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A PRECARIEDADE DA INFRAESTRUTURA TECNOLÓGICA NA AMAZÔNIA: COMO LIDAR COM AS LIMITAÇÕES E PROMOVER O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL?

Rodrigo Quites Reis
Rodrigo Quites Reis
Diretor-presidente do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá) e professor titular de Engenharia de Software da Universidade Federal do Pará (UFPA). Doutor em Ciência da Computação pela UFRGS e consultor em Arquitetura de Software, Melhoria de Processos de TIC, e Gestão da Inovação.

Em contextos menos favorecidos, onde há a carência de toda esta infraestrutura tecnológica, frequentemente esta dificuldade vem acompanhada de grande fragilidade nas condições de vida e trabalho dos habitantes

Do que são formadas as cidades inteligentes? Se fizermos esta pergunta a um practitioner de algum centro avançado muito provavelmente ouviremos como resposta referências aos equipamentos de alta tecnologia, à ampla conectividade, e a integração de poderosos sistemas de software que atuam no apoio à tomada de decisão para governos, empresas e moradores.

Em contextos menos favorecidos, onde há a carência de toda esta infraestrutura tecnológica, frequentemente esta dificuldade vem acompanhada de grande fragilidade nas condições de vida e trabalho dos habitantes. A pergunta original ganha maior complexidade, pois o problema não se resume à adoção da tecnologia.



Amazônia e seus problemas

No contexto amazônico, onde a exuberância da natureza convive com enormes dificuldades de infraestrutura e logística, a melhoria nas condições de vida de seus habitantes tem ainda o grande potencial de frear a cultura do desmatamento. A população que hoje depende fundamentalmente da natureza para o seu sustento, hoje muitas vezes não tem acesso a energia, água e conectividade.

O direito à vida e ao território/cidade depende diretamente de condições dignas de trabalho. Não é possível avançar no sentido da concretização de cidades inteligentes se o trabalhador que vive ou transita no seu espaço tiver condições de trabalho degradantes ou se a informalidade predominar.

Famílias que vivem da coleta de insumos vegetais precisam de tecnologia para armazenar seu material e providenciar a entrega do seu material just in time para indústria de biocosméticos. Comunidades de pescadores artesanais precisam estar conectadas com o seu mercado consumidor, para identificar as espécies com maior valor comercial naquele momento. Produtores de cacau orgânico precisam de instrumentos para medir o nível de fermentação do fruto, o que impacta no valor final do produto. Produtores de açaí podem ter aumentos significativos de produtividade e qualidade se tiverem instrumentos para medir o potencial hídrico dos açaízeiros. Estes são cenários para os quais alguns laboratórios de pesquisa e desenvolvimento instalados no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá) construíram soluções tecnológicas que tratam, de forma específica, dos diversos gargalos apresentados.

Cidades inteligentes na Amazônia

O Brasil como um todo sofre com problemas de infraestrutura. Porém, as dificuldades na Amazônia – como tudo na região – ganham uma outra dimensão e impactam no seu desenvolvimento. Os grandes projetos de desenvolvimento da região não consideram o próprio morador da região com prioridade, e geram dificuldades que hoje vêm sendo enfrentadas de forma isolada e com soluções ad-hoc, com alcance limitado.

As cidades inteligentes na Amazônia precisam trazer soluções para os problemas que estão postos para os seus habitantes e apoiar a adoção de relações justas que contribuam para a transformação dos espaços de forma inclusiva e na melhoria das condições de vida de toda a população.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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