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SOLUÇÃO ORIENTADA POR PROBLEMA: SETE DICAS PARA INOVAR EM UM DESAFIO SOCIOAMBIENTAL

Thais Zschieschang
Thais Zschieschang
Internacionalista, cientista política, mestra e doutoranda em Psicologia Social (PUC/SP). Especialista em inovação pública e socioambiental, cofundadora do Delibera Brasil e pesquisadora pela PUC/SP. Criadora do Manual Participativo e do Jogo do Desenvolvimento Sustentável, autora do Mulheres e Política no Brasil, integrante Conexão Inovação Pública e Coalition for Digital Environmental Sustainability - CODES (PNUMA e PNUD). Mentora ABStartups, BrazilLAB, SEBRAE e Social.LAB.

Objetivo é chegar no ponto ideal de compreensão para se ter segurança na orientação da construção da solução inovadora que será proposta, sem perder a lente de pesquisa e análise do problema

Um dos erros mais comuns cometidos em trilhas de inovação é tentar ajustar um problema em uma solução ou tecnologia, enquanto a definição de qual solução deve ser gerada e quais tecnologias serão as ideias em seu desenvolvimento e uso deve partir da natureza e demanda do problema o qual ela se empenha em resolver. 

Isso acontece porque nos apaixonamos por promessas de novas tecnologias, suas histórias de sucesso em outros usos ou mesmo por nossas ideias centradas no que fazer para que o problema seja mitigado.

O risco é ter uma solução com baixo valor agregado, atratividade para públicos-alvo envolvidos ou que não endereça o problema em sua magnitude ou da melhor forma possível. O que no melhor dos casos resulta em subutilização de recursos e ativos, e no pior, em desuso e descontinuidade da solução gerada.

Por isso é importante aprofundarmos nossos conhecimentos no desafio posto e priorizado, para só então idear nossa solução e seus componentes. Para isso, existem algumas boas práticas. 

A dica número zero é saiba priorizar o desafio que será tratado. É de extrema importância sabermos o porque o nosso desafio, entre tantos outros, é o que deve ser resolvido de imediato, e isso deve levar em consideração seu impacto, relevância, urgência e partes interessadas.

Com o desafio priorizado, devemos:

1 – Explorar o histórico do desafio, suas origens, efeitos e trajetória ao longo do tempo. Essa observação nos permite compreender seu eixo central e seus componentes, possibilitando maior clareza de possibilidades de ação e recortes de seus aspectos que serão destacados.

2 – Descobrir quais são as pessoas afetadas pelo desafio, não apenas na localidade em que vamos propor a intervenção, mas em demais casos análogos. O mapeamento deve ser expandido para todas as partes interessadas. Após descobrirmos que essas pessoas, instituições ou grupos são, o ideal é coletar, de forma direta ou indireta, suas perspectivas sobre o desafio, em todos os eixos cabíveis.

3 – Entender peculiaridades locais que influenciam no desafio. Os critérios territoriais e culturais importam, portanto localizar seu desafio no respectivo contexto significa aprofundar sua maturidade de compreensão dele.

4 – Mapear quem está tentando resolver ou já resolveu, mesmo que parcialmente, seu desafio e a forma como estão fazendo isso, expandindo o mapeamento para as soluções disponíveis, existentes e descontinuadas.

A ideia aqui não é copiar ou ligar o modo concorrência ostensiva de mercado, e sim entender o que tem dado certo ou errado, para pensar a sua solução; e compreender possibilidades de parceria e atuação conjunta.

Por que reinventar a roda? Por que não atuar em conjunto, somando esforços e dividindo custos de desenvolvimento de soluções? Ambas as decisões são estratégicas e devem ser analisadas em custos e benefícios de suas possibilidades.

5 – Diversifique os olhares sobre as informações e conhecimentos adquiridos sobre o seu desafio. Diferentes perspectivas e novos olhares ampliam a compreensão do desafio, o mesmo acontece na fase de ideação da solução.

Para otimizar esse processo, priorize a diversidade de perfil das pessoas envolvidas, de gênero, raça, idade, formação, experiências de vida, entre outros. O incentivo participativo de partes interessadas e que experimentam o desafio em suas rotinas também é um ganho agregado.

6 – Estabeleça metas claras e específicas de resolução do problema. Os objetivos de impacto gerados na resolução do desafio devem representar o foco da ideação da solução inovadora.

As metas dependem do recorte do problema que será diretamente afetado pela solução, portanto, a clareza das metas representam uma nova priorização do problema, representando ganho de maturidade em sua perspectiva.

Dois pontos de atenção são necessários: as metas devem ser realistas e podem ser alteradas conforme a solução é estruturada.

7 – A última dica é a mais relevante: se você acha que você conhece 100% o seu problema, existe muita chance de você estar errado.

Dentro da agenda socioambiental, a complexidade das temáticas tratadas é inerente. Existe sobreposição entre as agendas, que se relacionam de forma multirreferenciada, o que significa que existem muitas variantes simultâneas que afetam seus respectivos contextos e que as alterações despendidas tendem a afetar as demais partes do ecossistema.

O fato de não conhecer seu problema de forma integral não significa que você não o conhece suficientemente para intervir nele. O objetivo é chegar no ponto ideal de compreensão para se ter segurança na orientação da construção da solução inovadora que será proposta, sem perder a lente de pesquisa e análise do problema. Não deixe inseguranças de desconhecimento travarem o seu processo.

A sistematização de dados coletados e inteligências realizadas durante todo o percurso de aprofundamento de compreensão do desafio é fortemente recomendada, assim como realizar ambas as etapas em grupo e de forma colaborativa.

Existem metodologias que apoiam nesse processo, como o Design Thinking em suas fases de “Empatizar” e “Definir”; o Canvas de Proposta de Valor em sua fase “Explorar”; Ciclo Sprint, em “Planejamento”, “Aprender” no Lean, ou mesmo as tradicionais Árvore de Problema e Espinha de Peixe. Ferramentas em planejamento estratégico não faltam, nem suas explicações de uso em domínio público, teste algumas e adote a de sua preferência para uso.

Instrumentalizar a ideação de sua solução é a segunda etapa para se ter um bom serviço, produto ou processo de impacto socioambiental positivo, sendo que essa trilha, após a exploração do problema, tende a seguir com mapeamento de possibilidades de soluções, seleção da solução que mais atende os objetivos esperados e seu planejamento detalhado de desenvolvimento e operação, para que então seja testada, validada, e se bem sucedida, expandida.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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