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A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E A QUESTÃO GERACIONAL

Sergio Sgobbi
Sergio Sgobbi
Diretor de relações institucionais e governamentais na Brasscom, atuou como consultor em gestão empresarial para micro e pequenas empresas para o SEBRAE/SP e facilitador de cursos nas áreas de RH e Gestão estratégica de negócios. Desempenhou também a função de Secretário de Desenvolvimento Econômico do Município de Araraquara/SP. Graduado em Ciências Sociais (Unesp) e Administração (Uniara) e doutorando em desenvolvimento territorial e meio ambiente.

Descasamento dos tomadores de decisão com as novas tecnologias pode ser empecilho para a promoção da inovação 

A propalada Transformação Digital, diferentemente do imaginário de uma revolução digital, está ancorada na inserção de tecnologias no cotidiano das empresas. A busca por competitividade, eficiência, melhoria dos processos, redução de custos e por que não dizer manutenção das empresas nos mercados, são os motivadores desse movimento.

Segundo o IDC, as organizações estão acelerando os investimentos nos meios digitais previstos para o período de 2022/2024, com crescimento anual em 16,5%. A maioria das organizações empresariais, 53% no total, tem uma estratégia de Transformação Digital – um aumento de 42% em relação há apenas dois anos passados. Segundo dados da pesquisa, os níveis de investimento podem chegar a US$ 6,3 trilhões.



Números e projeções grandiosas induzem a pensarmos em desenvolvimento, pois há uma grande associação entre o uso das tecnologias e as perspectivas de desenvolvimento. Até aqui, nada de novidade, tudo segue o fluxo conhecido. Um ponto de destaque a partir dessa contextualização, no entanto, é o fator “tomador de decisão”. 

Para que essas estratégias de Transformação Digital se coloquem em curso – e isso vale tanto para o setor público como para o privado – é necessário que haja pessoas na tomada de decisão. Por exemplo: sobre tecnologias a serem utilizadas, melhores práticas, fatores de segurança e usabilidade das aplicações, entre um número amplo de informações técnicas e que em função da mutabilidade da tecnologia se atualizam cotidianamente.

Imagine e reflita sobre o perfil de quem decide pela implantação dos ferramentais tecnológicos. Qual é a relação desses atores com as tecnologias? A faixa etária é de alguém que acompanha o surgimento diário de aplicações, inovações e usabilidades dos ferramentais? Têm comportamentos e conhecimentos hábeis para essa tomada de atitude? Creio que, agora, ao imaginá-los, você deva estar sorrindo, pois há uma clara cisão aí.

Maturidade vs. Maturidade Tecnológica

As pessoas ascendem a posições por acúmulo de conhecimentos, competência técnica/administrativa, liderança, ou mesmo por serem detentoras do capital, como é o caso dos proprietários das empresas. Para chegarem a esse estágio, esses acúmulos também ensejam o acúmulo de anos de vida. Tudo isso é muito bom e salutar.

Mas a questão geracional cobra o seu preço. Do ponto de vista tecnológico, quais são os parâmetros dos atuais tomadores de decisão? Em geral, quem decide é de uma geração que não teve a convivência ou tem a maturidade tecnológica para decidir sobre a temática.

O processamento na nuvem é recente, apesar de o conceito ser antigo. A Lei Geral de Proteção de Dados foi promulgada em 2018, apesar de o conceito de privacidade ser do final do século XIX. O que falar de cidades inteligentes, Internet das coisas, inteligência artificial e quaisquer outros temas que possam ser incluídos nessa lista? Quem decide não sabe e não conhece. Essa afirmação, é importante ressaltar, não tem nenhuma conotação de menosprezo ou desmerecimento, mas reside na compreensão de qual cenário estamos envolvidos.

As tecnologias precisam ser ágeis, resolver problemas, mesmo que simples, adquirir a confiança dos usuários e ser livres para fluírem. As conformações, quer sejam legislativas ou empresariais, ex-ante podem cercear os benefícios, inibir e até atrasar a adoção das tecnologias e suas inovações. A convergência de conhecimentos geracionais e a convivência são fundamentais para que a Transformação Digital ocorra na sua plenitude. A paciência e o franco diálogo dos envolvidos é um comportamento que deve ser trabalhado e aprendido, a fim de que se consiga alcançar a maturidade necessária na tomada das melhores decisões tecnológicas.

¹ International Data Corporation

² Samuel Warren e Louis Brandeis em um artigo publicado na revista Harvard Law Review em 1890

³ Baseado em suposição e prognóstico, sendo fundamentalmente subjetivo e estimativo.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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