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5G E AS CIDADES INTELIGENTES

Igor Calvet
Igor Calvet
Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Atuou como Secretário Especial Adjunto do Ministério da Economia, e Secretário de Desenvolvimento e Competitividade Industrial do extinto Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Também foi Chefe da Assessoria de Assuntos Regulatórios e Internacionais do Ministério da Saúde e analista de Negócios e Projetos da Apex-Brasil.

O 5G será o grande impulsionador para as cidades inteligentes, mas caberá aos governos e atores sociais a execução de políticas e projetos que melhorem os padrões de desenvolvimento

Eu tenho ressaltado frequentemente que a melhor política industrial para o Brasil virá com a implantação da tecnologia 5G. O poder disruptivo da nova rede vai permitir um salto tecnológico industrial com mudanças expressivas nos modos de produção e na modelagem de negócios. Uma revolução que vai mudar o patamar de produtividade e de competitividade da economia brasileira, em setores diversos como a indústria, o varejo, a agricultura e os serviços. Mas não só aí.

A tecnologia e a cidade inteligente

O 5G será o grande impulsionador para as cidades inteligentes, tema central de nosso debate neste espaço.  Segundo o Banco Mundial, cerca de 70% da população no mundo estará vivendo nos centros urbanos até o ano de 2050. Caberá, portanto, aos governos e aos atores sociais a execução de políticas e projetos que melhorem os padrões de desenvolvimento nas cidades, para viabilizar maior qualidade de vida para as populações, como propõe a Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Regional, Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações e Ministério das Comunicações.




Fato é que alguns municípios já fazem uso de soluções de cidades inteligentes. Mas o 5G, pelas suas características de baixa latência (que pode significar uma velocidade até cem vezes maior do que a conexão 4G), tende a acelerar o desenvolvimento de tecnologias, como a Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial e machine learning. Nesse cenário, o potencial da rede 5G não estará apenas em melhorar a conectividade para as pessoas, mas permitir a comunicação entre os objetos, o que pode transformar decisivamente os serviços e espaços urbanos.

Conectividade transformadora e desafios 

O uso de tecnologias aceleradas pela maior conectividade e velocidade no tempo de resposta das comunicações prevê um horizonte transformador: carros autônomos; ambulâncias conectadas que permitem o atendimento remoto; tecnologias utilizáveis para monitorar a saúde; gestão mais eficiente de energia, entre outros. Com benefícios que se estendem à indústria, comércio, serviços, governos e, sobretudo, à população.

Mas, se, por um lado, a emergência da rede 5G aproxima esse cenário, por outro, traz desafios imensos para a implantação da infraestrutura. A instalação das bases para o funcionamento do 5G é complexa e de alto custo. Serão necessários investimentos vultosos. Levantamento realizado pelo IDC, por exemplo, mostra que o investimento em cidades inteligentes pode chegar a US$ 203 bilhões globalmente até 2024.

Além disso, a complexidade de implantação vai requerer testes de uso da tecnologia. Em função disso, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) passou a investir em projetos de testes e validação do uso da rede 5G. O acordo que fechamos com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em outubro de 2020, é uma iniciativa nesse sentido. Estamos ao lado de grandes parceiros, como o Grupo WEG, para realizar testes de 5G em redes privativas em ambiente industrial. E também faremos isso para o agronegócio.

Projeto-piloto para cidades inteligentes 

Em cidades inteligentes, os testes com 5G serão um desdobramento de um projeto-piloto que estamos desenvolvendo em Londrina (PR). Em parceria com a prefeitura e o Parque Tecnológico Itaipu, escolhemos a Rua Sergipe, uma via importante de comércio da cidade, com cerca de 400 comerciantes, para iniciar a instalação e testes de tecnologias de cidades inteligentes.

Queremos verificar o impacto do uso das tecnologias no dia a dia dos comerciantes e dos usuários, no controle da segurança pública e nos resultados de vendas do comércio. Os testes vão ajudar a prefeitura a ter maior assertividade na hora da implementação das soluções e de sua extensão para toda a cidade.

E, em breve, testar o impacto da rede 5G na conectividade vai trazer informações valiosas não só para a região, mas para os municípios brasileiros, que, com a implantação definitiva da tecnologia, se verão instigados a transformar seus espaços e vidas dos seus moradores.  

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities 

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