Em painel no Parque da Mobilidade Urbana (PMU), especialistas discutem como superar os obstáculos da infraestrutura para elétricos no Brasil
A descarbonização dos automóveis é um tema que vem sendo cada vez mais discutido por todos os elos da indústria: montadoras, empresas de infraestrutura para recarga, de energia, de compartilhamento de veículos e órgãos governamentais. Esse um dos aspectos tratados no painel ‘Como superar as barreiras da infraestrutura dos carros elétricos no Brasil’, realizado em 23/06, durante o PMU.
João Irineu, vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis para a América do Sul, reforçou a importância da preparação, o quanto antes, de toda a cadeia envolvida na produção dos automóveis. “Ações de descarbonização passam por discussões muito amplas, envolvendo todo o País. E a transição precisa ser muito bem planejada, pois nosso objetivo é fazer aqui esse carro”, afirma, anunciando o desejo da montadora de produção local para elétricos e híbridos.
Metas
De acordo com ele, a Stellantis tem como meta atingir a descarbonização completa do seu ciclo produtivo até 2038. Mesmo com a maior frota atual de elétricos, com sete modelos, a empresa acredita que o caminho para superar os gargalos atuais de infraestrutura passa por uma transição gradual, combinando etanol e a eletrificação, estratégia que no País foi batizada de BIO-ELECTRO.
A empresa contempla, também, o uso do biometano, aproveitando o posicionamento que o País tem de grande produtor global.
Paulo Maisonnave, responsável pela Enel X Way Brasil, destacou alguns dos obstáculos que a empresa enfrentou em seu primeiro ano de atuação no País. “Nós oferecemos soluções de valor agregado para cidades, com infraestrutura de mobilidade pública elétrica para pessoas e empresas”, disse.
De acordo com ele, já foram entregues, nesse período, 5 mil carregadores, entre venda e aluguel. “Além, obviamente, do desenvolvimento da infraestrutura, que afeta a todos, outro grande desafio é a capacitação de todos os envolvidos”, afirma.
Desafios
Maisonnave reforçou a missão da empresa de facilitar a transformação tecnológica nos centros urbanos, por meio do fornecimento de estações de recarga, e, para empresas, de um ecossistema personalizado e preparado para expansão de soluções de recarga inteligente.
Além disso, a estratégia também contempla frotas de VEs com integração vehicle-to-grid, que consiste no fornecimento de energia para a rede quando o veículo elétrico/híbrido estiver parado. “Com a abertura do mercado livre de energia, será possível definir planos e momentos mais apropriado para carregamento. São estratégias que podem nos trazer muitas oportunidades”, afirma.
Para Guilherme Cavalcante, CEO e fundador da Ucorp, empresa de tecnologia para mobilidade corporativa elétrica, os desafios da companhia evoluíram com o negócio. “Hoje são desafios, no início eram barreiras. De maneira geral, hoje temos discussões e uma rede de pessoas para troca de informações”, explica.
De acordo com ele, hoje um dos maiores pontos de atenção é a questão de cyber segurança. “Dedicamos muito tempo e investimentos ao controle de fraudes, mas faz parte dos nossos esforços essa construção de um ambiente seguro”, diz.
Para Diego Duarte, co-fundador da EZvolt, embora ainda haja incerteza sobre a eletrificação de maneira geral, já houve evolução. “Por volta de janeiro de 2021, criamos o eletroposto do condomínio, em uma época em que tínhamos dúvidas se podíamos vender recarga. Hoje já temos algumas dessas respostas”, disse.
Entre as conquistas, Duarte cita o fornecimento dessas estruturas de recarga para empresas que operam regularmente com frotas elétricas, como JBS, Mercado Livre, Americanas, entre outras.
Tecnologia nos veículos auxilia na estruturação de cidades mais dinâmicas
O primeiro automóvel movido a gasolina foi inventado em 1885, e desde então a tecnologia já evoluiu a ponto de tornar coisas inimagináveis em realidade. Se há 30 anos alguém falasse que não demoraria muito para que fosse possível dirigir um carro sem encostar no volante, provavelmente daríamos risada.
Por mais que esse tipo de veículo ainda não seja um dos mais acessíveis, grande parte dos carros populares atuais são criados para serem automatizados, tanto que algumas montadoras praticamente suspenderam a fabricação de automóveis com câmbio manual. No Brasil, os carros automáticos já conquistaram os motoristas: de acordo com o levantamento de emplacamento entre janeiro e maio de 2022 da revista Quatro Rodas, 63% dos veículos de passeio e picapes do mercado têm caixa automática.
Os carros automáticos oferecem funções aparentemente simples, mas que facilitam a vida dos passageiros e tornam a experiência no volante superior à de um veículo manual. Um carro inteligente, por exemplo, permite que o motorista pague pedágios, estacionamentos e outros estabelecimentos automaticamente, sem a necessidade de se preocupar com carregar dinheiro ou usar cartões. Imagine a tranquilidade de uma longa viagem de carro com esse recurso à disposição.
Funcionalidades como um sistema de emergência que entra em contato automaticamente com autoridades e órgãos públicos em caso de incidente e até mesmo um dispositivo que auxilia o motorista a fazer uma curva de maior risco são alguns exemplos do conforto que um carro moderno pode oferecer. Com artifícios assim, motoristas PCDs também são beneficiados e tendem a ter uma experiência mais conveniente ao volante.
Um trânsito mais sustentável e seguro
Outra grande tendência dos carros inteligentes é o carregamento elétrico, benéfico para o meio ambiente, por conta da baixa emissão de carbono, e para o bolso do condutor, com a economia em combustível. Felizmente, esse tipo de veículo está ganhando popularidade no Brasil. De acordo com a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), houve um crescimento de 41% na venda de carros elétricos em 2022, em comparação a 2021. Atualmente, a frota nacional de veículos eletrificados chega a aproximadamente 126 mil.
Os novos modelos de carros contribuem para uma cidade conectada. Em breve, os automóveis facilitarão não apenas a vida de seus condutores, mas também de toda a população, pois serão capazes de reportar prontamente alguns problemas da cidade, como buracos, acidentes e até condições climáticas.
Desde que foi criado, o Waze tem o objetivo de transformar qualquer carro em um veículo mais inteligente. Por meio da comunidade de usuários, o aplicativo consegue reportar tráfego lento, acidentes de trânsito, radares e buracos, além de outras funções que contribuem para o bom desempenho da mobilidade urbana.
Recentemente, o Waze deu mais um passo na ampliação de serviços para os veículos mais autônomos: agora todos os carros com Google Built-in (Serviços Automotivos do Google) podem visualizar rotas e alertas em tempo real do Waze diretamente na tela embutida do carro, sem a necessidade de um smartphone. Além disso, o app também sinaliza postos de carregamento para veículos elétricos.
Enquanto o carro que praticamente dirige sozinho não se torna acessível para mais pessoas, usufruir das tecnologias já disponíveis é o melhor caminho para que qualquer motorista tenha uma experiência mais cômoda em seu automóvel. E mais importante, consciência, prudência e cuidado ao pegar no volante sempre serão a melhor forma de tornar o trânsito mais eficaz para todos.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Ônibus elétricos brasileiros lideram a eletromobilidade no país
Pedirei licença para mencionar um evento ocorrido no início de junho na empresa na qual trabalho para comprovar um argumento que tenho reiterado neste espaço.
A eletromobilidade avança no Brasil, e está sendo puxada pela indústria brasileira de transporte público sustentável, com tecnologia nacional.
Isso não é propriamente novidade. A novidade é que as principais autoridades do país passaram a prestar atenção a esse fenômeno.
No dia 2 de junho, o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e mais oito ministros (entre os quais, Fernando Haddad, da Fazenda) visitaram as novas instalações da Eletra, na Via Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP).
Na ocasião, cercado de ônibus elétricos 100% brasileiros, o presidente Lula afirmou: “É muito importante nossa parceria com a China, mas prefiro que sejam comprados os ônibus nacionais”.
E anunciou o apoio do governo federal a um programa de renovação de frotas de transporte público, com preferência para os veículos de baixa emissão.
O presidente referia-se aos ônibus elétricos produzidos com tecnologia de tração elétrica Eletra (uma empresa 100% brasileira), chassis Mercedes-Benz e Scania (indústrias instaladas há décadas em São Bernardo), carrocerias Caio (empresa nacional de Botucatu-SP) e baterias e motores elétricos WEG (grande multinacional brasileira, com sede em Jaraguá do Sul/SC).
Duas semanas depois, o BNDES informou que lançará uma nova linha de crédito para financiar a fabricação de ônibus elétricos no Brasil, desde que tenham alto conteúdo nacional.
Essa sequência de eventos ocorreu poucos dias depois da publicação de um artigo a quatro mãos, no jornal “O Estado de S. Paulo”, no qual o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin defenderam a “neoindustrialização” do país, ou seja, um processo de recuperação do dinamismo da indústria brasileira pautado pela sustentabilidade ambiental.
Ambos puderam testemunhar em São Bernardo um exemplo concreto da neoindustrialização: uma parceria estratégica entre empresas brasileiras para produzir um veículo elétrico de alta performance, com tecnologia nacional.
Um veículo que já está circulando em várias cidades (como Salvador, Vitória, Curitiba, Goiânia, São Bernardo e Guarujá) e permitirá ao prefeito Ricardo Nunes cumprir sua promessa de ter 2.600 ônibus elétricos em operação em São Paulo até o final de 2024.
Ao mesmo tempo, outras empresas (como BYD, Marcopolo, Higer, Volkswagem) anunciam planos e investimentos no país para produzir ônibus elétricos.
Como tenho insistido aqui, o Brasil conseguiu formar rapidamente uma cadeia produtiva completa e competitiva de ônibus elétricos. Não é uma meta, é uma realidade.
Essa indústria está em condições de atender à demanda por eletrificação de frotas nas grandes cidades do país e, em breve, será capaz de recuperar a histórica liderança brasileira no mercado latino-americano de transporte público (hoje, dominado por ônibus elétricos importados da China).
Tudo isso gerando empregos, criando tecnologia e pagando impostos em território brasileiro. E com prioridade ao transporte coletivo e à despoluição do ar nos grandes centros urbanos.
O que o presidente Lula viu em São Bernardo muitos brasileiros também estão vendo, provando e aprovando em diferentes regiões do país, em condições reais de operação.
Temos mais veículos elétricos rodando nas cidades brasileiras e mais autoridades públicas conscientes de que a eletromobilidade é o caminho para a revitalização da indústria nacional.
A neoindustrialização já está nas ruas.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities.
Mobilidade urbana ainda esbarra na falta de integração tarifária; abertura da bilhetagem é essencial para oferta de transporte público eficiente
A mobilidade nos grandes centros mudou com a entrada dos aplicativos de transporte e o aumento da malha de ciclovias, mas ainda esbarra na falta de integração de tarifas e na impossibilidade de pagamento dos diferentes meios utilizados por um único canal, como recorda o professor Ciro Biderman.
Pesquisador do Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Público na Fundação Getúlio Vargas FGV, ele foi o mediador do painel “Avanços na oferta de mobilidade urbana como serviço no Brasil”, realizado na quinta-feira, 22 de junho, durante o Parque da Mobilidade Urbana (PMU).
“O usuário tem até a possibilidade de fazer longos trechos com a ajuda de aplicativos de transporte público, mas não pode fazer o pagamento neles”, recorda Biderman. “A bilhetagem tem de ser aberta. É uma questão já superada em grandes cidades como Berlim (AL). A integração tarifária é um passo essencial. ”Ele lembra ainda que aplicativos como Uber, 99 e de bicicletas compartilhadas também devem estar integrados para que a mobilidade como serviço seja plena.
A vice-presidente da empresa de transportes MobiBrasil, Niege Chaves, se queixa da necessidade de cartões diferentes para os ônibus que rodam apenas na capital paulista ou em outras cidades ao redor: “Os passageiros devem ser tratados como clientes e a mobilidade, pensada de forma integrada”, afirma.
O assessor técnico da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo (STM), Ulysses Carraro, cita alguns dos problemas que impedem a total integração entre ônibus e outros modais: “Ela envolve custos, pressupõe tarifas sem reajuste e subsídios cada vez mais altos. Nos consórcios [que reúnem diferentes companhias de transporte], os entendimentos ocorrem até onde é possível.”
Gratuidade gera polêmica
Os participantes do painel também abordaram o tema sensível do transporte urbano gratuito, a exemplo do que ocorre em Maricá (RJ). Os royalties do petróleo permitiram o benefício na cidade litorânea. “Tarifa zero como ideal é legal, mas quando se diz que o governo pagará, na verdade nós pagaremos”, afirma Carraro, da STM.
Biderman, da FGV, relata: “Tenho muito receio quanto à tarifa zero porque ‘não existe governo grátis’.” Para ele, há pouca transparência em relação às tarifas atuais e, se forem zeradas, isso tende a piorar.
Niege, da MobiBrasil, dispara: “Antes de pensar em gratuidade, o que precisamos é do marco regulatório.” Ela se refere a um conjunto de regras para a prestação de serviço e também sobre as formas de financiamento do transporte.
O diretor do Instituto Aromeiazero, Murilo Casagrande, admite que o transporte público gratuito não pode ser aplicado em todos os lugares, mas insiste que é preciso que haja essa discussão. O Aromeiazero é uma organização voltada ao transporte por bicicletas e ações que incentivem seu uso.
Estacionamentos e prestação de serviços
Com 370 pontos distribuídos por shopping centers, hospitais, prédios comerciais e aeroportos, a rede Indigo traz o know how adquirido na Europa e amplia a oferta de serviços no País:
“A visão tradicional do estacionamento é de uma parada, mas hoje podemos oferecer outros itens que complementem a jornada, de acordo com a unidade. Cada uma delas tem uma necessidade, como carregadores, carros elétricos compartilhados, bicicletas e cadeiras de mobilidade”, afirma o CEO da Indigo Brasil, Thiago Piovesan.
Pensando nessa ampliação dos serviços, a Indigo criou uma equipe local dedicada ao tema cidades inteligentes. Ela consegue identificar as necessidades de cada um desses estacionamentos e buscar parcerias para instalar esses serviços complementares. A experiência internacional permite até mesmo a implantação de bicicletários com infraestrutura completa para o ciclista, com chuveiro e vestiário para o ciclista, além de ferramentas e ar comprimido.
Mais ações em favor das bikes
Murilo Casagrande, do Instituto Aromeiazero, relata outras ações que podem ser adotadas, além da construção de ciclovias. “Sabemos que a criação e manutenção de bicicletários no entorno de estações e terminais é vista pelo poder público como despesa, mas na verdade eles atuam como uma forma de retenção de receita do transporte.”
Ele conta que o instituto participa de ações para reforma e ampliação de ciclovias e bicicletários a partir de estudos territoriais. Casagrande ressalta o papel socioambiental das bicicletas e cobra políticas de incentivo ao transporte sustentável e maior integração a outros modais.
Experimentações de test drive e test ride, conhecimento da Rádio Ônibus e ações dinâmicas voltadas a públicos de todas as idades proporcionaram experiências sensoriais e enriquecedoras interligadas ao ecossistema da mobilidade.
O PMU é realização da Plataforma Connected Smart Cities e do Mobilidade Estadão e ocorreu entre os dias 22 e 24 de junho no novo Pacaembu.
Além da participação de palestras e debates, é possível construir um olhar sobre o cenário, os desafios e as perspectivas da mobilidade urbana nas cidades por meio de atividades lúdicas e educativas. Sob esta concepção, a 2ª edição do Parque da Mobilidade Urbana (PMU) concebeu uma programação, além da prática de conferências temáticas, que incluiu ações interativas conectadas ao âmbito da mobilidade e de cidades inteligentes.
Uma realização da Plataforma Connected Smart Cities e do Mobilidade Estadão, o Parque da Mobilidade Urbana é o maior evento de mobilidade urbana da América Latina e tem a missão de incentivar debates, compartilhamento de ideias, apresentação de soluções e tecnologias pelos principais atores desse ecossistema da esfera social para a promoção de uma mobilidade mais sustentável, inclusiva e disruptiva nas cidades brasileiras.
Neste ano, o PMU foi promovido no Complexo Esportivo do Pacaembu, em São Paulo, entre os dias 22 e 24 de junho. Confira a cobertura completa do Parque da Mobilidade Urbana 2023 no Portal e YouTube da Plataforma Connected Smart Cities. Além de acompanhar a repercussão do evento nas redes sociais oficiais do PMU – Instagram e LinkedIn.
Experimentações com veículos elétricos
Durante os três dias de evento, os visitantes tiveram a oportunidade de participar de test drive de carros elétricos da marca Stellantis e do aplicativo da startup Ucorp. Além de experimentar o test ride de bicicletas elétricas e patinetes da Skape e Bike Fácil e usufruir de atividades de realidade virtual e de inteligência artificial com o uso de óculos 3D, por exemplo.
“Usei o carro elétrico, patinete e outros equipamentos. Gostei e aproveitei todas as possibilidades de experimentar novas experiências para pensar a concepção de mobilidade, muito além do simples ato de se transportar”, afirma uma estudante do Curso de Graduação Engenharia de Transportes,da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA/UNICAMP), que integrou uma caravana de cerca de 40 alunos que visitaram a feira no sábado, quando o evento estava aberto gratuitamente a todos.
Os jovens estudantes também destacaram a importância da transição energética na sociedade para uma mobilidade mais sustentável. “Precisamos pensar e conectar os mundos do transporte e da mobilidade coletiva para, não apenas gerenciar melhor o tráfego, como reduzir danos e impactos sociais e ambientais”, destaca um deles.
Neste âmbito de reflexão e discussão do fomento a uma matriz energética mais limpa e renovável do transporte coletivo, ação estimulada pelo grupo Enel X, os presentes também puderam conferir a exposição de ônibus elétricos das empresas Eletra, Marcopolo e Higer. Com isso, foi possível conhecer os veículos internamente e compreender a lógica de funcionamento de frotas menos poluentes, cujos quantitativos tendem a aumentar na sociedade para a busca do desenvolvimento mais sustentável e inteligente das cidades.
Rádio Ônibus
A Rádio Ônibus também integrou o espaço do PMU. Na parte externa do pavilhão, ficou posicionado o modal interativo, caracterizado como a primeira rádio móvel do Brasil e do mundo, que transmite informações e curiosidades sobre o universo do transporte coletivo.
“O PMU é sensacional, já que tem tudo a ver com o universo da mobilidade e do transporte. Além de ser um momento de troca de ideias entre empresas sobre a importância de se pensar a mobilidade urbana aliada à tecnologia para o transporte, e também entre as pessoas que vão utilizar estes serviços”, destaca Carlos Henrique Rodrigues dos Santos, locutor profissional e idealizador do projeto.
“E, mais uma vez, a Rádio Ônibus está presente no evento. É um momento de aprendizado poder receber as lideranças de diversos setores para um bate papo, gravar um podcast dentro do nosso estúdio móvel. Também ajuda a dar grande visibilidade ao nosso trabalho e conseguir levar até a comunidade a discussão sobre a mobilidade urbana e o transporte coletivo em geral da forma que estes temas realmente merecem ser tratados”, finaliza ele.
Ateliê da Mobilidade Urbana no PMU
Como as crianças veem e imaginam uma cidade ideal para se viver? Os espaços urbanos devem ser geridos para o bem-estar, a segurança e a qualidade de vida de toda a população. Este processo de acesso democrático à cidade está totalmente interligado ao sistema de mobilidade e o público infantil, geralmente, é prejudicado e deixado à margem dessa dinâmica de apropriação e inclusão social.
Com o objetivo de integrar as crianças aos aspectos de uma cidade, principalmente da mobilidade urbana, estimulando revelação de experiências, pensamentos e dores, o Coletivo Andirá criou o projeto Ateliê de Mobilidade Urbana que, a partir da realização de oficinas e brincadeiras, incentiva interpretações e a construção de ideias acerca do espaço e da mobilidade urbana sob o viés infantil.
“Sabemos que, apesar de serem parte significativa da sociedade, as crianças são comumente ignoradas nas decisões sociais, políticas e no planejamento urbano. É urgente que as crianças sejam vistas como sujeitos de direitos. Essa é a missão do Coletivo Andirá: encontrar maneiras de instigar as crianças em relação aos mais diversos temas e assim poder escutar suas opiniões e teorias”, destaca Larissa Udiloff, Educadora e uma das responsáveis pela idealização do projeto.
Como funciona o projeto na prática?
A metodologia de aplicação é composta por diálogos, sessões de escuta e atividades lúdicas, dentro de uma concepção de Laboratório de Mobilidade Urbana, com duração máxima total de 1 hora. As ações interativas focam em três pilares temáticos: Construir a cidade; Crianças urbanistas e Prefeitura das Crianças. No final da experiência, o projeto reúne materiais para a produção de um e-book com propostas e reivindicações das crianças.
Com o intuito de oferecer uma experiência imersiva nesse sentido, as educadoras Beatriz Faria e Larissa Udiloff aplicaram o projeto no dia de encerramento do PMU, no último sábado, em 24 de junho. Em parceria com a BusUp, uma empresa de fretamento inteligente, o Coletivo Andirá conduziu cerca de 90 pessoas ao evento, entre crianças da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Gabriel Prestes e seus familiares.
“Para nós, educadores, é sempre muito desafiador viabilizar projetos desse porte. Desde o princípio, o Parque da Mobilidade Urbana acreditou na nossa visão e possibilitou que nossa ação fosse além dos muros das escolas, trazendo junto com a BusUp diversas famílias para desfrutar do evento”, ressalta Beatriz Faria.
A iniciativa foi bem recebida e recebeu elogios dos responsáveis pelas crianças. “É muito interessante e relevante este convite que possibilitou a vinda das crianças ao evento, porque no fundo estamos planejando a formação do cidadão. E, este trabalho tem que ser feito desde cedo”, ressalta Cristina S. “Quanto mais conhecimento, melhor para as crianças lidarem com os desafios do futuro nas cidades”, enfatiza outra mãe.
Jogos de Bicicletas
O projeto Jogos de Bicicletas, promovido pela organização Transporte Ativo (TA), também marcou presença no PMU. O objetivo da iniciativa é incentivar a prática de exercícios físicos, estimular a coordenação motora e a condução das bicicletinhas pelos pequenos sem as tradicionais rodinhas de apoio. Na prática, a iniciativa fomenta a arte de aprender brincando de uma forma divertida, barata e sustentável.
A partir do uso de materiais recicláveis, como potes e caixas de papelão, é possível moldar circuitos, que incluem cones de sinalização, para a realização das brincadeiras. “Uma cidade que é boa para crianças é boa para todas as pessoas. Realizar os Jogos de Bicicleta no Parque da Mobilidade Urbana é uma forma de apresentar a bicicleta como ferramenta de transformação nas cidades”, ressalta Fábio Nazareth, coordenador do projeto.
As bicicletinhas, movidas a feijão com arroz, marcaram presença no Parque da Mobilidade Urbana (PMU), pelo segundo ano consecutivo, neste final de semana em São Paulo. Dezenas de crianças, seus amigos e familiares se divertiram com os Jogos de Bicicleta. Como sempre, foi incrível ver como as crianças descobrem rápido a forma certa para aprender a equilibrar suas bicicletinhas para pedalar sem as tradicionais rodinhas de apoio.
Além das crianças, os adultos ficam curiosos, fazem perguntas, participam e até se emocionam ao lembrarem dos tempos de infância, quando um simples lençol poderia se transformar em cabanas, túneis e esconderijos para suas brincadeiras. Tem papo de sobra quando começam a contar a forma como aprenderam a pedalar, suas aventuras em duas rodas e os passeios incríveis que fizeram ao longo da vida com suas bicicletas.
As crianças se divertem, ao mesmo tempo que aprendem, e a gente aproveita para compartilhar com os adultos, diversas formas para promover os jogos em suas casas, usando utensílios como potes de mantimentos ou caixas de papelão, embalagens de produtos de limpeza e uma série de itens que toda casa costuma ter. Desse modo, sem gastar nada, podem transformar o que iria para o lixo em obstáculos para criar circuitos, como se fossem cones de sinalização e tantas outras coisas que a imaginação desejar.
Uma cidade que oferece segurança e divertimento para as crianças é uma cidade segura para todas as pessoas. Ficamos na torcida para que as cidades se transformem, a cada dia, em um verdadeiro parque de mobilidade urbana.
Sistema de cobranças a partir das placas aumenta risco de inadimplência e pode elevar o valor das tarifas
O uso massivo de tags e o acesso à base de dados dos veículos serão essenciais para garantir o sucesso de implantação do free flow (fluxo livre, sem praças de pedágio) em todas as rodovias do País. Esta foi a constatação dos palestrantes do painel “Qual é o papel das novas tecnologias nas rodovias?”, que ocorreu na quinta-feira, 22, no Parque da Mobilidade Urbana (PMU), realizado no Complexo do Pacaembu, na capital paulista.
“Quando o veículo não tem uma tag [como aquelas de cobrança automática nos pedágios], o grande desafio para as concessionárias está na possibilidade de acesso futuro aos dados do veículo, para envio da cobrança a partir da leitura da placa”, afirma Karina Fera, diretora jurídica da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR).
Ela recorda que as concessionárias ainda não podem enviar elas mesmas a cobrança ao endereço vinculado à placa por causa da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Num trecho da Rodovia Rio-Santos (BR 101) em que já foi implantado o free flow, em março deste ano, o proprietário do veículo sem tag tem prazo de 15 dias para pagar pelo deslocamento a partir dos canais da operadora.
Pode ser pelo site, aplicativo, chatbot ou pela rede credenciada, que está no site. O não pagamento nesse prazo é considerado evasão de pedágio, uma infração de trânsito que resulta em multa de R$ 195,23 e cinco pontos na carteira de habilitação. Esse trecho tem três pórticos instalados nos quilômetros 414 (em Itaguaí), 447 (Mangaratiba) e 538 (Paraty), todos no Estado do Rio de Janeiro, com placas que alertam para a cobrança eletrônica e o prazo para pagar.
A diretora jurídica da ABCR recorda que o free flow aumentou o risco de inadimplência: “Para mitigar a evasão de pedágio, seria importante que o poder concedente promovesse a distribuição de tags com desconto e também houvesse a possibilidade de pagamento antecipado.” Karina recorda que, quanto o maior o risco de inadimplência para as concessionárias, maior a precificação.
O superintendente de arrecadação da CCR, Cléber Chinelato, afirma que cresceu muito a utilização de tags naquele trecho da Rio-Santos desde a implantação do free flow: “Quando começou a cobrança, 38% dos carros utilizavam tags. Este número cresceu para 55%. E os números de pagamentos pendentes entre os carros sem tags estão caindo mês a mês.”
O executivo acredita que o incentivo ao uso das tarjetas eletrônicas a partir de políticas de desconto seria muito positivo. Na Rio-Santos é possível obter abatimentos de 5% a 70% na tarifa, segundo a CCR.
Big data rodoviário
A tecnologia aplicável às rodovias permite melhora não apenas no fluxo de carros, mas também na segurança e possibilidade de aplicação de tarifas mais justas, como conta Paulo de Carvalho Júnior, diretor da Systra, empresa de consultoria e engenharia.
“A contagem de veículos com processos automatizados, sem interferência humana e com a ajuda da inteligência artificial, permite melhora significativa no planejamento e operação das concessionárias, resultando em redução do tempo de viagem e também dos acidentes.”
Carvalho Júnior recorda que há uma grande diferença do que havia no passado, pela utilização de pranchetas e contagem manual dos veículos.“O big data atual nos permite transformar dados em informação consistente. Com essa grande massa de dados é possível tornar as licitações muito mais atraentes, pelo volume e confiabilidade dos dados.”
Embora a legislação em vigor permita que os carros circulem sem tags nos trechos com free flow, os palestrantes do painel ressaltam que a experiência mundial aponta este como o melhor caminho: “A tag é a garantia de interoperabilidade, quer dizer, a transição tranquila de uma rodovia para a outra. Sem ela, quando o usuário sair de uma estrada com free flow e entrar em outra com praças de pedágio, ele terá de enfrentar filas”, adverte o superintendente de operações da Veloe, Alexandre Fontes.
O executivo diz ainda que a utilização das tags para pagamento de pedágios pode ocorrer sem a cobrança de mensalidade e também permite outros benefícios ao cliente, como a oferta de descontos em postos de combustível e hospedagens.
Próximo passo
Para o futuro, o que se pode esperar das rodovias com maior presença de tecnologias é a redução nas interrupções do fluxo e o aumento da segurança: “Será possível garantir bem-estar aos usuários com bom sinal de internet e com a transição tranquila entre estradas de diferentes concessões”, prevê Karina Fera.
Chinelato, da CCR, recorda que os novos contratos de concessão preveem acesso ao sinal de internet ao longo das estradas. As discussões sobre o papel das novas tecnologias foram mediadas pelo secretário adjunto de Parcerias e Concessões do Rio Grande do Sul, Gabriel Fajardo.
Empresa identifica potencial de cada unidade e vai atrás de parcerias para implantar de lava-rápidos a painéis solares
No Brasil há seis anos, a Indigo já administra 370 estacionamentos em cerca de cem cidades, totalizando 300 mil vagas. Para melhorar a experiência dos usuários e aumentar a rentabilidade desses espaços, a empresa, de origem francesa, criou no País uma equipe dedicada a Smart Cities. Esse time pesquisa o potencial de cada área e viabiliza a oferta de novos serviços sob medida a partir da tropicalização de iniciativas bem-sucedidas nos diferentes mercados onde a Indigo atua.
“A equipe foi criada em 2022, com foco na ‘cidade de 15 minutos’. O objetivo é diversificar o uso dos estacionamentos, criando espaços e conectando soluções para uma mobilidade tranquila”, afirma o head de Smart Cities da Indigo Brasil, Eduardo Trindade.
Com uma ampla expertise sobre os novos serviços que podem ser oferecidos nos estacionamentos, a equipe de Smart Cities da Indigo opera em quatro grandes frentes de atuação ou hubs. A primeira delas contempla iniciativas ESG, que incluem desde pontos de recarga para veículos elétricos até descarte consciente de lixo, com a renda da coleta seletiva revertida para o próprio estacionamento.
Outra iniciativa nesse segmento ocorre no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba. Uma das soluções encontradas para rentabilizar a área e, ao mesmo tempo, investir na sustentabilidade foi a instalação de painéis solares no local. Os equipamentos geram 50% da energia consumida pelo estacionamento e alimentam os carregadores para veículos elétricos oferecidos aos usuários.
O segundo hub de serviços é voltado à experiência do cliente e pode incluir lava-rápidos e outros serviços automotivos, a presença de lojas (no modelo pop-up store, com contratos de curta ou longa duração), armários com circuito de segurança 24 horas e baixo custo de implantação ou mesmo guarda-volumes de maior porte (do tipo self-storage). Todas essas opções, implantadas em espaços ociosos no estacionamento, facilitam o dia a dia dos usuários.
A terceira frente busca a rentabilização dos estacionamentos a partir de parcerias com locadoras de automóveis e empresas especializadas em entregas de última milha, por exemplo, facilitando a logística de mercadorias dentro dos grandes centros urbanos. A utilização dos espaços do estacionamento para publicidade também faz parte do escopo desse hub.
Buscar soluções em mobilidade é a principal meta da quarta frente de atuação do time de Smart Cities. A equipe procura parcerias que envolvam bicicletas e patinetes elétricas, carros elétricos compartilhados e cadeiras de roda motorizadas. “As patinetes elétricas, por exemplo, podem ser usadas tanto para a ronda, nos estacionamentos, como para o atendimento ao cliente”, exemplifica Trindade.
Edifício garagem da Indigo recebe projeto de compensação de carbono. Foto: Divulgação/ Indigo
O head de Smart Cities da Indigo Brasil explica ainda que, além de estudar e entender a vocação de cada estacionamento, a empresa está sempre atenta a oportunidades e ao que acontece fora do Brasil. O time tem reuniões mensais com representantes da Indigo em diferentes países para trocar experiências. “Com isso, é possível descobrir o que cada um está fazendo em outros mercados, como França, Bélgica e Colômbia, por exemplo.”
Na França, um projeto que chama a atenção é o armazenamento e distribuição de hortaliças e alimentos perecíveis, viabilizados por meio de uma parceria com a rede Mon-marché.fr. Para diminuir o tempo de deslocamento, a varejista criou centros de distribuição em estacionamentos subterrâneos, com a instalação de câmaras frigoríficas e a presença de equipes que separam e entregam os pedidos com bicicletas elétricas carregadas no próprio local.
Com operações em 24 Estados brasileiros, a Indigo está atenta às necessidades dos clientes e buscando parcerias para avançar com esses projetos também no Brasil. Será que, em breve, você também não vai receber na comodidade do seu lar, com agilidade e segurança, alimentos frescos armazenados num espaço de estacionamento bem perto da sua casa?
Entre os dias 22 e 24 de junho, o PMU 2023 recebeu mais de 3 mil visitantes e contou com uma programação composta por 24 painéis de discussão com mais de 100 palestrantes, mais de 70 expositores, apoiadores e patrocinadores que apresentaram ao público soluções, inovações e tecnologias para o avanço de uma mobilidade urbana mais sustentável, inclusiva e disruptiva.
A nova edição também estreou o Prêmio Parque da Mobilidade Urbana que reconhece iniciativas, profissionais e carreiras relevantes para o crescimento do setor.
Como caminham as discussões sobre a mobilidade urbana nas cidades brasileiras? Quais são os desafios, as perspectivas e as soluções para os próximos anos? Estas reflexões e outros debates integraram a edição do Parque da Mobilidade Urbana deste ano. Uma iniciativa da plataforma Connected Smart Cities e do Mobilidade Estadão, desta vez, o maior evento de mobilidade da América Latina foi realizado no Complexo Esportivo do Pacaembu, localizado no coração da cidade de São Paulo, entre os dias 22 e 24 de junho.
O PMU abrangeu uma programação com conteúdo diversificado no universo da mobilidade, incluindo palestras com 8 trilhas temáticas e diversas ações interativas, com test drive, test ride; rodadas de negócios; exposição de produtos, serviços e tecnologias; espaços de convivência; demonstrações de realidade virtual e inteligência artificial e brincadeiras educativas com o público infantil.
“O engajamento de todos os atores da esfera urbana, não somente os atrelados aos mercados de negócios, é essencial para a orquestração de ações que incentivem realmente tomadas de decisões do poder público e o planejamento estratégico da mobilidade urbana das cidades, visando o bem-estar social e ambiental”, destaca Paula Faria, idealizadora e CEO do Parque da Mobilidade Urbana e da Plataforma Connected Smart Cities.
PMU alcança grande público e número de apoiadores
Em sua 2ª edição, o Parque da Mobilidade Urbana recebeu mais de 3 mil visitantes, que integram setores de negócios, como: micromodais, startups, companhias de transporte público, transporte particular, seguradoras, consultorias, fabricantes de veículos, indústrias do setor, entre outras. Além de atores do ecossistema de mobilidade e cidades inteligentes, comoespecialistas, pesquisadores e público da esfera social interessados no tema e no futuro das cidades.
Na esfera empresarial, estiveram presentes representantes das seguintes áreas de negócios: Mobilidade elétrica, Mobilidade corporativa, Serviços para mobilidade, Acessibilidade, Transporte alternativo, Transporte coletivo, Compartilhamento e Tendências para a mobilidade, Inteligência de dados em prol de melhor futuro das cidades.
O evento envolveu ainda mais de 70 expositores, apoiadores e patrocinadores que apresentaram as soluções mais inovadoras para o setor de mobilidade urbana.
“Mais uma vez, nós, do Mobilidade Estadão, ficamos muito contentes de realizar, junto com o Connected Smart Cities, a segunda edição do Parque da Mobilidade Urbana. Foram três dias muito intensos, de muito conhecimento, aprendizado e experiência. Realmente, é muito rico ver os principais players do ecossistema de Mobilidade reunidos em São Paulo. E já estamos nos preparando para a terceira edição, em 2024, que, com certeza, será ainda melhor”, destaca Dante Grecco, editor do Portal e do Caderno Mobilidade Estadão.
Abertura e conferências temáticas
A cerimônia de abertura do evento contou com a participação de autoridades e atores estratégicos do ecossistema de mobilidade urbana, como Gilmar Pereira Miranda, Secretário Executivo de Transporte e Mobilidade Urbana da Cidade de São Paulo e Denis Andia, Secretário Nacional de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades.
Em relação à agenda de conferências, no total, foram apresentados 24 painéis de discussão, em 6 palcos simultâneos, que focaram nas respectivas 8trilhas temáticas: Planejamento de Mobilidade Urbana nas Cidades; Indústria da Mobilidade; Logística Urbana Inteligente e Frotas Conectadas; Tecnologia e Inovação; Tendências, Mobilidade Aérea Urbana e Drones; Segurança no Trânsito, nas Ruas e Inclusão; Mobilidade Ativa e Mobilidade Compartilhada e Transporte Coletivo.
As mesas temáticas contaram com a presença de mais de 100 palestrantes, que compartilharam experiências e apresentaram diferentes iniciativas, propostas de melhorias, soluções e inovações para o incremento da mobilidade urbana no Brasil. Além da promoção de debates sobre as problemáticas a serem solucionadas e perspectivas para o desenvolvimento de uma mobilidade urbana mais sustentável, disruptiva e inclusiva nas cidades.
Dentre os aspectos abordados, integraram-se: o papel do carro na gestão urbana; inclusão e segurança no trânsito; projetos de integração dos modais na malha urbana; importância da descarbonização para a mobilidade sustentável; cenário e desafios de ampliação do mercado de carros elétricos; contratos, concessões e custeio do transporte público; redes de cooperação para o avanço de projetos de mobilidade; gerenciamento logístico inteligente nos centros urbanos, entre outros.
Conferências temáticas apresentadas no Parque da Mobilidade Urbana. Crédito: PMU
Prêmio Parque da Mobilidade Urbana
O segundo dia do PMU também apresentou a primeira edição do Prêmio Parque da Mobilidade Urbana. Uma realização da Plataforma Connected Smart Cities, da consultoria Urucuia e do Mobilidade Estadão, a premiação reconhece iniciativas e pessoas que promovem avanços positivos para o ecossistema de mobilidade do país.
A estreia do concurso recebeu 227 inscrições, divididas em 8 categorias de avaliação, das quais foram selecionadas 5 finalistas por categoria e, após nova avaliação, foram definidas as premiações e menções honrosas, por um comitê de jurados composto por 4 especialistas da Mobilidade Urbana brasileira.
Confira as categorias de avaliação: Iniciativas em favor da mobilidade sustentável (Categoria Pública e Privada); Iniciativas que inovam e transformam (Categoria Pública e Privada); Iniciativas em favor da segurança viária; Iniciativas em favor da mobilidade ativa; Carreira Inspiradora em Mobilidade Urbana e Mulheres que Inspiram na Mobilidade Urbana.
Premiados da 1ª edição do Prêmio Parque da Mobilidade Urbana. Crédito: PMU
A cerimônia de premiação contou com mais de 300 participantes, com a presença dos finalistas de cada categoria, além de especialistas e principais nomes da mobilidade urbana que acompanharam a premiação. Confira todos os premiados e as menções honrosas neste link.
Ações interativas
Test drive de carros elétricos da Stellantis. Crédito: PMU
Em paralelo aos debates sobre o futuro da mobilidade nas cidades, os visitantes puderam participar de atividades interativas voltadas à todas as idades, como test drive de carros elétricos do grupo multinacional automotivo Stellantis e da Startup Ucorp.app, conhecer a startup Grilo, de transporte convencional, que alia tecnologia, inovação e mobilidade sustentável; além de experimentar o test ride de bicicletas elétricas e patinetes de marcas, como Skape e Bike Fácil, entre outras atrações.
O público também teve a oportunidade de conhecer o projeto Rádio Ônibus, a primeira rádio móvel do Brasil e do mundo que transmite informações e curiosidades sobre o universo do transporte coletivo.
O evento contou ainda com exposição de ônibus elétricos para fomentar a discussão da transição da matriz energética do transporte coletivo, ação liderada pela Enel X, que contou com veículos das empresas: Eletra, Marcopolo e Higer, permitindo que o público conhecesse o interior, motor e demais funcionalidades dos veículos que logo estarão rodando nas principais cidades brasileiras.
Para refletir e compreender a questão da mobilidade urbana, os visitantes puderam ainda acompanhar a exibição de filmes e conhecer o Programa Despoluir, que incentiva melhorias na qualidade de vida e práticas ambientalmente responsáveis no segmento de transporte público.
Mobilidade Urbana sob o olhar infantil
Oficina aplicada pelo Projeto Ateliê da Mobilidade Urbana com as crianças. Crédito: PMU
No último sábado, 24 de junho, o evento foi aberto ao público com inscrições gratuitas. No dia, também foram oferecidas atividades dinâmicas exclusivas para o público infantil, compostas por oficinas, brincadeiras manuais e jogos de bicicletas. O intuito foi incentivar reflexões e discussões sobre a mobilidade urbana sob a ótica das crianças, de acordo com as suas realidades pessoais. As iniciativas foram realizadas pelo Projeto Ateliê de Mobilidade Urbana, que contou com o apoio da BusUP para o transporte de crianças de EMEIS até o evento, e pela Organização Transporte Ativo.
Confira as novidades e a cobertura completa do Parque da Mobilidade Urbana 2023 no Portal e YouTube do Connected Smart Cities. Conheça também a repercussão do evento nas redes sociais oficiais do PMU – Instagram e LinkedIn.
Cerca de 90% dos passageiros entrevistados afirmaram que utilizariam ônibus para realizar a viagem, caso não existisse o metrô
Um estudo inédito revelou que a operação do Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas fez com que a capital baiana deixasse de emitir mais de 45 mil toneladas de CO2 em oito anos, considerando o período de 2014 a 2021. O montante corresponde à emissão de 23.564 veículos comerciais leves, movidos à gasolina em um ano ou a 24.456 viagens de norte ao sul do Brasil, considerando ida e volta.
Lançado na comemoração aos nove anos da CCR Metrô Bahia, o estudo Projeto Economia de Baixo Carbono é pioneiro dentro do próprio grupo e piloto na concessionária baiana. “Sabemos que o CO2 é o principal gás de efeito estufa responsável pela intensificação das mudanças climáticas, então uma redução como esta é bastante significativa”, explica Onara Lima, superintendente de ESG do Grupo CCR.
O estudo foi realizado pela WayCarbon, empresa especializada no desenvolvimento de projetos corporativos sobre sustentabilidade e mudança do clima. A redução está em consonância com o Plano de Ação Climática da capital baiana, que visa a implementação de 100% da frota de transporte público com veículos mais eficientes até 2049, além de redução do número de viagens particulares em 25% até 2024.
Os dados também apontam que, devido à operação do metrô, houve reduções em relação a outros gases nocivos á saúde, como o monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, metano, óxido nitroso, entre outros.
Como foi feito o estudo
Higor Turcheto, gerente da WayCarbon, afirma para a metodologia, a empresa estimou o total de emissões de CO2 num cenário sem o metrô baiano, diminuindo deste montante as emissões pelo uso de energia do metrô e as emissões indiretas, a exemplo do meio utilizado pelo passageiro para chegar ao sistema metroviário.
Também foi realizada uma pesquisa com clientes do metrô baiano para coletar informações relacionadas às distâncias médias percorridas pelos passageiros usando os diferentes formas de deslocamentos e aos modais que seriam utilizados. O resultado apontou que cerca de 90% das pessoas utilizariam ônibus para realizar a viagem, caso não existisse o metrô.
Ação humana
A mudança climática é um dos maiores problemas enfrentados na atualidade. De acordo com o relatório Climate Change 2021: The Physical Science Basis, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2021), as emissões acumuladas de gases de efeito estufa (GEE), desde a revolução industrial, já levaram a cerca de 1,09 °C de aquecimento global, do qual 1,07 °C provavelmente deriva de ações humanas.
Para limitar o aquecimento global induzido pelo homem, é necessário limitar as emissões de GEE, destaca também o relatório. No Brasil, o setor de transporte, em 2021, foi responsável por 8,39% das emissões, sendo que as emissões do transporte rodoviário, em específico, corresponderam a 7,79%.
Isso significa, por exemplo, que a eletrificação de todo o setor de transporte rodoviário, fazendo uso de uma matriz elétrica descarbonizada, teria o potencial de reduzir as emissões do País em quase 8%.
“Nesse contexto, os sistemas de transporte em massa sob trilhos, movidos à eletricidade, são uma iniciativa importante na descarbonização do transporte urbano, reduzindo o uso de modais mais intensivos em GEE, por exemplo, carros e ônibus à combustão fóssil”, completa Turcheto.
Outras iniciativas
Na Linha 2 do Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas, nove estações valorizam a utilização de recursos energéticos naturais adequados às condições climáticas brasileiras.
A empresa explica que as chamadas estações ‘típicas’ são compostas por dez abóbadas metálicas alinhadas e sobrepostas que propiciam a entrada de luz e ar. Com isso, as luminárias das plataformas, mezaninos, bem como os acessos que possuem a iluminação natural permanecem desligadas parcial ou totalmente durante o dia.
Como resultado, possibilitam uma economia de até 50% no consumo total de energia. Quando escurece, lâmpadas de LED garantem a iluminação plena com redução do consumo.
As chamadas estaçoes ‘típicas’ do Metrô Salvador, responsáveis pela economia de energia. Foto: Divulgação/CCR Metrô Bahia
A CCR Metrô Bahia também adota práticas sustentáveis voltadas para a economia de água. Todas as estações da Linha 2 estão adaptadas para captar água pluvial para uso nas descargas dos banheiros, com um potencial total de economia de água potável de 190 m³ – a capacidade de reserva de água do sistema.
A água de chuva é captada, armazenada em reservatórios e distribuída para esses locais. Outra ação de destaque é o reaproveitamento de água na lavagem dos trens. A máquina lavadora automática de trens obedece a padrões mundiais de tecnologia e normas ambientais e tem como principal finalidade, recuperar, tratar e reutilizar aproximadamente 85% do total da água utilizada.
Lava-rápido de trens: máquina lavadora reutiliza em torno de 85% da água utilizada na limpeza. Foto: Divulgação/CCR Metrô Bahia
A concessionária utiliza ainda arejadores econômicos para torneiras, monitoramento do consumo de água remoto através de telemetria, sensor nas escadas rolantes para redução de velocidade na ausência de usuários, entre outras ações.
Em consonância com essas iniciativas, a CCR Metrô Bahia afirma que também possui um trabalho de educação ambiental permanente que segue as diretrizes da política de sustentabilidade do Grupo CCR e visa a melhoria das comunidades onde atua.