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Transporte Sustentável na COP 30: O que as cidades vão entregar?

Ampliar a eletrificação das frotas de ônibus exige mais esclarecimento e informação aos prefeitos

A COP 30 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – será o evento diplomático do ano, ou talvez da década, no Brasil. 

Ela reunirá em Belém do Pará, a partir de 10 de novembro, chefes de Estado e lideranças internacionais de dezenas de países, além de alguns milhares de pesquisadores, ativistas do meio ambiente, autoridades públicas e empresários.

Todos estarão preocupados em ter o que “entregar”. Quais serão as contribuições que esses líderes políticos, empresariais e acadêmicos oferecerão ao Brasil e ao planeta para reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) e atingir a meta de carbono zero em 2050, conforme estabeleceu o Acordo de Paris em 2015?

Esse tipo de preocupação deveria estar no centro das prioridades dos dirigentes políticos brasileiros em todos os níveis. 

Mas, a sete meses da COP 3-0, o engajamento dos diversos entes governamentais com a agenda climática ainda é muito irregular e, no geral, frágil. 

O Governo Federal deverá apresentar o Plano Clima, e trabalha para entregar uma meta nacional de redução de poluentes de até 67% até 2035. Se conseguir, será um grande avanço. 

Tudo depende de o país conseguir de fato controlar o desmatamento na Amazônia e nos principais biomas, principal causa das emissões de GEE no Brasil, e melhorar o manejo das atividades agropecuárias para reduzir as emissões de metano decorrentes da digestão do gado, a segunda causa. 

O governo federal e alguns estados estão muito envolvidos com esses objetivos, mas não será nada fácil atingi-los.

O elo mais fraco dessa cadeia de esforços para descarbonizar o Brasil até 2050 talvez esteja nas cidades. Poucos prefeitos eleitos em 2024 conseguiram avançar em políticas sólidas para combater as mudanças climáticas.

O transporte em geral e o transporte público em particular são os principais fatores de emissão de poluentes nas grandes cidades. 

Com um agravante: os ônibus a diesel e os carros a combustível fóssil emitem não apenas gás carbônico (CO²), mas também óxidos de nitrogênio (NOx), material particulado (MP) e outros gases nocivos à saúde humana, contribuindo diretamente para o aumento de internações e mortes por problemas respiratórios, cardiovasculares e câncer.

No entanto, segundo dados da ABVE Data, apenas 21 municípios brasileiros emplacaram ônibus elétricos entre 2022 de abril de 2025, sendo 81% deles numa única cidade, São Paulo (ver quadro).

Emplacamento de ônibus elétricos por município – 2022 a Abr/2025

 EMPLACAMENTOS DE ÔNIBUS ELÉTRICOS POR MUNICÍPIO - 2022 a Abr/2025
Fonte: ABVE DATA/Abril25

Embora a gestão do transporte coletiva seja tipicamente de competência dos municípios, poucos prefeitos se animaram a apostar na eletrificação quando o governo federal lançou o PAC Seleções, em maio de 2024, com um programa de financiamento de R$ 10,6 bilhões para renovação de frotas.

Dos 5.350 veículos pleiteados pelos prefeitos para se candidatar ao financiamento, apenas 2.529 eram elétricos, contemplando apenas cerca de 20 municípios. As cidades ainda têm pouco a entregar na COP 30.

Não se pode culpar apenas a timidez dos prefeitos. Muitos deles provavelmente gostariam de eletrificar suas frotas, mas têm poucas informações sobre a viabilidade da nova tecnologia e se sentiram inseguros.

É preciso um trabalho integrado e didático de esclarecimento e circulação de informações para ampliar o interesse das cidades pelos ônibus elétricos e explicar como eletrificar as frotas municipais. 

Um trabalho que envolva as entidades empresariais do setor de transporte, governo federal (principalmente Ministério das Cidades), empresas de ônibus e de carregadores elétricos e a Frente Nacional dos Prefeitos.

Isso pode ser feito por meio de seminários e workshops, reunindo prefeitos, secretários de mobilidade urbana, operadores de transporte, agentes financeiros do governo e empresas do setor. Esse é um exemplo de iniciativa. Há muitas outras.

Com raras exceções, o fato é que a descarbonização do transporte público evolui a passos lentos nas cidades, mesmo nas capitais e grandes metrópoles.

Que essa constatação seja menos um lamento e mais um alerta para o setor recuperar o tempo perdido e dar uma decisiva contribuição às metas nacionais de descarbonização do transporte público. 

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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A COP 30 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – será o evento diplomático do ano, ou talvez da década, no Brasil. 

Ela reunirá em Belém do Pará, a partir de 10 de novembro, chefes de Estado e lideranças internacionais de dezenas de países, além de alguns milhares de pesquisadores, ativistas do meio ambiente, autoridades públicas e empresários.

Todos estarão preocupados em ter o que “entregar”. Quais serão as contribuições que esses líderes políticos, empresariais e acadêmicos oferecerão ao Brasil e ao planeta para reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) e atingir a meta de carbono zero em 2050, conforme estabeleceu o Acordo de Paris em 2015?

Esse tipo de preocupação deveria estar no centro das prioridades dos dirigentes políticos brasileiros em todos os níveis. 

Mas, a sete meses da COP 3-0, o engajamento dos diversos entes governamentais com a agenda climática ainda é muito irregular e, no geral, frágil. 

O Governo Federal deverá apresentar o Plano Clima, e trabalha para entregar uma meta nacional de redução de poluentes de até 67% até 2035. Se conseguir, será um grande avanço. 

Tudo depende de o país conseguir de fato controlar o desmatamento na Amazônia e nos principais biomas, principal causa das emissões de GEE no Brasil, e melhorar o manejo das atividades agropecuárias para reduzir as emissões de metano decorrentes da digestão do gado, a segunda causa. 

O governo federal e alguns estados estão muito envolvidos com esses objetivos, mas não será nada fácil atingi-los.

O elo mais fraco dessa cadeia de esforços para descarbonizar o Brasil até 2050 talvez esteja nas cidades. Poucos prefeitos eleitos em 2024 conseguiram avançar em políticas sólidas para combater as mudanças climáticas.

O transporte em geral e o transporte público em particular são os principais fatores de emissão de poluentes nas grandes cidades. 

Com um agravante: os ônibus a diesel e os carros a combustível fóssil emitem não apenas gás carbônico (CO²), mas também óxidos de nitrogênio (NOx), material particulado (MP) e outros gases nocivos à saúde humana, contribuindo diretamente para o aumento de internações e mortes por problemas respiratórios, cardiovasculares e câncer.

No entanto, segundo dados da ABVE Data, apenas 21 municípios brasileiros emplacaram ônibus elétricos entre 2022 de abril de 2025, sendo 81% deles numa única cidade, São Paulo (ver quadro).

Emplacamento de ônibus elétricos por município – 2022 a Abr/2025

 EMPLACAMENTOS DE ÔNIBUS ELÉTRICOS POR MUNICÍPIO - 2022 a Abr/2025
Fonte: ABVE DATA/Abril25

Embora a gestão do transporte coletiva seja tipicamente de competência dos municípios, poucos prefeitos se animaram a apostar na eletrificação quando o governo federal lançou o PAC Seleções, em maio de 2024, com um programa de financiamento de R$ 10,6 bilhões para renovação de frotas.

Dos 5.350 veículos pleiteados pelos prefeitos para se candidatar ao financiamento, apenas 2.529 eram elétricos, contemplando apenas cerca de 20 municípios. As cidades ainda têm pouco a entregar na COP 30.

Não se pode culpar apenas a timidez dos prefeitos. Muitos deles provavelmente gostariam de eletrificar suas frotas, mas têm poucas informações sobre a viabilidade da nova tecnologia e se sentiram inseguros.

É preciso um trabalho integrado e didático de esclarecimento e circulação de informações para ampliar o interesse das cidades pelos ônibus elétricos e explicar como eletrificar as frotas municipais. 

Um trabalho que envolva as entidades empresariais do setor de transporte, governo federal (principalmente Ministério das Cidades), empresas de ônibus e de carregadores elétricos e a Frente Nacional dos Prefeitos.

Isso pode ser feito por meio de seminários e workshops, reunindo prefeitos, secretários de mobilidade urbana, operadores de transporte, agentes financeiros do governo e empresas do setor. Esse é um exemplo de iniciativa. Há muitas outras.

Com raras exceções, o fato é que a descarbonização do transporte público evolui a passos lentos nas cidades, mesmo nas capitais e grandes metrópoles.

Que essa constatação seja menos um lamento e mais um alerta para o setor recuperar o tempo perdido e dar uma decisiva contribuição às metas nacionais de descarbonização do transporte público. 

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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