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‘CIDADES DE 15 MINUTOS’ O TEMPO COMO NOSSO PRINCIPAL ALIADO POR CIDADES MELHORES

Thomaz Assumpcao
Thomaz Assumpcao
Fundador e CEO da Urban Systems, empresa sócia do Connected Smart Cities & Mobility. Formado em Engenharia pela FEI e com especialização na Strathclide University (Glasgow) e Marketing - UCLA- University of California, atuou como diretor de marketing da Método Engenharia, sendo responsável por trazer ao Brasil alguns dos conceitos de mercados emergentes, como lazer, turismo e sênior living.

Uma nova tendência para as smart cities são as ‘Cidades de 15 minutos’, o propósito é o mesmo que norteia as cidades inteligentes, melhorar a qualidade de vida da população

A pandemia da Covid-19 trouxe um impacto irreversível não apenas no comportamento das pessoas, quanto no funcionamento e na maneira de ocupação das cidades. A discussão sobre a necessidade de as cidades serem mais inteligentes e conectadas continua trazendo novos conceitos e soluções implantadas pelo mundo. Uma nova tendência para as smart cities são as ‘Cidades de 15 minutos’, o propósito é o mesmo que norteia as cidades inteligentes, melhorar a qualidade de vida da população. No entanto, a diferença é que essa tendência surgiu como resposta direta à avalanche de mudanças trazidas pela pandemia. No projeto urbano das cidades de 15 minutos, tudo pode ser acessado pelos cidadãos em, no máximo, 15 minutos, seja a pé, de bicicleta ou de transporte público.

O urbanista e cientista franco-colombiano Carlos Moreno, professor da Universidade de Sorbonne na França, e assessor especial de Anne Hidalgo, prefeita de Paris, criou o conceito de “Cidade de 15 minutos” (Ville du 1/4h) a partir de uma teoria desenvolvida por ele de ‘crono-urbanismo’, isso é, uma mudança da ideia da relação que temos com o tempo de deslocamento dentro das cidades. Segundo Moreno “por muito tempo, quem mora em cidades, grandes e pequenas, aceitou o inaceitável. Aceitamos que nas cidades, nossa noção de tempo é distorcida porque temos que desperdiçar muito dele nos adaptando à absurda organização e às longas distâncias da maioria das cidades hoje em dia. Por que temos que nos adaptar e estragar nossa qualidade de vida em potencial? Por que não é a cidade que atende às nossas necessidades? Porque deixamos as cidades crescerem por tanto tempo no caminho errado?”, comenta. 



Pode parecer impossível aplicar esse modelo efetivamente, mas muitos gestores públicos ao redor do mundo já estão começando a mudar seus núcleos urbanos, a partir de um melhor planejamento da cidade, com a descentralização de serviços, bens, e novas leis de zoneamento, que retiram os carros das ruas e abrem espaço para os pedestres e ciclistas, lembrando sempre que a cidade é feita para as pessoas, não para os automóveis. 

Exemplo de Paris

A partir do conceito criado por Carlos Moreno, uma cidade vem se destacando nessa estratégia: Paris, sob a liderança de sua prefeita, Anne Hidalgo. Logo no seu primeiro mandato, Hidalgo limitou a circulação de carros, ampliou as ciclovias e abriu mais ruas para pedestres. Na campanha pela reeleição que a levou à vitória em julho de 2020, apresentou como proposta a ideia de Moreno, que defende o conceito desde 2008 e se tornava conselheiro de mobilidade de Paris em 2015.

A pandemia questionou fortemente os pólos de moradia, emprego e educação, demonstrando a necessidade de descentralização e diminuição das diferenças sociais. Com a descentralização, criação de novas centralidades, bairros autônomos, as pessoas passaram a se integrar melhor à estrutura de trabalho, moradia e lazer, unindo todas as camadas sociais e econômicas dentro de uma lógica de ocupação urbana permeada pela diversidade e facilidade. 

Em Paris, estão sendo criadas e planejadas espécies de ‘super quadras’ com legislações específicas, destinadas às pessoas, permitindo uma diversidade de atividades, porém sem a entrada de carros. A partir disso, esse conceito já foi objeto de estratégias e investimentos em lugares como Ottawa, no Canadá, Detroit, nos Estados Unidos, e Barcelona, na Espanha, segundo especialistas.

Para o Brasil, vejo a necessidade de os gestores públicos entenderem que a cidade é um organismo vivo e é feito para as pessoas. Ou seja, as leis, a ocupação urbana e a oferta de serviços e necessidades devem se adaptar às pessoas, não o contrário. Outra premissa que está norteando essas mudanças é que o automóvel terá que encontrar outro espaço nos próximos 10 a 15 anos, espaço definitivamente não tão predominante quanto hoje. Para isso, o poder público precisa autorizar mudanças de zoneamento, participar dessa mudança, debater as soluções encontradas em outros países e levar tempo e qualidade de vida para as pessoas.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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