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MUDANÇAS CLIMÁTICAS: POR QUE CRISES SOCIOAMBIENTAIS SÃO TRATADAS COMO PROBLEMAS INSTITUCIONAIS?

Thais Zschieschang
Thais Zschieschang
Internacionalista, cientista política, mestra e doutoranda em Psicologia Social (PUC/SP). Especialista em inovação pública e socioambiental, cofundadora do Delibera Brasil e pesquisadora pela PUC/SP. Criadora do Manual Participativo e do Jogo do Desenvolvimento Sustentável, autora do Mulheres e Política no Brasil, integrante Conexão Inovação Pública e Coalition for Digital Environmental Sustainability - CODES (PNUMA e PNUD). Mentora ABStartups, BrazilLAB, SEBRAE e Social.LAB.

Com os dados e destaque dos desafios em agendas, ganhamos em profundidade de conhecimento do problema e sua priorização

A interconectividade das agendas de crises climáticas nos permitem tanto perceber quais são suas principais causas, quanto – a partir dos desafios experimentados, o potencial de formulação de soluções de enfrentamento. Entretanto, processos sociais e ambientes são tratados, historicamente como naturalizados, ou seja, enquanto falsa força maior de direcionamento, e não como consequências de ações humanas, diretamente relacionadas como nossa forma de ordenação estrutura social, que representa em si uma construção sócio-histórica, em lógica consequencial de causa-efeito.

A fragmentação da percepção dos problemas coletivos, sem a inter-relação entre agendas não nos permite a total compreensão de como nossas escolhas e ações nos afetam e afetam aos demais, o que se associa à perspectiva de descrença do poder individual ou localizado de enfrentamento às desigualdades e crises ambientais vividas.



Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC — Intergovernmental Panel on Climate Change), na região amazônica é observado, com a elevação da temperatura, o aumento e intensificação das áreas de seca; mudanças no desenvolvimento da vegetação, incluindo a savanização da região leste; a perda da biodiversidade; a diminuição da água do solo; e das chuvas no verão.

As semi-áridas e áridas no nordeste brasileiro tem redução progressiva de recursos hídricos, com alteração da vegetação e extinção de espécies nativas; é esperada uma alta diminuição dos lençóis freáticos. As chuvas se intensificaram na região sudeste, impactando a agricultura local. Também é esperado o aumento em grandes cidades, assim como o aumento no nível do mar, da variabilidade climática e de desastres ambientais.

As consequências variam a partir do local afetado, mas o planejamento urbano e rural está, ou ao menos deveria estar, relacionado diretamente à sua mitigação, ocasionando desafios de infraestrutura, de segurança, habitação, alimentar e econômica. O que envolve discussões, planejamento e ações direcionadas ao fomento de novas matrizes energéticas, formas mais conscientes de produção industrial e de mobilidade e enfrentamento de emergências.

Devemos não apenas aproximar todas e todos à agenda pela sua relevância e pela necessidade de corresponsabilização e atuação em rede para avanços de pauta, mas também pela riqueza da diversidade na construção de soluções pela experimentação de seus efeitos em cada localidade. O histórico de percepção, bagagem cultural, informacional e ideológica permitem avanços inovativos de cocriação a partir de oposições e complementaridades representativas.

Um bom exemplo de participação pública efetiva na temática é a Assembleia Global Cidadã (Address the climate and ecological crisis | Global Assembly), realizada durante a COP26, com a participação representativa de cidadãos de mais de 50 países na elaboração de ações voltadas à preservação e recuperação do meio ambiente, formando a “Declaração dos Povos para o Futuro Sustentável do Planeta Terra”. Foram 100 pessoas selecionadas por meio de sorteio realizado segundo o sistema de inteligência de densidade populacional e distribuição geográfica da NASA. Para além da Assembleia Global, Assembleias Comunitárias Locais foram formadas mundialmente para apoiar a construção do documento.

E como isso impulsiona a inovação socioambiental? Com os dados e destaque dos desafios em agendas, ganhamos em profundidade de conhecimento do problema e sua priorização.  Sendo que quanto mais pessoas sensibilizadas com a temática, maior é a disponibilidade de mobilização para a criação de soluções e investimentos direcionados em todas as suas áreas de intervenção, que variam desde planejamento de infraestrutura até a segurança alimentar. Por último e não menos importante, fomentamos a vida digna de forma sustentável no planeta que compartilhamos ao impulsionar a pauta com o desenvolvimento de soluções e novos fazeres coletivos.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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