Cada vez mais não basta ter a informação, pois é preciso dar um passo à frente, é preciso saber o que fazer com aquela informação, como aplicá-la, como transformar a realidade a partir das informações que se tem acesso. E é nesse contexto que a maneira como tratamos e investimos na educação está se transformando
Todos sabemos da importância da educação de qualidade para a sociedade. Mas de fato estamos dispostos a investir o tempo e os recursos necessários para atingir essa tão desejada qualidade na educação para todos? Parafraseando o poeta Fernando Pessoa “Educar é preciso, viver não é preciso”. Toda sociedade que se desenvolveu de maneira sólida, sustentável e igualitária teve na educação seus principais pilares.
Atravessamos um período de transformação da sociedade da informação para a sociedade do conhecimento. E cada vez mais não basta ter a informação, pois é preciso dar um passo à frente, é preciso saber o que fazer com aquela informação, como aplicá-la, como transformar a realidade a partir das informações que se tem acesso. E é nesse contexto que a maneira como tratamos e investimos na educação está se transformando. Não basta mais ter conteúdo, ter um professor que “sabe muito pra ele, mas não sabe explicar”, ter um modelo massificado e ultrapassado de escola. Precisamos entender que a hora de evoluir já chegou, e para algumas questões já estamos atrasados, pois não existem mais algumas limitações tecnológicas. A limitação é de modelo mental. E o debate e as práticas entre os especialistas em educação já avançaram bastante para a importância da experiência transformadora e significativa que o processo de ensino-aprendizagem precisa ter. Temos que conseguir fazer na prática, temos que entender os desafios para o mundo de agora, aplicando o conhecimento até aqui desenvolvido para conseguirmos criar um futuro melhor.
Quando olhamos de maneira massiva para as diferentes instâncias formais de educação, o que vemos? Você leitor acredita que seus parentes, seus amigos, os filhos dos seus amigos, os filhos das pessoas que trabalham com você e até aquelas pessoas na outra ponta do país estão tendo uma educação de alta qualidade? Essas reflexões, salvo raras exceções, está presente no ensino universitário, profissionalizante, ensino médio, fundamental e infantil.
É preciso entender que quanto mais a tecnologia avança, menos precisamos ensinar os seres humanos a fazerem coisas que as máquinas já fazem. Precisamos aprofundar aquilo que nos dá humanidade. É isso que nos torna inteligentes. No mesmo sentido, a inteligência das organizações não está no investimento em tecnologias computacionais hardwares e softwares, mas sim na capacidade de investir e nutrir o capital intelectual humano capaz de lidar com os recursos disponíveis para resolver os desafios enfrentados. É inteligente criar maneiras inovadoras para resolver esses problemas. Nesse sentido, cidades inteligentes, empresas inteligentes, escolas inteligentes e por aí vai, tem muito mais a ver com a capacidade de reaprendizagem contínua e inovação constante, do que com a limitada noção de “transformação digital”.
Ensino híbrido
A Pandemia de Covid-19 escancarou os problemas, abriu a caixa de pandora dos horrores da educação brasileira e diria que até global. Não faz mais sentido deslocar um monte de pessoas, sejam elas alunos, professores ou funcionários administrativos para um espaço físico de aglomeração e lá “projetar uma tela” e passar slides. É preciso valorizar ainda mais os momentos de encontro, da experiência coletiva e transformadora. Ao mesmo tempo, é preciso melhorar a experiência de aprendizagem remota, assíncrona e escalável. Utilizamos ainda muito pouco de metodologias ativas no ensino remoto.
É preciso investir no ensino híbrido, na educação como uma causa, na singularidade do aprendiz e na escalabilidade sustentável das melhores práticas de ensino para todos, em todos os locais e a qualquer momento. As comparações entre nossas experiências de aprendizado não são só comparáveis entre outras experiências de ensino, e sim entre as diferentes maneiras como comparamos, como nos deslocamos, nos alimentamos, consumimos entretenimento e até como nos relacionamos. O mundo está em transformação, a educação precisa dar o próximo passo.
Novas demandas, baseadas em novas experiências, se tornam mais que desejável, se tornam vitais. É preciso investir, como nunca, na educação.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
CEO da Hubse Tecnologia da Informação, responsável pelo Instituto GEOeduc e execução dos treinamentos da Academia GIS Imagem (Esri BR). Professor na FGV, PUC, FACENS e IBEC.
Coordenou o premiado projeto de SmartCity #CIHE2030, em Monteiro Lobato/SP. Atuação nos campos da licenciatura, bacharelado e empreendedorismo e consultor em gestão do conhecimento e geotecnologias.