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CIDADES INTELIGENTES: O PAPEL DA INICIATIVA PRIVADA E DAS UNIVERSIDADES

Atilio Rulli
Atilio Rulli
Vice-Presidente de Relações Públicas da Huawei na América Latina e Caribe, com contribuição significativa na construção de parcerias que alavancam a transformação digital no Brasil. O executivo já atuou como gestor de Rede e Data Center da Prodam – SP, passando por multinacionais como Cabletron, Enterasys e CISCO, onde foi responsável pela área de Diretorias Regionais de Vendas.

A efervescência de ideias, debates e provocações, inerente ao meio acadêmico, é essencial para o desenvolvimento de cidades mais seguras, eficientes e prontas para um mundo totalmente conectado e digital

À medida em que vemos o conceito de cidades inteligentes se tornando uma realidade em diversos países, uma questão central se impõe: como vamos implantar isso no Brasil? Pensando no contexto nacional, vejo as universidades e os grandes centros de pesquisa como excelentes pontos de partida. A efervescência de ideias, debates e provocações, inerente ao meio acadêmico, é essencial para o desenvolvimento de cidades mais seguras, eficientes e prontas para um mundo totalmente conectado e digital. 

O Objetivo Estratégico 7 da Carta Brasileira para Cidades Inteligentes traduz perfeitamente a importância da academia nesse contexto: “Fomentar um movimento massivo e inovador de educação e comunicação públicas para maior engajamento da sociedade no processo de transformação digital e de desenvolvimento urbano sustentáveis”.



Partindo dessa ideia, eu gostaria de fazer um chamado à iniciativa privada para que apoie as universidades brasileiras com o objetivo de acelerar a inovação e a construção das cidades inteligentes. 

É claro que o poder público deve assumir o protagonismo nesses projetos, uma vez que estados e prefeituras têm um papel central de orientação acerca dos caminhos a serem seguidos. A iniciativa privada, por sua vez, tem um papel essencial nessa transformação, como fonte de conhecimento, experiência, capacitação e, é claro, investimento de capital. A participação das empresas em parcerias com as universidades e centros de pesquisa funcionaria como um catalisador do processo de transformação digital no Brasil, tornando a jornada muito mais ágil e eficiente. 

Realidade brasileira

Atualmente, os dez países mais inovadores do mundo registram investimentos relevantes do setor privado em iniciativas do tipo. O Brasil vem seguindo o mesmo caminho por meio do projeto Parceiros pela Ciência, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) em parceria com o Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (SEFIP). O plano é atrair potenciais parceiros privados para ajudar a co-financiar projetos tecnológicos e inovadores. O modelo não substitui a aplicação de recursos públicos, mas usa as empresas como potencializadoras das iniciativas contempladas.

Oportunidades não faltam. Algumas universidades brasileiras já desenvolvem projetos de cidades inteligentes, como a Universidade Estadual de Campinas, a Universidade de São Paulo, a Universidade Federal do Pará, a Universidade de Passo Fundo e a PUC do Rio Grande do Sul. Além de reunir os melhores cérebros, as universidades ainda têm uma visão mais próxima dos problemas locais no âmbito dos municípios em que estão sediadas. A importância do investimento privado em educação torna-se ainda mais relevante quando levamos em conta os dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). Segundo a entidade, até 2024 teremos um déficit de 260 mil formandos na área de Tecnologia da Informação no Brasil. 

Caminhos a serem seguidos

A Coreia do Sul é definitivamente um exemplo a ser seguido quando falamos em investimento para a inovação. Nos anos 70, quase a totalidade dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação naquele país vinha do setor público. A participação do setor privado cresceu e, hoje, representa 78% dos recursos aplicados, contra apenas 22% do Estado. Além disso, os sul-coreanos investem mais de 4% de seu PIB nas áreas de tecnologia, ciência e inovação. Em março desse ano, uma comitiva do MCTI foi ao país para trocar experiências em pesquisa e desenvolvimento, educação, tecnologia e formação profissional, o que aumenta nossas expectativas acerca das transformações que prometem revolucionar o Brasil.

Apesar de ainda termos um longo caminho a percorrer, projetos inovadores de cidades inteligentes já começam a surgir por aqui. Em 2018, Campinas implementou um projeto-piloto de “safe cities”, ou cidades seguras, que teve como base tecnologia de inteligência artificial e análise de dados utilizados pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD). O projeto visou a colaboração entre os parceiros na pesquisa e experimentação de soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) aplicadas à segurança pública. A colaboração do CPqD e da Informática de Municípios Associados (IMA) foi essencial para a adaptação do sistema às necessidades locais. Não à toa, já no ano seguinte à implantação do projeto, Campinas foi eleita a cidade mais inteligente do Brasil pelo ranking Connected Smart Cities.

Em um país tão grande e diverso como o Brasil, com alto potencial acadêmico, ambiental e econômico, estamos diante de uma grande oportunidade. É chegado o momento de união entre os elos público, privado e acadêmico para a criação de cidades sustentáveis, conectadas e inteligentes.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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