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LIMPEZA URBANA: O DESAFIO DAS CIDADES

Aurelie dos Santos
Aurelie dos Santos
Gerente de Smart Cities na green4T. Graduada em estratégias territoriais e urbanas pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, a executiva possui experiência organizacional na gestão de projetos de mobilidade adquirida no Brasil, França, Argentina e México. Atuou na implantação de 24 sistemas de bicicletas públicas e carros elétricos compartilhados e publicou o “Projetar e Construir Bairros Sustentáveis”, estudo comparativo sobre operações urbanas consorciadas, em São Paulo e Paris.

Antes que o lixo vá para os aterros e se torne um problema de calamidade pública causando entupimento de ruas e poluição de rios, é importante entender como as cidades estão fazendo a gestão da limpeza urbana

Apesar do conceito de limpeza urbana ter sido construído há muitos séculos, o lixo urbano vem ganhando espaço não só nas notícias sobre meio ambiente, mas também pelos impactos ambientais que gera para todo o planeta.  Segundo relatório do What a Waste 2.0, espera-se que até 2050 o mundo gere 3,4 bilhões de toneladas de resíduos ao ano.

Mesmo sendo uma projeção, os dados se tornam alarmantes. O Brasil, 4° maior produtor de lixo, com 11,3 toneladas por ano, tem somente 1,28% deste volume reciclado. Outro dado alarmante se refere ao destino do lixo, um desafio para todas as cidades. Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos), 59,5% (118,631 toneladas) do lixo produzido no país por dia acaba em aterros sanitários; 23% (45,830 toneladas) vão para os aterros controlados e 17,5% (34,850 toneladas) se destinam aos lixões – lugares que deveriam ser extintos até 2021, mas ainda formam um montante de 2.612 em operação pelo país.



Uma preocupação que tem levado o Brasil a uma discussão de mais de 20 anos sobre o que fazer para não perder o controle sobre o tema. O assunto levou à criação da Lei nº 12.305/10, que estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), marco regulatório, uma medida que prevê a gestão integrada e o gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo originalmente um prazo de quatro anos para a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, cabendo aos municípios a responsabilidade pelos resíduos gerados em seus territórios. 

Embora tenha expirado em 2014, o prazo inicial para que os municípios se adequassem à legislação mostra que, mais da metade das cidades do país, algo em torno de 53%, ainda não cumpriu a determinação legal.

Por onde começar?

Antes que o lixo vá para os aterros e se torne um problema de calamidade pública causando entupimento de ruas e poluição de rios, é importante entender como as cidades estão fazendo a gestão da limpeza urbana. Ou seja, quais medidas estão sendo usadas para a reversão desse quadro.

Felizmente, aos poucos, algumas cidades brasileiras vão entendendo que um sistema adequado de limpeza urbana precisa dispor de um bom sistema de coleta de lixo, varrição adequada das ruas, separação prévia de materiais para compostagem, reciclagem e, finalmente, o aterro sanitário. A incineração (com geração de energia) é uma boa alternativa de tratamento em que se pode arcar com os custos.

As cidades estão começando a adquirir soluções envolvendo tecnologias de gestão e monitoramento dos serviços públicos de limpeza. Assim, se obtém informações mais granulares e em tempo real sobre a coleta de resíduos sólidos ou a varrição das ruas via aplicações mobile, dados georreferenciados, portabilidade etc. 

Essas tecnologias permitem ao gestor público obter informações na palma da mão tanto operacionais quanto gerenciais confiáveis, para melhorar o trabalho de fiscalização, medição e gestão desses serviços públicos tão importantes à qualidade de vida nos centros urbanos.  

Ao longo do tempo, os dados consolidados que foram coletados, graças aos recursos tecnológicos adequados e avançados, permitem acompanhar a evolução da qualidade das operações de campo, o impacto de melhorias que podem ser implementadas e possibilitar a redução dos custos e aumento da produtividade dos serviços.

As soluções de IoT (Internet of Things, na sigla inglesa ou, em português, Internet das Coisas), por exemplo, podem ser instaladas nos veículos e equipamentos de limpeza urbana, e fornecem dados sobre localização, roteiro e conformidade dos trabalhos realizados, o que permite ao gestor ter acesso a um panorama de como o sistema está funcionando e como pode ser melhorado. Além disso, informações mais precisas podem ser comunicadas à população sobre, entre outros, a gestão do contrato.

Por fim, além de aprimorar as ações que já são executadas no município. O serviço público precisa encontrar soluções inteligentes de limpeza urbana, para que as condições de saneamento básico sejam realmente sanadas — e os principais cuidados, devidamente observados.

Para isso, é indispensável levar em conta iniciativas que respeitem o meio ambiente, garantindo, dessa forma, um melhor desempenho na oferta e na execução dos serviços de limpeza urbana, a fim de proporcionar a todos os cidadãos condições de vida mais dignas.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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