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A PROIBIÇÃO DOS CELULARES NAS ESCOLAS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO E SEGURANÇA

Karina Florido
Karina Florido
Karina Florido Rodrigues, possui 28 anos de experiência na gestão pública, é socióloga, administradora, especialista em Direito Penal e tem MBA em Gestão, Inteligência em Segurança Pública. Trabalhou na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, foi Diretora Executiva da Câmara Municipal de São Paulo, Diretora Administrativa e Coordenadora de Esporte e Lazer da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, foi assessora técnica da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Secretária de Desenvolvimento Econômico no município de Santo Antônio de Posse, entre outros. Coordenou o Programa de Cidades Inteligentes do município de Jaguariúna, no Estado de São Paulo e com esse projeto a cidade já foi premiada por quatro anos consecutivos no rankink da Connected Smart Cities/Urban Systems. Ao longo de sua carreira trabalhou tanto no Poder Executivo como no Legislativo. Ocupou diversos cargos e hoje se dedica a gestão das Smart Cities, acredita que uma cidade inteligente é aquela que utiliza a tecnologia em favor da eficiência no atendimento aos cidadãos. É autora de diversos projetos de Lei regulamentando a tecnologia 5G. Atualmente é Secretária de Gestão de Projetos e Programas de Louveira.

 A nova legislação, que proíbe explicitamente o uso de celulares nas instituições de ensino, visa criar um ambiente mais concentrado e propício ao aprendizado

         Nos últimos tempos, a discussão sobre o uso de celulares nas escolas ganhou destaque com a promulgação de uma lei que proíbe a utilização desses dispositivos durante o horário escolar. A medida, que surge em resposta a uma série de preocupações sobre a distração causada pelos aparelhos, também traz à tona questões relevantes sobre segurança, desinformação e a proteção dos jovens em ambientes educacionais. Em meio a essa discussão, o recente fim da checagem de fatos entre a Meta e a Advocacia Geral da União (AGU) se torna um ponto sensível que merece ser analisado.

         A nova legislação, que proíbe explicitamente o uso de celulares nas instituições de ensino, visa criar um ambiente mais concentrado e propício ao aprendizado. Educadores e especialistas argumentam que a presença constante dos dispositivos móveis em sala de aula prejudica a atenção dos alunos, resultando em uma queda na qualidade do aprendizado. Além de evitar a dispersão de atenção, a proibição busca reduzir casos de bullying virtual, exposição a conteúdos impróprios, e problemas relacionados à saúde mental, que têm sido exacerbados pelo uso excessivo das redes sociais.

          No entanto, a proibição não é uma solução isenta de controvérsias. Muitos pais e alunos se preocupam com a falta de comunicação em emergências e a dificuldade de acesso à informação imediata, que um dispositivo móvel pode proporcionar. A questão que se coloca é: como equilibrar a necessidade de um ambiente educacional seguro e produtivo com a realidade de um mundo cada vez mais dependente da tecnologia?

          Enquanto esse dilema educacional se desenrola, o recente fim da checagem de fatos pela Meta em colaboração com a Advocacia Geral da União – AGU – destaca outra camada de preocupação: a confiabilidade das informações que circulam nas redes sociais. Sem um sistema de verificação de informações, a disseminação de dados errôneos cresce, colocando em risco a segurança do público, especialmente entre jovens que são particularmente vulneráveis à desinformação.

          A ausência de um mecanismo robusto para checar os fatos pode ter consequências graves, especialmente em um ambiente onde informações falsas podem gerar pânico e confusão. Por exemplo, se um rumor falso sobre uma suposta ameaça em uma escola se espalhar, a falta de uma verificação efetiva pode levar a reações em cadeia que comprometam não apenas a segurança dos alunos, mas também sua saúde mental e emocional.

          A combinação do uso irrestrito de celulares por adolescentes e a falta de checagem de informações lembra um cenário em que se abre uma porta em um prédio em construção. Sem supervisão adequada, qualquer pessoa pode entrar, e os perigos que vêm junto com essa abertura podem resultar em consequências trágicas. Nos ambientes escolares, essa analogia se torna ainda mais significativa quando consideramos o potencial de uma desinformação transformada em ações violentas.

          Adolescentes costumam usar seus celulares para se comunicar e acessar informações que podem impactar diretamente suas vidas. No entanto, a falta de checagem profissional sobre as informações que são disseminadas nas redes sociais cria um terreno fértil para a propagação de boatos e comportamentos arriscados. Se, por um lado, os celulares podem ser uma ferramenta poderosa para a conexão e aprendizado, por outro, a ausência de mediadores que garantam a qualidade e veracidade das informações pode criar situações potencialmente perigosas.

          Restringir o uso de celulares em escolas não é apenas uma questão de disciplina; trata-se da saúde e segurança dos alunos. A proibição visa fomentar um espaço onde o aprendizado, a socialização e o desenvolvimento emocional possam ocorrer sem as distrações e os riscos associados à tecnologia móvel. O ambiente escolar deve ser um local onde os jovens podem interagir diretamente, desenvolver habilidades sociais e emocionais e se esforçar academicamente.

          É essencial ressaltar que a proibição também se traduz em uma oportunidade de conscientização sobre o uso responsável da tecnologia. Educar os alunos sobre os riscos da desinformação e as implicações de suas ações nas redes sociais é uma parte integral de sua formação. Ao restringir os dispositivos móveis na escola, os educadores podem direcionar essa educação de forma mais efetiva, preparando os alunos para um futuro onde a navegação segura no universo digital será crucial.

         Em minha opinião, a nova lei que proíbe o uso de celulares nas escolas, é uma iniciativa necessária e oportuna, refletindo uma preocupação genuína com a qualidade do aprendizado e a segurança dos alunos. Contudo, essa ação deve ser acompanhada por um esforço contínuo para criar mecanismos de verificação de informações, como aqueles que estavam em vigor na Meta. Garantir um ambiente escolar seguro e saudável não se resume a restringir o uso de tecnologia, mas também envolve educar os alunos sobre como navegar com segurança no vasto mar de informações que caracteriza a era digital. A proteção ao futuro das nossas crianças e jovens exige uma abordagem abrangente que considere tanto a segurança física quanto a mental.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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