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COMO OS DADOS DE MOBILIDADE ORIUNDOS DOS REGISTROS DE TELEFONIA MÓVEL PODEM CONTRIBUIR COM A REESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTE COLETIVO URBANO?

Luiz Eduardo Viotti
Luiz Eduardo Viotti
Sócio e Managing Director no Brasil da Kido Dynamics, investidor anjo em diversas startups, sócio e membro do comitê de investimentos da GR8 Ventures e da You Mind, plataforma de negócios e inovação. Também atuou como sócio das consultorias PwC e KPMG, onde liderou as práticas de Telecomunicações, Midia e Tecnologia, e foi CEO da EAQ, entidade aferidora da qualidade da Banda Larga no Brasil.

Os operadores de transporte coletivo precisam conhecer a demanda total de viagens que ocorrem em sua região, já que elas detêm, na grande maioria dos casos, apenas a informação de quem já é usuário do sistema de transporte público

Estamos no início de 2022 e os cenários são ainda incertos: novas variantes de Covid-19 preocupam todo o mundo, índices de inflação estão em alta e reajustes nos preços dos combustíveis são cada vez mais frequentes. Um dos setores mais impactados economicamente nos últimos anos foi o do transporte coletivo urbano, que registrou uma queda média de quase 40% na demanda de passageiros, apesar de manter a oferta entre 80% e 100% da frota, em comparação com 2019, para atender às normas sanitárias.

De acordo com a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), ao longo dos últimos dois anos os contratos de concessão acumularam perdas com prejuízos que já passam dos R$22 bilhões em nível nacional. Sem as devidas condições necessárias para a prestação de um serviço condizente com o anseio popular, o setor precisará de uma grande reestruturação para conseguir atrair cada vez mais usuários à medida em que ocorre a retomada da economia.



Nesse sentido, o desafio do setor de transporte público, hoje, é bastante claro: em um cenário de grande aumento dos custos operacionais, como manter um sistema de transporte coletivo eficiente, com conforto e segurança, e que seja acessível à população que vem enfrentando redução do seu poder de compra com a aceleração da inflação?

Para reverter este panorama, nada auspicioso, as empresas de transporte coletivo vêm buscando alternativas junto ao poder público visando estabelecer um reequilíbrio econômico-financeiro em seus contratos de operação. O dilema para os gestores públicos não é fácil: elevar o valor da passagem, onerando o cidadão, ou conceder subsídios às empresas de ônibus, trens e metrô pressionando ainda mais as contas públicas.

Em paralelo, algumas empresas de transporte coletivo têm buscado soluções para aumentar sua eficiência operacional, através de ações técnicas tais como a otimização da relação de oferta e demanda do serviço, a partir de estudos de engenharia de tráfego que permitem aos operadores ajustar itinerários, frequências e até mesmo propor novas linhas, visando atrair um número maior de usuários ao sistema.

Para que isso seja possível, os operadores de transporte coletivo precisam conhecer a demanda total de viagens que ocorrem em sua região, já que elas detêm, na grande maioria dos casos, apenas a informação de quem já é usuário do sistema de transporte público. Nesse sentido, acreditamos que a análise de matrizes de origem-destino dos deslocamentos da população obtidas através do processamento dos registros anônimos de telefonia móvel são a melhor alternativa para gerar insights para o planejamento e otimização deste modal. 

Em termos de robustez e representatividade da amostra coletada, os CDRs (call detail records) são a fonte mais confiável para o conhecimento dos padrões de mobilidade da população. Além disso, esta fonte de dados permite uma frequência de atualização da informação diária, com custo e prazo de entrega muito inferiores ao de outros métodos de levantamento de dados de mobilidade, como as pesquisas de campo.

Momento difíceis pedem, muitas vezes, soluções inovadoras. A tecnologia de fornecimento de dados de mobilidade a partir de registros de telefonia já existe e está à disposição das empresas de transporte coletivo que desejam aumentar a eficiência da sua operação e se prepararem para o futuro.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities 

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