O que é e para que serve este padrão de dados no transporte.
O transporte público é uma prerrogativa dos governos municipais, mas muitos enfrentam desafios significativos devido à falta de verba. A pandemia agravou essa situação, mas também catalisou discussão sobre mudanças na regulação, principalmente o apoio em recursos por parte do governo federal. Uma solução paliativa foi o pagamento de subsídios com base no número de idosos, mas as discussões prosseguem, e é necessário ter uma metodologia e mecanismo que permita pagar e medir caso a medida avance.
Eis que o General Transit Feed Specification (GTFS), um formato de dados desenvolvido pelo Google, e hoje liderado pela Mobilitydata, fornece toda estrutura dos dados da oferta. Esse padrão facilita a troca de informações e apresenta o conjunto de linhas, variantes, quadro de horário com suas nuances, tarifa, enfim, este padrão de dado permite que se tenha a real clareza do planejado a ser executado em dada localidade.
Saber exatamente o que será ofertado é uma ótima estimativa para custos do sistema. A composição de custo é complexa, mas a grosso modo é o conjunto de custos fixos (veículos, mão de obra, etc) e custos variáveis (como combustível, peças e acessórios, rodagem, etc). O GTFS permite saber a quilometragem total estimada a ser executada e em conjunto com o quadro de horário uma estimativa da frota e mão de obra necessária para atendê-la. Desta forma o GTFS possibilitaria ao Governo Federal estimar ou estabelecer critérios de subsídios com uma margem de controle e medição muito apuradas.
Muito além do subsídio, um municio que informa aos seus habitantes quais são as opções de deslocamento, e cumpre essa especificação, garante um dos critérios mais importantes na percepção da qualidade do transporte coletivo, a confiança. Seja através de aplicativos proprietários, ou oficiais do municio/operador, a informação ao usuário é uma vertente fundamental à melhoria do transporte e principalmente fortalecimento do setor.
A plataforma lançada pela Bus2 no Connect Smart Cities de 2023 passou a ter apoio de parcerias estratégicas, como a do Google e FNP. Com isso os municípios passam a ter a oportunidade de transformar seus sistemas de mobilidade urbana. Essa transformação não só atende a uma demanda urgente por melhoria na gestão e transparência, mas também se alinha com a necessidade dos municípios se organizarem com seus dados para permitir uma metodologia viável para o aporte de recursos federais.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Mestre em transportes pela UFMG, com mais de 15 anos na área tendo atuado em transportes em duas copas do mundo e duas olimpíadas, sendo as duas últimas posições em eventos como consultor do COI e CONMEBOL. Sócio de uma consultoria tradicional de transportes (PLANUM) e sócio de uma startup de inovação de mobilidade (Bus2). Atualmente trata mais de 1 bilhão de registros por mês entre dados de planejamento, AVL, SBE e outros, independente de formato e fornecedores.