Estudos indicam que a exposição ao cyberbullying incide em graves problemas de saúde que afetam o corpo e a mente
O advento da era digital trouxe consigo inúmeras facilidades e benefícios que revolucionaram a forma como interagimos, aprendemos e nos comunicamos. No entanto, também trouxe desafios significativos, particularmente no que diz respeito à saúde mental dos jovens. O cyberbullying emergiu como uma triste realidade, conectado diretamente ao aumento preocupante de casos de depressão, ansiedade e até suicídios entre os adolescentes.
Estudos indicam que a exposição ao cyberbullying incide em graves problemas de saúde que afetam o corpo e a mente. As redes sociais e outras plataformas online fornecem um terreno fértil para comportamentos prejudiciais e agressivos, que podem ter repercussões graves na psique dos jovens. As interações frias e efêmeras caracterizadas pela era digital muitas vezes facilitam o anonimato e a impunidade, aumentando a propensão ao bullying virtual. O anonimato e a impunidade que o ambiente digital oferece, protege os algozes e deixam mais vulneráveis as vítimas.
A influência negativa da inteligência artificial também merece destaque, pois algoritmos e bots que vem como grande avanço na área da tecnologia, quando utilizados de forma irresponsável e sem supervisão, por crianças e adolescentes, podem construir imagens distorcidas e prejudiciais do outro, exacerbando conflitos e alimentando o cyberbullying. A falta de autenticidade e conexão emocional nas relações online, presentes nas interações face a face, torna os jovens mais vulneráveis a essa manipulação e deturpação de suas percepções. O aspecto impessoal e efêmero das conexões virtuais, podem aumentar a propensão ao cometimento desses atos, uma vez que a falta de empatia e compreensão mútua pode levar a comportamentos desumanos.
Um estudo recente nos mostra que uma em cada cinco crianças vítimas de bullyng relatam ter pensado em suicídio, 78% das vítimas sofrem com ansiedade e 56% perdem muitas noites de sono pelo trauma. Diante desse cenário alarmante, a importância do controle parental sobre o tempo de acesso e o conteúdo consumido na internet se destaca como uma medida preventiva crucial. Os pais desempenham um papel fundamental na orientação e supervisão do uso da tecnologia pelos filhos, estabelecendo limites saudáveis e promovendo um ambiente digital seguro e responsável.
Além do papel dos pais, a regulação governamental é uma vitória na proteção dos jovens contra essa prática. A recente promulgação da Lei 14811/24, que criminaliza o bullying e o cyberbullying, reflete o reconhecimento da gravidade desses atos e estabelece penalidades para aqueles que as perpetuam. Essa legislação serve como um marco importante na conscientização e prevenção dessas formas de violência virtual, destacando a necessidade de responsabilização e combate ativo a esses comportamentos danosos.
A prevenção do cyberbullying e seus impactos devastadores na saúde mental dos jovens exige uma abordagem multifacetada. O envolvimento ativo dos pais, a educação e o letramento digital e a regulamentação eficaz são peças-chave para criar um ambiente online seguro, saudável e capacitador para as gerações futuras. A conscientização e a ação coletiva são essenciais para promover uma cultura digital inclusiva e livre de bullying, protegendo assim o bem-estar e a segurança emocional dos nossos jovens.
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Karina Florido Rodrigues, possui 28 anos de experiência na gestão pública, é socióloga, administradora, especialista em Direito Penal e tem MBA em Gestão, Inteligência em Segurança Pública. Trabalhou na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, foi Diretora Executiva da Câmara Municipal de São Paulo, Diretora Administrativa e Coordenadora de Esporte e Lazer da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, foi assessora técnica da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Secretária de Desenvolvimento
Econômico no município de Santo Antônio de Posse, entre outros. Coordenou o Programa de Cidades Inteligentes do município de Jaguariúna, no Estado de São Paulo e com esse projeto a cidade já foi premiada por quatro anos consecutivos no rankink da Connected Smart Cities/Urban Systems. Ao longo de sua carreira trabalhou tanto no Poder Executivo como no Legislativo. Ocupou diversos cargos e hoje se dedica a gestão das Smart Cities, acredita que uma cidade inteligente é aquela que utiliza a tecnologia em favor da eficiência no atendimento aos cidadãos. É autora
de diversos projetos de Lei regulamentando a tecnologia 5G. Atualmente é Secretária de Gestão de Projetos e Programas de Louveira.