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LÓGICA URBANA E CIDADE MENTAL

Thomaz Assumpcao
Thomaz Assumpcao
Fundador e CEO da Urban Systems, empresa sócia do Connected Smart Cities & Mobility. Formado em Engenharia pela FEI e com especialização na Strathclide University (Glasgow) e Marketing - UCLA- University of California, atuou como diretor de marketing da Método Engenharia, sendo responsável por trazer ao Brasil alguns dos conceitos de mercados emergentes, como lazer, turismo e sênior living.

Os conceitos de lógica urbana e cidade mental são fundamentais para o desenvolvimento equilibrado e sustentável de uma cidade inteligente

Como já abordamos em colunas anteriores, uma cidade inteligente, ou smart city, não tem seu foco apenas na tecnologia, mas está atrelada a diversas ações conjuntas que envolvem tanto os gestores públicos quanto investidores, incorporadores, e proprietário de patrimônio imobiliários, sempre buscando o desenvolvimento sustentável, equilibrado, com a criação de novas centralidades que busquem a melhoria da qualidade de vida da população. 

Partindo desse princípio, outros dois conceitos naturalmente se incluem nas smart cities: Lógica Urbana e Cidade Mental. A Lógica Urbana explica a relação entre o comportamento das pessoas no espaço urbano, suas influências e as correlações com o mercado e com as instituições. O entendimento dessa lógica permite compreender a causa dos fenômenos e buscar soluções, que direcionam e orientam o desenvolvimento patrimonial – seja ele público ou privado – a oferecer produtos imobiliários, serviços mais adequados às necessidades e às expectativas da população.



Já o conceito de cidade mental foi introduzido pelo arquiteto e urbanista Kevin Lynch, um dos grandes autores do Urbanismo, que destaca a maneira como as pessoas percebem a cidade e as suas partes constituintes. Seu livro “A Imagem e a Cidade”, de 1960, é baseado em um extenso estudo feito em três cidades norte-americanas (Boston, New Jersey e Los Angeles), onde identificou, que os elementos que as pessoas utilizam para estruturar sua imagem da cidade podem ser agrupados em cinco grande tipos: caminhos, limites, bairros, pontos nodais e marcos. Ou seja, a cidade mental delimita o espaço geográfico onde a percepção da cidade, seus atributos, produtos imobiliários, seus serviços estão atrelados aos registros pessoais. 

Desenvolvimento equilibrado

Portanto, para que o desenvolvimento de uma cidade seja equilibrado, sustentável e de acordo com as expectativas e anseios de seus moradores, toda intervenção imobiliária ou de infraestrutura – do poder público ou privado – visa atender reforçar ou expandir esse espaço geográfico (a Cidade Mental), dentro de uma lógica urbana já existente. Essa lógica é construída organicamente, ao longo do tempo, por conta das atividades imobiliárias já inseridas nas cidades, desde residências, escritórios, hospitais e comércio etc.

Na medida em que a cidade vai crescendo, essa lógica vai se atualizando e se modificando. Quando se faz uma nova inserção imobiliária, ocorre, também, uma indução na nova lógica urbana orgânica, podendo fazer com que ela se torne uma nova centralidade.

Essas interferências resultam num novo arranjo das atividades urbanas e precisam, necessariamente, ter coerência com todo o processo de expansão da cidade equilibrando a criação de novas centralidades, fazendo com que possamos introduzir mais facilmente a absorção desse novo registro na cidade mental das pessoas. 

Transformação dos espaços

Essa transformação dos espaços urbanos por meio de intervenções, públicas ou privadas, deve considerar o impacto econômico, sua viabilidade, a estrutura já existente e, como a introdução ou expansão de um espaço, seus efeitos diretos e indiretos na vida da população. O respeito entre a lógica urbana já existente e a percepção do espaço pela sociedade facilita um desenvolvimento urbano maduro e condizente com uma smart city.

É importante ressaltar que a utilização desses dois conceitos fará com que as intervenções sejam favoráveis à qualidade de vida da população e ao seu registro mental, independente do fato dessas pessoas pertencerem a um grupo ou a diferentes faixas econômicas. É preciso que todas as pessoas reconheçam que os elementos que compõem a cidade mental irão manter ou melhorar sua qualidade de vida, sua mobilidade urbana, tornando-a mais organizada e comportada.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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