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A desigualdade verde nas grandes cidades da América Latina

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Nas metrópoles latino-americanas, em geral, os ricos vivem mais perto de parques e árvores do que os pobres. Nas periferias, mesmo quando há vegetação, a acessibilidade é um desafio.Vista de cima, Paraisópolis, a maior favela da maior cidade do Brasil, é um círculo cinza rodeado por verde. Ao redor do aglomerado de casas precárias, ficam as residências espaçosas e os prédios de luxo do bairro do Morumbi, um dos mais ricos de São Paulo – e, não por acaso, também um dos mais arborizados.

A justaposição da favela pobre e do bairro rico já se tornou um lugar comum no Brasil. Fotos dessas realidades contrastantes são comuns nos livros didáticos do país, onde servem como ilustração da disparidade econômica. Entretanto, há um aspecto menos evidente da desigualdade vista na imagem: além de pobre, Paraisópolis é cinza. Além de rico, o Morumbi é verde.

Isso é importante porque viver em locais arborizados está associado a uma série de benefícios. A presença de vegetação reduz a sensação térmica em dias de calor extremo , e quem vive cercado por verde costuma ter melhor saúde mental e fazer mais atividades físicas, por exemplo.

Nas megacidades da América Latina, porém, a arborização acompanha divisões de classe e renda, de acordo com especialistas em urbanismo e ecologia das seis maiores cidades da região.

Pesquisadores de São Paulo (Brasil), Cidade do México (México ), Lima (Peru ), Bogotá (Colômbia ), Buenos Aires (Argentina ) e Santiago (Chile ) relatam que o crescimento urbano desordenado, a ausência de políticas públicas e a escassez de recursos fazem com que bairros pobres não tenham uma quantidade adequada de parques, espaços verdes e árvores nas vias. Tudo isso é visível de cima, usando imagens de satélite – e através delas podemos identificar onde estão os bolsões de verde e de cinza em cada cidade.

Menos árvores, mais calor

La Molina e San Isidro são dois dos bairros mais verdes de Lima, a capital do Peru. Ambos ficam em regiões ricas e, apesar do clima árido da cidade, praticamente dobraram sua cobertura verde desde os anos 1980, de acordo com um estudo recente que mensurou a densidade de vegetação em diferentes localidades usando imagens de satélite.

Em bairros periféricos, como Carabayllo e San Martín de Porres, aconteceu o oposto: o verde diminuiu ao longo das décadas, conforme a cidade se expandia de forma desordenada e a vegetação natural dessas áreas foi sendo substituída por uma urbanização densa e, muitas vezes, precária.

Para o estudo, os pesquisadores também compararam as temperaturas de bairros com diferentes graus de arborização e confirmaram que, em Lima, os bairros mais verdes são significativamente mais frescos que os demais. As áreas ricas, portanto, ficam menos expostas ao calor extremo.

“Há bairros onde os moradores têm telhados de zinco. Como não há áreas verdes suficientes, a temperatura, somada à presença desse tipo de material, aumenta. Isso gera estresse térmico. Não é o mesmo que morar em um bairro com mais arborizado e com materiais de construção mais adequados”, diz Dámaso Huaroto, professor de engenharia ambiental na Universidade Científica do Sul (UCSUR, na sigla em espanhol) e um dos autores do estudo.

A realidade que Huaroto descreve – um desenvolvimento urbano precário que prejudica os mais pobres – não é uma exclusividade de Lima. É, na verdade, algo comum nas metrópoles da América Latina.

Durante décadas, a migração em massa fez com que estas cidades crescessem sem planejamento, gerando zonas residenciais extensas e densamente povoadas nas periferias.

“Nos bairros marginalizados, quase todos os espaços são necessários para habitação. E quando as cidades crescem muito, as moradias começam a ficar cada vez mais distantes, o que exige deslocamento. Mesmo os espaços que não são utilizados para moradia passam a ser utilizados para transporte”, explica Francisco de la Barrera, pesquisador do Centro de Desenvolvimento Urbano Sustentável (Cedeus, na sigla em espanhol), um centro de pesquisa em urbanismo sediado em Santiago, capital do Chile.

Acesso a espaços verdes é marcado por divisão social

Um estudo conduzido por Barrera e outros seis pesquisadores mapeou áreas verdes em diversas regiões do Chile. Os pesquisadores também calcularam quantas pessoas moravam a uma distância a ser percorrida a pé para chegar até elas.

Em Santiago, a região com mais verde acessível fica ao redor do Cerro San Cristóbal, o maior parque da cidade – um local que concentra uma população de renda mais alta.

Em regiões mais pobres, a acessibilidade diminui. É o caso, por exemplo, de algumas áreas da Comuna de San Ramón.

Pesquisadores da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) detectaram uma realidade parecida na Cidade do México. Lá, existe uma correlação negativa entre o nível de marginalidade de uma região e a quantidade de áreas verdes de que ela dispõe. Na prática, isso significa que, quanto mais vulnerável socialmente é um local, menos parques e praças estão disponíveis para seus moradores.

A razão, assim como no Chile, envolve uma grande demanda por habitação. “A especulação imobiliária nessas zonas levou as construtoras a maximizar os lucros, se aproveitando da necessidade das pessoas de ter um lugar para viver. Elas se aproveitam de qualquer metro quadrado disponível”, diz Luís Zambrano, ecologista da UNAM.

O pesquisador, porém, também destaca uma aparente contradição: fugindo da regra, algumas das áreas residenciais pobres estão muito perto de áreas de vegetação preservada, o que resulta em uma cobertura verde acima da média – um fenômeno contraintuitivo que também acontece em outras cidades.

Quando há verde na periferia

Embora riqueza e cobertura verde estejam correlacionados, nem sempre os bairros pobres e periféricos são densos e cinzas. Em alguns casos, eles chegam a ser os locais mais verdes da cidade, em números absolutos.

De volta à São Paulo, por exemplo, a região periférica de Cidade Tiradentes, no extremo leste, tem uma cobertura vegetal maior que a de áreas ricas no centro. O mesmo ocorre em outros bairros nos extremos da cidade, como em Parelheiros, na Zona Sul. Ali, a vegetação é abundante, mas fica em locais de difícil acesso, como no topo de morros.

De acordo com Luiza Fernanda Tamas, gestora ambiental formada pela Universidade de São Paulo (USP) e moradora da cidade, viver perto desse tipo de vegetação não garante acesso aos benefícios que essas regiões oferecem.

“Eu sou do extremo norte de São Paulo, do bairro do Morro Doce, onde fica o Parque Anhanguera, o pico de Jaraguá, onde há remanescentes de Mata Atlântica”, conta Tamas, mencionando alguns dos maiores espaços verdes do município. “Mas no bairro em si há muita aridez e solo impermeabilizado. Na rua, onde a população anda, não há árvores.”

Uma realidade semelhante ocorre em Bogotá, capital da Colômbia. O bairro de Usme, no extremo sul, concentra a maior quantidade de cobertura verde por habitante, de acordo com uma pesquisa conduzida por Jéssika Zambrano, engenheira topográfica colombiana que hoje faz doutorado na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O extremo sul da capital colombiana, assim como o extremo norte de São Paulo, é cercado por reservas naturais e morros, mas suas zonas residenciais são densas e pouco arborizadas, com crescimento populacional rápido e desordenado.

“Apesar de Usme ter essa vista do parque, das florestas e das montanhas, a pobreza continua sendo a característica fundamental do bairro”, ressalta Jéssika Zambrano. “A localização dessas árvores não é nas vias, mas nos arredores, e as pessoas não têm acesso – só olham de longe”.

Os desafios da densidade

À primeira vista, a capital da Argentina, parece uma exceção. Um estudo realizado pela fundação sem fins lucrativos Bunge & Born mapeou as áreas verdes em todo o país, e a grande Buenos Aires é uma das poucas onde os mais ricos e os mais pobres vivem, em média, igualmente próximos de uma área verde.

No entanto, de acordo com Antonio Vazquez Brust, um dos autores do estudo, isso acontece porque há poucos parques na cidade e mesmo as áreas mais ricas são densamente povoadas – com a exceção dos condomínios fechados, que têm muitos espaços verdes que não são acessíveis ao público.

Uma saída, de acordo com um estudo de caso publicado pela mesma organização, seria converter locais como estacionamentos e depósitos em praças verdes, especialmente nas áreas mais centrais.

Outras sugestões mencionadas pelos pesquisadores entrevistados incluem priorizar espécies nativas em espaços públicos, a fim de reduzir os custos de manutenção, e, fundamentalmente, incluir as populações marginalizadas no debate sobre onde e como novas infraestruturas verdes devem ser desenvolvidas.

“As cidades são tão maleáveis quanto a natureza. Se precisarmos demolir um prédio para fazer um parque, isso pode ser feito”, diz Luís Zambrano, pesquisador da UNAM. “Parte do problema é que acreditamos que a batalha já está perdida, mas o asfalto pode ser removido. Custa muito tempo e dinheiro, mas é muito melhor do que continuar vivendo como vivemos agora. ”

Fonte: Terra

COP30: Cidades debate como enfrentar a elevação do nível do mar

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Evento dá continuidade ao seminário Resiliência Climática e Redução de Riscos de Desastres em Cidades Costeiras, realizado em Brasília em outubro pelo Ministério das Cidades em parceria com o UNDRR.

elevação do nível do mar pode provocar diversos problemas para as cidades. Inundações ocasionais e erosão na costa são os efeitos mais visíveis, mas até cidades sem praia podem ser muito afetadas, por exemplo, pela salinização de rios importantes para o abastecimento de água de cidades. Para discutir estratégias diante desse tipo de ameaça, o Ministério das Cidades participa nesta quarta-feira (12) do painel Gestão Abrangente de Riscos para Enfrentar os Impactos em Cascata da Elevação do Nível do Mar nas Cidades.  

O evento será realizado na Casa Vozes dos Oceanos (Centro Cultural Casa das Onze Janelas), em Belém (PA), dentro da programação oficial de eventos paralelos da COP30. A discussão abordará os múltiplos impactos da elevação do nível do mar sobre cidades costeiras e ribeirinhas e a necessidade de estratégias integradas para fortalecer a resiliência urbana. 

O debate contará com a participação do chefe da Assessoria Internacional do Ministério das Cidades, embaixador Antônio da Costa e Silva, do coordenador-residente do Sistema das Nações Unidas no Caribe Oriental, Simon Edward Springett, coordenadora regional para as Américas e o Caribe da iniciativa Cidades Resilientes 2030 (MCR2030) do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR), Adriana Campelo, e do gerente de projetos de Infraestrutura Verde-Cinza da Conservação Internacional Brasil, Renan Alves. A moderação será conduzida pelo professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Coordenador executivo do Veleiro de Expedições Oceanográficas da UFSC e Rede Clima, Paulo Horta. 

De acordo com dados do Escritório para Redução do Risco de Desastres das Nações Unidas (UNDRR), parceiro na organização do evento, um centímetro de aumento no nível do mar pode resultar na perda de até dez metros de faixa costeira, com efeitos em cascata que se estendem por mais de 100 quilômetros a partir do litoral. Esses impactos incluem a destruição de moradias e infraestruturas, afetando diretamente a saúde, a segurança e o bem-estar das populações. 

O evento dá continuidade ao seminário Resiliência Climática e Redução de Riscos de Desastres em Cidades Costeiras, realizado em Brasília em outubro pelo Ministério das Cidades em parceria com o UNDRR. O encontro reuniu especialistas e gestores públicos para ampliar o conhecimento sobre as causas da elevação do nível do mar e orientar políticas de adaptação nos municípios. 

Na ocasião, o ministro das Cidades, Jader Filho, destacou que a agenda brasileira para a COP30 prioriza estratégias de adaptação e resiliência nas regiões costeiras. “Precisamos cuidar do meio ambiente para evitar o aumento da temperatura dos oceanos e a elevação do nível do mar, mas também garantir que nossas cidades estejam preparadas para se adaptar. Esse é um tema central que levaremos à COP30”, afirmou o ministro. 

Seguindo a mesma linha, o embaixador Antônio da Costa e Silva reforçou a importância de integrar o planejamento urbano, a infraestrutura verde e azul e a adaptação climática para enfrentar os desafios das cidades costeiras. “O Mutirão Global da COP30 é uma oportunidade de fortalecer políticas e dar visibilidade a soluções inovadoras que conectam resiliência climática e desenvolvimento urbano sustentável”, afirmou. 

A discussão em Belém reforça a liderança do Brasil na promoção de uma abordagem multinível para a resiliência climática. No dia 14, ainda na programação da COP 30, o Ministério das Cidades promove mais um evento com o objetivo de dar maior visibilidade ao tema da elevação do nível do mar e seu impacto nos territórios urbanos. 

Fonte: Ministério das Cidades

COP-30: por que reduzir emissões não é suficiente

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O transporte está cada vez mais vulnerável às mudanças climáticas. A COP-30 é uma oportunidade para abordar essa realidade

Em 2024, o Rio Grande do Sul vivenciou uma das piores tragédias climáticas de sua história: enchentes que submergiram cidades inteiras, destruíram rodovias e paralisaram ferrovias e sistemas de transporte público.

O impacto gerou perdas estimadas em bilhões de reais e milhares de pessoas isoladas e essa cena se repete em todo o mundo. Em 2023, o metrô de Nova York suspendeu as operações após enchentes recordes, enquanto trilhos foram deformados pelo calor intenso na Europa. Esses incidentes são sinais de que o transporte está cada vez mais vulnerável às mudanças climáticas.

A COP-30, que está sendo realizada em Belém, representa uma oportunidade decisiva para abordar essa realidade. A questão é: a COP finalmente vai dar ao transporte a atenção que merece?

É preciso reduzir drasticamente as emissões provenientes de fontes de transporte, expandindo meios comprovados como o transporte ferroviário, bem como com as medidas que devemos tomar para garantir que estes sistemas sobrevivam ao clima de 2050, que será ainda mais quente, mais instável e mais extremo.

O acesso à mobilidade sustentável é o primeiro passo na transformação do transporte em uma força para a mitigação das mudanças climáticas. Isso significa levar opções de transporte de baixa emissão para regiões que atualmente dependem do transporte rodoviário e de combustíveis fósseis.

Favorável ao clima

No Brasil, o transporte sustentável deve combinar investimentos em trens de média e longa distância, sistemas urbanos integrados e a eletrificação das frotas regionais. Cada nova linha ferroviária ou corredor de transporte limpo é mais do que um projeto de infraestrutura, é uma política de desenvolvimento favorável ao clima.

A transição para uma mobilidade sustentável só será bem-sucedida se gerar crescimento econômico inclusivo. Os projetos de infraestrutura ferroviária têm o potencial de criar empregos qualificados, estimular cadeias produtivas locais e atrair investimentos.

Ao adotar altos padrões ambientais e sociais em novas concessões e contratos públicos, países como o Brasil podem utilizar a expansão ferroviária como ferramenta de desenvolvimento, beneficiando as comunidades e não apenas os centros empresariais.

Eventos extremos

A resiliência é o elo que garante que todo esse progresso resista ao tempo e às mudanças climáticas. As infraestruturas de transporte precisam ser projetadas para suportar o novo regime climático do planeta.

Isso envolve desde soluções de engenharia até políticas públicas que incorporem o risco climático. Os eventos no Rio Grande do Sul são um alerta: é necessário antecipar o futuro para que os sistemas de transporte não entrem em colapso diante do próximo evento extremo.

Construir resiliência significa prevenir e adaptar-se para que a capacidade de movimento não seja interrompida pela próxima tempestade. Envolve projetar sistemas capazes de operar em temperaturas extremas, instalar sistemas de drenagem inteligentes, usar sensores para prever falhas e integrar a manutenção preditiva às operações diárias.

Isso requer colaboração entre engenheiros, climatologistas e administradores públicos. Uma “engenharia do futuro” que combina tecnologia, planejamento e a compreensão de que a infraestrutura resiliente protege vidas, empregos e dignidade.

O Brasil possui todos os elementos para se tornar um líder regional em mobilidade sustentável: sua matriz energética é predominantemente renovável, seu capital humano é tecnicamente avançado e seu vasto território exige soluções de transporte integradas. No entanto, transformar esse potencial em realidade requer políticas públicas estruturadas.

Urgência

Essa transformação é urgente porque as mudanças climáticas não esperam. Cada atraso na adaptação e no planejamento traz um custo humano, ambiental e econômico ainda maior, especialmente para as populações mais vulneráveis.

A COP-30 representa uma oportunidade para que o transporte deixe de ser apenas parte do problema e para que o transporte ferroviário se torne uma parte essencial da solução climática, servindo como modelo para combinar desenvolvimento econômico, justiça social e sustentabilidade ambiental.

Fonte: Mobilidade Estadão

Inflação recua para 0,09% em outubro influenciada pela queda na energia elétrica

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O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 0,48% em setembro para 0,09% em outubro, um recuo de 0,39 ponto percentual (p.p.). Esse resultado é o menor para um mês de outubro desde 1998, quando foi registrado 0,02%. No ano, a inflação acumula alta de 3,73% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 4,68%. Em outubro de 2024, a variação havia sido de 0,56%. Os resultados foram divulgados hoje (11) pelo IBGE.

A energia elétrica é a principal influência negativa no índice do mês (-0,10 p.p.), com destaque para a energia elétrica residencial, que registrou queda de 2,39%. De acordo com Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, esse movimento é explicado pela mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2, vigente em setembro, para a bandeira vermelha patamar 1, com a cobrança adicional de R$ 4,46 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos, ao invés dos R$ 7,87. Outros destaques negativos são as quedas no aparelho telefônico (-2,54%) e no seguro voluntário de veículos (-2,13%).

Na composição do IPCA de outubro, interrompendo uma sequência de quedas, o grupo alimentação e bebidas, que possui o maior peso na estrutura do indicador, apresentou praticamente estabilidade na média de preços, variando 0,01%. O índice não exerceu pressão no resultado geral da inflação e é o menor resultado para um mês de outubro desde 2017, quando foi de -0,05%. A alimentação no domicílio caiu 0,16%, com destaque para as quedas do arroz (-2,49%) e do leite longa vida (-1,88%). Dentre as altas, estão a batata-inglesa (8,56%) e o óleo de soja (4,64%).

“Isso, aliado à queda no grupo Habitação contribuíram para a desaceleração observada. A título de ilustração, o resultado do índice de outubro sem considerar o grupo dos alimentos e a energia elétrica ficaria em 0,25%, explica Fernando”.

Já a alimentação fora do domicílio acelerou na passagem de setembro (0,11%) para outubro (0,46%). Em igual período, o subitem lanche saiu de 0,53% para 0,75%, e a refeição foi de -0,16% para 0,38%.

O grupo Vestuário (0,51%) apresentou a maior variação no mês de outubro, com destaque para as altas nos calçados e acessórios (0,89%) e na roupa feminina (0,56%). No grupo Despesas pessoais (0,45%), o destaque é para o subitem empregado doméstico, que subiu 0,52% e o pacote turístico com alta de 1,97%.

Saúde e cuidados pessoais (0,41%) foi o grupo de maior impacto no índice, com 0,06 p.p., alta impulsionada pelos artigos de higiene pessoal (0,57%) e plano de saúde (0,50%). A variação de 0,11% de Transportes reflete a alta da passagem aérea (4,48%) e dos combustíveis (0,32%). À exceção do óleo diesel que caiu 0,46%, os demais combustíveis apresentaram variações positivas em outubro: etanol (0,85%), gás veicular (0,42%) e gasolina (0,29%).

Na análise regional, os índices apontam que a maior variação foi registrada em Goiânia (0,96%), impulsionada pela alta da energia elétrica residencial (6,08%) e da gasolina (4,78%). A menor variação (-0,15%) foi registrada em São Luís, em função da queda do arroz (-3,49%) e da gasolina (-1,24%), e em Belo Horizonte, com destaque para as quedas na gasolina (-3,97%) e na energia elétrica residencial (-2,71%).

INPC tem alta de 0,03% em outubro

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) registrou alta de 0,03% em outubro. No ano, o acumulado é de 3,65% e, nos últimos 12 meses, de 4,49%, abaixo dos 5,10% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2024, a taxa foi de 0,61%.

Os produtos alimentícios passaram de -0,33% em setembro para 0,00% em outubro. A variação dos não alimentícios passou de 0,80% em setembro para 0,04% em outubro.

Quanto aos índices regionais, a maior variação (0,92%) ocorreu em Goiânia, por conta da energia elétrica residencial (6,16%) e da gasolina (4,78%). A menor variação ocorreu em Belo Horizonte (-0,21%), em razão da queda na gasolina (-3,97%) e na energia elétrica residencial (-2,68%).

Mais sobre as pesquisas

O IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, enquanto o INPC, as famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju. Acesse os dados no Sidra. O próximo resultado do IPCA, referente a novembro, será divulgado em 10 de dezembro.

Fonte: Agência de Notícias IBGE

Vitória lidera o Ranking CSC 2025 e se consolida como a cidade mais inteligente e conectada do Brasil

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Com avanços em sustentabilidade, governança digital e educação, capital capixaba assume a liderança nacional do Ranking Connected Smart Cities 2025 e reafirma seu papel como referência em desenvolvimento urbano inteligente.

O anúncio dos 10 finalistas da 11ª edição do Ranking Connected Smart Cities movimentou o primeiro dia do evento em São Paulo. Divulgado em setembro, o levantamento, considerado a principal referência nacional para medir o grau de evolução das cidades brasileiras, analisa 75 indicadores em 13 áreas temáticas, entre elas mobilidade, meio ambiente, tecnologia e governança. A revelação dos destaques marcou um dos momentos mais aguardados do Cidade CSC 2025, que aconteceu no dia 23 de setembro de 2025, reunindo gestores públicos, especialistas e empresas que impulsionam a agenda da inovação urbana no país.

Com metodologia atualizada em conjunto com a SPIn – soluções Públicas Inteligentes, e acesso aos dados pela plataforma Plancity, da Scipopulis, o Ranking CSC oferece uma análise comparativa por níveis de desenvolvimento, apoiando gestores públicos e privados na formulação de estratégias. A iniciativa mantém como pilares a transparência e a colaboração, reforçando o compromisso da Plataforma CSC em impulsionar cidades mais sustentáveis, resilientes e inovadoras até 2035.

Leia mais: Vitória lidera o Ranking Connected Smart Cities 2025 como a cidade mais inteligente e conectada do país

Em 2025, Vitória superou seu desempenho do ano anterior e deixou a vice-liderança para assumir o topo do ranking como a cidade mais inteligente e conectada do Brasil. A capital capixaba vem colhendo os frutos de um trabalho consistente de modernização dos serviços urbanos, com forte integração entre sustentabilidade e governança digital, fatores decisivos para alcançar o primeiro lugar no levantamento nacional. No ranking de 2024, Vitória havia conquistado a segunda colocação, já despontando entre os principais exemplos de planejamento urbano inteligente do país.

“Alegria e orgulho para os capixabas, conquistar o 1º lugar em cidades inteligentes do Brasil. Essa conquista é fruto de muito trabalho, planejamento e compromisso com as pessoas. Vamos juntos continuar fazendo mais por quem mais precisa e levando Vitória a patamares inimagináveis”, destacou o prefeito de Vitória.- Lorenzo Pazolini 

O resultado do Ranking Connected Smart Cities é apresentado em três frentes: posição geral, por eixo temático e por região. São avaliados indicadores de áreas como Economia e Finanças, Governança, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Resíduos Sólidos, Esgotos e Água, Educação, Habitação e Planejamento Urbano, Mobilidade Urbana, Saúde, Agricultura Local/Urbana e Segurança Alimentar, Telecomunicações, Energia, Inovação e Empreendedorismo, População, Condições Sociais e Segurança, temas que também estão em pauta durante o evento nacional.

Leia mais: Ranking Connected Smart Cities inicia novo ciclo com abrangência nacional e metodologia ampliada

Além da liderança no cômputo geral do Ranking CSC 2025, Vitória ficou em segundo lugar nos eixos de Economia e Finanças e de População, Condições Sociais e Educação. No campo econômico, a cidade registrou aumento de 15% no número de empresas e crescimento de 1,8% na geração de empregos formais, o que impactou positivamente a renda média dos trabalhadores, que superou R$ 4.450,00.

Na Educação, o município vem aprimorando seus índices e ampliando o acesso. O número de vagas licenciadas para a educação infantil por 1.000 crianças em idade pré-escolar não obrigatória chega a 711,86. Outro destaque é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que alcançou 4,9, resultado da combinação entre o bom desempenho dos alunos em exames nacionais e a alta taxa de aprovação. Vitória também investe em conectividade educacional: são 417,3 dispositivos digitais por 1.000 estudantes, e a relação estudante/professor no ensino primário é de 13,9.

A cidade também se destacou na área da Saúde, Agricultura Local/Urbana e Segurança Alimentar, ocupando a sexta posição nacional. O número de leitos hospitalares é de 531,8 por 100 mil habitantes, e o contingente de médicos cresceu de 645, em 2024, para mais de 701 por 100 mil habitantes neste ano. Além disso, 13% da população já possui prontuário eletrônico unificado, acessível on-line pelos provedores de serviços de saúde, um avanço importante na digitalização do sistema de atendimento.

A trajetória de Vitória rumo à liderança nacional é marcada por um planejamento estratégico contínuo e por sua disposição em dialogar com os principais agentes da inovação urbana. No dia 6 de junho, a capital capixaba sediou uma das reuniões estratégicas regionais do Connected Smart Cities, reforçando o compromisso local com o desenvolvimento inteligente e sustentável.

Leia mais: Vitória sedia Reunião Estratégica Regional do Connected Smart Cities 

Conhecida por sua qualidade de vida, Vitória é apontada pelo IBGE como a terceira melhor cidade do Brasil para se viver e figura entre as mais arborizadas do país. Todos esses atributos consolidam o município como um ambiente propício para sediar debates sobre o futuro urbano, reunindo representantes do poder público, do setor privado e da sociedade civil em busca de soluções colaborativas para os desafios contemporâneos das cidades brasileiras. Em 2025, mais do que um título, o primeiro lugar no Ranking CSC simboliza o reconhecimento de uma cidade que alia inovação, planejamento e compromisso com o bem-estar coletivo.

Para acessar o Ranking Connected Smart Cities, clique aqui.

Pedidos de reequilíbrio econômico desafiam concessões e PPPs de saneamento

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Setor vive “boom” de leilões e investimentos privados; estudo aponta o que leva empresas a pleitear ajustes contratuais

As concessões e PPPs (parcerias público-privadas) de saneamento básico têm destravado investimentos bilionários no setor, mas os pedidos de reequilíbrio econômico-financeiro apresentados pelas operadoras de água e esgoto servem como um alerta sobre a execução dos contratos.

Um estudo inédito da Manesco Advogados analisou 13 casos levados pelas concessionárias às agências reguladoras estaduais e municipais para entender o que tem sido motivo de discórdia.

O levantamento contempla experiências em Alagoas, Goiás, Pernambuco, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto (SP). São contratos celebrados antes e depois do novo marco legal de 2020.

Sancionada há cinco anos, a Lei 14.026 determinou a universalização dos serviços de abastecimento de água e de tratamento de esgoto até 2033.

De acordo com Wladimir Antonio Ribeiro, sócio da Manesco Advogados, os pedidos de reequilíbrio nas concessões e PPPs de saneamento podem ser agrupados em pelo menos três categorias:

  • Informações inverídicas sobre o nível de atendimento das redes. Há distorção entre o que apontavam os estudos pré-leilão e a realidade efetivamente encontrada pelas concessionárias na infraestrutura de abastecimento de água e coleta/tratamento de esgoto. Na prática, os índices de coleta de esgoto ou de perdas no fornecimento de água são muito diferentes do que informavam os estudos, gerando mais custos e menos receita às concessionárias.
  • Erros de projeto ou mudança no cronograma de execução dos investimentos. Obras que não estavam originalmente previstas nas obrigações contratuais precisam ser assumidas pelas concessionárias privadas ou há necessidade de alteração do calendário dos projetos.
  • Defasagem em reajustes tarifários. Pressionado politicamente, o poder concedente (estados ou municípios) segura reajustes para evitar “tarifaços” que representem desgaste junto aos eleitores. As agências reguladoras se veem, então, compelidas a analisar pleitos de mudanças contratuais — já que a receita das concessionárias diminui.

“O que chama a atenção são menos os números e mais as razões dos pedidos. Se tivéssemos melhores estudos de engenharia [antes dos leilões], mais da metade dos pedidos teria sido evitada”, afirma Wladimir Ribeiro.

Segundo ele, os problemas das concessões licitadas a partir de 2020 se assemelham aos problemas identificados em contratos anteriores.

A Abcon (associação das concessionárias privadas de saneamento) afirma que, desde a entrada em vigência do novo marco legal do setor, houve 60 leilões. Eles destravaram R$ 181,6 bilhões em novos investimentos.

Nos cálculos da entidade, cerca de um terço dos municípios brasileiros (1.820) já tem serviços de saneamento operados pelo setor privado.

A diretora-presidente da Abcon, Christianne Dias Ferreira, avalia que pedidos de reequilíbrio em contratos de longo prazo, quando amparados tecnicamente, fazem parte do negócio e não comprometem a viabilidade dos projetos.

“É [algo] esperado em contratos de longo prazo e em um setor em expansão. Os pontos citados pela Manesco, como divergências entre diagnóstico e realidade operacional, são comuns em setores de infraestrutura”, diz a executiva.

“No saneamento, a natureza subterrânea da infraestrutura impõe desafios adicionais à fase de estudos. Trata-se de um setor que avança técnica e institucionalmente à medida que os projetos evoluem”.

Uma das peculiaridades no saneamento é que, diferentemente de setores como energia elétrica ou aeroportos, não há uma agência nacional que faz a regulação e a fiscalização de forma unificada.

A titularidade dos serviços é das prefeituras, o que faz com que os contratos sejam geridos de modo pulverizado, por meio de órgãos reguladores municipais ou estaduais (em caso de blocos de municípios).

“Há exemplos positivos de análises dos pleitos, mas ainda enfrentamos situações de demora ou instabilidade decisória”, pondera Christianne.

“Por isso, é fundamental fortalecer a regulação com mais capacitação, estabilidade institucional e alinhamento às normas de referência da ANA”, completa a presidente da Abcon, referindo-se à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, que passou a emitir normas de referência para as demais reguladoras no âmbito subnacional.

“O reequilíbrio é um instrumento legítimo de preservação contratual e deve ser analisado com critérios técnicos e previsíveis, garantindo segurança jurídica e continuidade dos investimentos”.

Armadilha da outorga

O advogado Wladimir Ribeiro, da Manesco, observa que a meta de universalização dos serviços até 2033 — ponto central da Lei 14.026 — incorporou um objetivo traçado inicialmente no Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico), mas com um mecanismo “antidescumprimento” da lei: a interrupção na transferência de recursos e financiamentos federais, como dinheiro do FGTS ou do OGU (Orçamento Geral da União), para o ente federativo que estiver em linha com essa obrigação.

“Desde então, os contratos já existentes foram aditados para prever essa meta. E os novos contratos passaram a prevê-la desde o início”, diz Ribeiro.

“Porém, tudo foi realizado às pressas e sem estudos suficientes. Logo, emergem pedidos de reequilíbrio porque os novos investimentos, para cumprir as metas, se mostram muito superiores às estimativas iniciais”, acrescenta.

Um dos problemas mais frequentes, segundo o advogado, é a outorga estabelecida nos leilões de saneamento.

Muitas vezes os estados e municípios responsáveis pela licitação fornecem dados que não conferem posteriormente com a realidade, com redes menores de água e esgoto, mas as falsas premissas puxam para cima os valores mínimos de outorga.

Quando os blocos de saneamento no Rio de Janeiro foram leiloados, por exemplo, os estudos indicavam que o município de Duque de Caxias tinha 40% de cobertura de esgotamento sanitário e que a coleta de dejetos em Belford Roxo alcançava 38% da população.

Em ambos os casos, a concessionária alega ter encontrado redes que cobriam 16% das cidades.

Em municípios como Magé, Nilópolis, Queimados e Cambuci, os números informados variavam de 33% a 87%. Na realidade, a cobertura era inexistente.

Wladimir Ribeiro afirma que as tarifas de água e esgoto precisam ser capazes de remunerar os investimentos previstos em contrato.

Se o volume de investimentos aumenta, em razão da falta de infraestrutura como informado nos estudos, as tarifas têm necessidade de subir mais.

“Quando a tarifa ultrapassa o patamar que representa a capacidade de pagamento dos usuários, existe uma tensão social, gera-se o risco de a população se revoltar. Depois de 2013 [quando o aumento das tarifas de transporte público deflagrou protestos em cascata], esse tema passou a ser politicamente mais sensível”, conclui o advogado.

Por isso, muitos pedidos de reequilíbrio econômico-financeiro que mexem com questões tarifárias acabam sendo represados nas agências reguladoras.

Fonte: CNN Brasil

Aracaju participa da COP 30 com agenda de reflorestamento dos manguezais e educação ambiental

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Buscando consolidar a capital sergipana como referência nacional em sustentabilidade e adaptação para as mudanças climáticas, a Prefeitura de Aracaju participa da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima (COP 30), que acontece em Belém, a partir desta segunda-feira, 10, até o dia 21 de novembro.

Na ocasião, líderes de todos os continentes estarão reunidos para debater e assumir novos compromissos em torno de uma agenda global climática, visando solucionar crises.

Primeira cidade do mundo a aderir à iniciativa global voltada à proteção e restauração de 15 milhões de hectares de manguezais, Aracaju participa da COP 30 com o objetivo de liderar um protocolo de proteção das áreas de mangue, reduzir a degradação, promover o reflorestamento e a educação ambiental.

Para a secretária do Meio Ambiente de Aracaju, Emília Golzio, a COP 30 é o momento ideal para engajar governos locais e a população num esforço coletivo de proteção deste ecossistema.

“As cidades estão na linha de frente dos impactos das mudanças do clima, mas também são espaços de soluções. Nesse sentido, compartilhar experiências num ambiente de discussão global e aprender com outras gestões é fundamental para que Aracaju continue avançando em uma agenda sustentável e em políticas públicas de adaptação”, destacou.

Pioneirismo no reflorestamento 

Ecossistema costeiro que faz parte da paisagem natural e da identidade cultural de Aracaju, os manguezais são ricos em biodiversidade e vitais para o enfrentamento às mudanças climáticas.

Diante da relevância ecológica dos mangues, a Prefeitura de Aracaju tem se empenhado em desenvolver soluções baseadas na natureza que possam auxiliar na recuperação de áreas degradadas, engajar a comunidade nos cuidados e mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Uma das iniciativas neste sentido é o projeto ‘Aju é Mangue’, voltado à recuperação, proteção e manejo do ecossistemas de manguezal em áreas urbanas por meio de uma tecnologia inédita para produção de mudas de três espécies de mangue em ambiente controlado.

“O ‘Aju é Mangue’ é um grande plano de ação voltado a restauração dos manguezais da nossa cidade. O projeto envolve diversas frentes como como reflorestamento, educação ambiental e engajamento popular”, explicou Pedro Menezes, gestor de projetos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

O projeto teve seu primeiro reconhecimento nacional em agosto, ao fazer parte da programação do painel “Governo e Sustentabilidade”, no Connected Smart Cities, em São Paulo, maior evento de inovação e sustentabilidade do país.

Resultados parciais

O primeiro plantio experimental do projeto aconteceu em julho, no bairro Lamarão, na Zona Norte, quando a equipe técnica do Horto Municipal de Aracaju plantou 100 mudas de Mangue Vermelho. A espécie, que geralmente é encontrada na parte mais frontal do manguezal, em contato com a água, caracteriza-se por suas raízes-escoras que servem para dar sustentação à árvore e para absorver oxigênio.

Dois meses após o plantio, a Sema realizou o monitoramento a fim de avaliar a adaptação das mudas, visto que elas foram produzidas em um ambiente controlado e transplantadas na natureza. Esse monitoramento trouxe resultados extremamente positivos: a taxa de sobrevivência das mudas foi de 94%, ou seja, das 100 mudas plantadas, apenas seis não sobreviveram.

Em outubro, motivados pelo resultado animador, os técnicos do Horto realizaram a segunda ação de plantio de mangue. Dessa vez, o teste se deu com a espécie de Mangue Branco, e o manguezal escolhido foi o do bairro Coroa do Meio, na Zona Sul da capital. Mais 100 mudas foram plantadas e estão sendo monitoradas para avaliar a taxa de sobrevivência da espécie.

Os resultados preliminares serão transformados em um estudo base para o desenvolvimento do primeiro Protocolo Municipal de Produção de Mudas de Mangue, permitindo, assim, que o modelo aracajuano de reflorestamento de manguezal possa ser replicado em outras cidades.

Fonte: Prefeitura de Aracaju

Apenas 15 das 92 cidades do Rio não têm domínio consolidado de facção criminosa, segundo a PM. Veja a lista

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Dos 1.648 locais mapeados no estado, 1.036 (62,8%) são controlados pelo CV; 340 (20,6% ) pelo TCP; 229 (13,9%) pela milícia; e 43 (2,6%) pelo ADA

Um relatório reservado do setor de inteligência da Polícia Militar aponta que o Comando Vermelho atua em 70 dos 92 municípios do Estado do Rio. O levantamento aponta todas as comunidades em que há atuação de grupos criminosos de forma estruturada, seja do CV, do Terceiro Comando Puro (TCP), da milícia ou da ADA. O levantamento também revela que há somente 15 cidades onde não há o domínio consolidado de algum grupo criminoso. Confira quais são.

As 15 cidades

  1. São José do Vale do Rio Preto – Serrana
  2. Casimiro de Abreu – Região dos Lagos
  3. Silva Jardim – Região dos Lagos
  4. Mendes – Centro-Sul Fluminense
  5. Pinheiral – Sul Fluminense
  6. Rio das Flores – Centro-Sul Fluminense
  7. Sapucaia – Centro-Sul Fluminense
  8. Carapebus – Norte Fluminense
  9. Cardoso Moreira – Norte Fluminense
  10. Quissamã – Norte Fluminense
  11. Cambuci – Noroeste Fluminense
  12. Italva – Noroeste Fluminense
  13. Carmo – Serrana
  14. Sumidouro – Serrana
  15. São Sebastião do Alto – Serrana

Territórios ocupados

Dos 1.648 locais mapeados, 1.036 (62,8%) são controlados pelo CV; 340 (20,6% ) pelo TCP; 229 (13,9%) pela milícia; e 43 (2,6%) pelo ADA. Mas, como há muitas disputas territoriais, esses dados precisam ser constantemente atualizados e, de acordo com o subsecretário de Inteligência da Secretaria de Polícia Militar, coronel Uirá do Nascimento Ferreira, só são inseridos no documento após o grupo se consolidar no local. A Carobinha, em Campo Grande, por exemplo, ocupada na semana passada, ainda não consta nessa estatística.

Territórios ocupados por grupos criminosos
Foto: Editoria de Arte

De acordo com o secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, foram as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) que contribuíram para a expansão da atuação de facções do tráfico, antes concentrado na capital fluminense:

— O que aconteceu após as UPPs foi o espalhamento dos traficantes por todo o estado. Paralelamente, o CV entendeu que a droga não é mais o negócio mais rentável. Hoje, o tráfico representa de 10% a 15% do faturamento da facção. Eles passaram a explorar economicamente os territórios, replicando atividades típicas das milícias. A prioridade passou a ser gerar receita com gás, luz, água, internet, transporte alternativo e extorsão, impondo o terror à população local.

Mas o CV também se espalhou pelo país: já está em 25 dos 27 estados. Embora considere o combate à facção um desafio, o coronel Uirá acha possível a retomada desses territórios pelo governo, com inteligência e estratégia. Ele tem explicações para o crescimento da facção:

— O CV é a primeira facção do Brasil e influenciou praticamente todas as facções no território nacional.

‘Nossos apartamentos não valem mais nada’

Depois de um ano de confrontos que deixaram os moradores do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, sob fogo cruzado, o CV conseguiu se consolidar na comunidade. Uma moradora da Rua Silva Pinto, no entorno dos Macacos, não vê saída a não ser conviver com o medo:

— No Dia das Mães, eu e meus filhos tivemos que almoçar dentro do meu quarto, único lugar seguro quando há tiroteio. Na garagem do meu prédio, sempre há balas no chão. Penso em sair todos os dias daqui. Mas meu apartamento é próprio. Como vou vender? Quem vai querer comprar? Nossos apartamentos não valem nada hoje.

Este ano, além dos Macacos, o CV tomou do TCP (mesmo que ainda o controle não esteja consolidado) o Campinho e o Fubá (Cascadura), o Morro do Divino (Praça Seca), o Gogó da Ema (Belford Roxo), Maria Joaquina (Búzios); e Fazenda da Barra 2 (Resende). Em 2024, na Zona Sudoeste, deixaram de ser controladas por milícia e viraram CV: Gardênia azul (Jacarepaguá), Cesar Maia (Vargem Pequena), Coroado (Vargem Pequena) e Fontela (Vargem pequena) e Jardim Bangu.

Uma moradora do Itanhangá diz que a atuação do CV em comunidades da região assusta e desvaloriza os imóveis do bairro conhecido por residências de alto padrão em meio ao verde. Ela relata que a facção tenta se apropriar do fornecimento de alguns serviços para além das favelas:

— Eles estão tentando vender gás de cozinha deles nos condomínios que ficam foras das favelas, inclusive atuam para impedir que outros façam esse serviço. O mesmo com a questão de internet. Teve até uma vez, meses atrás, que um batalhão da PM precisou dar cobertura para a companhia atuar — contou ela.

Em Ramos, na vizinhança do Morro do Adeus — última área do Alemão que passou do TCP para o CV — um morador diz que precisou se render a internet do tráfico:

— O meu prédio ainda tem uma opção de internet legalizada, mas a maioria não tem. Hoje, tenho duas “internets”. Instalei a deles, porque a legalizada ficou quase duas semanas inoperante. Até pensei que não iria voltar mais — contou.

Ainda segundo o secretário de Polícia Civil, o foco do CV na exploração econômica dos territórios fez com que a facção investisse ainda mais na expansão de suas áreas de atuação nos últimos quatro anos, o que resultou no aumento da receita e da renda do grupo.

— Com essa mudança de tática, voltada ao domínio territorial e econômico, é natural que o poderio financeiro da facção tenha crescido de forma expressiva. Não à toa, eles investiram fortemente na tomada de áreas na região da Grande Jacarepaguá, na Zona Oeste. Eles perceberam o potencial econômico da região — completou o secretário.

Uma moradora do Itanhangá, que não quis se identificar, contou que a atuação do CV em comunidades da região assusta os moradores e desvaloriza os imóveis do bairro de classe alta, que é conhecido por residências de alto padrão em meio ao verde. Ela também relatou que constantemente integrantes da facção tentam se apropriar do fornecimento de alguns serviços para além das favelas.

Rumo ao interior pacato

Na pacata cidade de Paulo de Frontin, na Região Centro-Sul Fluminense, policiais já identificaram a influência do CV em alguns territórios. Porém, o município ainda consta entre os poucos onde não há controle de grupos criminosos, conforme o mapa da PM.

Com uma população de pouco mais de 7 mil habitantes, segundo o IBGE, Paulo de Frontin faz divisa com Paracambi e Miguel Pereira, onde a facção possui uma estrutura consolidada. De acordo com uma moradora, criminosos saem dessas cidades e tentam se estabelecer em Paulo de Frontin. Ela contou que os habitantes sempre viveram tranquilos, dormindo com janelas e portas abertas, mas que já não se sentem seguros para isso:

— Nós percebemos que começaram a aparecer pessoas diferentes na cidade, sempre se instalando em bairros mais afastados do centro, como Morro Azul, Sossego e Sacra Família. Depois disso, alguns locais passaram a ser conhecidos como áreas de “difícil acesso” e ter registros de furtos, venda de drogas e uso de armas. Isso não existia aqui.

Representantes de países antecipam debates e fazem esforço para fechar temas da agenda do 1º dia da COP30

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A negociação prévia no sábado e domingo foi uma forma que a diplomacia brasileira, responsável por coordenar os trabalho, encontrou para evitar que discussões sobre o que deveria ser debatido acabasse por travar a agenda e impedisse o avanço das negociações.

Representantes de países que participam da COP30 passaram o fim de semana negociando o que será discutido nesta segunda-feira (10), primeiro dia da Conferência do Clima. O foco é combinar quais assuntos terão prioridade na tentativa de chegar a acordos ao fim das duas semanas de evento em Belém.

A negociação prévia no sábado e domingo foi uma forma que a diplomacia brasileira, responsável por coordenar os trabalhos, encontrou para evitar que a disputa por definição dos assuntos acabasse por travar a agenda e impedisse o avanço das negociações.

A Tecnologia como Instrumento de Combate ao Crime

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Entre o ciberespaço e as ruas, como a tecnologia redefine o combate ao crime e desafia a segurança pública no Brasil

  A tecnologia tem se revelado uma aliada crucial no combate ao crime em diversas frentes. No Brasil, a mudança no panorama criminal é evidente: enquanto os roubos à mão armada vêm apresentando queda, os crimes cibernéticos crescem em ritmo alarmante, consolidando o país como vice-campeão mundial nesse tipo de delito. Segundo dados recentes, a cada 1 minuto e 52 segundos, um novo caso de estelionato eletrônico é registrado. Esse cenário exige respostas rápidas e integradas das autoridades, tornando a tecnologia uma das principais armas contra o avanço da criminalidade.

          Os criminosos de hoje não se escondem apenas nas ruas, mas também nas redes. Eles utilizam inteligência artificial, softwares de automação e engenharia social para aplicar golpes em larga escala. Um fenômeno particularmente preocupante é o uso dessas tecnologias de dentro dos presídios, onde detentos, com acesso indevido a celulares e sistemas digitais, conseguem ligar para milhares de pessoas simultaneamente, utilizando vozes sintéticas e sistemas automatizados para simular centrais bancárias, empresas ou familiares. Esses golpes, cada vez mais convincentes, demonstram como a criminalidade se sofisticou e se aproveita dos mesmos avanços tecnológicos usados pelo Estado.

          Esse paradoxo — de a tecnologia ser tanto uma ferramenta de defesa quanto de ataque — escancara a necessidade de investimentos contínuos em inteligência e segurança digital. É preciso não apenas aprimorar os sistemas de rastreamento e monitoramento, mas também desenvolver políticas eficazes para bloquear a comunicação ilegal em unidades prisionais, evitando que o crime se reproduza a partir do cárcere.

          Por outro lado, quando bem empregada, a tecnologia tem produzido resultados expressivos. Um exemplo de destaque é o Programa Smart Sampa, implantado na cidade de São Paulo, que utiliza câmeras inteligentes com reconhecimento facial integradas a bancos de dados da Secretaria de Segurança Pública. Durante o carnaval passado, o sistema foi responsável pela prisão de dezenas de foragidos da Justiça, identificados em meio a grandes aglomerações. A experiência comprova que o uso ético e eficiente da tecnologia pode ampliar significativamente a capacidade operacional das forças de segurança e reduzir riscos em ações de campo.

          Ao mesmo tempo em que o poder público avança nesse processo de modernização, os criminosos também se mostram cada vez mais ousados e bem equipados. A recente Operação Contenção, realizada no Rio de Janeiro, escancarou o nível de preparo das facções. Durante os confrontos, foram identificados drones equipados com dispositivos para o lançamento de granadas, um recurso altamente moderno e letal, utilizado para atacar as forças policiais. O episódio reforça que o enfrentamento à criminalidade organizada exige atualização constante, treinamento especializado e investimentos em contramedidas tecnológicas de alta complexidade.

          Entretanto, é essencial reconhecer que o uso indiscriminado da tecnologia traz desafios éticos e sociais. A expansão da inteligência artificial em processos de vigilância e a coleta massiva de dados geram debates sobre privacidade, segurança e controle social. O equilíbrio entre eficiência policial e respeito às liberdades individuais deve ser permanente e transparente, com regras claras e fiscalização institucional.

          O conceito de “rede de segurança” se aplica bem a esse contexto: cada camada de proteção — seja o monitoramento por câmeras, a proteção de dados pessoais, ou a educação digital da população — forma uma teia que dificulta a ação dos criminosos. Contudo, a cultura de segurança ainda é frágil no Brasil, onde a exposição excessiva de informações nas redes sociais e a confiança ingênua em comunicações digitais tornam as pessoas alvos fáceis de fraudes.

          A tecnologia é uma poderosa aliada na prevenção e no combate ao crime, mas deve ser usada com sabedoria, ética e responsabilidade. A segurança pública moderna é construída em parceria: entre Estado, instituições e cidadãos. Somente ao investir em inovação, qualificação e cultura de proteção digital poderemos transformar o Brasil em uma sociedade mais segura — tanto no mundo real quanto no virtual.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Portal CSC