco em diversidade, combate ao assédio e valorização de mulheres em situação de violência doméstica, conforme previsto no Decreto nº 11.430/2023.
  • Inovação nas contratações: O plano incentiva o uso de critérios sustentáveis desde o planejamento das compras públicas, priorizando fornecedores com responsabilidade social e produtos de menor impacto ambiental.
  • Monitoramento contínuo: A execução do plano será acompanhada por uma comissão específica, com relatórios trimestrais e avaliações anuais para garantir a efetividade das ações.

Além disso, o PLS/MGI 2024–2026 está sendo implementado em articulação com o Plano de Logística Sustentável do Arquivo Nacional, fortalecendo a integração entre as unidades do ministério. A iniciativa também se alinha ao Programa Pró-Integridade, que promove uma cultura organizacional pautada na ética, na valorização da diversidade e na disseminação de boas práticas na gestão pública.

Algumas ações relevantes realizadas dentro dos esforços do PLS:

  • Programa de contratação de mulheres em situação de violência doméstica
  • Contratação de carros híbridos para o deslocamento de autoridades
  • Programa de gestão de resíduos sólidos
  • Comunicação, letramento e inclusão
  • Implantação do recesso para o pessoal terceirizado

Diretrizes

O PLS 2024-2026 foi elaborado a partir de 14 diretrizes, estruturadas com base em sete eixos temáticos, sendo eles: racionalização e consumo consciente, racionalização da ocupação de espaços físicos; identificação dos objetos de menor impacto ambiental; fomento à inovação no mercado; negócios de impacto nas contratações; divulgação, conscientização e formação; e gestão humanizada de pessoas, inclusão, equidade e diversidade.

No contexto deste último, a ministra Esther Dweck assinou a adesão ao Programa Selo PNUD de Igualdade de Gênero e Raça nas Instituições Públicas, iniciativa global que reconhece governos e instituições públicas comprometidos com a promoção da inclusão e construção de uma sociedade com igualdade de oportunidades entre mulheres e homens.

A implantação de uma logística sustentável no ministério é resultado do compromisso coletivo das pessoas que atuam no órgão. Em consonância com a Diretriz nº 6 do PLS, que trata da divulgação, conscientização e formação do instrumento, a SSC tem se empenhado em ampliar a divulgação das ações e avanços do PLS junto ao público interno do ministério.

Conheça o Plano de Logística Sustentável do MGI.

Fonte: Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI)

“Projeto do século”: Maior barragem hidroelétrica do mundo já está em construção

Nova megabarragem no rio Yarlung Tsangpo deve gerar 300 milhões de MWh por ano e levanta preocupações sobre deslocamentos, meio ambiente e tensões regionais

Em uma cerimônia oficial realizada no Tibete, o premiê chinês Li Qiang declarou o início da construção de uma gigantesca usina hidrelétrica no rio Yarlung Tsangpo — projeto considerado por ele como o “empreendimento do século”. A iniciativa, ambiciosa tanto em escala quanto em impacto geopolítico, animou os mercados chineses e reacendeu tensões com países vizinhos.

O plano faz parte das metas estabelecidas no 14º Plano Quinquenal da China, divulgado em 2020, e prevê a construção de um sistema de cinco usinas interligadas. Juntas, essas instalações deverão gerar cerca de 300 milhões de megawatts-hora por ano, com investimento estimado em 1,2 trilhão de yuans (aproximadamente £124 bilhões).

Para efeito de comparação, a Barragem das Três Gargantas custou cerca de 250 bilhões de yuans e gera 88 milhões de MWh por ano.

Reações regionais

Apesar do entusiasmo chinês, a obra tem provocado reações contrárias em Bangladesh e na Índia, países que dependem das águas do mesmo rio — conhecido como Brahmaputra em território indiano e Jamuna em solo bengalês. Há temores de que Pequim possa controlar o fluxo hídrico, afetando milhões de pessoas rio abaixo.

Analistas como Neeraj Singh Manhas alertam que a barragem pode ser usada como ferramenta de influência regional. A Índia, inclusive, apresentou protestos diplomáticos à China em encontros recentes. Em resposta, autoridades chinesas afirmaram que o país não tem intenções hegemônicas e se comprometeram com o diálogo e a cooperação para prevenir catástrofes ambientais.

Impactos locais e preocupações ambientais

A construção no Tibete também levanta preocupações de ordem social e ecológica. Organizações tibetanas destacam a existência de locais sagrados na área da barragem e denunciam a falta de transparência sobre possíveis deslocamentos forçados.

Casos anteriores, como os protestos contra a barragem de Kamtok, demonstram que há tensão crescente em torno de grandes obras no território. Centenas de pessoas foram presas durante mobilizações locais.

Desafios geológicos e resposta oficial

Ambientalistas alertam para os riscos de deslizamentos, atividade tectônica e impactos severos na biodiversidade da região montanhosa onde o projeto será executado.

Apesar das críticas, o governo chinês reforça que a obra será essencial para impulsionar a energia limpa, fortalecer a economia local e garantir segurança energética. Segundo Li Qiang, a construção respeitará princípios de conservação ecológica para minimizar danos ao meio ambiente.

Fonte: Revista Forum 

Gerar energia eólica no Brasil é mais barato que a média global

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Relatório confirma vantagem de preço das fontes renováveis em relação aos combustíveis fósseis; infraestrutura é desafio para expansão

Um relatório da Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena), divulgado nesta terça-feira (22), confirma que as fontes renováveis seguem gerando energia a um custo mais baixo do que as de combustíveis fósseis – e o Brasil está entre os países com os menores custos.

Em todo o mundo, os projetos de energia eólica onshore foram 53% mais baratos, enquanto a energia solar fotovoltaica (PV) foi, em média, 41% mais barata do que a alternativa fóssil de menor custo.

A geração de energia eólica onshore teve, em 2024, um custo médio global em US$ 0,034/kWh; a solar fotovoltaica ficou em US$ 0,043/kWh; e a hidrelétrica, em US$ 0,057/kWh.

O relatório destaca que as fontes renováveis são vantajosas por limitar a dependência de mercados internacionais de combustíveis, melhorando a segurança energética dos países.

“A competitividade de custo das renováveis é uma realidade atual. Considerando todas as fontes renováveis atualmente em operação, os custos evitados com combustíveis fósseis em 2024 chegaram a até US$ 467 bilhões. A nova geração renovável supera os combustíveis fósseis em custo, oferecendo um caminho claro para energia acessível, segura e sustentável”, afirma o diretor-geral da Irena, Francesco La Camera.

Brasil tem custo abaixo da média

No Brasil, o custo de geração de energia eólica onshore ficou abaixo da média global e em patamar semelhante ao da China, em US$ 0,030/kWh. Segundo o relatório, isso se deve à disponibilidade de recursos eólicos, manufatura doméstica e execução de projetos otimizada.

Já em relação aos custos da energia solar fotovoltaica, a média do Brasil ficou em US$ 0,048/kWh em 2024, um custo relativamente maior do que registrado em 2023 (US$ 0,042/kWh) e 2022 (US$ 0,045/kWh)

Embora as hidrelétricas forneçam 50% da geração de energia do Brasil, a expansão dessas duas fontes de energia renovável indica que o país passa por um processo de diversificação robusto, segundo o relatório.

O documento destaca que o avanço é sustentado por leilões públicos com PPAs indexados, que reduzem riscos financeiros e impulsionam o acesso a capital.

Desafios

O avanço da tecnologia e o fortalecimento das cadeias de suprimento devem contribuir para a redução de custos da geração de energia nos próximos anos, mas ainda há desafios de curto prazo.

Entre eles, estão as mudanças geopolíticas, como tarifas comerciais, gargalos de matérias-primas e dinâmicas industriais em evolução, especialmente na China.

Na Europa e América do Norte, desafios estruturais como atrasos em licenciamento, capacidade limitada da rede e maiores despesas de equilíbrio do sistema devem pressionar os custos.

Já Ásia, África e América do Sul podem experimentar quedas acentuadas nos custos devido ao grande potencial renovável nessas regiões.

No caso do Brasil, a flexibilidade da rede e os sistemas de armazenamento ainda estão em desenvolvimento e serão cruciais para sustentar a expansão das renováveis variáveis. O documento aponta que o sucesso da estratégia dependerá da capacidade do país em manter estruturas regulatórias claras, com mecanismos de contratação confiáveis e ambientes de investimento previsíveis — essenciais para atrair capital global.

“Mitigar o risco de financiamento é central para escalar as renováveis tanto em mercados maduros quanto emergentes. Instrumentos como contratos de compra de energia (PPAs) desempenham papel fundamental no acesso a financiamento acessível, enquanto ambientes políticos inconsistentes e processos de contratação opacos minam a confiança dos investidores”, diz o relatório.

“Energia limpa é economia inteligente – e o mundo está seguindo o dinheiro. As renováveis estão em ascensão, a era dos combustíveis fósseis está desmoronando, mas os líderes devem remover barreiras, construir confiança e liberar financiamento e investimentos. As renováveis estão iluminando o caminho para um mundo com energia acessível, abundante e segura para todos”, diz o Secretário-Geral da ONU, António Guterres.

Fonte: InforMoney

Inovação aberta no setor público com startups: entre promessas e aprendizados de uma década

Por Felipe Massami Maruyama 

A adoção da inovação aberta como estratégia para enfrentar os desafios do setor público brasileiro se intensificou na última década. Impulsionada pela emergência de soluções tecnológicas — sobretudo digitais — e pela crescente incapacidade do Estado de responder sozinho a problemas cada vez mais complexos, a inovação aberta ganhou a agenda dos governos. Contudo, apesar do entusiasmo inicial, é hora de fazermos um balanço crítico e refletir sobre o que, de fato, avançou, onde falhamos e o que ainda precisa ser feito.

A literatura internacional já apontava, desde os anos 2010, os potenciais benefícios da inovação aberta no setor público, como maior transparência, inclusão de atores externos e ganhos de eficiência. E entendemos que inovação aplicada no contexto do setor público como um processo de inovação com base nos fluxos intencionais de conhecimento gerenciados por toda a fronteira organizacional, adotando uma perspectiva de coprodução de serviços públicos com a participação de atores para além da unidade que está com um problema, podendo ser atores intragovernamentais – de outros setores ou unidades –, intergovernamentais, sociedade civil e/ou setor privado.

No Brasil, essa lógica encontrou terreno fértil: a escassez de recursos, aliada à pressão por modernização dos serviços, levou diversas instituições públicas a buscar soluções externas, em especial, junto às startups. As startups são organizações que se encontram em uma condição temporária típica de algumas empresas iniciantes e que podem ser caracterizadas pelo caráter inovador, seja no modelo de negócio ou pautado em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. 

A proposta era simples e poderosa: aproveitar o dinamismo e a capacidade inovadora desses novos empreendimentos para resolver problemas públicos de forma mais ágil, eficiente e adaptada. Para isso, seria adotada experimentos e validações constantes com usuários, para conseguir encontrar as soluções mais adequadas aos desafios públicos apresentados.

Complementarmente, sob uma perspectiva institucional duas mudanças estruturais favoreceram esse movimento. De um lado, o crescimento e amadurecimento do próprio ecossistema de startups em diferentes partes do Brasil. De outro, o fortalecimento do arcabouço jurídico-institucional para inovação no setor público, com a consolidação de marcos como a Lei nº 13.243/2016 (Marco Legal da Inovação) tal qual a popularização de outros, como o Marco Legal das Startups (LC 182/2021), que ofereceram maior segurança jurídica para parcerias entre Estado e empreendedores.

Nesse contexto, surgiram dezenas de iniciativas de inovação aberta voltadas à conexão entre governo e startups — como Mobilab, PitchGov, IdeiaGov, PitchES, Eita! CatalisaGov, entre muitas outras. Algumas prosperaram, adaptaram-se, geraram impacto. Outras, no entanto, foram descontinuadas sem avaliações sistemáticas, deixando um rastro de expectativas frustradas e lições não sistematizadas.

O que nos leva à questão central: o que explica o sucesso, mas em especial, o fracasso desses programas? A resposta não é trivial. Falta ainda uma compreensão mais profunda das atribuições de sucesso e fracasso feitas por quem idealizou, liderou ou participou dessas iniciativas. Muitas vezes, a inovação aberta no setor público se restringe à fase de ideação, sem uma estratégia clara de validação, desenvolvimento, mas em especial, de contratação ou escalabilidade das soluções. Em outros casos, falta continuidade institucional, orçamento adequado ou alinhamento entre os atores envolvidos.

Focar apenas na atração de startups, sem cuidar da governança, da articulação com outros atores, do engajamento de servidores e da efetiva incorporação das soluções, sejam através das compras públicas ou de outros mecanismos como acordos de codesenvolvimento, é desperdiçar o potencial transformador dessa abordagem.

É preciso reconhecer que a inovação aberta não é, por si só, uma solução. É um meio e uma estratégia intencional que deve ir além da busca urgente por uma solução, de antemão, já conhecida. E como tal, requer desenho institucional, investimento, monitoramento e, sobretudo, estruturação de processos e competências no tema. Após uma década de experiências, acertos e erros, é urgente sistematizar esse aprendizado para evitar o risco de a “moda da inovação” esvaziar-se sem deixar legado.

Por tudo isso, a inovação aberta com startups no setor público brasileiro precisa sair do campo das promessas, e apresentar resultados concretos e o impacto que pode gerar (ou tem gerado). Para isso, proponho três encaminhamentos concretos:

  1. Sistematizar as experiências da última década, identificando fatores críticos de sucesso e fracasso a partir do olhar dos diferentes atores envolvidos, desde áreas de compras, jurídico, tecnologia, mas também as próprias startups;
  2. Garantir a efetiva aplicação do que já existe no nosso arcabouço institucional e jurídico para consolidação dos diferentes instrumentos e mecanismos já previstos, mas que não foram implementados ou aplicados;
  3. Padronizar o máximo que for possível (minutas, contratos, planos de trabalhos etc), visando mitigar a percepção de risco por parte dos gestores públicos tal qual uma incerteza predominante para os agentes externos, e nesse caso, para as startups.
  4. Investir em capacidade estatal para inovação, com formação continuada de servidores, posto que, ao final, será gerando um contrato que deverá ser gerido e monitorado;

Só assim poderemos transformar a inovação aberta de experimentos pontuais em uma estratégia consolidada que poderá ser adotada por diferentes intuições públicas para resolver problemas públicos cada vez mais complexos.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities 

COP-30: ‘Imagem do País vai depender da atitude do Lula’

Projeto de lei que altera regras do licenciamento ambiental no País foi aprovado pelo Congresso, apesar de críticas de especialistas, e aguarda sanção ou veto do presidente

 

A menos de quatro meses da Conferência das Partes (COP-30), que será realizada em Belém, no Pará, o posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o projeto de lei que altera as regras de licenciamento ambiental é determinante para a credibilidade do Brasil perante os outros países, afirma Marcio Astrini, diretor do Observatório do Clima, uma rede de entidades ambientalistas.

“O veto (de Lula) é a arma que o governo tem para tentar reverter essa situação”, afirma Astrini, que define o projeto de lei como um “show de horrores”.

“A imagem do País, às vésperas de uma conferência de clima, vai depender dessa atitude do Lula”, acrescenta, em sua coluna semanal na Rádio Eldorado.

Durante a campanha eleitoral, Lula assumiu compromissos com a área ambiental, como fortalecer órgãos de fiscalização, combater o desmatamento e o garimpo ilegal e preservar os biomas brasileiros. “Ele (Lula) vai ter que decidir se vai ficar com as promessas que fez e os discursos que faz, vetando as propostas do Congresso, ou se vai se unir a essa destruição ambiental em forma de lei”, diz.

O licenciamento ambiental é o processo pelo qual empresas passam para terem obras com impactos ambientais aprovadas ou não. O afrouxamento nas regras pode causar danos severos ao País, dizem especialistas.

Astrini avalia que o texto da forma como foi aprovado pelo Congresso cria um “passe livre” para setores da economia, “como se não tivessem que prestar contas para ninguém do País”, incluindo licenciamento facilitado, emitido pela internet, para obras de grande impacto ambiental.

“Parlamentares taparam os ouvidos para uma série de manifestações de grupos da área da saúde e da ciência, universidades, Ministério Público, juízes, vários juristas trazendo pareceres técnicos. Era farto o material apontando os perigos daquele texto que estava sendo votado, mas ninguém ouviu”, ele afirma.

Tarifaço do Trump

Na carta que enviou ao Brasil, o governo americano citou entre os motivos para o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros exportados aos EUA o desmatamento e a extração ilegal de madeira no Brasil.

Na visão de Astrini, a questão foi usada como uma forma de o presidente americano justificar as sanções fiscais que impôs ao Brasil, mas não representa uma real preocupação do governante com tais problemas ambientais.

Trump saiu do Acordo de Paris, suspendeu doações para instrumentos de combate à crise climática e encerrou as atividades de pesquisa científica da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês).

“O que ele está fazendo, nitidamente, é utilizar um problema que realmente existe no Brasil para justificar suas pressões comerciais, essas tarifas absurdas. Mas, ele não é a pessoa que vai nos ajudar ou que tem alguma moral para fazer esse tipo de cobrança”, declara o diretor do Observatório do Clima.

Fonte: Terra

Big techs defendem “Pix para todos” em reunião com Alckmin sobre tarifas

Vice-presidente ressalta a importância das big techs como “investidoras” no Brasil, e informa que empresas enviarão suas demandas ao governo brasileiro

O presidente em execício da República, Geraldo Alckmin (PSB) voltou a defender o sistema de pagamento instantâneo brasileiro, o Pix, nesta segunda-feira (21), após reunião com big techs para debater as tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump aos importados brasileiros.

Questionado sobre as críticas à plataforma de pagamentos do BC (Banco Central), Alckmin informou que as provedoras defendem um “Pix para todos”, com pagamento instantâneo em suas plataformas.

“Nada impede que a forma de pagamento, outras empresas também participem. Falaram que defendem o chamado ‘Pix para todos’. O que é importante? É que tem que ser de graça”, defendeu Alckmin, após as agendas desta segunda.

Participam do encontro representantes da Apple, Visa, Meta, Google e Expedia,

A reunião com as big techs acontece no contexto do comitê interministerial criado pelo governo para formular a resposta brasileira à tarifa de 50% imposta pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

Alckmin reconheceu a importância da reunião, uma vez que as redes sociais foram citadas no documento elaborado pelo governo norte-americano que embasou a investigação comercial conduzida pelo Departamento de Estado dos EUA.

O vice-presidente, que também é ministro da pasta do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, ressaltou que as big techs são “importantes investidores no Brasil”, e que demonstraram também reconhecer a importância do país em seu trabalho.

“Demonstraram a importância do Brasil, extremamente relevante no trabalho delas, tem tudo para crescer no país”, pontuou.

Conforme informou, as empresas se comprometeram a enviar algumas demandas ao governo brasileiro.

“Ficaram de nos encaminhar na sequência algumas questões que para eles são mais relevantes. Abrimos um bom diálogo”, relatou o vice-presidente.

Fonte: CNN Brasil

Governo deve se reunir para discutir alternativa a flexibilização do licenciamento ambiental

O projeto aprovado pelo Congresso modifica as regras gerais para licenciamento ambiental, criando novos tipos de liberações para empreendimentos e permitindo adesão a compromissos com prazos menores para análise.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta segunda-feira que o governo deve se reunir nos próximos dias para discutir uma alternativa ao projeto de lei que flexibilizou regras de licenciamento ambiental. A matéria foi aprovada pelo Congresso Nacional na semana passada.

Rui reforçou a ideia defendida pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de que o governo deve buscar vetar ou publicar uma medida provisória que ajuste aspectos da legislação alterada pelo Congresso. Em evento em Salvador, Rui indicou que vetos estão em estudo.

“Não desistimos, nós vamos retomar isso. Essa semana será uma semana de reuniões da equipe nossa, do governo, da Casa Civil, da Ministra Marina, da Advocacia Geral da União, da AGU, onde nós vamos fazer uma leitura da lei que foi votada, elencar os pontos, despachar com o presidente e nós vamos propor alternativas à lei que foi votada. Nós vamos buscar uma solução mediadora porque alguns pontos são muito ruins para o meio ambiente.”

O projeto modifica as regras gerais para licenciamento ambiental, criando novos tipos de liberações para empreendimentos e permitindo adesão a compromissos com prazos menores para análise. O ministro afirmou que a nova legislação apresenta riscos ao meio ambiente por eliminar um parâmetro nacional que classificava empreendimentos em baixo, médio e alto risco ambiental, o que permite que estados e municípios adotem regras distintas.

Fonte: CBN

Petrobras vai voltar a ter postos de combustíveis? Entenda preocupação do mercado

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O Conselho de Administração da Petrobras deve avaliar se incluirá no Plano de Negócios 2026-2030 a volta da estatal ao setor de distribuição. Segundo pessoas a par do assunto disseram ao Estadão/Broadcast, a Petrobras cogita voltar ao setor por meio de um projeto greenfield – ou seja, começando do zero, como foi há décadas com a criação da BR Distribuidora. A intenção não seria o controle de preços, mas garantir que não haverá represamento de cortes do valor das refinarias da empresa ao consumidor final.

A BR Distribuidora, empresa de distribuição de combustíveis da Petrobras, foi vendida em julho de 2019, quando a Petrobras deixou de ser a maior acionista da distribuidora, que passou a ter mais capital privado do que estatal e recebeu o nome de Vibra. A nova empresa ficou com direito de usar a marca Petrobras nos postos até 2029. A estatal já comunicou que não deve renovar esse prazo. Na época, a oferta inicial de ações rendeu R$ 9,6 bilhões à petroleira.

Procurada por IstoÉ Dinheiro, a Petrobras não se manifestou. Mas na noite de sexta-feira, 18, divulgou comunicado afirmando que estuda oportunidades de negócios em todos os segmentos, mas que até o momento não há decisão tomada.

“A Petrobras esclarece que estuda, no âmbito da construção do Planejamento estratégico, que ocorre anualmente, oportunidades de negócios sinérgicos em todos os segmentos de energia. Todos os estudos estão em andamento e, até o momento, não há qualquer decisão tomada pela Companhia. A companhia também esclarece que não há nenhum estudo para voltar ao setor de distribuição por meio de um projeto greenfield”

Na quinta-feira, 17, após a notícia sobre o conselho da Petrobras estar considerando retornar ao varejo de venda de combustíveis, as ações da Vibra Energia chegaram a cair 2,3% no Ibovespa.

Já duas fontes disseram à Reuters que a Petrobras não tem planos de voltar a vender combustível no varejo. Uma delas observou que a estatal possui uma cláusula de não concorrência com a Vibra, sua antiga subsidiária, até 2029. A fonte acrescentou que, mesmo que o assunto viesse à tona durante uma reunião do conselho, essa cláusula impediria qualquer ação.

Volta ao varejo não é bem avaliada

Um possível retorno da Petrobras ao mercado de varejo de combustíveis é visto como negativo tanto do ponto de vista de negócios quanto do de governança, dizem analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast. A avaliação é que a estatal deve concentrar esforços em exploração e produção de petróleo, como faz na Bacia de Santos. Além disso, concorrentes como Ultrapar, Cosan e até mesmo a Vibra já têm presença relevante, dado o tamanho do mercado.

Rodrigo Glatt, sócio da GTI Administração de Recursos, destaca que, ainda que a estatal seja um nome “de peso”, o desenvolvimento de novos postos seria menos rentável do que os já existentes.

“É um business de capital intensivo e de retornos muito mais baixos do que os investimentos que ela tem em exploração de petróleo, que é onde ela devia focar”, diz.

Apesar de a estatal ter reduzido o preço da gasolina em 5,6% no início de junho, os postos de abastecimento praticamente não repassaram a queda, o que trouxe descontentamento ao governo Lula.

“Para montar uma rede como da Ultrapar, da Ipiranga, ou da Cosan, com a Shell, leva-se muito tempo, e o mercado já está ocupado. A saída seria desenvolver novos postos ou comprar redes pequenas de bandeira branca, o que exigiria muito trabalho e levaria tempo para a Petrobras se tornar relevante”, complementa Glatt.

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a notícia sinaliza pressão negativa sobre o segmento de distribuição

“Os postos ganham pela variação de preços ao longo do tempo, e os retornos já estão ruins porque a Petrobras não acompanha a cotação internacional. Me parece que, se a estatal assumir postos, será ruim para todo o setor, ao criar distorção difícil de reverter”

A Ativa avalia que, no longo prazo, a medida é potencialmente destrutiva de valor tanto para a estatal, que deveria focar em E&P, quanto para a Vibra. “Ainda que a proposta possa gerar reação positiva de curto prazo nas ações da distribuidora, apoiada em dispositivos de proteção acionária, temos dúvidas quanto à capacidade de execução sob uma nova gestão Petrobras”, diz a casa.

Para Cruz, mesmo que a ideia não seja a de controlar preços, o movimento reforça a percepção de maior intervenção estatal. “Acho que o passo seguinte ainda não foi dado porque as contas públicas estão deficitárias, e a Petrobras vem sendo solução, ano após ano, por meio dos dividendos”, afirma.

BR Distribuidora e Vibra

A Vibra é uma das maiores distribuidoras de combustível da América Latina, operando uma rede de postos de gasolina com a marca Petrobras e vendendo combustível diretamente a empresas.

Os postos de combustíveis BR Distribuidora só poderão usar esta marca até junho de 2029. Isso significa que os postos conhecidos como Postos Petrobras devem deixar de existir com esse nome a partir de então. Esse foi o acordo feito na época em que a petrolífera brasileira vendeu seus negócios de distribuição de combustíveis, em 2019.

Em junho de 2021, a estatal realizou nova oferta de ações para se desfazer dos 37,5% de sua parte na distribuidora. A composição acionária da Vibra é dividida da seguinte forma:

  • Dynamo 10,28%
  • Samambaia Master Fundo 8,93%
  • Previ 5,24%
  • BlackRock 5,22%
  • Outros 70,32

No começo deste ano, a Petrobras comunicou ao mercado que notificou a Vibra sobre não ter interesse “em prorrogar o prazo de vigência nos termos do atual contrato de licença de uso de marcas da companhia, que se iniciou em 28 de junho de 2019 e se encerrará em 28 de junho de 2029”, diz a estatal.

Até lá, a Vibra pode seguir usando a marca BR. “O referido contrato seguirá vigente, sujeito aos termos e condições contratuais”, reforça a estatal.

No dia 10 de janeiro a Vibra publicou Fato Relevante confirmando a notificação da Petrobras e que “tal comunicação não gera qualquer mudança na estratégia da companhia em relação aos seus revendedores e clientes em geral”. Ou seja, os postos seguem como BR, incluindo postos, caminhões e em outros ativos e comunicações oficiais da empresa, até junho de 2029.

No Fato Relevante, a Vibra destacou que a possibilidade da não renovação do contrato após 2029 já fazia parte dos planos de médio e longo prazo da empresa, e que o acordo previa a possibilidade de as partes envolvidas comunicar o interesse de não renovação até 24 meses antes do seu término.

Em maio, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que fica preocupada ao ver que postos que estampam a marca da petroleira, mas que não pertencem mais à companhia, estão vendendo combustíveis por preços acima do que deveriam, incorporando margens.

Fonte: Istoé Dinheiro

EUA poderiam bloquear GPS no Brasil? Entenda como funciona sistema de geolocalização

A escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos subiu mais um degrau com o anúncio de sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pelo Departamento de Estado americano.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou a revogação do visto do ministro do STF para entrar nos Estados Unidos citando “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a Folha de S.Paulo, bolsonaristas disseram ter sido informados por membros do Departamento de Estado dos EUA que a revogação de vistos de Moraes e outros integrantes da Corte seria “apenas o começo”.

Entre as novas sanções cogitadas, disseram aliados do ex-presidente ao jornal, estariam aumentar as tarifas de importação de produtos brasileiros de 50% para 100%, adotar punições em conjunto com a aliança militar Otan e até mesmo o bloqueio do uso de satélites e GPS.

Mas é possível “cortar” o sinal do GPS? A BBC News Brasil conversou com especialistas para entender se realmente é possível bloquear o sistema de geolocalização no país.

O que é e como funciona o GPS?

O Sistema de Posicionamento Global, mais conhecido pela sigla em inglês GPS (Global Positioning System) oferece com rapidez e precisão a localização de um ponto na superfície terrestre.

Ele é utilizado em celulares, carros, aeronaves, embarcações e sistemas de monitoramento, como tornozeleiras eletrônicas, e é essencial para áreas como navegação, cartografia e monitoramento ambiental.

Criado pelo Departamento de Defesa dos EUA no final do século 20, o sistema foi desenvolvido originalmente com fins militares, como o direcionamento de mísseis, localização de tropas e execução de manobras táticas.

A corrida espacial impulsionou a sua criação. Em 1957, a então União Soviética lançou o Sputnik, primeiro satélite artificial da história. Já o primeiro satélite operacional do GPS foi lançado em 1978, e o sistema atingiu sua configuração plena em 1995, quando tinha 24 satélites em funcionamento.

Nos anos 1990, a tecnologia passou a ser amplamente aplicada para usos civis, que vão do controle do tráfego aéreo a aplicativos de informações para rotas em celulares.

Atualmente, o sistema conta geralmente com 31 satélites em operação, que estão distribuídos em seis planos orbitais ao redor da Terra, de forma que, em qualquer ponto do planeta, pelo menos quatro deles estejam sempre visíveis a um receptor GPS. Esse é o número mínimo necessário para o sistema funcionar corretamente.

Cada satélite transmite continuamente um sinal de rádio com informações sobre sua posição e o horário exato de emissão, baseado em um relógio atômico.

O receptor, ao captar esse sinal, registra o tempo de chegada da mensagem e o compara com o horário indicado pelo satélite. A diferença de tempo permite calcular a distância entre o receptor e o satélite.

Como a onda de rádio se desloca à velocidade da luz, mesmo variações de frações de segundo representam milhares de quilômetros.

Com os dados de quatro satélites distintos, o receptor consegue triangular sua posição com alta precisão. Se os sinais forem captados somente de um ou dois satélites, a localização estimada será menos confiável ou ambígua.

O sistema oferece dois tipos de serviço: o Standard Positioning Service (SPS), disponível a todos os usuários civis do mundo, e o Precise Positioning Service (PPS), de uso restrito às forças armadas norte-americanas e seus aliados.

É possível bloquear o GPS em um país?

Os sinais transmitidos pelos satélites do GPS são unidirecionais: saem do espaço e alcançam, ao mesmo tempo, receptores em qualquer parte do mundo, explica o engenheiro Eduardo Tude, especialista nas áreas de Redes Ópticas, Sistemas Celulares e Comunicações por Satélite e presidente da Teleco, consultoria em Telecomunicações.

Por isso, ele afirma ser improvável cortar o sinal do GPS somente para um país ou território, sem afetar regiões vizinhas.

“Esses satélites ficam transmitindo continuamente um sinal para todo mundo. E o dispositivo que temos em Terra, pega o sinal desses satélites e calcula sua posição. É muito difícil bloquear isso para um país porque o sistema transmite para todo mundo, quem quiser pegar aquele sinal”, explica.

“É como a TV aberta, eu poderia bloquear o acesso a ela numa casa se ela fosse projetada para ter um código, como a TV por assinatura tem para receber”, continua o engenheiro. “Se os EUA resolvessem fazer isso, ele teria que mexer, primeiro, na forma como é transmitido esse sinal. Em termos práticos, seria praticamente inviável fazer isso, ainda mais no curto prazo.”

“Não dá para cortar esse sinal sem atingir outros países e mesmo os EUA. Não acredito que eles estejam realmente cogitando isso.”

Poderiam existir maneiras, no entanto, de interferir localmente no funcionamento do GPS. Algumas dessas técnicas já foram usadas em zonas de conflito ou de interesse estratégico.

A principal é o jamming, um bloqueio de sinal feito com dispositivos que emitem ondas de rádio para neutralizar o sinal original dos satélites.

“O jamming consiste em prejudicar a recepção do sinal do GPS com um transmissor na mesma frequência, mais forte. Para fazer isso para atingir o Brasil, por exemplo, seria necessário estar aqui para criar essa interferência, o que prejudicaria muita gente”, diz Tude. “Seria um ato de sabotagem.”

Em maio de 2024, a Rússia provocou interrupções em sistemas de navegação por satélite que afetaram milhares de voos civis, segundo especialistas ouvidos pela BBC News.

Naquele ano, um avião da Força Aérea Real britânica que transportava o secretário de Defesa do país chegou a ter seu sinal de GPS bloqueado ao sobrevoar áreas próximas ao território russo.

Na guerra com a Ucrânia, o país tem utilizado sistemas avançados de guerra eletrônica, como o Zhitel and Pole-21, para bloquear sinais de GPS em áreas próximas às áreas de conflito. A tática serve para “cegar” mísseis guiados, neutralizar drones e dificultar a movimentação de tropas inimigas.

Outra técnica é o spoofing, que consiste em enganar o receptor, substituindo sinais legítimos por falsos, indicando uma localização incorreta.

A engenheira mecânica Luísa Santos, especialista em Indústria e Sistemas Aerospaciais pela Universidade de Buenos Aires (UBA), também acredita que a possibilidade de os americanos restringirem ou degradarem o sistema é remota.

“Embora o sinal civil seja fornecido ‘gratuitamente’ ao mundo (pago indiretamente por impostos), os EUA mantêm a capacidade de negar ou degradar o acesso a determinadas regiões. No entanto, particularmente, acredito ser muito difícil devido questões diplomáticas de longo termo que temos com os EUA”, afirma.

Alternativas ao GPS

Uma hipotética restrição do GPS afetaria diversos setores civis como transportes, com interrupções na aviação, navegação marítima e logística; telecomunicações e energia, já que as redes precisam do tempo preciso do GPS para sincronização; e até em bancos e finanças — o sistema é usado para fornecer o tempo exato em transações eletrônicas.

“Em caso de conflito, as forças dos EUA manteriam acesso aos sinais militares criptografados, enquanto civis e possíveis adversários poderiam ser bloqueados. Haveria impacto global, mas existem outras fontes de geoposicionamento hoje”, afirma Santos.

Como alternativa ao GPS, é possível desenvolver sistemas próprios, como o sistema russo GLONASS, o chinês BeiDou e o Galileo, da União Europeia. Há também sistemas regionais, como indiano NavIC e o QZSS, no Japão.

“Esses sistemas são interoperáveis e, em muitos dispositivos modernos, funcionam em conjunto com o GPS. Há também sistemas de backup terrestres, como o eLoran, Navegação de Longo Alcance Aprimorada, em uso em alguns países, para garantir posicionamento e tempo mesmo sem satélites”, explica Santos.

A divulgadora científica Ana Apleiade, mestranda em Astrofísica na Universidade de São Paulo (USP), afirma que, em uma hipotética queda do sistema GPS, seria possível usar outras redes.

“Embora improvável, tecnicamente os Estados Unidos poderiam restringir ou degradar o sinal civil do GPS em determinadas regiões, por motivos militares ou estratégicos”, diz.

“Ainda assim, o Brasil e o mundo não ficariam completamente no escuro. Há outros sistemas disponíveis, e a maioria dos celulares, aviões, navios e equipamentos modernos já são compatíveis com múltiplas constelações de satélites. Ou seja, o GPS não é mais o único sistema disponível.”

“Mas é um assunto mais delicado do que apertar um botão para desligar”, finaliza.

Fonte: BBC Brasil

Transformação digital nas empresas impulsiona agenda de inovação e reforça base para cidades mais inteligentes

Como a Inteligência Artificial está transformando negócios e serviços públicos brasileiros

Por Jamile Sabatini Marques

A digitalização dos negócios brasileiros é uma realidade em curso. O mais recente estudo da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), desenvolvido em parceria com a International Data Corporation (IDC) e intitulado Transformação Digital no Brasil – Perspectivas 2025, revela que 95,2% das empresas ouvidas já utilizam ou planejam utilizar inteligência artificial (IA) nos próximos 12 meses. Trata-se de um sinal claro de que a tecnologia deixou de ser apenas suporte operacional e passou a ocupar posição central na estratégia corporativa.

Realizado entre janeiro e abril de 2025, o levantamento ouviu 106 executivos de grandes empresas nos setores de agronegócio, saúde, finanças e educação. A maioria das companhias já destina de 5% a 6% da receita para investimentos em tecnologia da informação (TI), e 75% delas afirmam que pretendem aumentar esse percentual nos próximos anos. A IA aparece como protagonista nessa transformação, voltada principalmente à melhoria da experiência do cliente, segurança de dados e uso estratégico de informações para decisões de negócio.

Além disso, o estudo também destaca que parte relevante dessas organizações está reduzindo investimentos em dispositivos físicos como PCs e tablets, priorizando soluções em nuvem e ambientes virtualizados, que oferecem escalabilidade, flexibilidade e maior poder de processamento — elementos indispensáveis à era da IA generativa. Esse movimento aponta para uma mudança de mentalidade: mais do que modernizar a infraestrutura, estamos nos preparando para um futuro dinâmico, orientado por dados e automação.

Mas a consolidação dessa transformação enfrenta entraves expressivos. A pesquisa da ABES também revela desafios que exigem ação coordenada: a escassez de mão de obra qualificada e a falta de diretrizes regulatórias claras limitam o ritmo da adoção tecnológica no Brasil. Para que a transformação seja sustentável e acessível, é necessário investir em capacitação profissional e infraestrutura, promovendo um ambiente que favoreça tanto as empresas quanto o setor público — e, sobretudo, garantindo que a inovação chegue aos diferentes territórios e particularidades regionais do país.

Os avanços no setor privado são parte de um movimento mais amplo de inovação. Eles moldam a infraestrutura, a cultura e as expectativas que pressionam — e viabilizam — mudanças também no setor público, especialmente nas cidades.

É dentro desse contexto que se amplia o debate sobre a construção de cidades conectadas. A adoção de tecnologias emergentes pelo setor privado ajuda a consolidar a base técnica e cultural necessária para que governos também avancem na transformação digital de serviços públicos. Ambientes virtualizados, inteligência artificial aplicada à análise de grandes volumes de dados, cibersegurança, interoperabilidade de sistemas e infraestrutura em nuvem são, hoje, requisitos básicos para a criação de cidades mais eficientes, sustentáveis e inteligentes.

Contudo, essa transição só será viável de forma ampla se forem fortalecidos os mecanismos institucionais que permitam a transposição efetiva dessas tecnologias do ambiente corporativo para o âmbito público, com atenção às especificidades operacionais, regulatórias e sociais envolvidas.

Para que a tecnologia promova, de fato, cidades mais inteligentes, é fundamental que venha acompanhada de novos modelos de governança digital. A digitalização é um passo essencial, mas é ao usar os dados de forma estratégica que conseguimos evoluir para políticas públicas mais transparentes, integradas e cidadãs. A interoperabilidade entre plataformas, o uso ético de algoritmos e a coordenação entre diferentes esferas de governo são eixos dessa transformação. Mais do que conectividade, trata-se de construir uma gestão pública orientada por dados — colaborativa, responsiva e inclusiva.

Leia mais: Agentes de IA: a nova fase promissora dos sistemas para gestão pública

Cidades verdadeiramente inteligentes nascem da combinação entre inovação tecnológica e o engajamento ativo de quem vive nelas. A transformação digital deve ampliar os canais pelos quais a população pode colaborar, fiscalizar, propor e cocriar soluções urbanas. Plataformas digitais participativas, sistemas de escuta ativa, dados abertos e algoritmos explicáveis são ferramentas que transformam o cidadão de usuário passivo em agente ativo do desenvolvimento urbano. Mais do que eficiência operacional, é preciso garantir que a transformação digital gere engajamento e aprendizado contínuo com a sociedade.

Quando empresas investem em IA para ganhar eficiência e previsibilidade, elas desenvolvem soluções que podem — e devem — ser adaptadas a demandas urbanas: sistemas de mobilidade que respondem em tempo real ao trânsito, plataformas que integram dados de saúde pública, algoritmos que antecipam demandas por energia ou segurança. O setor privado, ao liderar essa agenda, fortalece sua própria competitividade e impulsiona a construção de um ecossistema digital que beneficia toda a sociedade.

Para que essa transformação gere valor social duradouro, a ABES acredita que a inovação deve estar a serviço da sociedade. Foi com essa visão que criou a Vertical de Negócios de Cidades Inteligentes, com a missão de fomentar oportunidades de negócios para suas associadas e apoiar a transformação digital dos municípios brasileiros. A iniciativa atua promovendo o diálogo entre diferentes setores e impulsionando soluções colaborativas destinadas à melhoria dos serviços urbanos e à qualificação da gestão pública. 

Dessa maneira, a digitalização empresarial é uma peça-chave na evolução das cidades brasileiras. À medida que as empresas avançam em inteligência artificial, contribuem para uma base técnica robusta capaz de alimentar plataformas públicas, criar cidades mais responsivas e colocar o cidadão no centro das decisões. O Brasil já dá sinais de maturidade digital. O próximo passo é garantir que essa transformação chegue a todos os territórios — físicos e digitais. 

Esse salto exige uma estratégia nacional articulada, unindo governo, setor privado, universidades e sociedade civil em torno de uma visão comum: a de que inovação tecnológica só se realiza plenamente quando promove inclusão, eficiência e bem-estar coletivo. Nesse cenário, a inteligência artificial se firma como uma referência para o desenvolvimento de soluções que tornam as cidades mais inteligentes, conectadas e voltadas às pessoas.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities