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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS CIDADES INTELIGENTES

Larissa Tavares
Larissa Tavares
É formada em Relações Internacionais na Belas Artes, possui MBA pelo Insper e atua há mais de 10 anos em projetos de inovação. Desde 2020 desenvolve projetos de digitalização nas cidades e participa de webinars e eventos envolvendo tecnologia e gestão sem papel. Atualmente, é Diretora de Marketing e Novos Negócios da Sonner, uma empresa que há 25 anos desenvolve soluções tecnológicas para governos. 

A utilização de inteligência artificial no contexto das smart cities não é recente, sendo que 80% do uso de IA para cidades inteligentes está baseado em tecnologia de vídeo

Nos últimos meses, o ChatGPT, um chatbot de inteligência artificial, ganhou destaque nas mídias devido a sua capacidade de responder a diversas perguntas em formato de diálogo. Outras iniciativas da Open AI, que é a mesma empresa que desenvolveu o ChatGPT, tiveram vasta repercussão no âmbito tecnológico e incluem o desenvolvimento de modelos de inteligência artificial que permitem a criação de imagens e de códigos de linguagem de programação a partir de textos discricionários.

Apesar de o tema “inteligência artificial” estar em alta e ser alvo de diversas discussões envolvendo o futuro do mercado de trabalho, o mundo acadêmico e o desenvolvimento de habilidades cognitivas e comportamentais, sabemos que a IA é um recurso amplamente utilizado em diversas ferramentas de uso cotidiano, como aplicativos de rotas, assistentes de voz, e-mail, Google, Netflix, Spotify, redes sociais, reconhecimento facial, entre muitas outras, inclusive soluções aplicadas na esfera profissional como marketing digital, vendas, gestão financeira, etc. 

E como tem sido a aplicação da inteligência artificial para a resolução de problemas nas cidades? Esta tecnologia tem de fato contribuído para o desenvolvimento de políticas públicas mais assertivas no longo prazo, ou para um desenvolvimento sustentável das cidades? 

A utilização de inteligência artificial no contexto das smart cities não é recente, sendo que 80% do uso de IA para cidades inteligentes está baseado em tecnologia de vídeo. Apesar de as áreas de mobilidade e segurança serem as que mais utilizam a IA agregando inteligência para a tomada de decisão e a otimização de recursos, outras áreas como educação, saúde e sustentabilidade também podem se beneficiar desta tecnologia. 

Muitos municípios têm avançado com iniciativas de implementação de IoTs, os dispositivos que coletam dados nos territórios. Algumas cidades buscam integrar esta coleta de dados em centros de controle operacional, os CCOs, a fim de gerir as informações advindas de múltiplas entradas, como câmeras, semáforos, sensores, lâmpadas, aplicativos de transporte, segurança etc. 

Embora a gestão dos dados seja um desafio, diante da complexidade e falta de integração entre os diversos dispositivos coletores de dados, as cidades têm avançado e utilizado a inteligência artificial para identificar situações de risco e antecipar problemas, fornecendo análises que possam auxiliar na elaboração de políticas públicas mais assertivas. 

No âmbito da mobilidade, a inteligência artificial tem sido amplamente utilizada e contempla o mapeamento do trânsito, alertas de acidentes, previsão do tempo de espera para o transporte público, otimização de rotas, obtendo dados tanto de veículos do transporte público como de usuários, que através de empresas de base tecnológica, fornecem dados de locomoção, alavancando a inteligência das soluções. 

Na área da segurança pública a IA é fundamental para diminuição dos índices de criminalidade. As câmeras de segurança espalhadas na cidade podem identificar atividades suspeitas e auxiliar na vigilância, se utilizando por exemplo de face analytics para reconhecer criminosos. Além disso, a utilização de câmeras favorece a gestão da cidade a partir do monitoramento de coletas de lixo, detecção de incêndios, vandalismo, ou até mesmo em casos de inundações e outras situações de perigo. 

A inteligência artificial também está presente em soluções para o cidadão, como os aplicativos que ofertam os serviços públicos online e ajudam a identificar padrões de utilização, como os serviços mais acessados, contribuindo com a previsibilidade da demanda no planejamento de atendimentos e redução de prazos. Um aplicativo que se utiliza de IA para o cidadão consegue verificar a disponibilidade de remédios na rede pública, vagas em escolas, possibilita agendamentos com base em critérios de proximidade ou tempo de espera, e inclui otimizações que melhoram a qualidade do serviço público prestado. 

A IA é uma importante aliada para reduzir o índice de evasão escolar e identificar padrões de aprendizagem dos alunos. Para o social, possibilita detectar situações de vulnerabilidade e violência doméstica, considerando regiões, faixa etária, faixa salarial, entre outros critérios, que combinados a todos os outros dados das demais áreas constituem uma fonte de informação única, disponível na palma da mão do gestor público. 

Ao analisarmos todo esse contexto, cabe refletirmos se diante da quantidade de dados disponíveis e dos recursos existentes no mundo da tecnologia, estamos repensando as políticas públicas com base em evidências, levando em conta o futuro da sociedade, os hábitos, as tendências comportamentais e mercadológicas, a produção, indústria e comércio, a eficiência energética, ou quaisquer outros fatores que possam influenciar no planejamento de cidades mais sustentáveis. Embora ainda tenhamos desafios na integração de dados e na implementação de soluções que incorporem todos os recursos disponíveis, sabemos que a tecnologia aliada à inteligência artificial representa a eficiência do poder público e uma gestão com visibilidade para a tomada de decisão, para que se governe com responsabilidade, planejamento e previsibilidade. 

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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