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VLT DE BAURU: CONHEÇA O PROJETO QUE USA OS TRILHOS ABANDONADOS DA CIDADE

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Cerca de R$ 2 milhões serão usados para estudar se o modal é mesmo viável na cidade do interior paulista

A cidade de Bauru, no interior de São Paulo, pode ganhar um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em breve. O meio de transporte, que se assemelha a um bonde, usaria trechos de linha férrea que estão abandonados desde 2001 no município, quando o último trem urbano circulou na cidade.

A Prefeitura criou um Grupo de Trabalho para analisar a viabilidade do VLT e entender se é possível reutilizar as estruturas já existentes. Este grupo deve lançar, em 2025, o edital que contratará a empresa responsável por estudar o projeto.

A cerca de 300 km de São Paulo, a cidade de Bauru possui 380 mil habitantes e conta apenas com ônibus quando o assunto é transporte público. O município obteve R$ 1,5 milhão do Governo Federal por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para realizar os estudos preliminares a respeito do VLT. Além disso, injetou R$ 500 mil em recursos próprios.

Como será o VLT de Bauru?

De acordo com a Prefeitura, o intuito com o VLT é criar “mais alternativas de mobilidade urbana entre o Centro e outras regiões”. O plano inicial para o modal inclui três ramais que atenderiam as zona oeste, sul e leste da cidade. As linhas passariam pelo Centro, fazendo uma parada na antiga estação de trem, e atenderiam áreas como o Shoppping Boulverd, o Instituto Toledo de Ensino (ITE) e o Poupatempo.

Em nota para o Mobilidade Estadão, a Prefeitura citou como benefícios do modal “a recuperação de linhas obsoletas que estão em uma parte significativa do município, aproveitamento de estruturas físicas e um sistema complementar de transporte que nos ajudará a melhorar a mobilidade urbana do município”.

“O VLT é um trem de baixa capacidade. Ele transporta uma quantidade de pessoas menor que um metrô, por exemplo”, afirma Luís Kolle, engenheiro do Metrô e presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP).

De acordo com ele, o VLT pode ser uma boa escolha, dependendo do número de pessoas que o usarão. “O que determina o modal que deve usado em uma cidade é a demanda reprimida. Quantas pessoas que você vai precisar pegar naquele trecho”, ele explica.

Por fim, o engenheiro da AEAMESP cita outras opções de transporte, como o BRT, sistema de ônibus em via exclusiva. De acordo com ele, ônibus biarticulados poderiam transportar até 150 pessoas por veículo. O VLT, por outro lado, transporta em média 400 pessoas por carro em Santos, onde já é utilizado.

Fonte: Mobilidade Estadão

A TECNOLOGIA NOS GOVERNOS VAI ACABAR COM O FUNCIONALISMO PÚBLICO?

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Se de um lado as tecnologias podem ser aliadas, do outro demandam novas habilidades dos servidores públicos em um mundo cada vez mais digital.

A tecnologia avança a passos largos, revoluciona diversos setores da sociedade e o serviço público não é exceção. Com soluções cada vez mais eficientes e automatizadas, se levanta a questão: o servidor público será substituído?

Sistemas de informação, softwares de gestão e aplicativos móveis já transformaram a gestão pública. Agora, essas ferramentas incorporam funcionalidades baseadas em Inteligência Artificial e automações avançadas.

O objetivo é melhorar o atendimento ao cidadão e agilizar as demandas internas para tornar os serviços públicos mais modernos e eficientes.

A tecnologia possibilita aos servidores se concentrarem em tarefas que exigem habilidades humanas únicas, como tomada de decisão, comunicação interpessoal e resolução de problemas complexos.

Assim, as atividades repetitivas, que hoje dominam a pauta do servidor – como preenchimento de formulários, processamento de documentos e atualização de registros – ficam à cargo de um sistema capaz de realizar tarefas operacionais de forma mais eficiente e precisa, menos suscetível a erros e corrupção.

Esse impacto é sentido à medida que mais usuários experimentam e compreendem que as tecnologias aumentam a oportunidade para o setor público beneficiar os cidadãos e melhorar a rotina de seus servidores.

O trabalho dos servidores públicos continua essencial e não se vislumbra uma substituição da mão-de-obra, mas é fundamental que os profissionais se adaptem às novas tecnologias e aprendam a utilizá-las de maneira estratégica.

A predisposição em se adaptar às mudanças não exime a responsabilidade do Estado em acompanhar essa evolução, principalmente nos municípios, que funcionam como o primeiro ponto de conexão com os cidadãos.

Além de responsabilidade do servidor, é papel crucial dos órgãos governamentais promover essa capacitação e mostrar que os servidores não devem temer as tecnologias, mas usufruir os benefícios que surgem com elas.

Para além das capacidades técnicas, as competências humanas continuam essenciais e passam a ser centrais. Apenas 20% são habilidades para atuar com as ferramentas tecnológicas.

Os 80% das competências são dedicadas à liderança de projetos, ao relacionamento com a rede de parceiros e à atuação, com sensibilidade, para entender a realidade das pessoas que buscam e dependem dos serviços públicos.

É necessário que o servidor público desenvolva um olhar transversal e entenda os problemas em diferentes perspectivas, especialmente pelo viés do cidadão.

Nos próximos anos, ele deverá atuar mais como solucionador de problemas, em atividades político-estratégicas – onde há um componente de cultura, de contato, de relações pessoais – que não podem ser feitas por máquinas.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

INFRAESTRUTURA BRASILEIRA COM FOCO EM SUSTENTABILIDADE E EFICIÊNCIA

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Evento reúne especialistas do setor público e privado para debater descarbonização e infratech, impulsionando inovação e parcerias estratégicas para o futuro sustentável das PPPs e Concessões.

O evento P3C, que acontece nos dias 24 e  25 de fevereiro, trará discussões essenciais sobre a descarbonização e os desafios da transição energética, com foco em áreas-chave como transporte, mobilidade urbana, saneamento, energia e infraestrutura inteligente. Em um mundo cada vez mais digitalizado, é inegável o impacto disruptivo das tecnologias emergentes na transformação dos setores de infraestrutura. A transição para uma economia mais sustentável exige repensar como as infraestruturas são planejadas, entregues e operadas, com destaque para as soluções que promovem a eficiência energética, a redução de emissões e a promoção da mobilidade elétrica.

A integração de novas soluções tecnológicas é fundamental para a estruturação e regulação dos setores de energia, saneamento e transportes. A infraestrutura inteligente, com redes conectadas e a aplicação de dados, surge como um pilar crucial nessa transformação. O setor de telecomunicações, muitas vezes subestimado, assume um papel central, servindo como alicerce para a inovação. Com o avanço do 5G, sensores IoT e a coleta massiva de dados, a digitalização de rodovias, portos e redes de energia traz oportunidades inéditas de gestão eficiente, novas receitas e redução de custos.

No Brasil, o desafio é ainda maior devido à complexidade da regulação, da infraestrutura existente e das disparidades regionais. Iniciativas como a Nota Técnica SEI nº 29640/2022/ME discutem as questões prementes da InfraTech, como a exploração de receitas acessórias em concessões, a digitalização do setor elétrico, e as questões de segurança cibernética. O desenvolvimento da InfraTech no Brasil precisa, portanto, de um planejamento estratégico que considere as melhores práticas globais e a capacidade de adaptação dos sistemas nacionais.

A transformação digital nos setores de infraestrutura traz benefícios claros, especialmente em termos de eficiência. Soluções de InfraTech, como os carros elétricos e as redes inteligentes (smart grids), oferecem uma nova visão de como os sistemas podem operar de forma integrada. A mobilidade urbana, por exemplo, se beneficia diretamente dessas inovações, com sistemas de transporte mais inteligentes e sustentáveis, baseados em dados e monitoramento em tempo real. A gestão do tráfego urbano e o uso de veículos elétricos também entram nesse contexto, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

A crescente digitalização também impacta o setor de saneamento, com inovações como hidrômetros digitais e sensores inteligentes, que ajudam a otimizar o consumo de água e reduzir desperdícios. Em países africanos, como Nigéria e Quênia, modelos de pré-pagamento de serviços de água já são utilizados para atender populações de baixa renda, e esses exemplos podem ser adaptados para o Brasil, especialmente em regiões mais isoladas.

Entretanto, a implementação dessas soluções não está isenta de desafios. O aumento da complexidade das tecnologias emergentes pode trazer riscos tanto na segurança quanto na confiabilidade dos sistemas. Além disso, a adoção de novas tecnologias exige um esforço significativo de qualificação da mão de obra, com foco na requalificação dos profissionais do setor de infraestrutura para lidar com as novas demandas tecnológicas.

Outro aspecto crítico são os riscos sociais e ambientais. O uso intensivo de dados, por exemplo, levanta questões sobre a privacidade e a proteção das informações pessoais, além do impacto ambiental gerado pelo aumento do consumo de energia para o armazenamento de dados. A transição para uma infraestrutura mais digitalizada e sustentável precisa ser cuidadosamente planejada para evitar aumentar as desigualdades no acesso aos serviços.

No entanto, a convergência entre setores de infraestrutura, como energia, telecomunicações e transporte, oferece uma grande oportunidade para criar sistemas mais eficientes e resilientes. A implementação de sensores e tecnologias digitais desde as fases iniciais de novos projetos, como o uso de infraestrutura para recarga de carros elétricos ou a integração de redes inteligentes para gestão de energia, pode resultar em uma infraestrutura mais integrada e preparada para os desafios do futuro.

O evento P3C é um ponto de encontro estratégico para especialistas, gestores públicos, empresas e acadêmicos, promovendo debates sobre temas cruciais para o futuro das infraestruturas no Brasil e no mundo. Com foco em áreas como descarbonização e InfraTech, o evento aborda questões como transição energética, mobilidade urbana, redes inteligentes, free flow e inteligência de dados. Além de promover o alinhamento entre a iniciativa privada e os gestores públicos, o P3C inclui rodadas de negócios, painéis temáticos, e espaços dedicados ao networking, incentivando parcerias estratégicas e a troca de conhecimentos para o desenvolvimento de soluções inovadoras para desafios em infraestrutura e governança ESG​. Para mais informações sobre o evento, acesse: https://p3c.com.br/

EQUIPE GUARD EYE VENCE 1º HACKATHON SMART CITIES COM SOLUÇÃO INOVADORA EM SEGURANÇA

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O Guard Eye se destacou com um aplicativo inovador que atua no combate a assaltos e homicídios, além de oferecer soluções para segurança escolar, feminina, pública e comercial.

A equipe Guard Eye – Intelligence Artificial foi a grande vencedora do 1º Hackathon Smart Cities, evento promovido pela Governança Londrina Inteligente e realizado durante o 1º Festival Internacional de Inovação de Londrina (FIIL). O resultado foi anunciado na manhã deste domingo (8), após as equipes participantes apresentarem seus projetos em pitches para uma banca de especialistas, realizadores e patrocinadores. O Guard Eye se destacou com um aplicativo inovador que atua no combate a assaltos e homicídios, além de oferecer soluções para segurança escolar, feminina, pública e comercial. A ferramenta também inclui funcionalidades como identificação de placas de veículos e implementação de blitz inteligente, contribuindo para cidades mais seguras e conectadas.

O segundo lugar ficou com a equipe AquaVoltex, que apresentou uma solução para monitoramento de vazamentos no sistema de distribuição de água. Já a terceira colocação foi conquistada pela equipe Me Joga No Lixo, com um projeto de biotecnologia voltado à gestão de resíduos e aprimoramento da compostagem. Cristianne Cordeiro Nascimento, presidente da Governança Londrina Inteligente e Assessora de Relações Institucionais e Inovação da Fundação Araucária, elogiou a qualidade dos projetos apresentados. “Tivemos diversas ideias e soluções que tornam nossas cidades mais inteligentes. Apesar de escolhermos apenas uma vencedora, esperamos que todas as boas ideias se transformem em startups e empresas que contribuam para o desenvolvimento de Londrina e outras cidades.”

Os vencedores receberam prêmios em dinheiro: R$ 3 mil para o primeiro lugar, R$ 2 mil para o segundo e R$ 1 mil para o terceiro. O Hackathon foi uma realização conjunta da Unifil, ANPEA, CREA-PR e Sebrae/PR, com apoio da Fundação Araucária, Governo do Estado do Paraná, Estação 43, Governança das Instituições de Ensino Superior e APL TIC Londrina. O evento teve patrocínio da JET e Maptriz Smart Cities. Com informações: Assessoria de Imprensa.

Fonte: Paiquerê FM

QUAIS AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS PARA ALÉM DA IMPORTÂNCIA DO GTFS QUE O EVENTO GLOBAL DA MOBILITYDATA TROUXE?

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A importância do GTFS e sua potencial aplicação em mecanismos de Financiamento e Subsídio

O MobilityData Summit realizado recentemente, em Montreal no Canada, destacou tendências cruciais para o futuro do transporte coletivo, reunindo especialistas e líderes do setor em um ambiente de colaboração e inovação. Para além das boas práticas do GTFS (General Transit Feed Specification), um padrão globalmente adotado para a publicação de dados de transporte público, foram apresentados cases de sucesso da sua adoção e como ele se tornou essencial para a digitalização e modernização do setor.

O Papel Fundamental do GTFS

O GTFS revolucionou a forma como os dados de transporte coletivo são compartilhados e utilizados. Criado inicialmente como um formato para fornecer informações de horários e rotas para aplicativos de mobilidade, ele evoluiu para um padrão robusto que agora abrange uma gama mais ampla de informações, incluindo dados em tempo real e informações de acessibilidade.

Este padrão desempenha um papel vital ao permitir que agências de transporte, desenvolvedores de software e usuários finais tenham acesso a dados consistentes. Isso resulta em uma melhor experiência para os passageiros, maior eficiência operacional e a possibilidade de integração entre diferentes sistemas de transporte. No entanto, o potencial do GTFS vai além da melhoria na experiência do usuário; ele pode ser uma ferramenta estratégica para a formulação de políticas públicas e a alocação de recursos.

GTFS como Requisito em Financiamento e Subsídios

Um dos aspectos mais inovadores discutidos no Summit foi sobre a tendência da adoção do GTFS como um critério para a concessão de financiamento e subsídios no transporte público. Esta abordagem poderia transformar a forma como os recursos são distribuídos, incentivando a adoção de boas práticas e eficiência operacional. Esta medida já havia sido levantada em um artigo em junho. Neste sentido a Bus2 disponibilizou seu editor GTFS de forma gratuita em parceria com FNP e Google para que os municípios pudessem se preparar e antecipar a tal medida. 

Conclusão

O GTFS representa um avanço significativo na digitalização e modernização do transporte público. Integrar este padrão como um critério para financiamento e subsídios, além de uma tendência, poderia acelerar sua adoção trazendo diversas consequências de melhoria para usuários e gestores. As discussões presenciadas durante o Summit da MobilityData indicam um caminho promissor e diversas ações simples porém complementares, onde a interoperabilidade e o uso inteligente de dados serão fundamentais para enfrentar os desafios de transporte nas cidades.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

BR DOS RIOS: PROJETO PRETENDE EXPLORAR POTENCIAL HIDROVIÁRIO PARA TRANSPORTE DE CARGA

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Proposta está em andamento desde 2022; governo federal promete entregar texto até final do ano

O projeto conhecido como BR dos Rios voltou a avançar no governo federal. Após três anos desde o anúncio, o governo federal criou a primeira Secretaria Nacional de Hidrovias e Navegação, focada no desenvolvimento do potencial hidroviário do País. Em 2023, a então secretária nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Mariana Pescatori, afirmou que o projeto seria entregue até o final daquele ano, o que não aconteceu.
O projeto de regulamentação do transporte aquaviário, conhecido como BR dos Rios, promete desenvolver e incentivar o uso de modal hidroviário em rios. O transporte terá foco no deslocamento de carga, como alternativa ao transporte rodoviário. O nome faz menção ao projeto BR do Mar, sancionado em 2022, para a expansão da navegação na costa brasileira.

Desde a criação da secretaria, o governo já anunciou 60 empreendimentos hidroviários (43 Obras Públicas + 17 projetos), através do Novo PAC. Além disso, também lançaram o programa de concessões hidroviárias (Plano Geral de Outorgas – PGO), inédito no País.

Potencial hidroviário

De acordo com o Ministério de Portos e Aeroportos (Mpor), o Brasil possui cerca de 20 mil quilômetros de hidrovias economicamente navegáveis. O órgão também afirma que o País tem potencial de chegar até os 42 mil quilômetros navegáveis. Segundo o monitoramento federal, cerca de 126 milhões de toneladas de cargas foram movimentadas na navegação interior no último ano.

Junto ao lançamento da nova secretaria, em abril, o governo também anunciou que pretende investir cerca de R$ 4,1 bilhões do novo PAC, até 2026, no modal. A secretaria é a primeira do Brasil dedicada exclusivamente para a criação e implementação de políticas públicas voltadas para o uso e desenvolvimento de hidrovias.

Quem assumiu a secretaria foi o diretor do Departamento de Navegação e Hidrovias, Dino Antunes Dias Batista. De acordo com o anunciado, a secretaria terá como prioridade o desenvolvimento da infraestrutura hidroviária nacional, planejamento estratégico e segurança hidroviária, principalmente.

Fonte: Mobilidade Estadão

BRT RADIAL LESTE TEM INICIADA AS OBRAS O TRECHO I

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A Prefeitura de São Paulo começou oficialmente, as obras do BRT Radial Leste, corredor de ônibus ligando o centro da cidade até a região da Penha na primeira fase.

Os investimentos neste trecho são de R$ 385 milhões com a previsão de entregar em maio de 2026 9,8 km da via partindo do Parque Dom Pedro II.

De acordo com o prefeito Ricardo Nunes, os embarques serão com pagamento antes de entrar no veículo, agilizando o processo, com pontos de ultrapassagem entre os ônibus, pistas em concreto, evitando desgaste e diminuindo a necessidade de manutenções.

“Teremos o primeiro BRT da cidade de São Paulo. Depois virá o VLT do Centro, um conjunto de ações de mobilidade aqui na nossa cidade. Todas essas ações vão ajudar bastante para em um futuro bem próximo, melhorar a mobilidade e, principalmente, diminuir o tempo das pessoas no transporte coletivo. Isso é melhorar a qualidade de vida das pessoas”, disse o prefeito Ricardo Nunes.

Serão três faixas exclusivas do lado esquerdo permitindo a ultrapassagem junto com melhorias na iluminação da pista e semáforos inteligentes.

A prefeitura prevê também a implantação de uma ciclovia no percurso, promovendo a intermodalidade e a convivência pacífica entre os modais.

No Terminal Parque Dom Pedro II será construída uma Sala de Apoio Operacional (Sala SAP) e a estimativa de  400 mil pessoas por dia sendo beneficiadas com uma redução em 50% no tempo de viagem.

Fonte: ViaTrolebus

O FREE FLOW E A INOVAÇÃO NOS ESTACIONAMENTOS

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A passagem ou acesso facilitado por leitura de placa com pagamento viabilizado por um sistema ou pelo uso de tags é algo ainda incipiente em estacionamentos

O estacionamento é uma das primeiras impressões sobre centros de comércio ou serviços. É uma das portas de entrada e marca a experiência do público ao acessar o estabelecimento. É a facilidade, a comodidade e a praticidade de chegar ao local que contribui para a escolha da forma de acesso, o tempo de permanência e consumo, e até mesmo a fidelização do público. 

Com a adesão gradual do sistema free flow – pedágios eletrônicos e de livre passagem que eliminam as cabines físicas de pagamento – nas rodovias brasileiras, temos um exemplo de como a inovação pode impactar a fluidez do trânsito, resultando também em eficiência tarifária e redução de custos operacionais. Essa modalidade, que permite ao usuário pagar valor proporcional ao uso da via, foi recentemente regulamentada pelo Conselho Nacional de Trânsito, e deve ser tema de portaria da Secretaria Nacional de Trânsito, visando normatizar as cobranças, para que as concessionárias de rodovias se adaptem em 180 dias. A adoção total ao modelo já é prevista em alguns contratos vigentes para ser efetuada até 2030. 

A passagem ou acesso facilitado por leitura de placa com pagamento viabilizado por um sistema ou pelo uso de tags é algo ainda incipiente em estacionamentos. O segmento precisa se adaptar mais a essa demanda. Nesses espaços, desde março de 2020, os pagamentos por aplicativos, cartões de aproximação ou o chamado “touchless”, ou seja, sem contato físico, foram cada vez mais implementados, e é desse período até julho de 2023 que o número de motoristas que aderiram às tags também teria crescido em 50% de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade.

Para essa adaptação, é fundamental contar com empresas que conectem o estabelecimento ao que há de mais inovador, passando por gestão otimizada de dados, de sistemas de pagamento, monitoramento dos espaços e treinamento de profissionais, além de viabilizar parcerias estratégicas que entregam conveniência ao usuário final dos estacionamentos. Pois a simples criação de aplicativos próprios e eliminação da emissão de tíquetes não descomplica o acesso, caso não haja a robustez de uma gestão eficiente, a avaliação de soluções mais adequadas e toda a estrutura necessária, com manutenções e atualizações previstas, além de um suporte ágil e dedicado ao cliente.

Entregar a melhor experiência ao usuário envolve investimentos que, por fim, serão bem vantajosos ao negócio. A inovação com o “free flow” exige um investimento inicial em infraestrutura, com a instalação de sistemas de leitura de placas, câmeras, sensores e tecnologias de comunicação avançadas, para garantir que todos os veículos sejam identificados corretamente. Na geração de valor para o cliente cadastrado no sistema, é possível integrar um pacote de serviços e vantagens, bem como oferecer promoções personalizadas, ou fazer a conexão com outras soluções de mobilidade como bicicletas e veículos elétricos.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NOS TRÊS PODERES: TRANSFORMANDO O SETOR PÚBLICO BRASILEIRO

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Já existem exemplos bem-sucedidos do uso da IA no setor público, mas a tendência é que esse uso cresça; e com isso, aumenta a necessidade de regulações apropriadas

A aplicação de inteligência artificial (IA) no setor público brasileiro avança em meio a discussões sobre regulamentação e segurança. 

Atualmente, ferramentas de IA já são usadas nos três poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário — para tornar a administração pública mais eficiente.  Porém, mesmo que a implementação dessa tecnologia seja um caminho sem volta tanto no setor público como privado, é importante que esse uso seja regulado para garantir resultados justos e seguros para todos.

Benefícios da IA no Setor Público

As soluções de inteligência artificial têm o potencial de transformar a administração pública, trazendo mais eficiência, economia e inteligência de dados para os órgãos governamentais. Um dos benefícios mais imediatos está na redução de riscos e de erros humanos, já que a IA permite automatizar tarefas repetitivas e manuais, liberando os servidores para funções mais estratégicas.

Além disso, ferramentas de inteligência artificial podem melhorar a segurança de dados, ao permitir que as decisões sejam registradas e auditáveis, proporcionando maior transparência e conformidade com a legislação. 

Avanços e exemplos de IA em órgãos públicos

No Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) implementou sistemas que auxiliam juízes a identificar argumentos relevantes e a acelerar o trâmite de processos urgentes. No Legislativo, o Senado adota algoritmos para organizar demandas e transcrever sessões, enquanto o Tribunal de Contas da União (TCU) usa IA generativa em auditorias internas, promovendo maior controle e transparência nas fiscalizações.

O Banco Central (BC) explora aplicações de IA para agilizar o monitoramento do sistema financeiro, enquanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) utiliza essa tecnologia para remover anúncios irregulares de medicamentos. 

Já o Serpro, parceiro de órgãos como Receita Federal e Tesouro Nacional, conta com mais de 200 desenvolvedores focados em IA, reforçando a capacidade tecnológica do setor público.

Desafios para regulamentação e governança de IA

A adoção de ferramentas de inteligência artificial em órgãos públicos precisa ser acompanhada por um planejamento e implementação de protocolos adequados, para garantir que os dados dos cidadãos sejam protegidos e que os sistemas estejam em conformidade com a legislação.

A falta de regulamentação específica ainda representa um desafio significativo. A Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial, lançada em 2021, é considerada superficial por especialistas da área, diante das necessidades do setor público. A criação de políticas mais abrangentes e a implementação do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial estão em andamento, mas a ausência de uma legislação clara dificulta a criação de uma cultura de governança e proteção dos dados no país

Em 2024, o Congresso Nacional segue debatendo o projeto de lei (PL) de Regulação de IA, que estabelece diretrizes e limites para a aplicação de IA em setores de alto risco. Esse projeto prevê a criação de protocolos de utilização que permitam o monitoramento de quem utiliza o sistema, em que situações e com que finalidades. 

A aprovação desse PL seria um passo essencial para garantir que o uso de IA nos órgãos públicos ocorra de maneira ética e segura, reduzindo riscos e protegendo os direitos dos cidadãos

Futuro da IA na administração pública

A criação de políticas de governança e de uma legislação específica para o uso de ferramentas de inteligência artificial em órgãos públicos permitirá que as organizações possam explorar todo o potencial dessa tecnologia sem comprometer a segurança dos dados e a proteção dos cidadãos. 

A adoção responsável da IA nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário não apenas aumentará a eficiência e a inteligência de dados na administração pública, mas também contribuirá para a transparência e a confiança na gestão pública.

A expansão do uso de IA no setor público brasileiro aponta para um futuro promissor, mas a governança e a conformidade serão fundamentais para garantir que essa tecnologia trabalhe a favor da sociedade e do bem-estar público.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

BIODIGESTOR, BIOGÁS E ENERGIA ELÉTRICA

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A conexão entre saneamento básico, energia, design de serviço e o aquecimento global.

Este é o primeiro artigo da série em que falarei de um conjunto de inovações urbanas que podem transformar as cidades em ambientes sustentáveis e regenerativos, acolhedores ao bem-estar das pessoas e do meio-ambiente, e capazes de lidar com as transformações do clima. Falarei de conceitos, propostas, tecnologias e empreendimentos que ainda estão ausentes do discurso das inovações urbanas.

Em geral, as inovações que figuram nas “visões de futuro” para as cidades inteligentes, resilientes e sustentáveis têm a ver com: digitalização, integração e automação de processos, economia e decisões baseadas em dados, o uso de redes de dispositivos digitais (IoT), a organização da cidade como uma rede de serviços integrados (como o MaaS, p.ex.), etc.

Por outro lado, frente às demandas da transformação climática e às necessidades do meio-ambiente, as propostas destas “visões de futuro” se limitam a pequenos movimentos e ajustes nas práticas urbanas. Precisamos de uma transformação urbana intensa, radical: as cadeias produtivas e a infraestrutura urbana consagrada na urbanidade industrial e contemporânea não endereçam as questões da sustentabilidade e da transformação climática, e não reconhecem a necessidade da regeneração sócio-ambiental. 

Como mencionei em meu artigo anterior, as cidades do futuro serão entidades muito diferentes do que foram até agora: falarei aqui de inovação urbana que poderia encaminhar essas necessárias transformações.

Saneamento Básico segundo a visão tradicional das cidades

É consenso quase absoluto que “saneamento básico”, nas cidades, é conectar todos os sanitários de domicílios, unidades comerciais e industriais à rede de esgoto. Mas, o que é a rede de esgoto?

Em meados do século XVIII, iniciou-se uma série de reformas urbanas, especialmente na Europa, que criaram o que hoje chamamos de “cidades modernas”. Parte dessas reformas foram as obras de saneamento, cuja parte mais evidente consistia no sistema de esgoto: sistemas de concentração dos efluentes humanos em grandes dutos subterrâneos, o material orgânico conduzido a corpos d’água de grande porte, como rios, lagos, mares e oceanos. O sistema foi concebido para cidades muito menores do que as contemporâneas, e é anterior ao desenvolvimento da moderna ciência médica, biológica e ecológica. Naquele momento histórico, foi a convergência técnica entre três fatores:

1 – Saúde Pública – a necessidade de separar-se seres humanos de suas excreções;

2 – Urbanização – o incremento histórico da concentração territorial dos assentamentos humanos;

3 – Topografia – o sistema de esgoto opera por simples gravidade: inevitavelmente, o local onde se concentra o esgoto é o mesmo em que se concentram os grandes corpos d’água (rios, mares, etc.).

Essa convergência criou uma situação em que é quase inevitável contaminar-se rios e oceanos com dejetos humanos e seus subprodutos.

Para tentar resolver essa questão, criou-se, a partir de meados do século XX, as chamadas Centrais de Tratamento de Esgoto. A proposta é o tratamento da água contaminada para que possa retornar à natureza o mais limpa possível. O grau de sucesso dessas iniciativas é sempre limitado, por dois motivos:

1 – O percurso entre origem das excreções humanas e as centrais de tratamento implica em um processo químico e biológico que transforma esse material em um “lodo tóxico”, agressivo à maior parte dos seres vivos (bactérias) que poderiam eliminá-lo por meios naturais.

2 – Durante esse percurso, boa parte do material orgânico é convertido em gases voláteis e combustíveis: famosos por seu odor (gás metano, principalmente), têm altíssimo impacto sobre o efeito estufa (aquecimento global) e a redução da camada de ozônio (responsável pela capacidade atmosférica em bloquear os raios ultra-violeta).

A maior parte das cidades do chamado “mundo desenvolvido” conta com amplas e abrangentes redes de saneamento básico que operam com base nos sistemas de esgoto e centrais de tratamento. Mas, em retrospecto – após 200 anos de desenvolvimento urbano e científico – fica claro que essa não é uma solução, e sim um exemplo do clássico “varrer a sujeira para debaixo do tapete”. Não se resolve o problema complexo do saneamento básico, a humanidade “terceiriza” o problema para a natureza,  que não dispõe de meios adequados para fazer essa “limpeza”.

Exemplos graves dessa terceirização, e de nosso intenso esforço em esconder e ignorar esse problema, são:

  • contaminação generalizada dos corpos d’água, com graves consequências para a natureza e para o suprimento de água limpa para os cidadãos. Sua pior expressão é a contaminação dos lençois freáticos, vista como irreversível e muito perigosa para o futuro do meio ambiente e da humanidade.
  • criação dos “emissários”: dispositivos que levam o esgoto para longe das praias e da orla marítima, garantindo um incremento da qualidade da água na orla, para o prazer dos banhistas e a viabilidade comercial do turismo de balneário costeiro, mas em nada reduzindo a contaminação das águas e do ecossistema.
  • criação de mais uma “monocultura humana”: do mesmo jeito que “cidades são monocultura de gente”, e nela estamos acompanhados de espécies parasitas e simbióticas (ratos, baratas, pombos e bacilos, como o Coronavírus), criamos contextos de hiper-especialização no meio ambiente, pois os locais onde se concentram os dejetos humanos são o mesmo lugar onde se concentram espécies que, em parte, se beneficiam dele, reduzindo-se a biodiversidade e hiper-contaminando o meio-ambiente.

Para piorar a situação, as bactérias que habitam o bioma vivo de nossas excreções emitem gases de efeito estufa poderosíssimos, em especial o gás metano, que é 60 vezes mais intenso para o aquecimento global do que o gás carbônico (emitido pela queima de combustíveis fósseis, madeira e gás mineral). Seria melhor queimar esses gases do que liberá-los na atmosfera, como fazem os sistemas tradicionais de saneamento básico.

Na prática, escondemos de nós mesmos os problemas que causamos, do mesmo jeito que uma criança acredita ficar invisível quando tapa os olhos.

O que podemos fazer?

Praticamente todos os produtores de suínos no Brasil contam com um sistema de biodigestão acoplado à criação de porcos. Os biodigestores são ambientes controlados (campânulas, reatores e outros dispositivos) que concentram os efluentes dos animais, e permitem que os micro-organismos que compõem as fezes façam a digestão completa daquele material. O resultado é água em baixa contaminação – predominantemente ácidos e alta concentração de sais minerais – e muita quantidade de gases combustíveis, que são queimados para geração de energia elétrica ou para uso da chama (cozinha, aquecimento, etc.). Há criadores de suínos que ganham mais dinheiro com energia elétrica do que com a comercialização da carne de porco.

Outra situação comum é o arranjo entre criação de suínos e outra atividade, como a produção industrial de cerâmica, que utiliza grandes quantidades de combustível para a queima das peças. O produtor industrial de cerâmica torna-se, também, um produtor de suínos porque esse arranjo produtivo (suínos + cerâmica), mesmo sendo inusitado, é altamente rentável, tornando o ceramista completamente independente em termos energéticos, zerando seu custo com compra de energia da rede pública.

Os reatores de biodigestão são uma tecnologia relativamente barata, amplamente conhecida dos engenheiros e especialistas, e garantem a conversão do efluente animal em subprodutos úteis e de baixa toxicidade. Trata-se de uma tecnologia que podemos classificar como “banal”, dada sua disseminação em alguns setores da economia, agricultura e geração de energia elétrica.

Mas, a mesma solução poderia ser utilizada no meio urbano, com a instalação de reatores de biodigestão em lotes urbanos. Neste caso, seria uma revolução no saneamento básico urbano: no lugar de grandes sistemas de esgoto, que parecem resolver o problema do saneamento causando um desastre ambiental (o sistema de esgoto é inerentemente poluente), teríamos a solução do saneamento básico dentro do lote urbano.

Cada condomínio urbano poderia contar com um sistema de biodigestão integrado ao seu sistema de saneamento: todos os efluentes humanos seriam concentrados em reatores dentro das dependências do condomínio, gerando energia elétrica em relativa abundância, e resíduo líquido que pode ser utilizado na irrigação de jardins e árvores. Portanto, a utilização de biodigestores dentro dos condomínios urbanos poderia erradicar o problema da poluição das águas pelos efluentes humanos e destinar os gases combustíveis para produção de energia. Isso tornaria os sistemas de esgoto completamente obsoletos. De fato, há uma vasta literatura científica que estuda essa tecnologia e defende seu uso mais popularizado

O que falta para implementar essa solução?

O problema do uso massivo do biodigestor em um contexto urbano não é tecnológico, e sim organizacional e empreendedor. Trata-se da criação de um novo tipo de empreendimento e sua organização social e financeira: o biodigestor, mesmo sendo uma tecnologia relativamente banal, precisa ser convertido em um serviço de consumo de massa. O empreendimento público e/ou privado que ofertará esse serviço deverá coordenar as seguintes atividades:

  • avaliar o condomínio ou conjunto de domicílios para se definir o tamanho, formato e tipologia do equipamento a ser instalado;
  • monitoramento profissional, automatizado e constante deste equipamento 24 horas por dia, 7 dias por semana, verificando sua produção de efluentes, gás combustível e energia;
  • implantação de um sistema integrado de balanceamento de carga para compensar variações nos volumes produzidos de efluentes, gás e energia, integrando diversas centrais geradoras e o sistema público de energia, por meio de smart-grid;
  • para dar conta de todo esse processo, é necessário o desenvolvimento de tecnologias secundárias, tanto para o projeto e implantação dos equipamentos, como para o seu monitoramento digital em tempo real;
  • organização de equipe(s) de monitoramento, implantação, manutenção, reparos e atualizações do sistema.

Trata-se de um novo tipo de serviço de consumo de massa, bastante similar ao serviço urbano de fornecimento de gás combustível encanado, como aquele feito pela empresa paulista Comgás. Seria uma rede integrada de biodigestores espalhados por milhões de condomínios e conjuntos de domicílios, permitindo economia de escala, balanço de carga, monitoramento profissional capacitado e automatizado.

Design de Serviço

Na realidade, a descrição que apresento acima é o “briefing” para uma ação de design de serviços. O “briefing” é o documento que descreve a demanda para profissionais de design, e outras áreas de projeto, utilizado como a orientação fundamental para o desenvolvimento de, em nosso caso, um novo serviço. As atividades do design de serviço envolvem a compreensão das características de uma tecnologia, seu valor para a sociedade e para os consumidores, a compreensão da cultura e modo de pensar dos consumidores e cidadãos, as necessidades de capacitação do corpo técnico da empresa que prestará o serviço, e a exploração das múltiplas experiências de usuário: desde o consumidor final (habitante de domicílios e condomínios) até a equipe técnica de monitoramento 24/7, passando pelos coordenadores técnicos que observam e realizam o balanço de carga do sistema, etc. E, claro, realizam os estudos de modelo de receita e viabilidade financeira de tal serviço.

Podemos afirmar que o único obstáculo entre a existência da “tecnologia biodigestão” e sua conversão em um “sistema de consumo de massa” é a realização desse projeto de design de serviço. Ou seja, resta a criação desse serviço em todos os seus detalhes operacionais, organizacionais e financeiros.

Inovação, desenvolvimento e colonialismo

Há anos, falo a respeito da promessa da biodigestão: revolucionar o saneamento básico urbano brasileiro e internacional. Surpreendentemente, é baixíssimo o interesse das empresas operadoras de energia, saneamento, gestão de condomínios, governos e gestores ambientais.

O principal motivo para esse baixo interesse é que o Brasil ainda é um país colonizado: mesmo que muitas novas ideias surjam por aqui, os gestores locais não compreendem que uma inovação pode surgir do Brasil, e acreditam que temos que importar inovação, “como sempre fizemos”.

Afinal, mesmo que não sejamos mais formalmente uma colônia, ainda somos colonizados culturalmente. Já escutei muitas vezes, de gestores públicos e privados, algo parecido com: “De fato, sua proposta é interessante, original e promissora. Mas, prefiro ver seu surgimento fora do Brasil, aguardar sua consolidação no contexto internacional, para depois importá-la.”

Por outro lado, se formos aguardar os chamados “países desenvolvidos” proporem um serviço metropolitano de biogás, essa inovação pode nunca acontecer. Afinal, esses países já estão com “o problema resolvido”: quase a totalidade dos domicílios estão ligados ao sistema de esgoto, e a “pseudo-solução” das centrais de tratamento de esgoto são amplamente aceitas como “a solução padrão” para o saneamento básico.

No entanto, em países como Brasil, Índia, Nigéria e Indonésia, por exemplo, a maior parte da população está desconectada dos sistemas de saneamento. Para eles, a solução do biogás não seria apenas uma solução mais barata, sustentável e avançada, seria também uma solução superior, frente àquilo que os países chamados “desenvolvidos” conseguiram criar para si durante o período industrial.

Nas discussões a respeito de inovação e desenvolvimento nacional, fala-se do fenômeno chamado “leap frogging” (“pulo do sapo”): quando um país “pula” uma etapa de desenvolvimento e vai para um estágio mais avançado que os países desenvolvidos. Um exemplo ululante é o sistema financeiro: países como Japão e Alemanha têm sistemas relativamente primitivos, desprovidos de serviços considerados “básicos” em países como Brasil, Quênia e China: transferências instantâneas, economia baseada em pagamentos digitais – serviços amplamente disponíveis nos países chamados “emergentes” ou “subdesenvolvidos”, que ainda contam com uma grande população “desbancarizada” (pessoas sem acesso a conta bancária), que, mesmo assim, são usuários de serviços financeiros digitais (PIX, cartão digital de uso único, etc.).

O que chamamos de “desenvolvimento”? É possível imaginar um futuro no qual os países que foram, até pouco tempo, “subdesenvolvidos” sejam aqueles que lideram o desenvolvimento urbano sustentável e regenerativo? Inovações, como um “serviço metropolitano de biogás”, serão o futuro do saneamento básico? Será o Brasil o pioneiro mundial desse serviço? E países que seguiram o “padrão europeu” de saneamento básico serão vistos, no futuro, como países subdesenvolvidos neste setor?

Série de artigos sobre inovações urbanas

Inicio, com esse artigo, uma série que irá explorar cenários urbanos futuros, apresentando visões inovadoras para as cidades. Em alguns desses artigos, falarei a respeito de inovações tecnológicas, mas sempre às relacionando com as inovações organizacionais, em serviços, de transformações em hábitos, novas formas de ver e habitar a cidade: um novo olhar sobre as cidades, baseado na ciência ambiental, na antropologia e nas práticas do Metadesign, que permitem vislumbrar outro futuro para as cidades brasileiras e do mundo.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities