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UM NOVO MODELO DE MORADIA SE CONSOLIDA FORA DOS GRANDES CENTROS URBANOS

Pedro Lira
Pedro Lira
Sócio-fundador da Natureza Urbana. Arquiteto e urbanista com mais de 15 anos de experiência no Brasil e exterior, com ampla experiência no planejamento e projetos de grande escala nos âmbitos público e privado.

A pandemia gerou uma demanda por maior proximidade à natureza, a necessidade de isolamento, e a efetivação do trabalho à distância que parecem ter trazido uma nova luz sobre o morar fora dos centros urbanos.

O modelo de desenvolvimento urbano conhecido internacionalmente como “Urban Sprawl”, ou alastramento urbano, é amplamente criticado por seus impactos negativos, tais como espalhamento das infraestruturas em detrimento de melhor aproveitamento das existentes nas cidades. Consequente esvaziamento das áreas centrais, transformação das áreas rurais e naturais nos entornos urbanos, impactos sobre a mobilidade devido à circulação habitual entre os moradores dessas áreas e os grandes centros urbanos próximos, entre outros.

O mercado imobiliário em muitas situações promoveu esses produtos como lugares onde a família poderia ter mais espaço e segurança, e estando próximo de grandes rodovias, ainda permitir que as pessoas se deslocassem diariamente aos centros para seus trabalhos.



A decadência desse modelo de expansão urbana na América do Norte, retratado no álbum The Suburbs da banda canadense Arcade Fire, parece ainda não ser consenso na nossa parte do globo. Fato é que tivemos diversas expansões do programa Minha Casa Minha Vida concebidas sob formato de implantação na borda de algumas de nossas cidades em empreendimentos sem conexão com o entorno e sem serviços locais.

Entretanto, a pandemia gerou uma demanda por maior proximidade à natureza, a necessidade de isolamento, e a efetivação do trabalho à distância que parecem ter trazido uma nova luz sobre o morar fora dos centros urbanos, e provocado um “plot twist” que parece viabilizar um modelo de expansão mais equilibrado fora dos grandes centros urbanos.

Isso se concretiza sobretudo a partir do momento que o movimento pendular diário, demandado pelo trabalho presencial, deixa de ser uma exigência para uma parte da população. Ou seja, pode-se morar onde se deseja, e permitir-se estar na empresa apenas para encontros ou reuniões específicas. 

Por aqui na Natureza Urbana temos recebido uma crescente demanda de clientes com um mesmo padrão, famílias ou empresas que possuem grandes áreas no entorno dos centros de cidades de montanha ou praia e que querem pensar em como desenvolver suas áreas sob um modelo mais sustentável e adequado ao momento, atraindo tanto moradores como visitantes para seus destinos.

O interessante desses projetos, em lugares tão distintos como no entorno da cidade de Maceió, em Campos do Jordão, Ibiúna, ou Poços de Caldas, entre outros, é que parecem conjugar potenciais semelhantes: A oportunidade de se ter primeira ou segunda moradia em lugares de natureza exuberante e bem atendidas por centros urbanos estruturados e o atendimento às demandas de turismo, natural desses locais, tanto com a inclusão de atrativos turísticos nos projetos como de soluções de hospitalidade que dão resposta a quem busca refugiar-se dos grandes centros.

Temos a oportunidade então de repensar o modelo de expansão fora das grandes cidades, e de conjugar moradia e turismo de forma equilibrada e sustentável.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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