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COM A CHEGADA DO 5G, CRESCE A IMPORTÂNCIA DE UMA GESTÃO PÚBLICA MAIS CONECTADA

Atilio Rulli
Atilio Rulli
Vice-Presidente de Relações Públicas da Huawei na América Latina e Caribe, com contribuição significativa na construção de parcerias que alavancam a transformação digital no Brasil. O executivo já atuou como gestor de Rede e Data Center da Prodam – SP, passando por multinacionais como Cabletron, Enterasys e CISCO, onde foi responsável pela área de Diretorias Regionais de Vendas.

Os próximos anos serão críticos para o desenvolvimento do 5G no Brasil e representam uma enorme janela de oportunidades para a geração de riqueza e de crescimento econômico

Recentemente o jornal Valor Econômico entrevistou os principais fabricantes globais de equipamentos para fazer um balanço dos primeiros meses do 5G no Brasil.  Na data da publicação do texto, a tecnologia já estava presente em 12 cidades e vinha gerando uma alta demanda por smartphones compatíveis com a quinta geração da telefonia móvel. Segundo o jornal, mais de 5 milhões haviam sido vendidos desde julho. No entanto, muitos consumidores relataram instabilidades. Isso acontece porque as redes ainda estão sendo instaladas e testadas. Estima-se que são necessárias mais de um milhão de novas antenas para que tenhamos uma cobertura de alcance nacional.

Este cenário carrega ainda uma outra particularidade. Ele coincide com as eleições gerais, abrindo a oportunidade para uma importante discussão sobre políticas públicas voltadas à inclusão digital e à ampliação da oferta de serviços públicos conectados. Nesse contexto, o papel do governo federal e, especialmente, dos governadores é fundamental para a promoção de políticas e de projetos em parceria com os municípios. 

Os próximos quatro anos serão críticos para o desenvolvimento do 5G no Brasil e representam uma enorme janela de oportunidades para a geração de riqueza e de crescimento econômico. Segundo o jornal Valor, o Fórum Econômico Mundial prevê, até o ano que vem, a implantação das fábricas inteligentes e da realidade aumentada em saúde em inúmeros lugares ao redor do mundo. Em 2024, chegarão o carro autônomo e o banco em tempo real. Em 2025, a tecnologia nos dará a internet das coisas, as cidades e a agricultura inteligentes. Em um período de tempo muito curto, experimentaremos grandes transformações. Assim, os governadores que forem eleitos e assumirem seus cargos em janeiro de 2023 terão a tarefa crucial de não permitir que esse momento escape de suas mãos. 

No final do mês de agosto, o Ministério da Economia (ME), juntamente com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), apresentou um estudo sobre a maturidade digital dos municípios brasileiros. A pesquisa foi aplicada de fevereiro a março de 2022, entre gestores de 52 cidades (sendo 16 capitais) com população acima de 200 mil habitantes, recorte de um universo de 155 municípios que produzem 59% do Produto Interno Bruto (PIB) e onde vivem 99 milhões de pessoas. O documento traz a análise de mais de 80 indicadores da Pesquisa de Informações Básicas Municipais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Munic/IBGE), que estão relacionados às dimensões de infraestrutura, governança, pessoas, serviços e processos TIC.

A pesquisa do ME revela que as infraestruturas em TIC foram aprimoradas nos municípios, mas ainda persistem os baixos níveis de integração de informações e sistemas, além da falta de transparência de dados. Foram identificadas, também, tendências claras de institucionalização do esforço de transformação digital, que é financiado, na maioria das vezes, por recursos próprios. Com relação às principais motivações para o aprimoramento digital, foram apontadas a necessidade de melhoria de serviços aos cidadãos e a redução dos custos de operação. O estudo constatou, ainda, que as prefeituras estão utilizando, cada vez mais, as redes sociais para promover os serviços e ouvir as pessoas.

Desses achados, o esforço das cidades com a transformação digital utilizando recursos próprios chama atenção, visto que já existem alguns canais de fomento na esfera federal. É nesse ponto que o papel dos governadores pode fazer a diferença, fazendo esta intermediação e lançando mecanismos estaduais de financiamento. Lembremos que um dos objetivos estratégicos da Carta Brasileira para Cidades Inteligentes é justamente o estímulo a modelos de financiamento para o desenvolvimento urbano sustentável no contexto da transformação digital. 

Em meu artigo Onde encontrar financiamento para tirar do papel projetos de cidades inteligentes, procurei elencar vários programas existentes, incluindo o Pró-Cidades, do governo federal, que destina recursos na ordem de R$ 2 bilhões por ano do FGTS, com operação da Caixa Econômica Federal, para diversas iniciativas, entre elas a implementação de soluções tecnológicas. Com a chegada do 5G, no entanto, as políticas de investimento, capacitação e fomento merecem um olhar ainda mais estratégico por parte dos novos governadores.

A tomada de decisões precisa estar em sintonia com a velocidade exponencial das demandas que surgirão. O momento é ideal justamente porque as redes estão sendo instaladas nos municípios. A geração de novos empregos e de novos negócios está ao alcance de nossas mãos. É importante que os governadores também tenham consciência da importância dos projetos de cidades inteligentes com o advento da tecnologia 5G e busquem priorizar a TIC na administração pública. Se assim for, daqui a quatro anos, certamente colheremos os resultados do bom caminho escolhido.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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