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OS DESAFIOS DAS CIDADES INTELIGENTES: QUAL A MELHOR SOLUÇÃO?

Mauricio Villar
Mauricio Villar
Sócio-fundador e COO da Tembici, empresa líder em micromobilidade na América Latina. Especialista em mobilidade urbana e precursor da entrada da tecnologia de bicicletas compartilhadas com estações no Brasil, tendo criado e implementado o projeto PedalUSP, o primeiro sistema de compartilhamento de bikes da Universidade de São Paulo.

A micromobilidade é fundamental para  que as cidades sejam, de fato, inteligentes

Lancei recentemente, em meu perfil nas redes sociais, alguns questionamentos provocativos com relação à locomoção pelas cidades, porque esse tipo de interação sempre nos ajuda a entender quais barreiras estamos enfrentando. Neste artigo, vou usar essa mesma dinâmica para provocar uma reflexão: Se você pudesse trocar seu carro por uma bicicleta elétrica, o que faria? 

Para responder essa pergunta, é necessário ter uma balança em mente. Quando falamos de melhorias para as cidades, não basta apenas tirar os carros movidos a combustível das ruas e substituí-los pelos elétricos, o que proponho aqui é uma troca benéfica para todos. Se os carros continuarem dominando o cenário, mesmo que nos modelos elétricos, eliminamos um problema e adicionamos outro: o número de automóveis circulando pela cidade só crescerá, aumentando o gargalo no trânsito e impossibilitando avanços fundamentais para as ações de desenvolvimento da micromobilidade. É preciso considerar o todo.



Diversas cidades mundo afora saíram à frente no arranjo de políticas públicas de incentivo à modais mais sustentáveis. Na França, por exemplo, um projeto está em fase de aprovação para os donos de carros antigos, que poderão entregá-los em ferros velhos e em troca receber nada menos que cerca de 2.500 euros, equivalente a quase 17 mil reais, para comprar uma bicicleta elétrica. É isso mesmo! Se essa iniciativa for aprovada, a França passa a ser o primeiro país a subsidiar a troca de carros por bicicletas. 

No ano passado, a Itália liderou ações similares durante a quarentena, uma vez que a bike foi considerada pela OMS como meio de transporte ideal para deslocamento. Em prol da economia de dinheiro e de CO2 no país, além de contribuir com as medidas de distanciamento social, o governo do país destinou cerca de 500 euros para cada cidadão que quisesse reformar ou comprar bikes novas.

O ponto principal de toda discussão sobre impacto ambiental acaba sendo a redução de emissão de CO2, mas é fundamental observar como a ocupação do espaço público também impacta na construção das cidades inteligentes. Para que uma cidade flua bem, seja no trânsito e no lazer, é preciso pensar em inovações que eliminem problemas. Atualmente já vemos carros elétricos compactos, mas a tendência é que as grandes máquinas comecem a aparecer. Parece uma previsão catastrófica, mas não há mais espaço para piora no trânsito dos grandes centros urbanos.

Integração nos modais de transporte

A solução para esses problemas passa, necessariamente, pela conscientização sobre a importância dos micro modais, em especial as bicicletas – tradicionais e elétricas, afinal sabemos que grande parte dos trajetos que as pessoas fazem no dia a dia não passa de 5 km, distância que pode ser facilmente percorrida de bike. 

Portanto, entendo que a micromobilidade é fundamental para  que as cidades sejam, de fato, inteligentes. Isto porque este conceito deve se pautar pela democratização do espaço público, é sobre pensar nas pessoas. Os avanços por todo o mundo provam que as bicicletas são mais que tendência, mas uma tecnologia que transforma a mobilidade, além da questão ambiental, que sem dúvidas é importante. Mas com elas o avanço é maior,  pois incentivam um modelo de transporte mais sustentável, livre e que prioriza o convívio social.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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