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NÃO EXISTE CIDADE INTELIGENTE SEM CONSIDERAR A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E A SUSTENTABILIDADE

Atilio Rulli
Atilio Rulli
Vice-Presidente de Relações Públicas da Huawei na América Latina e Caribe, com contribuição significativa na construção de parcerias que alavancam a transformação digital no Brasil. O executivo já atuou como gestor de Rede e Data Center da Prodam – SP, passando por multinacionais como Cabletron, Enterasys e CISCO, onde foi responsável pela área de Diretorias Regionais de Vendas.

Estamos falando não só de investimentos ou gastos, mas de uma nova visão sobre a administração dos municípios a partir da criação de oportunidades de negócios que a economia digital pode proporcionar.

Tornar as cidades mais inteligentes e sustentáveis é um desafio que os gestores públicos e privados vêm enfrentando há algum tempo, com resultados ainda abaixo do que poderiam alcançar se fossem aplicadas as tecnologias existentes. Estamos falando não só de investimentos ou gastos, mas de uma nova visão sobre a administração dos municípios a partir da criação de oportunidades de negócios que a economia digital pode proporcionar.

Para aproveitar essas condições é necessário a compreensão da conjuntura, a busca por soluções viáveis, o fomento à gestão participativa e o comprometimento com a criação de um ecossistema que seja ambientalmente mais amigável com políticas consistentes.

No momento em que escrevo este texto, por exemplo, a cidade de São Paulo está em estado de alerta por causa das fortes chuvas de verão. Não há nada de novo nessa notícia. A televisão mostra as mesmas cenas de ruas totalmente alagadas, carros submersos, pessoas ilhadas e muito lixo entupindo bueiros que não dão vazão a uma quantidade enorme de água que facilmente se acumula nas ruas impermeáveis.

Há quase três anos, sofremos com as duras consequências da pandemia de Covid-19, que ainda não sumiu totalmente, mas que mostrou as fragilidades dos centros urbanos, principalmente quando houve conflito entre as necessidades de isolamento social e as de continuidade das atividades como trabalho, educação e transporte, demonstrando a falta de preparo para uma emergência dessa magnitude.

Agora, temos a chance de aprender com fatos como esses e voltar nossa atenção a um futuro de soluções criativas que superem e previnam novas ocorrências. O arquiteto Caio Vassão, colaborador deste site, alerta que “é preciso reconhecer que as cidades, especialmente após a Revolução Industrial, são “desastres ecológicos normalizados”: vemos como normal e aceitável a tremenda pegada ecológica de tecnologias urbanas e estratégias de ocupação territorial nocivas ao meio-ambiente e ao bem-estar social”.

“Desastre” talvez seja uma palavra forte, mas é fato que estamos na terceira década do século XXI e ainda ocupamos e desenvolvemos nossos aglomerados urbanos com o mesmo raciocínio do século XIX. Repetimos os mesmos erros como se fossem “normais”. Com as tecnologias que já dispomos e com as que chegarão em poucos anos, como o 6G, é importante avaliar nossa própria noção de cidade e enfrentar os desafios de maneira assertiva, positiva e com a urgência que as mudanças climáticas e uma agenda social mais saudável, amigável e de qualidade demandam.

O 5G veio para mudar os ecossistemas urbanos

A digitalização surge com uma força importante nessa equação. A contínua popularização da conectividade por fibra óptica (GPON), o uso da inteligência artificial na gestão de redes e a expansão dos serviços virtualizados com as plataformas de Cloud Computing podem mudar este cenário. As redes 5G processam grandes volumes de dados com latência ultra baixa, além de atender a grandes quantidades de dispositivos conectados.

Essa conectividade abre possibilidades de criação de uma série de novos serviços que empresas e governos podem implementar para reduzir os impactos ambientais dos grandes centros urbanos. Além disso, o 5G é uma tecnologia de rede com alta eficiência energética e pode ajudar empresas e governos a reduzirem sua própria pegada ecológica.

Uma cidade inteligente é uma cidade sustentável

Imagine, por exemplo, que daqui um tempo a cidade de São Paulo conte com um sistema de transporte público totalmente elétrico, automatizado e inteligente, que também monitora os semáforos e calcula automaticamente a demanda por mais ônibus ou trens. Esse sistema também pode enviar mensagens automáticas ao usuário, com dados em tempo real, com uma série de serviços e informações que facilitam seu trajeto, fazendo com que economize tempo, recursos e diminua sua própria pegada ecológica.

Que tal um sistema de coleta de lixo e resíduos totalmente integrado como uma grande rede logística de descarte e reutilização, que evite as cenas mostradas na televisão? Seja um copo, um pedaço de papel, uma pilha ou um carro, tudo pode ser descartado e reaproveitado de maneira inteligente, com a geração de cadeias de recepção e de distribuição, geração de emprego e de renda, além de uma nova definição do que é efetivamente lixo.

Da mesma forma, precisamos de uma redefinição completa do que é esgoto e de como fazer o controle, o aproveitamento e o reaproveitamento inteligente dos sistemas de águas das cidades, incluindo reservatórios, chuvas, subsolos, rios, córregos e lagos. Todas essas águas estão conectadas e são uma riqueza que precisa ser melhor gerida em benefício de todos. O monitoramento e o gerenciamento desse complexo sistema de consumo circular pode se beneficiar de maneira exponencial com a tecnologia 5G e a inteligência artificial combinadas, diminuindo as terríveis cenas de enchentes e os prejuízos materiais, e muitas vezes humanos, que essas ocorrências causam.

A transformação digital é a base para uma nova urbanização

Os municípios inteligentes exigem a interação entre as esferas ambiental, social e econômica. Em outras palavras, não existe cidade inteligente sem considerar a sustentabilidade. Para que as soluções se concretizem, os agentes públicos devem criar políticas consistentes que levem em consideração:

  1. O amplo acesso ao 5G em redes confiáveis e seguras;
  2. O amplo acesso a dispositivos, inclusive com o subsídio para aquisição mais barata;
  3. O oferecimento de capacitação digital para amplas parcelas da população que não estão conectadas;
  4. A formação de mão de obra qualificada para o setor de Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC), incluindo Inteligência Artificial, redes, nuvem e Internet das Coisas (IoT).
  5. Uma visão única da transformação digital, em todas as esferas de governo, com metas concretas;
  6. Legislações adequadas.

Desses itens, podemos dizer que a falta de talentos é um dos principais obstáculos. Segundo dados do IDC, até 2025, a América Latina necessitará de pelo menos 2,5 milhões de profissionais. Para a Brasscom, só no Brasil, são 780 mil. A resolução do dilema entre ter uma vaga de trabalho e não ter um profissional qualificado para ocupá-la deve ser foco dos setores público e privado igualmente, se queremos garantir a inserção plena do país na economia digital.

A Huawei, por exemplo, mantém uma série de programas de desenvolvimento de novos talentos que são reconhecidos por sua excelência em nosso país e no mundo, como o Seeds for the Future, a ICT Academy e o 5G Truck, ajudando milhares de estudantes e instituições parceiras a se capacitarem (saiba mais no nosso último artigo: leia aqui).

Para finalizar, é importante enfatizar que a transformação digital é o centro de uma grande mudança para a economia e a sociedade nos próximos anos. No entanto, no Brasil, precisamos ir além dos objetivos mínimos de cobertura colocados pelo edital do 5G nos primeiros anos. Levando isso em conta, podemos imaginar que 2023 será um ano de forte evolução da digitalização econômica em nosso país. A Huawei quer estar na linha de frente na criação, junto com seus parceiros, da Cidade Inteligente 4.0, como também da Indústria 4.0, da Agricultura 4.0, da Saúde 4.0, da Educação 4.0 e de tantos outros setores que certamente se beneficiarão.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities.  

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