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O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ATUAL DEPENDE DA CONECTIVIDADE DE QUINTA GERAÇÃO

Atilio Rulli
Atilio Rulli
Vice-Presidente de Relações Públicas da Huawei na América Latina e Caribe, com contribuição significativa na construção de parcerias que alavancam a transformação digital no Brasil. O executivo já atuou como gestor de Rede e Data Center da Prodam – SP, passando por multinacionais como Cabletron, Enterasys e CISCO, onde foi responsável pela área de Diretorias Regionais de Vendas.

Aumentar a competitividade de todos os setores econômicos no atual momento está diretamente relacionado com a capacidade de expandir a infraestrutura 5G de modo que alcance todo o território nacional e esteja disponível para toda a população e em todas as cidades

A cidade de São Paulo, um dos maiores centros urbanos do mundo, recentemente enfrentou uma de suas crises climáticas mais severas, assumindo o posto de cidade mais poluída do planeta por vários dias. As imagens de um céu encoberto por uma densa camada de poluição, combinadas com um calor sufocante, serviram de alerta para os desafios ambientais que se tornam cada vez mais agudos.

No entanto, além de grave, estamos diante de um cenário peculiar. Ao contrário do que acontecia em décadas passadas, quando o desenvolvimento parecia ser o horizonte do país, São Paulo enfrenta uma poluição que não é causada por uma pujante indústria com suas chaminés que despejam toneladas de resíduos no ar. Na verdade, trata-se de uma combinação entre a seca comum nessa época do ano e uma tecnologia agrária de tempos imemoriais que é a de aproveitar a estação para queimar o mato e limpar os campos. 

Ao mesmo tempo que recebe as consequências dessa técnica ancestral, a cidade de São Paulo documenta seu ambiente insalubre em câmeras 4k de smartphones ligados à conectividade ultrarrápida 5G. Alguns pensadores do Brasil falam dessa enorme contradição que parece ser recorrente na história do país. Uma luta insana entre o arcaico e o moderno, uma briga contínua entre o que nos prende ao passado e a necessidade de entrar definitivamente na modernidade.

Essa luta tem cobrado sua fatura na história do desenvolvimento econômico do país. Um exemplo simples: em 1980, o PIB do Brasil era o dobro do da China. Hoje, é nove vezes menor. O que aconteceu nos últimos 40 anos? Cada vez mais brasileiros e analistas que visitam a China fazem essa pergunta. Como foi possível transformar Shenzhen, que há 30 anos era apenas uma vila de pescadores, em uma moderna metrópole, centro de pesquisa e desenvolvimento das tecnologias digitais mais avançadas do mundo?

Vamos deixar que o leitor fique com essas perguntas e busque, por ele mesmo, as respostas. O fato concreto é que vivemos hoje uma oportunidade imensa de progresso econômico, que está impulsionando nações em todo o mundo. Essa janela está no inevitável avanço das tecnologias digitais, como a inteligência artificial e a computação em nuvem, capazes de gerar e lidar com zettabytes de dados. As operadoras de telefonia nacionais já fazem, por exemplo, testes com o 5.5G.

Aumentar a competitividade de todos os setores econômicos no atual momento está diretamente relacionado com a capacidade de expandir a infraestrutura 5G de modo que alcance todo o território nacional e esteja disponível para toda a população e em todas as cidades. Importante ressaltar, no entanto, que a tecnologia, por si só, não é um remédio para todos os males. Não é a tecnologia que resolve problemas, são as pessoas. As pessoas, a sociedade em si, seus governantes e empresários têm que ter planos, ambição e vontade.

As cidades inteligentes e o 5G no Brasil

Mudar a realidade ambiental de São Paulo e dos demais municípios brasileiros, ampliar o uso da conectividade na criação de serviços públicos mais inteligentes e de maior qualidade e promover a criação de novas oportunidades de negócios e de geração de renda são as tarefas atuais dos gestores públicos e privados.

O Brasil tem avançado na implantação da conectividade 5G e, podemos dizer que o processo está mais rápido do que o ocorrido com a geração anterior, o 4G. Segundo dados da Conecte 5G, uma iniciativa setorial das operadoras e da Conexis, o Brasil já conta com 651 municípios conectados, beneficiando mais de 63,8% da população. 

Muitas iniciativas de cidades inteligentes têm sido consideradas e algumas capitais brasileiras têm até conseguido prêmios internacionais, como apontamos neste artigo aqui no Portal Connected Smart Cities. Mesmo assim, é interessante notar que estamos nas vésperas das eleições municipais e pouco tempo foi dado para debater essa questão. A transformação digital parece fazer parte de uma agenda que é somente do governo federal. É importante lembrar que sua realização só pode acontecer no município. 

Eis um exemplo digno de nota: a cidade de Xangai, em parceria com a Universidade de Helsinque, está trabalhando para criar uma rede de sensores de qualidade do ar com base no  no poder do 5G, da inteligência artificial e da Internet das coisas (IoT). As fontes poluidoras de Xangai são, em sua maioria, os automóveis e o projeto fornece aos legisladores e residentes informações em tempo real sobre a qualidade do ar em toda a cidade, permitindo tomadas de decisões mais inteligentes e eficientes sobre o problema.

No ano que vem, teremos mais uma estação de seca, como temos a das chuvas, e é preciso agir em vez de esperar que o país inteiro esteja coberto por fuligem. Ou ainda, que uma das mais importantes cidades do mundo tenha a pior qualidade do ar novamente. É urgente que a transformação digital seja vista com a seriedade necessária para que o Brasil garanta seu futuro entre as nações mais desenvolvidas do mundo. 

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities. 

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