Governos inteligentes buscam, por meio de plataformas abertas, promover a transparência na administração pública e usar a inteligência do coletivo para a competitividade.
Hoje, muito se sabe da importância dos dados para a gestão e promoção do desenvolvimento econômico, social e ambiental. De acordo com Elinor Ostrom, que recebeu o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas com Oliver E. Williamson em 2009, os dados são considerados como um bem comum (commons), 1990. Bens comuns são aqueles que podem beneficiar a sociedade como um todo, tais como recursos naturais ou culturais acessíveis a todos os membros de uma sociedade, incluindo os recursos digitais e intelectuais (como dados e conhecimento).
Governos inteligentes utilizam dados como ativos intangíveis como forma de fomento a fim de gerar inovação, e os mesmos devem estar voltados para o bem-estar da população da cidade. Governos inteligentes buscam, por meio de plataformas abertas, promover a transparência na administração pública e usar a inteligência do coletivo para a competitividade.
Por meio das plataformas abertas, o governo desenvolve empreendedorismo e inovação, ganha transparência e utiliza a inteligência da sociedade para resolver os problemas identificados em sua região, e todos ganham com isso. Neste contexto, os dados passam a ser uma forma de fomento à inovação. Empreendedores inovadores podem desenvolver software e aplicativos e testar em espaços públicos seus serviços e produtos, tornando a cidade um laboratório vivo, no qual o cidadão é usuário que testa e contribui para a melhoria nos produtos e serviços. Esses laboratórios a céu aberto se caracterizam por espaços neutros e de cocriação de conhecimento.
Os governos inteligentes, por meio da comunicação e educação, promover ambientes que reforçam os atores do ecossistema de inovação, trazendo uma legislação adequada, fomentando startups por meio de incubadoras e consolidando as mesmas em seus parques tecnológicos, atraindo fundos de investimento, estando próximos e alinhados com as entidades de classe, capacitando e formando o seu cidadão com centros de estudo e de pesquisa. O governo inteligente fomenta o empreendedorismo, para que mentes brilhantes contribuam com o desenvolvimento baseado no conhecimento, gerando emprego, renda e criando novos mercados e formas de consumo (Schumpeter, 1911).
Quando promovem a inovação, os governos inteligentes geram desenvolvimento econômico baseado no conhecimento por meio das suas agências de desenvolvimento e suas Fundações de Amparo à Pesquisa. Por isso, para contribuir com o avanço de uma agenda de políticas públicas para a transformação digital e de inovação no Brasil, a Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), entidade da qual sou diretora, lançou o THINK TANK ABES. Trata-se de um Centro de Inteligência, Políticas Públicas e Inovação, que nasceu com a missão de reunir uma equipe de pesquisadores qualificados, que serão convidados a refletir sobre tendências, estudar, debater e propor soluções para os principais desafios do país, tendo em vista que as novas tecnologias são vetores de profundas transformações.
De acordo com Schumpeter, é importante que o governo corra o risco da inovação com o empreendedor inovador, tendo linhas de subvenção econômica, em seus financiamentos taxas mais atrativas e flexibilização em suas garantias, para que as mesmas estejam de acordo com a era do conhecimento, hoje ainda muitos programas estão relacionados à era industrial. Nesse sentido, a ABES tem como objetivos promover a geração de conhecimentos fundamentados em pesquisa, que sejam capazes de contribuir para o avanço de uma agenda de políticas públicas e inovação no Brasil, sempre com foco na construção de um Brasil Digital e Menos Desigual.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Jamile Sabatini Marques é diretora de Inovação e Fomento e diretora do Think Tank – Centro de Inteligência de Inovação, Políticas Públicas e Inovação da Associação Brasileira das Empresas de Software – ABES e já atuou em alguns programas de fomento à inovação. É pós-doutora em Desenvolvimento Baseado no Conhecimento pela UFSC e pelo Instituto de Estudos Avançados da USP. É Doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina, onde defendeu a sua tese sobre a importância de se fomentar a Inovação para gerar desenvolvimento econômico baseado no Conhecimento.