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TECNOLOGIA E HUMANIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE CIDADES INTELIGENTES

Mauricio Villar
Mauricio Villar
Sócio-fundador e COO da Tembici, empresa líder em micromobilidade na América Latina. Especialista em mobilidade urbana e precursor da entrada da tecnologia de bicicletas compartilhadas com estações no Brasil, tendo criado e implementado o projeto PedalUSP, o primeiro sistema de compartilhamento de bikes da Universidade de São Paulo.

As cidades inteligentes são a base para o aumento da participação ativa humana, com forte presença da tecnologia para nortear as ações de governança, mobilidade e meio ambiente

Quando usamos o termo “cidades inteligentes” é muito comum surgir em nossas mentes uma imagem futurista, de produções cinematográficas. Embora a inovação esteja sim presente na construção dessas cidades, é fundamental o entendimento do real conceito. Uma “smart city” é uma cidade humanizada, em que as pessoas interagem e utilizam dos mesmos serviços funcionais, com o objetivo de desenvolver uma melhor qualidade de vida com práticas sustentáveis.

O termo, criado ainda no início dos anos 1990, evoluiu e hoje demonstra qual o caminho utilizado para a conquista dos espaços inteligentes, ou seja, as soluções provindas da Internet das Coisas (IoT). Uma grande parte dessa tecnologia é uma rede de objetos e máquinas conectados que transmitem dados utilizando mobile e nuvem. Os aplicativos IoT recebem, analisam e gerenciam dados em tempo real para ajudar municípios, empresas e cidadãos a tomar melhores decisões que impactem positivamente na qualidade de vida, como o simples ato de pedalar.



Ou seja, hoje entendemos as smart cities como base para o aumento da participação ativa humana, com forte presença da tecnologia e da ciência de dados para nortear as ações de governança, mobilidade e meio ambiente, principalmente.

Aumento da população mundial

Segundo a ONU, 54% das pessoas do mundo vivem em cidades grandes, uma proporção que deve chegar a 66% até 2050. Com o crescimento geral da população, a urbanização adicionará mais 2,5 bilhões de pessoas às cidades nas próximas três décadas. Por isso, para conter a sobrecarga de recursos, a sustentabilidade ambiental, social e econômica é fundamental. E, diante de todo o cenário, um olhar estratégico, pautado em dados e estudos para solucionar os desafios atuais, se torna ainda mais importante. 

É claro que, ainda assim, devemos considerar a relevância da inovação em todo esse processo, mas não ela por si só. Uma imagem, divulgada em um artigo da Cidade de Vancouver, compara exatamente o espaço requerido para transportar 48 pessoas utilizando várias versões do mesmo modal, que é o carro e fica evidente que focar apenas na tecnologia como nos casos do carro autônomo ou elétrico, por exemplo,  desconsiderando diversos outros aspectos, não resolve o problema de ocupação viária, que se agrava à medida que mais e mais automóveis são colocados nas ruas de forma desproporcional aos demais modais de transporte. 

As transformações na gestão pública

Os poderes públicos estão aproveitando as tecnologias para conectar e melhorar a infraestrutura, eficiência e qualidade de vida para os cidadãos. Várias práticas entram no assunto, como otimizar a distribuição de energia, a coleta de lixo, diminuir o congestionamento do tráfego e até melhorar a qualidade do ar com a ajuda da IoT. Por aqui, são milhares de toneladas de CO2 economizados com o crescimento da adesão ao uso de bikes compartilhadas. Somente em 2020, na Tembici, registramos mais de 4 mil toneladas de CO2 economizados com pedaladas, que se fossem emitidos, seria necessário o plantio de aproximadamente 30 mil árvores.

Experiência brasileira 

É comum concentrar nossos pensamentos somente na Europa e América do Norte, quando falamos em Smart Cities, no entanto, Santiago, Medellín e inclusive Rio de Janeiro, são consideradas cidades inteligentes pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). 

Olhando para o que já temos  construído e observando a evolução na América Latina, não estamos tratando de algo totalmente distante de nós. Temos profissionais, empresas, governo e recursos para colocar os planos em prática e compartilhar dados. O objetivo final é a humanização integrada, mas a tecnologia é muito importante durante todo o percurso.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities 

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