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INICIATIVAS INOVADORAS TRANSFORMAM O SANEAMENTO NAS CIDADES

Ganhadoras do prêmio Connected Smart Cities 2019, as empresas Safe Drinking Water For All e Acqua Logi deram uma entrevista exclusiva para a plataforma. Confira:

A discussão de cidades inteligentes no Brasil está cada vez mais presente em todos os setores, contudo, ainda existe um desafio básico que as cidades devem enfrentar: dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS) de 2017 mostram que a realidade é a de que apenas 52% da população tem acesso à rede de esgoto e só 46% do esgoto gerado no país é tratado- mais de 30 milhões de brasileiros não possuem água tratada e em quantidades necessárias e mais de 100 milhões não têm acesso ao esgoto. 

O Connected Smart Cities entrevistou duas empresas vencedoras do prêmio Connected Smart Cities para entender como iniciativas inovadoras podem auxiliar as cidades e gestores públicos a promoverem o acesso universal a rede de água e esgoto:

A startup de Salvador, Safe Drinking Water For All, foi a primeira colocada na categoria negócios pré-operacionais. Seu principal objetivo é solucionar problemas relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com foco na área de água e saneamento e, para isso, desenvolveu um dessalinizador solar de água na Paraíba, o Aquasolina, que consiste na remoção de sais dissolvidos na água a níveis ou concentrações que possibilitam melhor utilização dos recursos hídricos. Além disso, a startup desenvolveu um dispositivo que possibilita a potabilização de água da chuva em cisternas nas zonas rurais semiáridas- a tecnologia depende apenas do Sol e tem durabilidade de 20 anos sem necessitar de manutenção. 

De acordo com a CEO da SDW, Anna Luísa Beserra, iniciativas assim são importantes por trazerem a possibilidade de inovar de maneira mais rápida e com menor custo, auxiliando gestores públicos a lidarem com questões que não são de seu domínio:  “O interesse em resolver questões de acesso à água e saneamento não é muito relevante para os governantes em sua maioria. Torna-se mais difícil implementar iniciativas voltadas para o social, ainda mais considerando a alta complexidade do problema. É inviável ter uma solução única para o saneamento, é necessário respeitar e avaliar todas as condições técnicas da região que a solução vai atender. Deve-se adequar custos, manutenção e eficiência de cada metodologia para a situação problema, e isso dificulta a implantação em escala das mesmas”. 

Quando questionada sobre a implementação do saneamento básico de maneira inteligente, não apenas para promover o acesso, mas também para aproximar as cidades brasileiras em smart cities, disse: “Para isso deveríamos ter um investimento maior em pesquisa e desenvolvimento para que os cientistas pudessem criar soluções viáveis economicamente para implantação a curto / médio prazo. Poderíamos pensar a integração de diversas soluções, aproveitamento de água de chuva, sistemas de tratamento de esgoto descentralizados, e incentivos fiscais para empresas que desenvolvessem tecnologias na área e para a população que aplicasse”.

O problema do fornecimento de uma rede inteligente de saneamento está muito além do acesso: O Brasil perde 7 mil piscinas olímpicas de água potável- cerca de 38% de sua produção- todos os dias.  É preciso pensar em maneiras de reduzir as perdas de água, além de otimizar a eficiência energética no processo.

A empresa Acqua Logic desenvolveu uma Inteligência Analítica composta por módulos que incorporam diversos sistemas de análise em um, permitindo uma gestão de recursos hídricos mais eficiente e reduzindo as perdas nos sistemas de água- sendo uma ferramenta de auxílio às companhias de saneamento e gestores públicos. Ou seja, com a importação de dados e utilizando a Inteligência Artificial, a plataforma auxilia gestores públicos e empresas com informações relevantes, direcionando melhor as tomadas de decisões e investimentos. 

De acordo com o engenheiro Sanitarista, Ambiental e de Segurança do Trabalho e CEO da Acqua Logic, Felipe Vieira de Luca, a falta de políticas públicas adequadas, investimentos compatíveis com a necessidade, bem como o investimento em tecnologia e inovação prejudicam o setor: “Soluções de engenharia, TI, estatística, dentre outras áreas de conhecimento, focadas na universalização e eficiência do saneamento, tendem a otimizar de forma significativa a gestão dos processos dentro das concessionárias de saneamento básico, resultando em ganhos agregados ao setor”. 

O engenheiro afirmou que as Parcerias Público Privadas são um modelo interessante para as municipalidades: “Este modelo de contrato gera benefícios para todas as partes: O Operador do Sistema de Água recebe uma plataforma de apoio para a redução das perdas e eficiência energética; O Parceiro Privado ou Apoiador consegue obter resultados mensuráveis para seus programas de sustentabilidade e ainda gerar grande impacto na qualidade de vida da população; Em nosso caso conseguimos implementar rapidamente a tecnologia”.

Ainda, ele disse que a tecnologia tem um impacto importante na criação de novas maneiras de implementar soluções voltadas para a área que, não só aumentem o acesso, como também auxiliem na criação de smart cities: “No contexto atual de mundo hiperconectado e digitalizado, onde as corporações coletam uma infinidade de dados de uma variedade enorme de fontes, sejam estas através de sensores ou não, entra a realidade da indústria 4.0. Isso se aplica a qualquer tipo de atividade economia, não sendo diferente no saneamento. Investimentos em ciência e tecnologia, a citar o advento do IoT, vêm a contribuir de forma significativa para com o setor. Há uma forte tendência mundial de soluções neste campo de trabalho haja vista a preocupação da sociedade com problemas relacionados à questão hídrica e meio ambiente”. 

Neste sentido, iniciativas como o Prêmio Connected Smart Cities são essenciais para reconhecer e premiar negócios inovadores, impulsionando a criação de cidades mais inteligentes e conectadas. Anna Luísa Beserra disse que, após ganharem o prêmio em 2019, a empresa expandiu de 50 famílias beneficiadas para 300 famílias no Nordeste, onde já atendem em 5 Estados.

 A CEO informou que também foram incorporadas mais duas tecnologias no portfólio da Safe Drinking Water For All, sendo que uma delas é destinada exclusivamente para a prevenção do covid-19 nas ruas: “o Aquapluvi – lavatório híbrido que usa água da chuva e encanada para permitir a higienização das mãos em espaços públicos, como em pontos de ônibus”. O objetivo da iniciativa é manter a cultura de higienização das mãos, mesmo pós pandemia.

Já a Acqua Logi atua em 13 cidades, 11 sistemas, com uma população de mais de 650 mil habitantes: “As concessionárias estão à procura de recursos para que possam expandir seus serviços para atendimento da demanda, mas esbarram na questão das tarifas, as quais devem ser justas para a sociedade. O recurso que falta na área de abastecimento pode ser obtido pela melhoria dos processos internos, ou seja, com programas de combate às perdas. É isso o que se propõe no sistema Acqua Logic”, informou Felipe Vieira de Luca

O Connected Smart Cities vai realizar uma série que vai colocar em evidência as melhores soluções dos ganhadores do prêmio, acompanhe nossas redes sociais para saber mais!

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