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Embraer vai receber R$ 1 bi do BNDES para dinamizar exportações

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Empresa espera vender até 85 aviões para o exterior em 2025

A terceira maior fabricante de aviões do mundo, a Embraer, vai receber um empréstimo de R$ 1,09 bilhão para produzir aeronaves comerciais que serão vendidas para o exterior. O financiamento foi aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), conforme comunicado divulgado pelo banco de fomento nesta terça-feira (25). Os recursos serão utilizados pela empresa para cumprir cronograma de entregas já acertado com importadores em vários países.

A companhia, líder na fabricação de jatos comerciais de até 150 assentos, espera fechar 2025 com um total de 77 a 85 jatos comerciais entregues. No ano passado, o número ficou em 73. Em 2023 foram 64. Somando aviões comerciais e aeronaves de defesa e segurança foram 206 entregas em 2024 e 181 em 2023.

Os recursos para o empréstimo são da linha de financiamento Exim Pré-embarque, voltado para exportadores, com taxas de juros formadas por custo financeiro, taxa do BNDES e taxa de risco de crédito.

Recorde de pedidos

De acordo com o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, a empresa vivencia um recorde no volume de pedidos e “ritmo sólido de vendas”.

“Estamos realizando investimentos significativos para atender à crescente procura por nossos produtos e o financiamento do BNDES é fundamental para apoiar iniciativas que visam aumentar a capacidade de produção e acelerar as entregas nos próximos anos”, disse no comunicado do banco.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destaca o fato de o Brasil fazer parte de um “seleto grupo” de países com capacidade de projetar, fabricar e exportar aeronaves comerciais, executivas, de defesa e agrícolas.

“É um setor estratégico, devido à alta tecnologia envolvida, ao emprego de mão de obra com alta capacitação e à capacidade de gerar inovações com impactos positivos na economia do Brasil”, afirmou Mercadante.

O banco, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, financiou cerca de US$ 26,3 bilhões em exportações de aeronaves comerciais da Embraer, apoiando a produção de 1.350 jatos, desde 1997.

Embraer

A Embraer tem 23,5 mil funcionários em todo o mundo, sendo 18 mil no Brasil, principalmente na sede em São José dos Campos, em São Paulo.

Há contingente também nas cidades paulistas de Sorocaba, Botucatu e Gavião Peixoto, além de engenheiros em Florianópolis e Belo Horizonte.

A empresa mantém unidades industriais nos Estados Unidos e em Portugal. A maior parte das vendas da Embraer é destinada ao mercado externo.

Fonte: Agência Brasil

Educação e inteligência artificial são fatores essenciais para a inclusão digital

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Por que a inclusão digital e a formação em IA são essenciais para reduzir desigualdades e impulsionar o futuro do país.

Nos municípios brasileiros, diferentes realidades revelam contradições sobre o uso das tecnologias emergentes no cotidiano. Em algumas cidades, é comum ver crianças navegando na internet antes mesmo de serem alfabetizadas. Segundo levantamento do Cetic.br, mais de 80% das crianças entre 6 e 8 anos são usuárias de internet no Brasil. Em outras regiões, a falta de conectividade ou de um smartphone impede adultos de realizar tarefas básicas, como enviar ou receber um Pix. Esses contrastes evidenciam as profundas desigualdades que precisam ser enfrentadas por gestores públicos, em todas as esferas governamentais, para que o desenvolvimento econômico e social avance de forma equilibrada e a igualdade de oportunidades chegue a todos.

A expansão da conectividade pelo território nacional trouxe um novo desafio: como preparar a população para participar de forma ativa e qualificada da economia digital? A inteligência artificial, que até pouco tempo era restrita a ambientes corporativos ou acadêmicos, já está nas salas de aula, nos serviços públicos, nas ferramentas de trabalho e até mesmo nas interações cotidianas de milhões de pessoas. Seu avanço é rápido e irreversível, redesenhando relações sociais, profissionais e culturais — de aplicativos que corrigem textos automaticamente a plataformas que personalizam o ensino conforme o ritmo de cada aluno. Diante desse cenário, a educação surge como o elo decisivo entre  aessa e tecnologia e saber usá-la de forma crítica, ética e produtiva e consciente.

Na era da IA, a inclusão digital – que pode ser definida como o acesso a dispositivos, à conectividade e à capacidade plena de utilizá-los – precisa ser defendida como um direito fundamental, tão essencial quanto o acesso à eletricidade ou aos serviços de saneamento básico. Em uma sociedade mediada por tecnologias, estar conectado e saber usar essas ferramentas com autonomia e análise crítica é condição para o pleno exercício da cidadania. Negar esse acesso significa ampliar desigualdades, restringir a participação social e limitar o potencial produtivo de milhões de brasileiros. Nesse contexto, o investimento em educação voltada para a economia digital é elemento central da política de desenvolvimento do país.

O uso da inteligência artificial na educação opera em diferentes camadas. Em um primeiro nível, a ferramenta funciona como meio para a aprendizagem de disciplinas tradicionais: matemática, história e ciências, por exemplo. Em um segundo nível, a própria tecnologia se torna objeto de estudo: letramento digital, segurança da informação, uso ético e compreensão crítica dos algoritmos. Por fim, em um terceiro nível, a formação em IA é caminho para a geração de empregos qualificados, com profissionais e pesquisadores preparados para atuar nos setores mais dinâmicos da nova economia. Essa abordagem multifacetada é essencial para que a educação não seja reduzida a uma única estratégia ou público, mas se consolide como pilar transversal de uma formação completa. Por exemplo, uma mesma escola pode usar IA para reforçar o aprendizado e, ao mesmo tempo, introduzir conceitos de programação e nuvem para alunos do ensino médio.

A experiência da China oferece aprendizados valiosos. Desde cedo, o país asiático introduz conceitos de IA em sala de aula, promovendo o uso ativo e consciente da tecnologia. Reportagem da Forbes mostra que escolas chinesas já adotam plataformas inteligentes que auxiliam tanto professores, quanto alunos na personalização do aprendizado. Até mesmo crianças de seis anos começam a interagir com IA, como parte de uma estratégia nacional que busca posicionar a China como líder global em tecnologia até 2049, formando desde cedo uma geração fluente em competências digitais.Trata-se de política de Estado, contínua, estruturada e de amplo alcance.

No Brasil, um exemplo que merece destaque é o do estado do Piauí, que implementou uma estratégia pioneira de educação digital em parceria com organizações da sociedade civil e instituições de pesquisa. Segundo o NIC.br, a rede estadual de ensino tem investido em plataformas de aprendizado digital e na capacitação de professores para o uso pedagógico da tecnologia, alcançando cerca de 90 mil alunos em 540 escolas. O Piauí tem se tornado referência em alfabetização mediada por tecnologias, mostrando que é possível inovar mesmo em contextos de restrições orçamentárias. No entanto, a diferença entre os dois exemplos evidencia uma realidade: enquanto a China opera uma estratégia nacional, o caso do Piauí é promissor, mas isolado. Para que a inclusão digital seja efetiva, precisamos transformar boas iniciativas em políticas de Estado.

É nesse contexto que o conceito de Nação Digital ganha relevância. A transformação digital não é apenas uma agenda tecnológica – é uma agenda de país, com impacto direto na educação, no trabalho, na produtividade e na participação social.

No Brasil, o lançamento do Comitê Interministerial para a Transformação Digital (CIT Digital), neste ano, é um passo importante  para superar a fragmentação histórica das políticas públicas. Sua missão é articular diferentes esferas governamentais e setores da sociedade para consolidar uma governança integrada, capaz de alinhar diretrizes, orçamentos e iniciativas. Na educação, isso significa colocar no centro do debate as necessidades das escolas, dos professores e dos estudantes. Ao fortalecer essa articulação, o Brasil avança na inclusão digital, com a educação como sua aliada fundamental.

Educação e IA não são agendas separadas. Pelo contrário, são pilares de uma mesma construção: a soberania digital plena. Preparar crianças e jovens de todas as regiões para interagir com a IA, compreendê-la e usá-la de forma construtiva é investir no capital humano que sustentará o desenvolvimento do país nas próximas décadas. 

Para avançar, o país precisa integrar iniciativas de conectividade para escolas (como o Novo PAC), o Plano Nacional de Educação Digital do MEC, a capacitação de educadores, o uso pedagógico da IA, o desenvolvimento de competências digitais e a implementação de plataformas de aprendizagem. Esses esforços devem ser contínuos, coordenados e orientados pela equidade. A inteligência artificial tem potencial para ser um grande instrumento de progresso coletivo, desde que seja acessível a todos.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities. 

Londrina recebe outro prêmio nacional como uma das cidades mais inteligentes do País

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Londrina vem se consolidando como uma das cidades mais inteligentes do Brasil. Desta vez o reconhecimento veio da Associação Nacional das Cidades Inteligentes, Tecnológicas e Inovadoras (ANCITI), por meio do Prêmio Nacional ANCITI Awards, que tem como objetivo reconhecer as cidades e iniciativas com o melhor desempenho nas áreas de Tecnologia da Informação (TI), Transformação Digital (TD) e Inovação.

Em cerimônia realizada nesta terça-feira (18), Londrina foi premiada com a segunda colocação na categoria Cidades de 500 mil até 1 milhão de habitantes, atrás apenas de Osasco (SP).

Única premiação nacional de Smart Cities com foco exclusivo nas ações dos municípios, o ANCITI Awards avalia as respostas de uma combinação de indicadores, com fontes públicas e locais, às soluções de inovação que vão desde meio ambiente, finanças e governança, segurança e tecnologia e conectividade a educação, mobilidade e urbanismo.

A comissão da ANCITI faz o diagnóstico das cidades inscritas na premiação e o mapeamento das soluções implementadas, analisando as seguintes temáticas: Serviços Digitais, Tecnologia e Inovação, Segurança da Informação, Infraestrutura de TI e Cidades Sustentáveis, Inteligentes e Resilientes.

Neste ano, o prêmio registrou 54 municípios inscritos de 17 estados e do Distrito Federal, sendo dez do Paraná (Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, São José dos Pinhais, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Pato Branco, Arapongas e Assaí). Foram premiadas as cinco mais bem colocadas de cada categoria. Londrina superou Joinville-SC (3ª), Vila Velha-ES (4ª) e Maceió (5ª).

Os outros municípios paranaenses contemplados foram Pato Branco, Assaí (respectivamente 2º e 4º colocados na Categoria Cidades até 100 mil habitantes), Maringá e São José dos Pinhais (respectivamente 3º e 5º na Categoria até 500 mil habitantes).

Reconhecimento – O prêmio da ANCITI foi mais um a consolidar Londrina como um dos ecossistemas de inovação mais eficientes do País. Em setembro, a cidade já havia sido classificada como as dez mais inteligentes entre os municípios com mais de 500 mil habitantes no Ranking Connected Smart Cities (CSC), promovido pelo Cidade CSC, em São Paulo, maior evento de inovação do País.

Em um ano, Londrina avançou sete posições na classificação geral do ranking, passando da 24ª posição em 2024 para a 17ª, com 55,25 pontos. A cidade é a quinta colocada na Região Sul, sendo que no Paraná está atrás apenas de Curitiba (5º) e Pato Branco (15º).

Fonte: Prefeitura de Londrina

SC: Cidades atingidas por temporal e granizo decretam situação de emergência

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Seis municípios pediram ajuda da Defesa Civil estadual por conta dos estragos

O número de cidades em situação de emergência por conta dos temporais que atingem o estado de Santa Catarina subiu para seis nesta segunda-feira, 24: Luiz Alves, São João do Itaperiú, Balneário Barra do Sul, Ibirama, Lontras e Petrolândia.

Desde sábado, 22, dezenas de municípios registraram danos. Ao menos 130 pessoas estão desalojados.

Luiz Alves registra os maiores acumulados de chuva, inúmeros alagamentos, bairros isolados e aulas suspensas. Já a cidade de Ibirama enfrenta estragos severos após temporal de granizo, com mais de 60 ocorrências e 51 casas danificadas, segundo a Defesa Civil do município.

Em São João do Itaperiú, as aulas suspensas na segunda à tarde devido aos alagamentos e vias intransitáveis. De acordo com a prefeitura, o transporte escolar foi comprometido.

Em Luiz Alves, choveu 140 milímetros em apenas seis horas, elevando o nível de alerta para o máximo, segundo a Defesa Civil municipal. Com o registro de diversos pontos de alagamento, as aulas foram suspensas no período vespertino e noturno, tanto para a rede municipal e quanto para a estadual.

A Prefeitura montou um abrigo na Escola Paulina Regina Weber Köhler, na Vila do Salto, para moradores afetados. As situações piores são nos bairros:

  • Vila do Salto
  • Centro
  • Dom Bosco
  • Braço Elza
  • Braço Miguel
  • Alto Canoas
  • Baixo Canoas
  • Serafim
  • Baixo Máximo
  • Vila Nova

Em Balneário Barra do Sul, as chuvas se intensificaram mais ao longo da segunda, alagado ruas e interditando vias. Segundo a Prefeitura, a maré alta vem dificultando o escoamento da água. A cidade não tem pessoas desalojadas ou desabrigadas até o momento.

Ibirama foi atingida por um temporal de granizo ainda na noite de sábado, 22, que impactou severamente a cidade. A Defesa Civil municipal precisou realizar mais de 60 atendimentos.

Com o temporal, 51 famílias foram afetadas. Nove pessoas estão desalojadas. Os bairros atingidos são:

  • São Miguel
  • Areado
  • Ribeirão do Salto
  • Ribeirão das Pedras
  • Padre Anchieta

De acordo com a Defesa Civil estadual, a previsão do tempo para as próximas horas prevê instabilidade no Litoral catarinense e na região dos Planaltos, com chuva isolada e risco de novos temporais. O Oeste volta a ter sol e calor.

A partir de quarta-feira, 26, o tempo fica firme na maior parte do estado, com máximas de até 30°C no Oeste e variações entre 22°C e 27°C no Litoral e no Vale.

A Defesa Civil pede que a população evite transitar em áreas alagadas, não atravesse enxurradas e procure abrigo seguro se sua casa estiver em área de risco. Em caso de emergência, os telefones para pedir ajuda são o 199 (Defesa Civil) e 193 (Bombeiros).

Fonte: Portal Terra

COP30: os quatro pontos que definiram a conferência do clima em Belém

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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (C), fala ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (D), do presidente da COP30, André Corrêa do Lago (2º à esq.), e da CEO da COP30, Ana Toni, durante uma coletiva de imprensa na COP30

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA), terminou no sábado (22/11), um dia depois do previsto e após negociações que atravessaram a madrugada.

Um dos principais textos finais da conferência, chamado de “Mutirão Global: Unindo a humanidade em uma mobilização global contra a mudança climática”, frustrou ambientalistas, cientistas e propostas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao não incluir menções a “mapas do caminho” para reduzir a dependência mundial em relação a combustíveis fósseis e acabar com o desmatamento.

“Qualquer texto sem uma menção clara para reduzir o consumo de combustíveis fósseis é frustrante e não vai na direção do que a ciência defende”, disse à BBC News Brasil o climatologista brasileiro Carlos Nobre.

Apesar disso, a ausência dos Estados Unidos, segundo maior emissor individual de emissões de gases do efeito estufa, e a possibilidade de que a COP30 terminasse sem que os países chegassem a um acordo entre os 194 participantes fizeram com que o resultado das negociações fosse aplaudido na plenária final do evento. Havia o temor de que ausência dos norte-americanos pudesse levar a um travamento de todas as discussões relevantes da conferência.

“Sabíamos que esta COP ocorreria em águas políticas tempestuosas. A negação, a divisão e a geopolítica desferiram duros golpes na cooperação internacional este ano. Mas, amigos, a COP30 mostrou que a cooperação climática está viva e forte, mantendo a humanidade na luta por um planeta habitável, com a firme determinação de manter o 1,5ºC ao seu alcance”, disse o secretário da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCC), Simon Stiel, em seu discurso durante o último dia da conferência.

“Belém entregou o que era possível em um mundo radicalmente transformado para a pior. Evitou a implosão do Acordo de Paris, hoje a única coisa a nos separar de um mundo 3ºC mais quente”, disse em comunicado o coordenador de política internacional da organização não-governamental Observatório do Clima, Cláudio Angelo.

Apesar da ausência de menções a combustíveis fósseis nos documentos principais acordados durante a COP30, ambientalistas apontaram que houve avanços, ainda que moderados, entre alguns dos temas debatidos ao longo das duas semanas da conferência. Confira abaixo quatro dos principais assuntos sobre os quais a COP30 deliberou.

1 – “Mapas do caminho” barrados

Os “mapas do caminho” propostos pelo presidente Lula durante suas passagens por Belém foram um dos temas que mais causaram tensão durante as negociações da COP30.

Lula propôs que a COP30 terminasse com a aprovação de alguma menção para a elaboração de roteiros com dois objetivos: acabar com o desmatamento e com a dependência mundial em relação aos combustíveis fósseis.

A queima de combustíveis fósseis é apontada por cientistas como responsável por até 80% das emissões de gases do efeito estufa que causam as mudanças climáticas.

A proposta chegou a ganhar o apoio formal e informal de aproximadamente 80 países liderados por nações como a Colômbia, França, Reino Unido, Suécia e Dinamarca.

Na terça-feira, um rascunho de um dos textos em negociação trazia menções ao mapa do caminho sobre combustíveis fósseis, mas elas acabaram sendo retiradas nos rascunhos seguintes.

Países como a Arábia Saudita, Índia e China, grandes produtores ou consumidores de petróleo e outros combustíveis fósseis como carvão mineral, fizeram oposição à proposta e, segundo dois negociadores brasileiros ouvidos pela BBC News Brasil em caráter reservado, chegaram ameaçar bloquear o restante das negociações caso o tema não fosse retirado dos textos em discussão.

Países do bloco europeu e da América Latina protestaram, mas prevaleceu a posição capitaneada pelos países árabes e o texto final ficou sem nenhuma menção sequer a combustíveis fósseis ou a mapas do caminho.

Em entrevista coletiva à imprensa durante o G20 neste domingo (23/22), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi questionado se ele teria ficado realmente satisfeito com o resultado do documento, considerando que os ‘mapas do caminho’ não entrou no texto.

Em resposta, Lula afirmou que já sabia que o tema seria polêmico. “Quando nós introduzimos a discussão, nós sabíamos que era um tema difícil. O Brasil é produtor de petróleo, estamos tirando cerca de cinco milhões de barris por dia, não é pouca coisa”, disse.

Segundo ele, o “mapa do caminho” “não é uma imposição de data, é uma discussão”. “Você tem que envolver especialistas, tem que envolver as empresas de petróleo para começar a vislumbrar os passos que têm que ser dados até chegar a extinguir o uso de combustível fóssil”, afirmou.

Lula disse ainda que “o petróleo não é só para gasolina” e que ele “vai continuar tendo sua importância”, citando o uso na indústria petroquímica. “Eu sabia que era difícil a Arábia Saudita concordar”, declarou.

“O que nós quisemos foi começar um debate sobre uma coisa que todo mundo sabe que vai ter que acontecer”, disse.

Apesar disso, o presidente afirmou que a discussão foi “extraordinária” e “um grande começo”.

Na plenária final, o presidente da COP30, o embaixador brasileiro André Corrêa do Lago, anunciou que, apesar de o assunto ter ficado de fora dos textos finais da conferência, a presidência brasileira da COP, que termina no final de 2026, vai elaborar os dois “mapas do caminho” que depois serão apresentados aos países membros do Acordo de Paris.

“Nós precisamos de mapas para que possamos ultrapassar a dependência dos fósseis de forma ordenada e justa. Eu vou criar dois mapas: um para reverter desmatamento e outro para fazer transição para longe dos fósseis de maneira equitativa e justa”, disse o diplomata.

Mais tarde, em entrevista coletiva, o embaixador afirmou que sabia que a proposta enfrentaria dificuldades para ser aprovada durante a COP30.

“Nós imaginávamos que seria de ter um consenso sobre isso. Desde que aprovamos (uma menção sobre o assunto) em Dubai (na COP28), houve uma grande resistência em continuarmos a falar sobre isso”, afirmou.

Na coletiva, Corrêa do Lago afirmou ainda que os dois mapas do caminho que serão desenvolvidos pela presidência brasileira da COP deverão reunir informações sobre medidas que precisariam ser tomadas em escala global para reduzir o consumo de combustíveis fósseis e para acabar com o desmatamento e o resultado desses estudos deverá ser apresentado na COP31, que será realizada na Turquia, mas cuja presidência ficará a cargo da Austrália.

Para ambientalistas, a ausência de menções aos dois roteiros (sobre desmatamento e combustíveis fósseis) foi um ponto negativo.

“O assunto mais importante dessa COP ficou fora das decisões formais. Apesar de um crescente apoio de países ao chamado do Presidente Lula para a construção de mapas do caminho para acabar com o desmatamento e se afastar dos combustíveis fósseis, não foi possível dentro do processo formal”, lamentou a especialista em políticas climáticas da organização não-governamental Observatório do Clima, Stela Herschamnn.

Em nota, a diretora de mobilização da ONG S.O.S Mata Atlântica, Afra Balazina, também lamentou o resultado.

“Mais uma vez, os países que mais contribuíram historicamente para o aquecimento global, e os que mais emitem hoje, atuaram para bloquear avanços essenciais. Continuam também resistindo a financiar e apoiar os países e populações mais vulneráveis, que já sofrem, e seguirão sofrendo, os impactos mais graves dos eventos extremos”.

A decisão de criar os mapas do caminho fora do circuito convencional das negociações da COP foi vista como reserva por ambientalistas.

“A decisão da Presidência de criar os dois mapas do caminho, tanto para zerar o desmatamento quanto para o fim dos combustíveis fósseis, tem gosto de prêmio de consolação. É claro que isso permitirá que o trabalho siga no próximo ano, e que o momentum criado em Belém não se perca. Mas não é o avanço que esperávamos, e que o mundo desesperadamente precisa”, disse, em nota, diretora-executiva da organização não-governamental Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali.

2 – Aumento do financiamento para adaptação

Um dos pontos que avançaram na pauta de negociações da COP30 foi a previsão de um aumento no orçamento destinado ao financiamento de ações voltadas para adaptação de países em desenvolvimento às consequências das mudanças climáticas.

O texto acordado na COP30 prevê triplicar para até US$ 120 bilhões o valor a ser destinado por ano até 2035 para projetos relacionados à adaptação.

O aumento desse montante era uma das principais reivindicações dos países em desenvolvimento e encontrava resistência de blocos de países desenvolvidos, principalmente da União Europeia.

Pelas normas do Acordo de Paris, os países desenvolvidos devem repassar recursos para os países em desenvolvimento para financiar projetos que preparem essas nações para os impactos mais nocivos das mudanças climáticas.

Apesar de o aumento no volume de recursos ter sido comemorado internamente por alguns dos países em desenvolvimento, ambientalistas avaliam que o prazo dado para que o valor chegue a US$ 120 bilhões, 2035 e não 2030, como estava previsto antes, é um fator negativo em função do agravamento da crise climática e do aumento na intensidade e frequência de eventos climáticos extremos.

“A promessa de triplicar o financiamento para adaptação é bem-vinda, mas, estendida até 2035, ainda fica aquém. A adaptação não pode esperar, especialmente porque o financiamento para os países em desenvolvimento está diminuindo enquanto os impactos climáticos se aceleram”, disse a presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell.

A especialista em políticas climáticas do Greenpeace Brasil, Ana Cárcamo, também avalia a decisão com ressalvas.

“Apesar de pressões de países menos desenvolvidos para triplicar o financiamento para a adaptação até 2030, a decisão final apenas decide convocar esforços para triplicar até 2035, de forma vaga e sem ano de base. Assim, os países desenvolvidos, mais uma vez, mantém suas carteiras fechadas, enquanto comunidades marginalizadas pagam com suas vidas”, disse a especialista em um comunicado divulgado pela organização.

3. Menção a afrodescendentes

Outro tema comemorado ao fim das negociações foi a inclusão do termo “afrodescendentes” no principal texto negociado durante a COP30.

O documento reconhece a importância das populações de descendência africana no combate às mudanças climáticas.

A inclusão do termo é considerada uma vitória de movimentos em defesa dos direitos da população negra em diversos países, inclusive do Brasil, onde comunidades quilombolas são reconhecidas por trabalharem na preservação de ecossistemas como o Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica.

“O reconhecimento de afrodescendentes nos textos da UNFCCC abre caminho para políticas climáticas mais justas, eficazes e enraizadas nas realidades dos territórios historicamente afetados por desigualdades estruturais”, disse, em nota, a organização não-governamental Geledés – Instituto da Mulher Negra.

A diretora do Departamento de Clima do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixadora Lillian Chagas, também celebrou a inclusão afirmando que essa era uma pauta defendida pelo Brasil e que envia uma “mensagem clara” a essas populações.

4. Indicadores de adaptação

Outro ponto considerado como um avanço da COP30 foi o acordo em torno de um conjunto de indicadores para medir a velocidade e a forma como os países estão se adaptando às mudanças climáticas.

Esta era uma pauta defendida por países latino-americanos e os do bloco europeu, mas vinha encontrando resistência do bloco de nações africanas que alegavam, nas negociações, que a adoção desses critérios poderia ser usada por países desenvolvidos para condicionar o repasse de recursos para adaptação às mudanças climáticas.

Outro impasse era a resistência dos países desenvolvidos em aceitarem a inclusão de um indicador que avaliasse o volume de financiamento que eles deveriam prover às nações mais pobres.

Inicialmente, especialistas elaboraram uma lista com mais de mil indicadores. No decorrer das negociações, a lista foi reduzida para aproximadamente 100 e, no final, foram definidos 59 critérios de avaliação.

“A adoção dos indicadores da GGA (sigla em inglês para ‘Meta global sobre adaptação’) é um progresso real: pela primeira vez, mediremos a ação climática não apenas em toneladas de carbono evitadas, mas em vidas protegidas e infraestrutura capaz de resistir ao que está por vir”, disse Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa.

Para Ana Cárcamo, do Greenpeace Brasil, a decisão trouxe pontos positivos, mas poderia ter sido melhor.

“Os indicadores para acompanhar os avanços globais da adaptação foram reduzidos de forma política e muitos não são mensuráveis. Os países ainda devem trabalhar para revisar os indicadores até a COP32, na África”, disse.

Fonte: BBC Brasil

Cidades resilientes: aumento de eventos climáticos extremos no PR exige novo modelo de construções, alertam especialistas

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Para lidar com impacto das mudanças climáticas, conceito interdisciplinar prevê que cidades estejam preparadas para sofrerem menos danos com tornados, por exemplo. Paraná acumula episódios de destruição com tornados, aponta pesquisa.

A destruição em cidades no Paraná por tornados ao longo dos anos, como aconteceu em Rio Bonito do Iguaçu em 7 de novembro, se soma à discussão mundial sobre a capacidade de resistência estrutural de casas e comércios a eventos climáticos extremos – e a recorrência e intensidade dos eventos reforça a questão.

Antes de Rio Bonito do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon, no oeste do estado, teve diversas casas destruídas, em 2015, também durante a passagem de um tornado. Veja números abaixo.

Para especialistas, o Paraná vive um momento em que precisa se discutir como o estado pode ajudar a população a se preparar para enfrentar adversidades como essas e, ao mesmo tempo, proporcionar a construção das chamadas cidades resilientes. O conceito, de caráter interdisciplinar, dá condições dos municípios se prepararem para enfrentar tornados, enchentes e outros eventos climáticos extremos com o menor dano possível e maior capacidade de recuperação.

A pesquisadora Karin Linete Hornes, especialista em tornados e professora na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), explica que os desastres climáticos no Paraná têm sido cada vez mais frequentes. O estado é considerado, inclusive, o segundo maior corredor de tornados do mundo.

“Nós sofremos constantemente desastres relacionados a eventos climatológicos e meteorológicos. O Paraná teve mais de 12 mil ocorrências e aproximadamente 15 milhões de pessoas afetadas nas últimas quatro décadas. Todos os municípios tiveram algum prejuízo ligado a esse tipo de evento […] Os órgãos de emergências, hospitais e prefeitura precisam ser extremamente bem construídos, porque esses locais servem de abrigo e vão auxiliar a população”, afirma a pesquisadora Karin Linete Hornes.

Segundo ela, os vendavais são os fenômenos que mais provocam danos no estado. “São 3.867 registros de ocorrências no mesmo período, segundo a Defesa Civil. E há subnotificação, porque muitos lugares sofrem prejuízos, mas não acionam o órgão”, diz.

Para Hornes, o Paraná ainda não trabalha de forma consistente com educação climática e prevenção.

“Nós precisamos atuar na educação ambiental e na educação climática, explicando quais fenômenos mais acontecem no Paraná e como eles nos afetam, assim, conseguimos construir cidades que resistam aos fenômenos que ocorrem aqui”, afirma.

Preparo, impacto e capacidade de recuperação

Segundo o pesquisador Eduardo Gomes Pinheiro, doutor em Gestão Urbana pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o conceito de cidades resilientes prevê uma relação direta entre preparo, impacto do evento climático e capacidade de recuperação. Segundo ele, as cidades resilientes, que se antecipam ao problema, sofrem menos danos e retomam as atividades mais rapidamente.

“A resiliência atravessa todas as etapas do ciclo de desastres, a prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação, e deve orientar o planejamento urbano como um todo”, diz ele.

Pinheiro destaca que muitos municípios ainda não consideram que podem enfrentar desastres recorrentes, o que é um erro, segundo ele, especialmente em estados como o Paraná, onde enchentes, granizo e estiagens se repetem todos os anos.

Para ele, cada obra e ação pública deveria partir da pergunta: isso aumenta ou reduz a vulnerabilidade do município aos eventos climáticos que fazem parte da nossa realidade?

“Como esse tipo de raciocínio costuma ficar fora das práticas administrativas, cidades seguem sendo construídas sem infraestrutura adequada, o que intensifica perdas humanas, destruição de patrimônio, impactos na economia local e até interrupções no calendário escolar” — Eduardo Gomes Pinheiro, doutor em Gestão Urbana

Reconstrução emergencial com casas pré-fabricadas

Segundo a Defesa Civil, 90% de Rio Bonito do Iguaçu ficou destruída e mais de mil pessoas ficaram desabrigadas. Sete pessoas morreram e cerca de 830 ficaram feridas.

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) realizou cerca de 2,2 mil laudos de inspeção técnica depois da passagem do tornado e observou preliminarmente que 40% dos imóveis da cidade foram totalmente destruídos. Outros 60% podem ser recuperados, com danos que variam de reparos simples a intervenções estruturais complexas.

No processo de reconstrução, o secretário de Estado das Cidades, Guto Silva, explica que o governo realiza atua em duas frentes. Na primeira, 140 engenheiros voluntários produziram laudos sobre cada residência afetada. De acordo com ele, os documentos vão orientar a distribuição de recursos.

Paralelamente, o governo estadual autorizou a construção de 320 unidades habitacionais com casas pré-fabricadas. As obras começaram em 17 de novembro e priorizam casas de modelo construtivo mais rápido, que levam cerca de dois meses para estarem prontas. Dessas moradias, 200 serão erguidas nos próprios terrenos devastados e 120 em um novo bairro, que está sendo estruturado.

No dia 20 de novembro, o estado divulgou que as casas são pré-fabricadas em woodframe, uma estrutura de madeira leve, e possuem sala, cozinha, dois quartos, banheiro e área de serviço, com tamanhos que variam entre 46 m², 51 m² e 53 m². Segundo o governo, a previsão é de que a primeira casa seja concluída em até 10 dias.

O coronel Ivan Ricardo Fernandes, coordenador executivo da Defesa Civil, explica que a instalação das casas pré-fabricadas exigem preparações técnicas, como a fundação dos terrenos, antes delas serem efetivamente levantadas.

O secretário Guto Silva afirma que a Secretaria das Cidades firmou protocolos com a Organização das Nações Unidas (ONU Migração) para desenvolver projetos de municípios, segundo ele, mais resilientes.

“Vamos analisar todos os episódios com calma, identificar as causas e construir soluções de longo prazo. É um trabalho detalhado para reduzir impactos ambientais e fortalecer a segurança das cidades”, afirma.

Tornados têm sido mais destrutivos no Paraná ao longo dos anos

Cresce o número de tornados na região Sul do BrasilEntre 2018 e 2023, foram 92 tornados
Fonte: Pesquisa de Maria Cristina Pietrovski

Segundo estudos da pesquisadora Maria Cristina Pietrovski, de 2018 a 2023, a região Sul registrou 92 tornados – a maior ocorrência em comparação com as outras regiões do país. No período, 17 deles foram no Paraná.

Anos antes do período analisado, outros eventos similares também causaram grandes problemas no estado, entre eles, o tornado de maio de 1992, que atingiu Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, classificado como F3. À época, seis pessoas morreram.

Outro tornado aconteceu no mesmo mês e ano em Borrazópolis, no norte do estado, deixando 12 mortos.

Em Nova Laranjeiras, um evento registrado em 1997 provocou quatro mortes e 72 feridos.

Um dos episódios mais recentes foi em Marechal Cândido Rondon, no oeste, em novembro de 2015. Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), os ventos ultrapassaram 115 quilômetros por hora.

A prefeitura informou que 1,5 mil casas foram danificadas, 200 empresas tiveram prejuízos e cerca de 14 mil residências ficaram sem energia. A pesquisadora Karin Hornes estava em Marechal Cândido Rondon no dia do tornado e diz que a lembrança nunca se apaga. Ela conta que o desespero foi maior porque um de seus filhos estava na escola e ela não conseguia contato devido à falta de energia e telefone.

“Quem passou por isso nunca mais esquece. A destruição é muito rápida e intensa. Eu nunca mais esqueci o som, a velocidade, a força. Quando saí de casa, vi um portão levantado e uma árvore arrancada pela raiz na Avenida Rio Grande do Sul. Eu realmente chorei. Não conseguia passar e não sabia como estava o meu filho.”

Para o climatologista Francisco Mendonça, a repetição e a força dos tornados no Paraná têm relação direta com o aquecimento global.

“Os tornados estão mais repetitivos e mais intensos do que no passado. Um ou outro antigo pode ter tido magnitude semelhante, mas não havia essa frequência.”

Ele afirma que é necessário repensar a estrutura urbana, com áreas de proteção e mata ao redor das cidades para amortecer os ventos. Sem isso, diz ele, comunidades podem ser destruídas novamente por futuros eventos severos.

Orientações para proteção

Hornes orienta que moradores acompanhem alertas de institutos como Simepar, Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e também observem o céu, nuvens e mapas de radar.

Ela recomenda que as casas tenham pelo menos um cômodo seguro, mais resistente que os demais, como um porão ou um espaço com vigas, laje e colunas reforçadas.

“Entre embaixo de uma mesa, de uma cama. Isso ajuda a evitar ferimentos por estilhaços”, recomenda.
Para quem estiver dirigindo, a orientação é se afastar do fenômeno e estacionar longe de postes e árvores.

“Estacione em local seguro, coloque o cinto e fique em posição fetal. Se não houver abrigo, use cobertores ou colchões para proteção extra”, diz.

Fonte: g1 RP

Exigência de consenso impediu avanço de discussão sobre combustíveis fósseis na COP 30, diz embaixador

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O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, falou ao Jornal da CBN sobre a falta de um acordo em relação aos combustíveis fósseis na conferência.

A criação de um mapa do caminho para abandonar uma economia movida a combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, ficou de fora da declaração final da Conferência do Clima de Belém. Em entrevista ao Jornal da CBN, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, lamentou as dificuldades de avançar com o tema.

Ele explicou que a exigência de um consenso de todos os países impede o andamento das discussões formais:

‘É que tem muitos países, cerca de 80 países, que já estão prontos para falar do mapa do caminho para o fim dos fósseis. Mas também tem oitenta e poucos países que disseram que não querem ouvir falar do assunto, literalmente. Ou seja, que não pode entrar no texto de uma decisão’.

Apesar do entrave em relação aos combustíveis fósseis, o embaixador André Corrêa do Lago destacou avanços significativos durante a COP30, sobretudo nas partes formal e política:

‘Isso que a gente está falando foi um enorme avanço político. Ou seja, o tema nunca ganhou o espaço que ganhou agora para a gente continuar trabalhando com vistas a um avanço formal. Mas, dos avanços formais, eu acho que teve um reconhecimento de que os esforços que estão sendo feitos até agora, o ritmo ainda não é o correto.

Então, essa coisa que falta foi plenamente reconhecida dentro da COP, formalmente reconhecida, e, portanto, os estímulos a fazer muito mais são necessários’.

Fonte: CBN

Amor e IA: Afetos Humanos na Quinta Década do Século XXI

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O impacto da IA na formação de vínculos, no desejo e na dinâmica das relações contemporâneas.

Ao chegarmos à quinta década do século XXI, a Inteligência Artificial já não é apenas infraestrutura — torna-se linguagem afetiva. As relações humanas passam por metamorfoses profundas impulsionadas por plataformas hiperintuitivas, comunidades virtuais sensoriais e parceiros mediados por algoritmos. O tempo e o espaço, antes limitadores das emoções, tornam-se fluidos, permitindo que vínculos surjam, intensifiquem-se e se dissolvam com uma velocidade quase incômoda. É o auge do “amor líquido”, agora catalisado pela IA.

Os encontros não se restringem a geografia. Sistemas de compatibilidade emocional utilizam dados biométricos, perfis comportamentais e projeções de futuro para sugerir conexões improváveis. A busca por parceiros ganha dimensões múltiplas, onde a sexualidade se torna menos dual, mais ampla e fluida. Relações não seguem mais roteiros binários; tornam-se ecossistemas afetivos nos quais cada pessoa encontra arranjos singulares, híbridos entre presença física e presença digital.

Nesse contexto, apaixonar-se adquire outra natureza. O encanto não nasce apenas do acaso — nasce da amplificação algorítmica do acaso. A IA observa padrões de desejo, estilo de vida, intensidade emocional, e cria oportunidades que transcendem o encontro espontâneo. Isso não elimina o impacto do olhar, do cheiro, da pele; apenas reorganiza o caminho até eles. As pessoas continuam se apaixonando, mas agora em um ambiente onde tudo conspira para que o encontro seja rápido, intenso e, muitas vezes, efêmero. Nesse cenário, o próprio desejo sexual se reconfigura. Ele se descola da biologia estrita e passa a ser mediado por novas figuras: parceiros de IA com quem se constrói intimidade, experiências imersivas de realidade virtual que exploram o erotismo sensorial, ou até mesmo a atração por inteligências puramente digitais. A IA não apenas facilita encontros entre humanos; ela se torna um novo protagonista no mapa do desejo.

As interações tornam-se menos dependentes e mais descartáveis. O excesso de possibilidades cria uma espécie de fadiga emocional: vive-se muitos infinitos em pouco tempo. Vários amores que antes durariam anos agora duram semanas, cada um vivenciado com sinceridade, mas esgotado pela aceleração dos ciclos afetivos. A IA, que poderia trazer estabilidade, termina por amplificar a volatilidade da própria condição humana — sempre à procura, nunca plenamente satisfeita.

Ainda assim, surgem novas formas de profundidade. Não uma profundidade tradicional, construída pela escassez, mas uma profundidade expandida pela abundância. Casais que decidem permanecer juntos o fazem por decisão consciente, não por falta de alternativas. Ao mesmo tempo, novas formas de família emergem: comunidades afetivas, relações poliformes, vínculos distribuídos entre avatares, parceiros físicos e redes de cuidado algorítmico. A procriação deixa de ser mero ato biológico e ganha dimensão sublime: nasce de escolhas integradas, planejadas e apoiadas por saúde reprodutiva de alta precisão.

Nesse mundo acelerado, o amor não desaparece — ele se reinventa. Continua a provocar coragem, vulnerabilidade, conflito e entrega. A IA não rouba sua humanidade; apenas altera seus contornos. O amor torna-se experiência ampliada, não substituída.

A pergunta que permanece é: ao tornar tudo tão rápido, estamos perdendo algo essencial? Talvez sim. Ou talvez estamos apenas descobrindo versões inéditas do mesmo sentimento que moveu a espécie por milênios. Afinal, por trás das telas, dos algoritmos e dos sensores, um fato permanece imutável: humanos continuam desejando ser vistos, reconhecidos e amados.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Portal CSC 

Nenhuma empresa estará imune se bolha da IA ​​estourar, diz chefe do Google à BBC

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Todas as empresas serão afetadas se uma eventual bolha da inteligência artificial (IA) estourar, afirmou Sundar Pichai, CEO da Alphabet, que controla o Google, em entrevista exclusiva à BBC.

Para Pichai, se por um lado o crescimento dos investimentos em IA vive um “momento extraordinário”, de outro há uma certa “irracionalidade” no boom atual em torno da tecnologia.

As declarações de Pichai se dão em meio a temores no Vale do Silício (onde ficam sediadas algumas das principais empresas de tecnologia) e além em relação a uma bolha no setor, já que o valor de mercado de empresas de IA cresceu vertiginosamente nos últimos meses e diversas outras empresas têm investido bilhões de dólares nessa indústria em expansão.

Questionado se o Google estaria imune ao impacto de uma eventual bolha da IA estourar, Pichai afirmou que a gigante de tecnologia poderia resistir ao impacto, mas faz um alerta.

“Eu acho que nenhuma empresa estará imune, incluindo a gente.”

Na ampla entrevista concedida à BBC na sede da empresa na Califórnia (EUA), Pichai trata também de demanda energética, desacelerar metas climáticas, investimentos no Reino Unido, a acurácia dos modelos de IA e o impacto da revolução da IA nos empregos.

O escrutínio em relação ao mercado de IA nunca foi tão intenso. As ações da Alphabet dobraram de valor em sete meses (chegando a US$ 3,5 trilhões, ou quase R$ 18,6 trilhões), enquanto os mercados aumentam sua confiança de que a empresa que controla o Google, uma gigante de buscas na internet, conseguirá superar a ameaça do ChatGPT, da OpenAI.

Um foco específico da Alphabet tem sido o desenvolvimento de superchips especializados para IA que competem com a Nvidia, liderada por Jensen Huang, que recentemente se tornou a primeira empresa do mundo a atingir US$ 5 trilhões (cerca de R$ 26,6 trilhões) em valor de mercado.

Enquanto esses valores sobem, alguns analistas de mercado têm expressado ceticismo acerca do emaranhado de negociações que totalizam US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 7,46 trilhões) em torno da OpenAI, que espera faturar neste ano menos de um milésimo desse valor previsto de investimento.

Em comentários que fazem eco ao que Alan Greenspan, então chefe do Tesouro americano, classificou em 1996 de “exuberância irracional” em seu alerta ao mercado durante a bolha “pontocom” e o seu estouro no mercado em 2000, Pichai afirma que a indústria pode “errar o alvo” em ciclos de investimento como esse.

“Nós podemos agora olhar para a internet do passado. Havia claramente excesso de investimentos, mas nenhum de nós questionava se a internet era profunda”, diz Pichai. “Eu espero o mesmo da IA. Então, eu acho que há elementos racionais e irracionais em momentos como esse.”

Os comentários de Pichai também fazem eco ao alerta de Jamie Dimon, chefe do banco americano JP Morgan, que disse à BBC no mês passado que o investimento em IA iria se pagar, mas parte do dinheiro investido nessa indústria “seria provavelmente perdido”.

Mas Pichai afirma que o modelo único de negócios do Google, que detém o “pacote completo” de tecnologias (dos chips aos dados do YouTube, dos modelos de IA à ciência de vanguarda), coloca a empresa numa melhor posição para lidar com turbulências no mercado de IA.

A Alphabet (que controla o Google) tem anunciado diversos investimentos ao redor do mundo, incluindo o Reino Unido. Em setembro, a empresa anunciou um investimento de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 26,6 bilhões) em infraestrutura e pesquisa em inteligência artificial no país nos próximos dois anos.

Segundo Pichai, a Alphabet vai desenvolver ainda pesquisas avançadas no Reino Unido, incluindo a unidade de inteligência artificial DeepMind, baseada em Londres.

Pela primeira vez, Pichai afirma que o Google ao longo do tempo vai tomar uma medida que tem sido pressionada por governos britânicos: treinar os modelos de inteligência artificial no país. Esse movimento, segundo membros do governo, consolidaria o Reino Unido com a terceira superpotência de IA, atrás de Estados Unidos e China.

Por outro lado, Pichai ressalta que a “imensa” demanda energética por parte da IA, que representou 1,5% do consumo global de eletricidade no ano passado, segundo a Agência Internacional de Energia. Por isso, afirma Pichai, países como o Reino Unido precisam desenvolver novas fontes de energia e ampliar a infraestrutura energética.

“Você não quer restringir a economia por causa de energia, mas isso terá consequências”, diz Pichai. Segundo ele, a demanda intensa por energia na expansão da IA levou a uma redução das metas climáticas da empresa, mas a Alphabet insiste que mantém a meta de zerar as emissões até 2030 ao investir em novas tecnologias energéticas.

“O ritmo que esperamos para fazer progresso será impactado”, afirma Pichai.

Haverá impacto da IA também no mercado de trabalho como o conhecemos, diz ele, classificando a IA de “a mais profunda tecnologia” na qual a humanidade já trabalhou.

“Nós teremos que trabalhar em meio aos impactos sociais”, afirma Pichai, acrescentando que a tecnologia também “criará novas oportunidades”.

“[A IA] vai evoluir e transformar alguns empregos, e as pessoas precisarão se adaptar”, diz Pichai, e aqueles que se adaptarem à IA “se darão melhor”.

“Não importa se você é um professor ou um édico. Todas as profissões serão impactadas, mas as pessoas que se darão melhor em cada uma dessas profissões serão aquelas que aprenderem a usar essas ferramentas.”

Fonte: BBC Brasil

Selic alta afetou negativamente atividade econômica, dizem economistas

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Mês de setembro apresentou recuou de 0,2%

Economistas ouvidos pela Agência Brasil vincularam a taxa básica de juros, a Selic, estipulada pelo Banco Central, à queda do Índice de Atividade Econômica do país, que recuou 0,2% em setembro, em comparação ao mês anterior. Atualmente, a Selic está em 15% ao ano, o maior patamar em 20 anos.

Segundo o professor de Economia e Direito do Mackenzie Alphaville, Douglas Elmauer, a retração da atividade está alinhada com o ambiente macroeconômico atual.

“A taxa de juros, hoje no nível mais alto em quase duas décadas, atua de forma clara na compressão da demanda: encarece o crédito, reduz o impulso ao consumo, adia investimentos e aperta o orçamento das famílias”.

Ele cita ainda, além dos juros altos, a renda das famílias que, apesar do alívio recente da inflação, “ainda não recuperou plenamente o poder de compra perdido, o que limita o consumo em segmentos importantes”.

Para Elmauer, o cenário externo também tem influência.

“A incerteza sobre a política monetária dos Estados Unidos endurece as condições financeiras globais e afeta expectativas empresariais”, explica.

O economista, pesquisador convidado da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Euzébio Sousa, destaca que o impacto no crescimento econômico está associado, primeiramente, à elevada taxa de juros, que afeta o desenvolvimento de forma generalizada.

“Isso quer dizer que, com taxas tão elevadas, o que o Banco Central tem dado como sinalização é que tem que reduzir a atividade econômica. E é o que tem acontecido”, afirma, acrescentando que o impacto “é sistêmico na economia como um todo”.

Sousa cita que a alta de taxa de juros reduz o financiamento para consumo, e com isso, cai a demanda. “Também reduz o ímpeto dos empresários de produzir e de investir, reduz o financiamento para ampliar o investimento, reduz o nível de emprego”, acrescentou.

A economista Daniela Cardoso avalia que o resultado de setembro é pontual e não indica um problema econômico.

“A queda no mês de setembro é algo muito discreto, repito, menor que o acumulado dos últimos três meses da queda. Então, quando você não tem uma curva ascendente, você não caracteriza isso como um grande problema. No caso brasileiro, é um caso descendente a essa curva”.

Para a economista, a perspectiva é que taxa comece a cair no próximo ano, podendo chegar a 12%, contribuindo para queda da dívida pública e o equilíbrio fiscal.

Fonte: Agência Brasil