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NOVOS MEIOS DE FINANCIAMENTO E INOVAÇÃO PARA O TRANSPORTE PÚBLICO

Leandro Aliseda
Leandro Aliseda
Country Manager Latam & Portugal da Via, onde lidera as parcerias de mobilidade sob demanda. Mais de 25 anos de experiência profissional em cargos de liderança em consultorias e tecnologia (Accenture, Deloitte e Novabase) e Mobilidade (Localiza e Hertz), com MBA pela University of Texas e mestrado em Filosofia pela UNICAMP.

Sem transporte público acessível, conveniente e ambientalmente eficiente, comprometemos significativamente nossa capacidade de recuperação econômica, de reduzir desigualdades sistêmicas e de combater mudanças climáticas

Atuando em uma empresa de software presente em sistemas de transporte público em todo o mundo, tenho tido oportunidade de acompanhar como a tecnologia pode contribuir para aumentar significativamente a mobilidade, o acesso a oportunidades e reduzir impactos ambientais. Contudo, no Brasil apenas uma fração dos orçamentos do transporte público é direcionada à transformação tecnológica – carecemos de políticas e mecanismos de financiamento que incentivem cidades a inovar. 

O local de nascimento continua a ser um dos mais fortes indicadores individuais de sucesso econômico – muitas pessoas não têm acesso ao transporte adequado para conquistar melhores oportunidades. A alternativa – o carro – além de inviável para a maioria das famílias, agrava os congestionamentos e poluição. Sem transporte público acessível, conveniente e ambientalmente eficiente, comprometemos significativamente nossa capacidade de recuperação econômica, de reduzir desigualdades sistêmicas e de combater mudanças climáticas. 



Para cada cidade que vem tendo sucesso com o uso de novas tecnologias, como no caso de Goiânia e Fortaleza, onde operadores privados assumiram integralmente os custos de operação do transporte compartilhado sob demanda, há centenas que não têm acesso aos recursos necessários para implementar tais inovações. 

Hoje podemos rapidamente planejar redes de trânsito mais inteligentes, construir ruas mais seguras e lançar serviços mais ágeis, projetados para melhorar o transporte para aqueles que mais precisam. Contudo, sem mudanças na forma de financiamento, as cidades não conseguirão alavancar essas inovações. Para isso elencamos aqui três sugestões práticas: 

  1. Fundos e políticas dedicados à inovação: embora inegável a necessidade de melhor infraestrutura física, é igualmente importante o investimento em infraestrutura digital e de dados, acelerando a adoção de soluções inovadoras que vão por exemplo desde o rastreamento em tempo real dos ônibus, até a implementação de redes sofisticadas, flexíveis e dinâmicas que se adaptem à demanda dos passageiros. 
  2. Financiamento vinculado a resultados: os cidadãos têm visto seus custos de transporte aumentarem, enquanto qualidade e alcance do serviço declinam. Modelos de financiamento remuneram os quilômetros percorridos, em vez de considerar se os ônibus atendem às necessidades da comunidade. Seria muito mais efetivo na melhoria do sistema vincular a alocação de recursos a resultados como expansão do acesso a empregos, melhoria da eficiência de custos, inclusão social e redução das emissões, por exemplo.   
  3. Financiamento das operações de trânsito, não apenas equipamentos: fundos devem ter menos ênfase em custos de capital – muitos operadores ainda se veem como gestores de ativos e não como provedores de um serviço essencial de mobilidade a clientes. Mais recursos poderiam ser direcionados a programas que poderiam servir melhor nossas cidades, por exemplo permitindo a rápida utilização de veículos subutilizados para atender melhor trabalhadores essenciais, principalmente em linhas e/ou horários deficitários.

Vivemos muito tempo numa “carrocracia”, resultando em excesso de tráfego, emissões e desigualdades. A expansão do acesso ao transporte público deve ser a base de como reconstruímos a atividade econômica em nossas cidades, e para tal faz-se necessário novas formas de financiamento, ênfase na inovação e novas métricas de sucesso.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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