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TRABALHAR NO QUE NÃO APARECE TAMBÉM É IMPORTANTE QUANDO O ASSUNTO É TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

É preciso pensar nas pessoas que compõem essa organização interna e que por consequência consolidam sua cultura, fator tão importante na transformação digital

*Por Antonio Carvalho e Silva Neto

A discussão sobre transformação digital no setor público segue avançando pelo mundo e levando a debates intensos sobre as capacidades do Estado de implementar elementos que sejam de fato efetivos para mudar a realidade vivida. Além disso, dada a relevância dos recursos tecnológicos para o alcance de um governo digital e para a entrega de produtos que materializem a transformação digital, esta última acaba sendo confundida com o simples “uso de tecnologia para oferecimento de serviços”.

Entretanto, para a construção de um governo digital e a produção de soluções tecnológicas, o caminho acaba sendo muito mais extenso do que simplesmente oferecer um serviço por meio de uma aplicação, um site ou um programa. Por esse motivo, é importante a reflexão sobre os caminhos que se precisa trilhar para avançar na implantação de um serviço público digital e também sobre a importância dos pequenos e rápidos ganhos que contribuem sobremaneira para a concretização da transformação digital.



No caso brasileiro, o descompasso entre os entes federativos no que diz respeito a sua maturidade organizacional e sua disponibilidade de recursos é relevante para compreensão da capacidade de tornar concretos os resultados desse movimento. Ademais, ele se torna também um fator relevante para a o entendimento das dificuldades e das facilidades de cada ente quando da busca pelo mesmo objetivo: um setor público mais estruturado, orientado a dados, que atenda as demandas do cidadão com sua efetiva participação e que preste um serviço de qualidade na ótica desse mesmo cidadão.

Nesse sentido, é natural que ações que envolvam o uso instantâneo de tecnologia sejam as que mais chamam atenção quando se fala de transformação digital. Isto se torna mais latente com a demanda do cidadão por uma resposta rápida, levando as ações públicas a serem conduzidas de forma a entregar, no menor tempo possível, um resultado para “atender às necessidades da sociedade”.

Contudo, não podemos esquecer da importância das ações de base, como a organização dos processos de trabalho, o funcionamento organizacional da máquina pública e a avaliação dos serviços oferecidos, em especial no que diz respeito ao seu propósito, ao seu alcance, à sua significância para a sociedade. Sim, pode parecer tabu, mas a organização interna é importante para essa avaliação. Indo além, é preciso pensar nas pessoas que compõem essa organização interna e que por consequência consolidam sua cultura, fator tão importante na transformação digital.

Tornar os serviços mais fluídos, integrados e menos vinculados a órgão A ou a órgão B é fundamental para garantir a sustentabilidade da jornada de transformação digital, porém o processo para seu alcance não é fácil, mesmo nos entes federativos que estão no estágio avançado de digitalização de seus serviços. Ademais, as ações de organização interna têm que ser discretas, efetivas e devem aparecer o menos possível, pois servem para dar sintonia fina ao andamento dos serviços e a integração das diversas partes que ajudam na entrega pública. Dessa forma, chega-se a uma visão única dos serviços por parte do cidadão, que saberá sempre onde encontrar as respostas para suas perguntas frente a máquina pública.

Portanto, sem delongas, por mais atrativas que sejam as ferramentas tecnológicas e as aplicações que resolvem 50 anos de problemas em 5 minutos, o gestor público precisa também começar a olhar para o básico e menos atrativo mundo dos processos e da organização dos serviços. É preciso pensar nas pessoas, na mudança de cultura, de modo a ir organizando as fiações, tubulações e engrenagem da máquina pública. Dessa forma, orienta-se o setor público para uma cultura digital, orientada por dados, que permita que a transformação digital seja de fato efetiva e duradoura, e não apenas uma aplicação que não sabe exatamente onde começa, onde está ou onde vai parar.

*Antonio Carvalho e Silva Neto é secretário de Governança de Maceió 

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