spot_img
HomeEIXOS TEMÁTICOSTecnologiaMAIS CONECTIVIDADE PARA AS CIDADES NA ERA DO 5G

MAIS CONECTIVIDADE PARA AS CIDADES NA ERA DO 5G

Igor Calvet
Igor Calvet
Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Atuou como Secretário Especial Adjunto do Ministério da Economia, e Secretário de Desenvolvimento e Competitividade Industrial do extinto Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Também foi Chefe da Assessoria de Assuntos Regulatórios e Internacionais do Ministério da Saúde e analista de Negócios e Projetos da Apex-Brasil.

A pandemia provou que o acesso à conectividade não é apenas um bem de luxo, mas um item básico das nossas sociedades. E, quando pensamos no 5G e olhamos para a situação da maior parte dos municípios brasileiros, vemos que há um intenso trabalho a ser realizado.

Em um mundo em que a transformação digital já selou o futuro das relações sociais, governamentais e de produção, e em que o 5G e a nova era da internet, o metaverso, despontam como estopins de mudanças profundamente disruptivas, ainda convivemos no Brasil com uma grande exclusão digital. Mais de 60 milhões de brasileiros, ou 29% da população, não têm acesso básico à conectividade. 

Essa realidade coexiste com outra: estudo global do Instituto McKinsey mostrou que as empresas adiantaram entre 3 e 4 anos a digitalização de seus processos internos e das interações com seus clientes e a cadeia de abastecimento. E o advento do 5G vai acentuar essa tendência, transformando completamente a forma de interação no mundo.

Do meu ponto de vista, esse processo é irreversível. A pandemia provou que o acesso à conectividade não é apenas um bem de luxo, mas um item básico das nossas sociedades. E, quando pensamos no 5G e olhamos para a situação da maior parte dos municípios brasileiros, vemos que há um intenso trabalho a ser realizado.



Levantamento feito pela Conexis revelou que apenas sete das capitais brasileiras estão prontas para receber a tecnologia 5G. São as únicas com legislações para instalação de infraestruturas e antenas suficientes para implementar a nova tecnologia. E, segundo dados da Associação Brasileira de

Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), apenas 28 municípios do país têm legislação adequada às antenas.

A rede 5G utiliza ondas milimétricas de alta frequência e, por isso, exige mais receptores e repetidores de sinal. Para o Brasil atingir a cobertura nacional, o 5G vai exigir número de antenas de cinco a 10 vezes maior que o atual. E, na questão legal, as cidades precisam se adequar à Lei Geral de

Antenas. Em resumo: uma verdadeira corrida de obstáculos, para garantir a infraestrutura necessária para o uso da nova frequência, que, segundo o edital da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), deve ser implementada nas capitais até julho de 2022.

Diante desse quadro de inadequada legislação e infraestrutura habilitadora, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com o Ministério das Comunicações e o Parque Tecnológico São José dos Campos, está implementando o projeto Conecta 5G. São cases de demonstração para testes práticos do uso de mobiliário urbano (luminárias inteligentes) com antenas 5G integradas.

Para os testes, escolhemos, inicialmente, cinco municípios – Ceará-Mirim, RN; Petrolina, PE; Araguaína, TO;  Jaraguá do Sul, SC; e Curitiba, PR – de diferentes regiões que levam em conta a diversidade brasileira, como questões climáticas, culturais e de infraestrutura. A tecnologia implantada é uma solução factível para o problema de espaço para colocação das antenas 5G. 

As empresas Nokia e Juganu desenvolveram uma luminária inteligente com antena 5G integrada, utilizando a tecnologia de chipset da empresa Qualcomm. É um produto desenvolvido exclusivamente para ser testado nesses municípios. O projeto permite ainda que as prefeituras gerem receitas acessórias, alugando suas próprias antenas, dentro das luminárias, para as operadoras de telefonia móvel. 

O acesso à conectividade é essencial para a jornada dos municípios rumo às cidades inteligentes. Segundo a McKinsey, uma cidade de cinco milhões de habitantes mais conectada pode diminuir a criminalidade em 40%, reduzir gastos com saúde em 15% e dar 30 minutos por dia a cada cidadão. Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) mostra que a adoção de soluções de IoT, considerando o padrão 5G, pode trazer ganhos tanto em qualidade de vida quanto em receita para estados e municípios. Por essa estimativa, até 2025 o Brasil poderia gerar ganhos de até US$ 27 bilhões com uso de tecnologias para cidades inteligentes. Nós da ABDI desejamos e trabalhamos para que essa expectativa vire realidade.

Aproveito para desejar a todos os leitores votos de um feliz Natal e um promissor 2022!

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

Artigos relacionados
- Advertisment -spot_img
- Advertisment -spot_img
- Advertisment -spot_img

Mais vistos