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A NOVA GERAÇÃO DE CIDADES QUE JÁ NASCEM INTELIGENTES

Aurelie dos Santos
Aurelie dos Santos
Gerente de Smart Cities na green4T. Graduada em estratégias territoriais e urbanas pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, a executiva possui experiência organizacional na gestão de projetos de mobilidade adquirida no Brasil, França, Argentina e México. Atuou na implantação de 24 sistemas de bicicletas públicas e carros elétricos compartilhados e publicou o “Projetar e Construir Bairros Sustentáveis”, estudo comparativo sobre operações urbanas consorciadas, em São Paulo e Paris.

Criar cidades inteligentes do ponto zero é extremamente complexo e caro. Entretanto, é necessário acelerar os esforços para que a estruturação de novas áreas urbanas no Brasil contemple soluções que elevem a qualidade de vida dos habitantes

No início deste ano, a Arábia Saudita anunciou a criação da cidade ecológica chamada The Line, com “zero carros, zero estradas, zero emissões de CO²” no Neom, uma região em desenvolvimento no Noroeste do País.  O novo município poderá acomodar um milhão de habitantes, tem 170 quilômetros de comprimento e preservará 95% das áreas naturais, como descreveu o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman em seu anúncio.

The Line parece paradoxal num país reconhecido por sua robusta produção de petróleo – uma fonte energética que o mundo quer deixar para trás. Por isso, o megaprojeto saudita chama tanto a atenção. Aponta para a possibilidade de se romper com modelos seculares para dar-se início a um novo paradigma. Neom foi detalhadamente projetada como uma região futurista e turística, a fim de diversificar a economia do País.



Transporte de alta velocidade e trajetos curtos

A dinâmica de The Line está planejada em torno das atividades dos pedestres, buscando manter escolas, centros de saúde e espaços verdes em suas próprias comunidades, e oferecer transporte público de alta velocidade e trajetos curtos. De acordo com a divulgação, o novo centro urbano também será baseado em tecnologias de inteligência artificial. 

É um movimento que se propaga nos últimos anos. Em 2019, a Coreia do Sul anunciou sua liderança em um grupo de onze países asiáticos que vão construir ou transformar 26 cidades inteligentes. A colaboração destes países busca resolver problemas de urbanização que vão da concentração populacional às enchentes, por exemplo. 

Naturalmente, criar cidades inteligentes do ponto zero é extremamente complexo e caro. Entretanto, é necessário acelerar os esforços para que a estruturação de novas áreas urbanas no Brasil, com grande potencial de crescimento, contemple novas soluções que elevem a qualidade de vida dos habitantes. 

Cidadãos como ponto central

E, paralelamente, também precisamos promover a mudança de patamar das nossas cidades. Com inteligência, tecnologia e inovação, tendo os cidadãos como ponto central das soluções, é possível melhorar a infraestrutura do transporte público, ampliar a prestação dos serviços essenciais, diminuir os índices de poluição e enfrentar diversos outros desafios gerados pelo crescimento desenfreado dessas regiões.

Isso é crucial se levarmos em consideração que, desde 2014, mais da metade da população mundial vive em áreas urbanas. Essa taxa aumentará para 70% até 2050, como relata o Correio da Unesco – Reinventar as cidades. O documento aponta que, embora ocupem apenas 2% da superfície terrestre, as cidades consomem 60% da energia mundial, liberam 75% das emissões de gases de efeito estufa e produzem 70% do lixo global.

Tecnologias no Brasil

O Brasil já dispõe de soluções tecnológicas de primeira linha e especialistas em múltiplas áreas dedicados a reverter este cenário. Entre elas, por exemplo, estão tecnologias de análise de dados e inteligência artificial para melhor gestão do transporte público, tornando o uso mais eficiente e rentável para os municípios, além de aumentar a conveniência para os passageiros e reduzir a emissão de poluentes.

Há uma considerável diversidade de recursos para tornar as cidades brasileiras mais conectadas, seguras, autorregenerativas, sustentáveis ambiental e economicamente e, ainda, inclusivas e agradáveis do ponto de vista dos cidadãos. Cidades podem nascer ou se tornarem inteligentes – seja como for, é uma agenda a ser fortalecida no Brasil.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities 

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