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ALÉM DO CUSTO, MUDAR A CULTURA DE MOBILIDADE É DESAFIO PARA DESCARBONIZAÇÃO

Assunto foi discutido por especialistas na sede da SME em Belo Horizonte

Em evento na sede da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), ontem, os principais desafios e propostas para a descarbonização do transporte e mobilidade urbana estiveram na mesa de discussões. Além de que o alto custo em mudar a fonte energética, destaque unânime entre os participantes é a mudança da cultura de mobilidade urbana na sociedade brasileira, tida como principal desafio para êxito na descarbonização.

Para Bianca Gonçalves Lara, superintendente de Transporte Intermunicipal e Metropolitano da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra), incentivos do poder público são essenciais para fazer com que o custo elevado não seja um dos impeditivos para a eletrificação. O valor do veículo elétrico é 2,5 vezes maior de um veículo convencional.

“Agora vai começar um movimento maior de política pública nesse sentido, sem contar o que estamos vivendo, sentindo na pele os efeitos das mudanças climáticas, então está em pauta mesmo. Se não tiver uma contrapartida do poder público, o custo do veículo vai para a tarifa. Mas está muito no começo para eliminar essa discussão. Creio que vão haver, sim, incentivos no futuro por essa urgência desse cenário que vemos hoje”, disse.

“Nós temos que fazer tudo com muita cautela porque custa muito caro. Estamos dando passos graduais”, comentou o superintendente da Secretaria de Mobilidade (Semob) de Belo Horizonte, André Dantas, que emenda: “O passo gradual é testar um veículo, abrir para várias tecnologias, investir na substituição parcial da frota, e acumular a experiência para ter um retorno no investimento. No longo prazo, com outras alterações estruturais, viabilizar o resultado final que é a descarbonização”, completa.

Assim como Bianca Lara, o secretário afirma que a descarbonização da mobilidade exige superar o desafio de ser realizada sem transferir o custo para a tarifa, que seria como praticamente “expulsar” o usuário do transporte coletivo.

Mudança cultural

Mas para além do custo, a descarbonização necessita de um passo não menos importante: desincentivar o uso do transporte individual. “O maior desafio é mudar o modelo de desenvolvimento urbano voltado para o automóvel. Se nós não incentivarmos o transporte individual, nós já vamos estar contribuindo para a descarbonização. São várias ações que têm que ser tomadas ao mesmo tempo”, conta Dantas.

A superintendente Bianca Lara aponta a qualidade do serviço como passo importante para incentivar a migração de pessoas dos carros para o transporte coletivo. “Quando falamos em poluição, 60% vem dos automóveis individuais e apenas 27% do transporte coletivo. Não adianta pensar em eletrificação, não só no transporte coletivo, mas nos veículos individuais, e só substituindo veículos. Sem estar tirando veículos das ruas, isso não resolve os demais problemas de mobilidade”, comenta.

Virgínia Campos, presidente da SME, afirma que a descarbonização dependerá do nível de urgência que a sociedade brasileira vai demandar. “A mudança cultural é algo lento. Mesmo que tenhamos soluções, quem vai viabilizar toda essa questão é a sociedade. Quem vai determinar a celeridade ou não dessas mudanças é a participação e o entendimento da sociedade sobre esses problemas e importância dessa questão”, pontua.

Interação entre setores

A presidente da SME destacou que os gargalos para desenvolver a economia de baixo carbono são operacionais, não necessariamente na solução em si. “Soluções estabelecidas, viáveis, mas não possíveis de serem operacionalizadas por falta de estrutura. A restrição não está numa não solução, porque a solução já está definida. Mas numa infraestrutura capaz de dar suporte para uma solução já pensada”, pontua.

Para Virgínia Campos, esse tipo de encontro promove a interação entre setores com potencial de conhecimento e investimentos em infraestrutura para a descarbonização. “É uma questão da qual nós da Sociedade Mineira de Engenheiros podemos participar, que é estar definindo essa interação entre governo, mercado e sociedade civil na busca das necessidades de infraestrutura, das prioridades e das tendências que temos que discutir”, finaliza.

Fonte: Diário do comércio

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